Sínodo da Família. Foto: Daniel Ibáñez / ACI Digital |
14/10/2014
VATICANO, (ACI).-
Após uma série de notícias difundidas ontem sobre uma suposta mudança doutrinal da Igreja
a respeito dos casais homossexuais, o site oficial de notícias da Santa
Sé, News.va, assinalou nesta terça-feira que as discussões que têm
lugar no Sínodo da Família não são “doutrina nem normas definitivas”, e
sim propostas para um documento de trabalho que será enviado às dioceses
para preparar o Sínodo de 2015.
“Em resposta às reações e discussões que se seguiram à publicação da
Relatio post disceptationem, e ao facto de que, muitas vezes, lhe tem
sido atribuído um valor que não corresponde à sua natureza, a Secretaria
Geral do Sínodo reitera que este texto é um documento de trabalho, que
resume as intervenções e o debate da primeira semana e, agora, é
proposto à discussão dos membros do Sínodo reunidos nos Círculos
menores, como previsto pelo Regulamento do mesmo Sínodo”, esclareceu o
News.va.
“Acima de tudo, é importante recordar uma vez mais que o que se fala no
Sínodo não é nem doutrina nem normas definitivas: não haverá
‘resultados’ do Sínodo, pois o Sínodo só está preparando um documento de
trabalho que será discutido em todas as dioceses do mundo para preparar
o sínodo de outubro de 2015”.
“Será este segundo Sínodo o qual apresentará uma série de recomendações
ao Papa e ele aprovará o que considere melhor para o povo de Deus. Mas
no momento, não há nada definitivo em nenhum sentido, por isso as
notícias que atribuem tal ou qual decisão ao Papa ou ao Sínodo não são
certas”, assinalou também o portal em sua edição em espanhol.
Nesse sentido, diante a confusão gerada nos fiéis, News.va convidou a
procurar “informação de primeira mão sobre o sínodo” nos meios da Santa
Sé.
Por sua parte, a Secretaria Geral do Sínodo –através do Pe. Federico
Lombardi-, também advertiu que a “Relatio post disceptationem” recebeu
da parte dos meios um valor que “não corresponde a sua natureza”. “Este
texto –recordou-, é um documento de trabalho, que resume as intervenções
e o debate da primeira semana e que agora será colocado em discussão
por parte dos membros do Sínodo reunidos nos Círculos menores, segundo o
previsto pelo próprio regulamento do Sínodo”.
O porta-voz vaticano indicou que o trabalho dos Círculos menores será
apresentado à Assembleia na Congregação geral matutina da próxima
quinta-feira, 16 de outubro.
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A Igreja Católica não mudou sua postura a respeito do “matrimônio” gay.
VATICANO, (ACI/EWTN Noticias).- Ontem e hoje os meios de comunicação seculares inundaram a imprensa com titulares falando de um documento do Sínodo sobre a Família, contendo o apoio dos bispos e do Papa às uniões de pessoas do mesmo sexo, algo que hoje foi desmentido pelo Vaticano.
As notas dos meios se referiam a um documento chamado “Relatio post
disceptationem” (Relação após discussão) que foi apresentada na
segunda-feira pelo Relator Geral do Sínodo da Família, Cardeal Peter
Erdo. Este texto simplesmente recolhe os temas e comentários que
realizados na semana passada durante os diálogos no Sínodo que se
realiza até 19 de outubro no Vaticano.
O documento oficial do Sínodo não será publicado até depois do Sínodo
de 2015. Habitualmente e logo depois de um evento como este, o Santo
Padre escreve uma exortação apostólica pós-sinodal com suas conclusões a
partir das reflexões dos bispos.
Em declarações a ACI Digital em
Roma, o Bispo de Abomey (Benin), Dom Egène Cyrille Houndekon, assinalou
que o documento apresentado ontem não gerou mudança alguma na doutrina e
se refere à abertura da Igreja a todas as pessoas não aos homossexuais em particular.
“A Igreja abre suas portas a todas as pessoas – com suas debilidades e
defeitos – e busca de ajudá-las, aos que têm virtudes mais fortes para
aprofundá-las, e aos que têm debilidades para tentar superá-las”, disse o
Prelado.
O Bispo se referia à parte da “Relatio” em que se destaca que as
pessoas homossexuais têm dons e qualidades para oferecer à comunidade
cristã”, e que “frequentemente desejam encontrar uma Igreja que seja
casa acolhedora para eles”. Nesse sentido, levanta a pergunta: “estamos
em grau de receber estas pessoas, garantindo-lhes um espaço de
fraternidade em nossas comunidades?”. “Nossas comunidades estão em grau
de sê-lo (acolhedoras), aceitando e avaliando sua orientação sexual, sem
comprometer a doutrina católica sobre a família e o matrimônio?”
Outros prelados expressaram sua preocupação pela falta de claridade do
documento. Em declarações ao grupo ACI, o Cardeal Raymond Burke disse
que a “Relatio” usa uma linguagem “confusa” e “errônea”, e expressou sua
esperança de que o documento final do Sínodo tenha uma linguagem
bastante mais clara.
“Há uma confusão a respeito das pessoas que vivem em uniões de fato ou
dos que sentem atração por pessoas do mesmo sexo com quem convivem; e
uma inadequada explicação das relações da Igreja com essas pessoas”,
disse.
O Cardeal assinalou logo que espera “que este documento seja feito
completamente à parte e que haja um esforço para apresentar o verdadeiro
ensinamento da Igreja e a prática pastoral, as duas coisas que sempre
vão juntas em um novo documento”.
Por sua parte, o Presidente da Conferência Episcopal da Polônia, Dom
Stanislaw Gadecki, disse que espera que o Sínodo final dialogue sobre o
apoio às famílias e não só os casos de exceções. “Devemos falar sobre as
exceções práticas, mas falar também sobre como apresentar a verdade”,
asseverou o bispo em declarações à Rádio Vaticano.
A “Relatio”, assinala o próprio documento, “Não se trata de decisões
tomadas, nem de perspectivas fáceis. Entretanto, o caminho colegial dos
bispos e a implicação de todo o povo de Deus sob a ação do Espírito
Santo, poderão nos guiar para encontrar vias de verdade e de
misericórdia para todos. É a esperança que desde o começo de nossos
trabalhos o Papa Francisco nos dirigiu convidando-nos à valentia da fé e
à acolhida humilde e honesta da verdade na caridade”.
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