O arianismo foi uma visão Cristológica sustentada pelos seguidores de Arius, presbítero de Alexandria nos primeiros tempos da Igreja primitiva, que negava a existência da consubstancialidade entre Jesus e Deus,
que os igualasse, fazendo do Cristo pré-existente uma criatura, embora a
primeira e mais excelsa de todas, que encarnara em Jesus de Nazaré.
Jesus então, seria subordinado a Deus, e não o próprio Deus. Segundo
Ário só existe um Deus e Jesus é seu filho e não o próprio. Ao mesmo
tempo afirmava que Deus seria um grande eterno mistério, oculto em si
mesmo, e que nenhuma criatura conseguiria revelá-lo, visto que Ele não
pode revelar a si mesmo. Com esta linha de pensamento, o historiador H.
M. Gwatkin afirmou, na obra "The Arian Controversy": "O Deus de Ário é um Deus desconhecido, cujo ser se acha oculto em eterno mistério".
História
Por volta de 319
Ário começou a propagar que só existia um Deus verdadeiro, o "Pai
Eterno", princípio de todos os seres. O Cristo-Logos havia sido criado
por Ele antes do tempo como um instrumento para a criação, pois a
divindade transcendente não poderia entrar em contato com a matéria.
Cristo, inferior e limitado, não possuía o mesmo poder divino,
situando-se entre o Pai e os homens. Não se confundia com nenhuma das
naturezas por se constituir em um semi-deus. Ário afirmava ainda que o
Filho era diferente do Pai em substância. Essa ideia ligava-se ainda ao
antigo culto dos heróis gregos,
dentre os quais para ele Cristo sobressaía com o maior, embora apenas
possuísse uma divindade em sentido impróprio. Como meio de difusão mais
abrangente de suas ideias, fê-lo sob a forma de canções populares.
Um primeiro sínodo, em Alexandria, expulsou Ário da comunhão eclesiástica, mas dois outros concílios, fora do Egito, condenaram aquela decisão, reabilitando-o. Árius procurou o apoio de companheiros que, como ele, haviam sido discípulos de Luciano de Antioquia, em especial Eusébio, bispo de Nicomédia (atual İzmit).
A luta que se seguiu chegou a ameaçar a unidade da Igreja e, ante o
perigo de fragmentar também o império, levou o imperador Constantino a
enviar Ósio, bispo de Córdoba, seu conselheiro particular, como mediador. O insucesso da missão levou-o a convocar, em 325, um concílio universal em Niceia (atual İznik). No Primeiro Concílio de Niceia (325) a maioria dos prelados, corroborada pelo próprio Constantino graças à influência de Santo Atanásio (criador do termo "homoousios",
significando "de substância idêntica" – para descrever a relação de
Cristo com o Pai), condenou as propostas arianas, e declarou-as heréticas,
obrigando à queima dos livros que as continham e promulgando a pena de
morte para quem os conservasse. Definiu ainda o chamado "Símbolo de
Niceia".
As inúmeras dúvidas suscitadas pelo Sínodo de Niceia reacenderam as
lutas, com os prelados acusando-se mutuamente de hereges. Várias
fórmulas dogmáticas foram ensaiadas para complementar a de Niceia,
acentuando ainda mais as divisões, num conflito que expôs cada vez mais
as diferenças entre o Ocidente latino e o Oriente grego, envolvendo
disputas de primazia hierárquica e de política. Desse modo, num novo
sínodo geral, celebrado na fronteira dos dois impérios, os ocidentais se
congregaram em torno do símbolo de Niceia e excomungaram os hereges. Os
orientais, a seu apoiaram as ideias de Ário e excomungaram não apenas
os bispos apoiantes de Niceia como também o próprio bispo de Roma.
Ário retornou a Constantinopla em 334, a chamado de Constantino e, segundo a lenda, faleceu em 336 quando a caminho de receber a comunhão novamente.
As ideias de Ário foram adotadas por Constâncio II
(337-361) sem que, entretanto, se impusessem à Igreja. Difundiram-se
entre os povos bárbaros do Norte da Europa, quando da evangelização dos Godos, pela ação de Ulfila, missionário enviado pelo imperador romano do Oriente. Os Ostrogodos e Visigodos chegaram à Europa ocidental já cristianizados, mas arianos.
