Cena da gravação de um vídeo na qual o grupo terrorista nigeriano Boko Haram
assume diversos atentados contra cristãos e promete ainda mais
derramamento de sangue em nome do Islã. No centro da foto, o líder
terrorista Abubakar Shekau também manifestou apoio aos guerrilheiros do
Estado Islâmico.
A Agência católica de notícias Fides
distribuiu em 20 de novembro uma nota recebida da Nigéria do Pe. Gideon
Obasogie, responsável pelas comunicações sociais da diocese de
Maiduguri, cujo território compreende os estados de Borno, Yobe e
algumas zonas do estado de Adamawa. O Pe. Gideon faz, na referida nota,
um balanço das destruições causadas pelo grupo terrorista islâmico Boko Haram naquela diocese após a tomada da cidade de Mubi.
Mais de 2.500 católicos foram mortos e 100.000 evacuados (entre estes
últimos, 26 dos 46 padres que trabalham na diocese, 200 catequistas e
mais de 20 religiosas); mais de 50 paróquias destruídas, algumas delas
diversas vezes; 40 outras paróquias foram abandonadas e ocupadas pelo
grupo terrorista; quatro dos cinco conventos existentes foram também
abandonados. Ele menciona ainda o sequestro, largamente noticiado pelos
jornais, de mais de 200 moças.
Todavia mais grave, um grande número de católicos foi obrigado a se
converter (ou antes, a se perverter) ao islã contra a própria vontade. O
sistema escolar foi destruído, principalmente porque as diversas
escolas foram transformadas em centros de acolhimento dos evacuados.
O Boko Haram já conquistou até agora as seguintes 32 cidades:
No estado de Borno, Gomboru Ngalla, Bama, Gwoza, Maffa, Abadam,
Askira Uba, Dikwa et Marte, para não citar senão os centros mais
importantes. A capital, Maiduguri, está completemente cercada pelo Boko
Haram, exceto a estrada que conduz a Damaturu. No estado de Adamawa,
Madagali, Michika, Mubi, Gulak, Kaya, Shuwa, Bazza, Yaffa, Betso,
Mishara, Vimtim, Muchalla, Kala’a, Maiha e Mataka. No estado de Yobe,
Buni Yadi, Gujba, Gulani, Kukuwa, Bularafa, Buni Gari, Bara, Bumsa e
Taltaba.
Ora, todos esses católicos africanos foram também remidos pelo sangue
infinitamente precioso de Nosso Senhor Jesus Cristo e gozam a este
título do inalienável direito de serem socorridos pelos seus Pastores,
os quais devem estar dispostos a dar a própria vida pelas suas ovelhas.
Mas não é infelizmente o que se vê, antes o contrário.
Vaticanistas
de renome — Sandro Magister, por exemplo — têm comentado o contraste
entre o silêncio da Santa Sé em relação ao direito à vida de cristãos
perseguidos por muçulmanos (tome-se o caso da mãe de família
paquistanesa Asia Bibi [foto], condenada à morte por
ter supostamente “blasfemado” contra Maomé) e a sua loquacidade quando
se trata de defender direitos menos fundamentais, como o de acolher
imigrantes africanos ilegais que chegam de barco à Europa. Quando não,
oh dor!, de apoiar grupos revolucionários de inspiração marxista,
negadores dos direitos mais básicos e desejosos de destruir a ordem
socioeconômica vigente.
Foi o que aconteceu entre os dias 27 e 29 de outubro p.p. no Vaticano, por ocasião do Encontro dos Movimentos Sociais promovido pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz e pela Pontifícia Academia de Ciências. O evento [foto abaixo],
que reuniu 150 militantes de 80 países, contou com o apoio do Papa
Francisco, que o prestigiou com sua presença e com fogosas palavras de
encorajamento. O expoente máximo brasileiro, que fez uso da palavra, foi
o conhecido agitador marxista João Pedro Stédile, que não titubeou em
declarar depois que o discurso do Papa havia sido mais esquerdista do
que o dele. A prestigiosa revista Catolicismo publicará na sua edição de dezembro uma ampla reportagem sobre o assunto.
Diante do quadro apocalíptico dos católicos nigerianos acima descrito
(2.500 mortos, 100.000 evacuados, 34 cidades tomadas etc.), o momento
não seria mais oportuno para que, em vez de receber agitadores marxistas
e apoiar a sua revolução social e global contra o modelo capitalista e a
propriedade privada, alguém como o cardeal Peter Turkson (oriundo ele
próprio do continente negro e presidente da Pontifícia Comissão Justiça e
Paz), lançasse, e pedisse ao Pastor Supremo que também o fizesse, um
firme apelo aos chefes de Estado e às diferentes entidades e
personalidades do mundo inteiro em favor de uma cruzada em defesa desses
católicos desvalidos.
Mas as mentes de nossos supremos dirigentes espirituais parecem estar
bem distantes desta e de outras medidas visando à preservação dos
nossos mais elementares valores. Cumpre neste sentido lembrar que no
início do mesmo mês de outubro, durante o Sínodo dos Bispos sobre a
família realizado em Roma sob os auspícios do Papa Francisco, tentou-se
mudar a doutrina perene de Nosso Senhor Jesus Cristo em relação ao
homossexualismo e ao adultério. Ao saber disso, um bispo africano
literalmente chorou, dizendo que mal podia imaginar a dimensão do
desastre que essa eventual mudança causaria nos católicos da África.
E tinha sobradas razões para chorar. Como a têm, diante da desolação
suprema que grassa na Santa Igreja, todos os católicos dignos deste
nome. Estes devem chorar como esse prelado africano chorou e como
deveriam chorar todos os prelados, sacerdotes e religiosos diante do
silêncio que paira sobre a perseguição anticatólica e o apoio que é dado
a movimentos marxistas. E pedir, confiantes, a urgente intervenção a um
só tempo misericordiosa e justiceira de Deus.
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