[domtotal]
A força da grana cor-de-rosa!
Gays formam um mercado de minoria com contas bancárias invejadas pelas maiorias.
Por Marco Lacerda*
Gays tem educação acadêmica de alto nível, salários indesejáveis e tempo para gastá-los. |
Quando alguns países decidiram perdoar gays, lésbicas
e quejandos por suas preferências sexuais, não eram propriamente as
sociedades desses países que estavam perdoando nem era exatamente
perdão. Era – e continua sendo –, antes de tudo, um aceno encomendado
(ou sorrateiramente imposto) por grandes corporações econômicas já sem
motivos para continuar ignorando uma promissora fatia do mercado – um
segmento ainda rotulado como minoria, porém dono de contas bancárias com
dígitos desconhecidos por muitas maiorias.
Por razões diferentes das que levaram o mundo a descobrir um dia que ‘black is beautiful’, admitiu-se finalmente que ‘gay também é gente’. Mais ainda, consumidores na maioria das vezes sem filhos, com educação acadêmica de alto nível, salários invejáveis e muito tempo para gastá-los. Não espanta, portanto, que quem mais tem se beneficia com essa onda de liberalismo crescente em todo o mundo seja a indústria do lazer e, em particular, a do turismo.
Hoje, programas turísticos de primeira classe trazem revoadas de gays e lésbicas ao Rio, enquanto levam contingentes dos congêneres brasileiros às delícias de Paris, Amsterdã e até a aventuras de caiaque pelas corredeiras do Grand Canyon. Hotéis voltados exclusivamente para o público homossexual são erguidos nos quatro cantos do planeta, enquanto países até bem pouco conservadores, como Argentina e Uruguai, reduzem os preconceitos a pó e se apressam em aprovar leis em defesa dos direitos de minorias.
O número de lugares onde o pessoal LGBT pode se sentir em casa decolou com força e distancia-se cada vez mais da era dos refúgios pré-Stonewall, quando homossexuais eram obrigados a levar disfarces na mala e jamais abusar no uso de Chanel número 5. Ai de quem, por descuido, deixasse sobrar a pontinha de um boá ou vestígios de lantejoulas, ao fechar a frasqueira. As consequências podiam ser piores que apedrejamentos xiitas. “Atualmente, gays embarcam para uma variedade de destinos onde podem assumir publicamente sua sexualidade e serem eles mesmos”, diz Robert Adams, diretor editorial da revista Passport, de Nova York, especializada em turismo classe A para gays.
Essa espiral tende a expandir na medida em que cresce o número de países onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo é legalizado. As agências do ramo oferecem cruzeiros pela Grécia, fins-de-semana românticos, casamentos no Oriente e até pacotes familiares voltados exclusivamente para o segmento. Até bem pouco as destinações limitavam-se a San Francisco, Miami e Nova York. “Atualmente o leque de opções é ilimitado. Grupos hoteleiros, companhias aéreas e agências de viagem disputam com avidez uma fatia desse bolo”, diz John Tanzella, presidente da International Gay and Lesbian Travel Association.
O boom vivido pelo turismo gay deve-se principalmente à aprovação de leis que reconhecem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A agência Community Marketing estima que o impacto econômico produzido por viajantes do grupo LGBT é de US 70 bilhões, só nos EUA. No primeiro ano em que essas leis entraram em vigor, Nova York faturou US 260 milhões mais US 16,5 milhões em impostos que ficaram nos cofres da cidade. “Trata-se de uma comunidade que gosta de viajar em grande estile e de gastar sem limites”, diz John Tonzella.
Apesar destes números, o negócio do casamento de pessoas do mesmo sexo ainda está de fraldas. Por enquanto, o Havaí é a destinação preferida pelo público LGBT norte-americano, para celebrar suas uniões. Mas toda a indústria do turismo se mexe com rapidez. A rede de hotéis Westin, com a assessoria de especialistas no ramo, está inaugurando spas e resorts de luxo na costa dos EUA e Pacífico afora para hospedar a exigente freguesia.
Um comercial que está no ar na TV americana retrata bem esse momento de exuberância do mercado de turismo gay. Começa com um jovem casal – um homem e uma mulher – chegando a um hotel e encaminhando-se ao balcão de check-in. Um funcionário diz que os atenderá em um minutinho e a mulher aproveita para dar um pulinho no banheiro. De repente, chega um outro hóspede do hotel e posta-se ao lado do rapaz que espera a namorada voltar do banheiro. Um segundo funcionário aparece, sorri para o dois e pergunta: “Os cavalheiros estão prontos para o check-in”?
Por razões diferentes das que levaram o mundo a descobrir um dia que ‘black is beautiful’, admitiu-se finalmente que ‘gay também é gente’. Mais ainda, consumidores na maioria das vezes sem filhos, com educação acadêmica de alto nível, salários invejáveis e muito tempo para gastá-los. Não espanta, portanto, que quem mais tem se beneficia com essa onda de liberalismo crescente em todo o mundo seja a indústria do lazer e, em particular, a do turismo.