Uma carta de Auxentius, um bispo de Milão do século IV, referindo-se ao missionário Ulfila,
apresentou uma descrição clara da teologia ariana sobre a Divindade:
Deus, o Pai, nascido antes do tempo e Criador do mundo era separado de
um Deus menor, o Logos, Filho único de Deus (Cristo) criado pelo Pai.
Este, trabalhando com o Filho, criou o Espírito Santo, que era
subordinado ao Filho e, tal como o Filho, era subordinado do Pai.
Segundo outros autores, para Ário o Espírito Santo seria uma criatura do
Logos (Filho).
A questão só seria debelada quando, em fins do reinado de Teodósio,
ao tornar-se religião oficial do império, o cristianismo ortodoxo-romano
afirmou-se em definitivo.
Após o século V, graças às perseguições, o movimento desapareceu gradualmente.
Séculos mais tarde, o nome "Arianos" foi usado na Polónia para referir uma seita Cristã Unitária, a irmandade polaca (Frater Polonorum). Eles inventaram teorias sociais radicais e foram precursores do Iluminismo.
Paralelos modernos
"Semi-arianismo" tem sido um nome aplicado a outros grupos não-trinitários, desde então como as Testemunhas de Jeová e a Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora.
Por exemplo, muitas vezes tem-se dito que as Testemunhas de Jeová e a Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora, estariam seguindo uma forma de arianismo, visto que também não crêem na Trindade, e consideram Jesus
como O Filho de Deus. Mas as Testemunhas de Jeová discordam deste ponto
de vista, afirmando que suas crenças não se originam dos ensinamentos
de Ário, e que, não adoram o “Deus desconhecido” de Ário.
A doutrina espírita também compreende em Jesus o ser humano mais iluminado, que serve de guia e modelo à humanidade, mas não o confunde com Deus. Na pergunta 17 do Livro dos Espíritos se afirma que "Deus não permite que tudo seja revelado ao homem neste mundo."
Os três (Deus Pai, Jesus Cristo e Espírito Santo) separados.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
também prega a separação de Deus que é pai, Jesus Cristo que é filho
literal na carne e Espírito Santo que é o que testifica aos homens as
coisas de Deus. Em consonância com a regra de fé (Primeira Regra de Fé) Joseph Smith Jr.
o primeiro profeta da igreja teve uma visão em que viu Deus e Jesus
Cristo lado a lado, no que é conhecido como a primeira visão. Existem
outros que viram Deus e Jesus Cristo como seres separados, um exemplo
bíblico é Estevão, no qual é dito (na tradução de João Ferreira de
Almeida):
- "Mas ele, estando cheio de Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus; E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus." (Atos 7:55-56)
A Igreja da Unificação (Associação do Espírito Santo para a Unificação do Cristianismo Mundial) fundada pelo Reverendo Sun Myung Moon,
também prega e crê na separação entre as pessoas de Deus, Jesus e o
Espírito Santo. Segundo a Teologia Unificacionista, Deus, o Criador
encerra em si mesmo as dualidades masculina e feminina, e que Jesus
representa a masculinidade perfeita de Deus, enquanto que o Espírito
Santo representa a femininidade perfeita de Deus. Se Jesus não tivesse
sido rejeitado pelos seus contemporâneos, Ele constituiria a primeira
família perfeita (livres do Pecado original), como Adão e eva
restaurados e aperfeiçoados. Sua esposa seria a femininidade divina em
substância assim como Ele é a masculinidade divina em substância
refletindo a perfeita imagem de Deus na terra. Como ele morreu sem
constituir uma família substancial, Jesus permaneceu como a substância
da masculinidade divina em espírito somente e o Espírito Santo assumiu o
papel da femininidade substancial em espírito somente, ficando a
realização no plano físico por conta da Segunda vinda do Cristo.
Portanto para os unificacionistas, não é errado a crença de que Jesus é
Deus e o Espírito Santo é Deus, ou que ambos são Deus, já que isto pode
ser dito de um casal que substancialize as características duais de Deus
de forma substancial aqui na terra (que era o ideal de Deus para com
Adão e Eva). Por isto Jesus era chamado o último adão, e também Ele
dizia que ele mesmo era Deus, ao mesmo tempo que O chamava de Pai.
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