jbpsverdade: Meu Deus... Misericórdia! São cegos guiando cegos, onde vão parar? Se continuar assim, com certeza não é no céu.
Porque, conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus,
nem lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos
pensamentos, e se lhes obscureceu o coração insensato. Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos. Por isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos. Amém! Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a natureza. Do mesmo modo também os
homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para
com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em
seus corpos a paga devida ao seu desvario.
(Rm 1, 21s.24-27)
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ihu - "As palavras que ressoaram nas salas vaticanas foram para nós
como um bálsamo após tantos anos de palavras severas e de condenações
injustas", afirmam Matteo e Carlo, do Movimento Kairós, de católicos homossexuais, em entrevista de Luca Borghini, publicada por The Lobbyst ITALY, 20-10-2014. A tradução é de Benno Dischinger.
Eis a entrevista.
O que significa em 2014 ser homossexuais católicos?
Significa reconhecer a própria orientação sexual sem viver a própria
fé como um elemento de obstáculo ou de contradição. E vice-versa.
Dito assim pode parecer simples, mas não o é. Temos às costas uma
educação católica frequentemente carola e hipócrita. Temos uma concepção
de homossexualidade condicionada por estereótipos ou preconceitos
negativos. A coisa positiva é que, honestamente, também graças a grupos
como Kairós, ser homossexuais cristãos em 2014 é menos difícil e mais belo de quanto o tenha sido no passado.
Este Sínodo está introduzindo temas muito importantes. Parece
realmente que a Igreja esteja pronta para acolher, também segundo as
palavras do presidente dos bispos alemães, temas ligados à
homossexualidade.
Para vocês é um sucesso?
Esperamos falar de sucesso. O caminho sinodal apenas começou e durará
ainda um ano. As resistências não faltaram no Sínodo e não faltarão na
Igreja. Se as palavras de amor ante os gays e de reconhecimento do valor
dos casais homossexuais tivessem sido confirmadas, seguramente teríamos
sido bem felizes! Por todos nós e nossas famílias! Como grupo
compilamos o questionário preparatório do Sínodo, o expedimos a Roma,
lemos e discutimos os documentos de trabalho, após as conferências de
imprensa... As palavras que ressoaram nas salas vaticanas foram para nós
como um bálsamo após tantos anos de palavras severas e de condenações
injustas...
Também o resultado final, embora decepcionante, abre todavia
perspectivas novas: mais de um terço dos padres sinodais retém que a
posição oficial sobre o tema da homossexualidade, mantida no Vaticano
durante os últimos vinte anos, não é mais atual nem atualizável.
Quanto este Sínodo, segundo vocês, pode mudar a Igreja?
Certo! Este Sínodo foi, finalmente, um verdadeiro Sínodo. Os
trabalhos se desenvolveram livremente, as discussões têm sido amplas e
referidas pela imprensa, e o Vaticano não impôs uma agenda rígida. O
mérito disto vai seguramente a Francisco. Precisamente
por isso a instância de mudança que emergiu diz respeito às reais
exigências da Igreja! Esta mudança faz parte do próprio DNA da Igreja,
que de fato tem por missão própria a de pregar o Evangelho num mundo que
muda.
Mas, gostaria de dizer algo mais: este Sínodo pode mudar também a
nós. Se as condutas homofóbicas (mais ou menos conscientes) serão
privadas da referência legitimadora do magistério da Igreja,
reduzir-se-á uma “cobertura” legitimada. E também a nós gays se
enfraquecerá o ‘inimigo externo” ao qual imputar as dificuldades, o
atraso cultural, aquela não aceitação que, na verdade, tem origem de nós
mais do que daquilo que a Igreja diz “contra” nós. A Igreja italiana
não parece ser favorável a uma abertura aos temas da homossexualidade.
Segundo vocês, é assim ou existe uma “distância” entre as cúpulas da Igreja italiana e os fiéis?
São verdadeiras ambas as coisas. Seguramente as hierarquias
episcopais italianas, e ainda mais a Cúria vaticana, representam a parte
mais conservadora da Igreja, em mérito à homossexualidade, mas também
sobre uma grande série de temas éticos e teológicos. Mas, os fiéis (e
não esqueçamos que os fiéis “são” Igreja! Estão frequentemente muito
mais à frente do que seus pastores... É a mesma “distância” que existe,
em nível político, entre instituições e cidadãos, não é? E sem mais, as
cúpulas da Igreja falam frequentemente como políticos mais do que como
pastores... Quando se tem presente o Evangelho, ao invés, esta distância
se reduz, até quase desaparecer. Eu creio que todos – fiéis ou homens
de Igreja – tenhamos sentido ressoar o Evangelho quando escutamos o Papa Francisco que dizia: “Quem sou eu para julgar um gay que procura Deus?”
Como católicos homossexuais, qual a vossa posição sobre os casais de fato e sobre as adoções a casais gays?
O grupo Kairós não tem uma posição oficial sobre
estas providências ou medidas legislativas. Entre nós há opiniões
diversificadas. Todos, no entanto, sentimos a necessidade de um
reconhecimento pleno dos direitos e da dignidade de cada um e dos casais
homossexuais. No que se refere à adoção, há anos, fazem parte do nosso
grupo pais gays e mães lésbicas. São progenitores esplêndidos e o seriam
sem mais também se seus filhos fossem adotivos!
O grupo Kairós é um grupo de homossexuais toscanos, homens e mulheres de todas as idades que, desde 2001, se encontram em Florença
para compartilhar um caminho espiritual que os ajude a conciliar a fé
cristã com a identidade afetiva e relacional. Realmente, as pessoas
homossexuais, pertencendo de fato a uma minoria frequentemente objeto de
recusa social, agravado em muitos casos por motivações religiosas,
experimentam uma marginalização que é causa de não poucos sofrimentos.
O grupo Kairós se encontra pelo menos duas vezes ao
mês nos locais de uma paróquia florentina e numa casa de religiosas em
Florença. Estamos em contato também com comunidades cristãs não
católicas e associações laicas que promovem os direitos de gays e
lésbicas. Colaboramos factivamente com sacerdotes, religiosos e
religiosas, como também com representantes das diversas confissões
cristãs, com uma frutuosa troca de experiências.
A cada ano organizamos a Vigília pelas vítimas da homofobia, retiros de prece, participamos de eventos nacionais, como o Fórum dos Cristãos homossexuais italianos, o Florence Queer Festival e outras manifestações cidadãs. Para nós o grupo Kairós
constitui um lugar de encontro na fraternidade: aqui experimentamos
aquela acolhida que facilita o confronto entre quem, alhures, raramente
pode falar com franqueza de todo o seu vivenciado; aqui procuramos e
encontramos no Evangelho aquele anúncio alegre que nos faz crescer em
direção àquela verdadeira libertação na qual o desconforto se torna
escola de acolhida.

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