24 julho 2014
O Santo Padre e as suas constantes e explícitas referências à batalha entre o bem e o mal |
“Deliver Us From Evil” [Livrai-nos do Mal] é o nome de um filme que
acaba de ser lançado e cuja trama se baseia nas experiências do policial
nova-iorquino Ralph Sarchie. Ao investigar uma série de crimes
terríveis, o protagonista se vê envolto nos domínios sombrios do
demoníaco e decide se aliar a um padre nada convencional para tentar
derrotar o diabo.
Alguns críticos classificariam esta produção como mais um típico
filme de terror e de exorcismo, bocejariam em gesto de desdém e mudariam
de canal.
Mas eles não deveriam fazer isso.
A possessão demoníaca não é apenas real, mas, à
medida que a prática do cristianismo vai minguando e o fascínio com o
ocultismo vai crescendo e se expandindo, a necessidade do exorcismo se
torna cada vez mais premente.
Na semana passada, a Congregação vaticana para o Clero aprovou os
estatutos de uma nova organização católica, a Associação Internacional
de Exorcistas. Fundada pelo famoso exorcista italiano pe. Gabriele
Amorth, a Associação dos Exorcistas promove a conscientização sobre este
grave problema espiritual, treina os exorcistas e realiza conferências
que reúnem teólogos, médicos, psiquiatras e membros do clero.
O pe. Francesco Bamonte, exorcista da diocese de Roma, disse em
entrevista ao jornal L’Osservatore Romano que a aprovação desta nova
organização por parte da Santa Sé “é um motivo de alegria”. E explicou:
“Deus chama alguns padres ao ministério precioso do exorcismo e da
libertação, dando a eles a tarefa de acompanhar” as pessoas que precisam
de atenção espiritual e pastoral específica. O ministério do exorcismo é
um exercício do ministério de Cristo focado na libertação, além de ser
um sinal da sua vitória sobre o mal no mundo.
Que esta nova organização precisasse da aprovação dos mais altos
níveis hierárquicos do Vaticano é um sinal claro da seriedade com que a
Igreja católica trata a realidade das forças demoníacas.
O ministério do exorcismo é frequentemente associado
com os “conservadores” da Igreja, ao passo que os “progressistas”
preferem minimizar a questão da possessão demoníaca e reduzi-la a nada
mais do que epilepsia ou doença mental, por exemplo. O fato de o papa
Francisco levar tão a sério o problema mostra que a realidade do mal
demoníaco não pode ser limitada por rótulos.
O jornal norte-americano The Washington Post observou, em matéria
recente, que o papa Francisco fala literal e abertamente sobre o diabo
com mais regularidade que qualquer outro papa desde Paulo VI. Em
público, Francisco já impôs as mãos e orou por um homem a respeito de
quem foi divulgada a possibilidade de que estivesse possuído por
demônios, embora, naturalmente, o Vaticano não tenha confirmado que
fosse este o motivo da oração do papa. Francisco alerta contra o diabo
regularmente nas suas homilias e discursos. Francisco abençoou uma nova
imagem do arcanjo São Miguel nos jardins do Vaticano, orando
especialmente pela sua proteção na batalha contra Satanás.
Durante uma homilia no último mês de abril, o papa Francisco citou
seus próprios críticos, dizendo: “Mas, padre, como o senhor é antiquado
por continuar falando sobre o diabo em pleno século XXI!”. O papa
lembrou então aos ouvintes que eles não devem se deixar enganar pelas
mentiras de Satanás. “Fiquem atentos, porque o diabo está presente”,
alertou.
Francisco é muitas vezes saudado como um “papa das surpresas” e a sua
crença aberta e explícita em um diabo concreto pode ser uma das suas
características mais surpreendentes. Em determinados círculos modernos
da Igreja, está mais em voga falar do “mal” do que de um demônio
concreto. O papa Bento XVI, que foi considerado um grande conservador,
tendia a se referir ao mal em termos gerais, enquanto o papa Francisco
não tem qualquer embaraço em mencionar de maneira bem clara o pai da
mentira, Satanás. Um entrevistado anônimo no Vaticano, citado pelo
Washington Post, relata: “O papa Francisco nunca deixa de falar sobre o
diabo. É constante. Se o papa Bento tivesse feito isso, a mídia o teria
espancado”.
O Espírito Santo oferece à Igreja o papa certo para cada tempo. Será que o maior legado do papa Francisco pode
vir a ser não a sua atitude e espírito aberto, não o seu abraço
admirável à pobreza, mas sim a sua constante referência à grande batalha
entre o bem e o mal?
Se as pessoas imaginam que a atividade oculta e demoníaca não é real,
talvez elas devam prestar mais atenção a indícios como o aumento da
violência, os jogos de vídeo game com temáticas abertamente demoníacas,
os filmes e a música do tipo heavy metal e suas menções contínuas ao
diabo.
Se as pessoas imaginam que quem acredita nessas coisas não deve ser
levado a sério, basta mencionar a missa negra que uma seita satânica
esteve a ponto de conseguir realizar nada menos que dentro do campus da
Universidade de Harvard em maio passado, ou a missa negra que já está
planejada e confirmada para acontecer em um espaço público do Centro
Cívico da cidade norte-americana de Oklahoma no próximo mês de setembro,
ou a tentativa de construir um monumento a Satanás no Capitólio da
mesma cidade de Oklahoma. Embora seja fácil torcer o nariz para estas
notícias tachando-as de meros golpes publicitários, elas são um lembrete
de que os satanistas são bastante reais e precisam ser encarados de
modo sério.
Jesus Cristo é o grande vencedor sobre o poder de Satanás. Segue-se,
logicamente, que, quando a fé ativa em Cristo diminui, as forças das
trevas se sentem mais fortes para atacar. Se a batalha espiritual é cada
vez mais aberta, a necessidade de exorcistas e de um papa que seja “o
flagelo de Satanás” se torna ainda mais real.
Se este é o caso, podemos esperar ainda mais ensinamentos do papa Francisco nos alertando contra o demônio. E, junto com o papa, todos os sacerdotes e leigos católicos também precisam se armar para a batalha do bem contra o mal.
Fonte: Aleteia

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