[comdeus] Gostaria muito que esta nossa reflexão fosse substituída pelo Sermão da
Sexagésima de Padre Antonio Vieira. Neste sermão pregado na Capela Real
em 1655 o grande Padre faz uma abordagem da Parábola do Semeador que me
impede de escrever seja lá o que for. É muita sabedoria, muito
despojamento em Deus e uma iluminação interior que o que vier depois
nada pode acrescentar ou demonstrar novidade. Vamos deixar o caminho pra
você fazer uma leitura deste sermão.
O que posso dizer é o quanto aprendi com esse pregador, que após ler e
refletir sobre seu sermão tive que tomar uma posição mais intensa em meu
trabalho de evangelizador, de professor de Doutrina e de Teologia. É
muito intenso e de muita responsabilidade ao ver que a Igreja depende de
seus pregadores, anunciadores do Evangelho e que muito se perde dentro
da Igreja por que não há pregadores cheios do Espírito Santo que levam
uma vida de oração e comunhão na intimidade com Deus. Muitos são
relaxados, tentam levar uma "vidinha" de fé só pra manter uma aparência e
querem "acender uma vela pra Deus e outra para o Diabo". E nesta
negligência mantém um status na Igreja e acabam tomando lugares de
outros.
"Pois a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua dependência daquele que a sujeitou". Toda a criação foi um presente de Deus ao Homem que disse: "Façamos
o homem a nossa imagem e semelhança e que ele reine... Depois os
abençoou e disse: crescei-vos e multiplicai-vos, dominai a terra e
submetei-a". O Homem é dono de toda a criação visível, mas vendeu ao Demônio em troca do conhecimento do Mal e assim toda a criação ficou "gemendo como em dores de parto". Pois a desgraça atingiu a tudo e a todos. Mas "os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós".
Por que Jesus nos traz a nova vida e n?Ele tudo se faz novo, mas ainda
não se fez, estamos no tempo da graça e no tempo do "já e ainda não", Já
estamos salvos, pois Cristo já pagou o preço do nosso pecado, mas ainda
não por que o tempo em que estamos é de espera da vinda gloriosa de
Jesus.
E neste tempo é o tempo da Igreja, tempo de evangelizar, de anunciar com
"paresia" (pregação audaciosa, corajosa, com força e poder). Este é o
tempo de semear, de levar a semente da Palavra a todos os lugares, a
todas as pessoas, é tempo de sacrifícios, de ver a necessidade da
salvação no outro do que a comodidade de uma vida mesquinha buscando
seus próprios interesses.
O problema maior da semeadura está naquele que semeia, não está em Deus nem naquele que ouve.
"Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas:
olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta
de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por
falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos.
Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e
ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, e necessária
luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a
doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com
os olhos, que é o conhecimento. Ora suposto que a conversão das almas
por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador
e do ouvinte, por qual deles devemos entender que falta? Por parte do
ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus??. (Sermão da Sexagésima).
Precisamos acordar deste torpor anêmico de almas cambaleantes á deriva
de prazeres ínfimos que produz um enjôo espiritual ao ponto de gerar
mais filhos das trevas a luz. Somos chamados a sermos a manifestação da
glória de Deus no mundo, pois o mundo não vê Deus, mas seus filhos e que
filhos estamos nos apresentado ao mundo para que vejam o Pai? A semente é boa, o terreno não sabe que terra é, mas os semeadores não
podem semear de qualquer forma tem que ter habilidade para que a terra
possa produzir fruto. Ninguém semeia sem esperar resultados. "Quem
tem ouvidos para ouvir, ouça.Mas, a quem assemelharei esta geração? É
semelhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam aos seus
companheiros.E dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos
lamentações, e não chorastes".(Mt 11, 15-17).
É tempo de fé, mística e parresia.
Antonio ComDeus
Antonio ComDeus
Clique aqui e leia o Sermão da Sexagésima
Padre Antonio
Vieira
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