terça-feira, 25 de novembro de 2014

Francisco: “A listinha de preços na Igreja é um escândalo”

ihu - “As igrejas jamais sejam comerciantes ”. Jamais. “A redenção de Deus é gratuita”. Sempre. É um verdadeiro e próprio anátema contra os eclesiásticos negociantes aquele lançado pelo Papa Francisco na homilia matutina na Casa Santa Marta, noticiado pela Rádio Vaticana.
A informação é publicada por Vatican Insider, 21-11-2014. A tradução é de Benno Dischinger.
A liturgia de hoje propõe o Evangelho no qual Jesus expulsa os comerciantes do Templo porque transformaram a casa de oração num covil de ladrões. O gesto do Filho de Deus, explicou o Pontífice, é um gesto de purificação: “O Templo tinha sido profanado” e juntamente o povo de Deus; “profanado com o pecado tão grave que é o escândalo”.
“O povo é bom – disse o Papa – o povo ia ao Templo, não olhava para estas coisas, rezava... mas devia trocar as moedas para fazer as ofertas”. O povo ia ao Templo não por este tipo de gente, por aqueles que comercializam, mas “por Deus”; porém precisamente “ali existia a corrupção que escandalizava o povo”.
Francisco recordou o episódio bíblico de Ana, mãe de Samuel, que vai ao templo para pedir a graça de um filho: “Murmurava em silêncio as suas preces”, enquanto o sacerdote e os seus dois filhos são corruptos: eis, “eu penso no escândalo que podemos causar no povo com o nosso comportamento – sublinhou Francisco – com os nossos hábitos não sacerdotais no Templo: o escândalo do comércio, o escândalo das mundanidades...
Quantas vezes vemos que, entrando numa igreja, ainda hoje, existe alia lista dos preços para o batismo, a bênção, as intenções para a Missa. “E o povo se escandaliza”.
“Certa vez, recém sacerdote – contou Bergoglio – eu estava com um grupo de universitários, e queria casar-se um casal de noivos. Tinham ido a uma paróquia: mas queriam fazê-lo com a Missa. E ali o secretário paroquial disse: “Não, não: não se pode” – “Mas, por que não se pode com a Missa? Se o Concílio recomenda fazê-lo sempre com a Missa...” – “Não, não se pode, porque mais de 20 minutos não se pode” – “Mas por quê?” - “Porque há outros turnos” – “Mas nós queremos a Missa!” – “Mas então paguem dois turnos!”. E, para casar-se com a Missa tiveram que pagar dois turnos. Isto é pecado de escândalo”.
Francisco continuou: “Nós sabemos o que disse Jesus aos que são causa de escândalo: “É melhor que sejam jogados ao mar”.
“Quando aqueles que estão no Templo – sejam sacerdotes, leigos, secretários, mas que precisam gerir no Templo a pastoral do Templo – se tornam comerciantes, o povo se escandaliza”, pôs em evidência o Pontífice argentino; “e nós somos responsáveis disto. Também os leigos, eh? Todos. Porque se eu quero que na minha paróquia se faça isto, devo ter a coragem de dizê-lo na cara ao pároco. E o povo sofre aquele escândalo. É curioso: o povo de Deus sabe perdoar os seus padres, quando têm uma fraqueza, deslizam num pecado... sabe perdoar isso. Mas, há duas coisas que o povo de Deus não pode perdoar: um padre agarrado ao dinheiro e um padre que maltrata o povo. Não consegue perdoar isso! E o escândalo, quando o Templo, a Casa de Deus, se torna uma casa de negócios, como aquele casal: alugava-se a Igreja”.
Cristo “não está enraivecido”, precisou, “é a Ira de Deus, é o zelo pela Casa de Deus”, porque “ou prestas o culto ao Deus vivo, ou prestas o culto ao dinheiro”.
“Mas, por que Jesus se incomoda com as moedas, se incomoda com o dinheiro? Porque a redenção é gratuita – sublinhou o Papa – a gratuidade de Deus Ele vem trazer-nos, a gratuidade total do amor de Deus. E, quando a Igreja ou as igrejas se tornam comerciantes, se diz que... eh, não é tão gratuita a salvação... É por isso que Jesus pega o relho na mão para realizar o rito de purificação do Templo”.
“Hoje – disse, concluindo, Francisco – a Liturgia celebra a apresentação de Nossa Senhora no Templo: como garotinha... Uma mulher simples, como Anna, naquele momento, entra Nossa Senhora. Que Ela ensine a todos nós, a todos os párocos, a todos aqueles que têm responsabilidades pastorais, a manter limpo o Templo, a receber com amor aqueles que chegam, como se cada um deles fosse Nossa Senhora”.

Veja também: 


“As paróquias eliminem as listas dos preços dos sacramentos", pede o Papa.


“Quantas vezes vemos que, entrando numa igreja ainda hoje, encontra-se ali a lista dos preços: para o batismo, a bênção, as intenções para a missa. E o povo se escandaliza”. São palavras do Papa Francisco na homilia da missa na Casa Santa Marta. “As Igrejas – sublinhou o Pontífice – jamais se tornem casas de negócios, pois a redenção de Jesus é sempre gratuita”. “Eu penso – explicou – no escândalo que podemos dar ao povo com o nosso comportamento, com os nossos hábitos não sacerdotais no Templo: o escândalo do comercio, o escândalo da mundanidade”.
A informação é publicada pelo  jornal La Repubblica, 21-11-2014.
O Papa fez sentir com força o seu anátema perante a Igreja negociadora. Uma Igreja que pensa somente em fazer negócios comete “pecado de escândalo”. Depois o Pontífice comentou o Evangelho no qual Jesus expulsa os mercadores do Templo porque transformaram a casa de orações num covil de ladrões. “As pessoas boas iam ao templo; procuravam Deus, rezavam, mas deviam trocar as moedas para fazer as ofertas”. Como de costume, o Santo Padre referiu-se a um episódio ao qual assistiu quando recém se tornara sacerdote:
“Estava com um grupo de universitários e um casal de noivos queria se casar. Tinham ido a uma paróquia, mas queriam fazê-lo com a missa e ali, o secretário paroquial disse ‘não se pode’ porque há outros turnos”.
Ante a insistência do casal que queria celebrar o matrimônio com uma missa, - referiu o Papa Francisco, - aquele secretário de paróquia disse que então teria de pagar dois turnos. E, para casar-se com a missa, tiveram que pagar dois turnos. “Isto – denunciou com força Francisco – é pecado de escândalo”. Um peado tão grande que, como recordou: “Nós sabemos o que disse Jesus àqueles que são causa de escândalo: ‘Seria melhor que fossem jogados no mar’.”
O comportamento denunciado pelo Papa Bergoglio, como recordou ele mesmo, investe também contra os leigos. “Se eu vejo que na minha paróquia se faz isto – denunciou no decurso da homilia -, devo ter a coragem de dizê-lo na cara ao pároco. É curioso: o povo de Deus sabe perdoar os seus padres quando têm uma fraqueza, deslizam no pecado... sabe perdoar. Mas, há duas coisas que o povo de Deus não pode perdoar: um padre agarrado ao dinheiro e um padre que maltrata o povo”. O Papa Bergoglio explicou porque Jesus insiste tanto contra o dinheiro: “Porque a Redenção é gratuita. E quando a Igreja ou as Igrejas se tornam comerciantes, se diz que não é tão gratuita a salvação”.

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