Etapas que marcam mudanças e fortalecem a fé.
Brasília,
(Zenit.org)
Por
José Barbosa de Miranda
Vimos, nos dois artigos anteriores (Cf art1, Cf art 2),
que a adesão a Cristo parte do conhecimento, reflexão e maturação da
fé. Seguindo o testemunho dos primeiros cristãos, podemos formar uma
reta consciência alimentada por atos responsáveis. Lembramos que o
catecumenato é um noviciado à vida cristã. Enfocamos como é a temática
destes artigos, a prioridade para os adultos. Concluímos que a fé e a
graça se alimentam da ação da Igreja (assembleia reunida) que se renova.
A INICIAÇÃO É UM NOVICIADO
Entende-se como noviciado a preparação, por etapas, para passar de
uma posição social ou religiosa para outra, no contexto dessa
instituição. A iniciação é o processo, ou série de processos de
natureza ritual, que efetivam e marcam a promoção de indivíduos a novas
posições sociais ou o acesso a determinadas funções religiosas ou
políticas. É um ato formal, de natureza simbólica, pelo qual se declara a inserção na nova realidade ou sociedade, através de um Rito de Passagem.
A iniciação tem caráter educativo e preparatório. Chamamos a isso
Ritos de Passagem da vida antiga para vida nova, que implica em
separação (tirar de uma situação) para agregar a outra. Essa fase consta
de etapas com Ritos de Separação (aceitação), Tempo de Margem e Ritos
ou noviciado propriamente entendido, e, finalmente, Rito de Agregação ou
inclusão.Separação, segregação ou marginalização do seu ambiente de
origem e de vida anterior, passando de uma situação anterior a uma nova,
através de uma permanência temporária intermediária e peculiar. Essa
separação não é só despedida temporária, mas, definitiva, com renúncia
dos hábitos e práticas sociais para assumir a nova realidade.
Os ritos têm finalidade pedagógica: abandono da situação anterior,
situação nova e ainda não assumida, treinamentos preparatórios para a
vida futura prestes a assumir.
Não é mais o que foi. No nível da fé o passado morreu para dar lugar à
nova vida, por isso é preciso estar instruído e preparado para novos
exercícios e testemunhos de fé. Ainda não é o que será, ainda não
ressuscitou para a vida nova. Inicia-se uma agregação com metodologia
pedagógica, nada de imediatismos e de magia. Isso é a primeira etapa das
diversas passagens.
A CATEQUESE NA INICIAÇÃO CRISTÃ
A fé é fruto do encontro entre a graça de Deus e o mistério da liberdade humana, a Iniciação Cristã conduz a uma ação interior e transformadora realizada por Deus, de forma livre e gratuita.
A catequese cria ambiente para levar à conversão, promovendo o
fortalecimento da fé pelo conhecimento da mensagem cristã; educando par o
agir cristãmente. Exatamente, por isso, não só é possível, mas
necessária, a Iniciação Cristã. A catequese deverá ser entendida em sentido instrumental, isto é, no âmbito das mediações humano-eclesiais para ajudar no processo do despertar e do crescimento da fé.Um dos desafios é encontrar métodos que atendam ao momento atual e contribuam para uma Iniciação Cristã que
chegue ao coração dos catequizandos. “A pluralidade dos métodos na
catequese contemporânea pode ser sinal de vitalidade e de talento
inventivo. Em qualquer hipótese, importa que o método escolhido se
a tenha no fim de contas a uma lei fundamental para toda a vida da
Igreja: a lei da fidelidade a Deus e da fidelidade ao homem, numa única
atitude de amor” (CT 55).
PROCURA DO MÉTODO
Qualquer que seja o método, ele essencialmente deve ser fundamentado
na pessoa de Jesus Cristo, provocando mudança de vida com inserção
eclesial. É uma experiência do encontro com o Senhor na vida
comunitária. “Deseja-se acentuar, antes de mais nada, que no centro da
catequese nós encontramos essencialmente uma Pessoa: é a pessoa de Jesus
de Nazaré, «Filho único do Pai, cheio de graça e de verdade» (Jo 1,
14), que sofreu e morreu por nós, e que agora, ressuscitado, vive
conosco para sempre. É este mesmo Jesus que é «o Caminho, a Verdade e a
Vida» (Jo 14,6); e a vida cristã consiste em seguir a Cristo, sequela Christi” (CT 5).
Tal catequese deve conduzir na direção de uma experiência de fé
madura, uma fé adulta. A catequese, visando a “fé adulta” promoverá uma
opção mais decisiva e coerente pelo Senhor e sua causa, ultrapassando as
experiências de fé individualista, intimista e desencarnada. A tarefa
da catequese é um serviço à Iniciação à Vida Cristã, promovendo um processo de aprofundamento e vivência da fé em comunidade.Já fizemos referência à prioridade que deve ser dada à catequese com
adultos, mas não é demais repeti-la com a Catequese renovada: “É na
direção dos adultos que a Evangelização e a Catequese devem orientar
seus melhores agentes. São os adultos os que assumem mais diretamente,
na sociedade e na Igreja, as instâncias decisórias e mais favorecem ou
dificultam a vida comunitária, a justiça e a fraternidade. Urge que os
adultos façam uma opção mais decisiva e coerente pelo Senhor e sua
causa, ultrapassando a fé individualista, intimista e desencarnada. Os
adultos, num processo de aprofundamento e vivência da fé em comunidade,
criarão, sem dúvida, fundamentais condições para a educação da fé das
crianças e jovens, na família, na escola, e nos Meios de Comunicação
Social e na própria comunidade eclesial” (CR, 130).
Para que a Iniciação Cristã responda aos seus pressupostos, a
catequese deve oferecer necessariamente dois serviços fundamentais: 1)
conteúdo par uma iniciação cristã unitária e coerente, para crianças,
adolescentes e jovens, em íntima conexão com os sacramentos da iniciação
já recebidos ou a receber, e correlacionado com a pastoral da educação
da fé (cf. DGC 174a); 2) oferecer aos iniciandos um fundamento para sua
fé, realizando ou completando a iniciação cristã inaugurada com o
Batismo (cf.DGC 174b).
Assim, catequese de Iniciação Cristã adaptará a sua mensagem aos diferentes interlocutores para de que a Palavra de Deus ilumine a vida e a ação dos catequizandos.

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