Hoje, programas turísticos de primeira classe trazem revoadas de gays e lésbicas ao Rio, enquanto levam contingentes dos congêneres brasileiros às delícias de Paris, Amsterdã e até a aventuras de caiaque pelas corredeiras do Grand Canyon. Hotéis voltados exclusivamente para o público homossexual são erguidos nos quatro cantos do planeta, enquanto países até bem pouco conservadores, como Argentina e Uruguai, reduzem os preconceitos a pó e se apressam em aprovar leis em defesa dos direitos de minorias.
Uma clientela vip
Para cuidar bem dessa clientela vip, agências de marketing especializadas pululam aos borbotões em toda parte e contribuem para o surgimento de resorts exclusivos, como a ilha de Saba, no Caribe que, graças à sua condição de colônia da liberal Holanda – onde, dizem, o heterossexualismo voltou a ser liberado – já aprovou até leis permitindo o casamentos de pessoas do mesmo sexo e fazendo desabrochar no local um outro tipo de negócio promissor. Ninguém quer ficar atrás de Las Vegas, onde um grande número de cassinos já ostenta na entrada resplandecentes luminosos com o convite: “Todos são bem vindos, inclusive heterossexuais”.
O número de lugares onde o pessoal LGBT pode se sentir em casa decolou com força e distancia-se cada vez mais da era dos refúgios pré-Stonewall, quando homossexuais eram obrigados a levar disfarces na mala e jamais abusar no uso de Chanel número 5. Ai de quem, por descuido, deixasse sobrar a pontinha de um boá ou vestígios de lantejoulas, ao fechar a frasqueira. As consequências podiam ser piores que apedrejamentos xiitas. “Atualmente, gays embarcam para uma variedade de destinos onde podem assumir publicamente sua sexualidade e serem eles mesmos”, diz Robert Adams, diretor editorial da revista Passport, de Nova York, especializada em turismo classe A para gays.
Essa espiral tende a expandir na medida em que cresce o número de países onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo é legalizado. As agências do ramo oferecem cruzeiros pela Grécia, fins-de-semana românticos, casamentos no Oriente e até pacotes familiares voltados exclusivamente para o segmento. Até bem pouco as destinações limitavam-se a San Francisco, Miami e Nova York. “Atualmente o leque de opções é ilimitado. Grupos hoteleiros, companhias aéreas e agências de viagem disputam com avidez uma fatia desse bolo”, diz John Tanzella, presidente da International Gay and Lesbian Travel Association.
Boom do turismo gay
Já se foi o tempo em que o mercado turístico definia um viajante por suas preferências sexuais. Inúmeros fatores passaram a ser levados em conta: idade, gênero, raça, status sócio-econômico e, claro, gostos pessoais. Alguns buscam aventura, outros, bom atendimento e cortesia. Muitos querem festa, não poucos preferem repouso. Um grande número de gays e lésbicas gostam de participar de atividades ligadas ao movimento LGBT em outros países, mas não todos. E por aí vai. Na disputa pelos cobiçados ‘dólares cor-de-rosa’, os agentes de viagem tem que se virar.
O boom vivido pelo turismo gay deve-se principalmente à aprovação de leis que reconhecem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A agência Community Marketing estima que o impacto econômico produzido por viajantes do grupo LGBT é de US 70 bilhões, só nos EUA. No primeiro ano em que essas leis entraram em vigor, Nova York faturou US 260 milhões mais US 16,5 milhões em impostos que ficaram nos cofres da cidade. “Trata-se de uma comunidade que gosta de viajar em grande estile e de gastar sem limites”, diz John Tonzella.
Apesar destes números, o negócio do casamento de pessoas do mesmo sexo ainda está de fraldas. Por enquanto, o Havaí é a destinação preferida pelo público LGBT norte-americano, para celebrar suas uniões. Mas toda a indústria do turismo se mexe com rapidez. A rede de hotéis Westin, com a assessoria de especialistas no ramo, está inaugurando spas e resorts de luxo na costa dos EUA e Pacífico afora para hospedar a exigente freguesia.
Um comercial que está no ar na TV americana retrata bem esse momento de exuberância do mercado de turismo gay. Começa com um jovem casal – um homem e uma mulher – chegando a um hotel e encaminhando-se ao balcão de check-in. Um funcionário diz que os atenderá em um minutinho e a mulher aproveita para dar um pulinho no banheiro. De repente, chega um outro hóspede do hotel e posta-se ao lado do rapaz que espera a namorada voltar do banheiro. Um segundo funcionário aparece, sorri para o dois e pergunta: “Os cavalheiros estão prontos para o check-in”?
*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do DomTotal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário