quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Católicos de esquerda articulam pressão sobre o próximo Sínodo da Família

[abim]
Mathias von Gersdorff


Um dos aspectos mais importantes no pontificado do Papa Francisco é a Pastoral do Matrimônio e da Família. Para analisar e debater as exigências de nosso tempo, convocou ele a Assembleia Extraordinária do Sínodo sobre a Família realizada em outubro de 2014, a qual deveria preparar para o Sínodo sobre a Família marcado para outubro de 2015.
Esses dois Sínodos estão sendo utilizados pelo catolicismo de esquerda como uma ocasião muito propícia para fazer propaganda de sua “visão” revolucionária da Igreja e de seu Magistério.
A ponta de lança do catolicismo reformista de esquerda é o movimento “Nós somos Igreja”. Há cerca de 20 anos vem ele propugnando uma Igreja igualitária e favorecendo uma concepção liberal da moral católica: destruição da diferença entre clérigos e leigos, abolição do celibato, aceitação de relações sexuais extraconjugais, novo casamento após o divórcio, compreensão em relação ao aborto, etc. 

Movimento “Nós somos Igreja”: muitos “atualizados” ideologicamente…

Filial Suplica 
Dessa forma o movimento “Nós somos Igreja” propaga dentro da Igreja Católica todas as posições defendidas no campo temporal por diversas organizações e ativistas da revolução sexual segundo o espírito do movimento de Maio de 1968 da Sorbonne.
Por causa das discussões, provocadas pelas declarações do Cardeal Kasper [foto] sobre uma possível reavaliação da situação dos católicos desquitados e recasados, vieram à tona os temas definidos por “Nós somos Igreja”. Durante muito tempo, quase não se ouvia falar deste assim-chamado “movimento de base”. De certo modo, o Cardeal Kasper tirou-o do esquecimento em que jazia.
Apesar de sua falta de atividade, o citado movimento não permaneceu estagnado ideologicamente no tempo. No documento de trabalho “Textos e subsídios para o Sínodo das Famílias 2014-2015” ele incorpora inteiramente os últimos “avanços” da revolução sexual dos últimos anos. 

Infiltrar todos os campos: objetivo dos progressistas

Assim “Nós somos Igreja” hoje é a favor de uma avaliação positiva da homossexualidade e das parcerias homossexuais, postula uma avaliação positiva do “amplo espectro de relacionamentos sexuais de diferentes intensidades e formas de expressão”, exige a aceitação dos meios artificiais de contracepção etc. Essas exigências, que constam de um documento intitulado “Sexualidade como força dispensadora de vida”, revela com amplidão o pensamento de seus autores.
O seu conceito de família defendido por eles mal se diferencia do que pensam os ideólogos da “doutrina de gênero”: “Podem-se encontrar cristãs e cristãos honestamente engajados em questões de família e parceria em diferentes formas de vida e de família: matrimônios bem constituídos com ou sem filhos, casamentos e parcerias fracassados, segundos casamentos bem sucedidos, mães e pais solteiros, famílias não estruturadas, parcerias homossexuais com ou sem filhos, solteiros vivendo em redes semelhantes a famílias…”
Porém “Nós somos Igreja” não se limita apenas a fazer exigências e a redigir documentos de trabalho. Quer atuar em todos os campos, a fim de instituir uma Igreja revolucionária. Uma lista com quase 20 “Possibilidades de Ação Local” explica a seus seguidores como tornar conhecidas as ideias do movimento. Um “calendário do Sínodo” esclarece as etapas mais importantes até a realização do Sínodo em outubro deste ano, bem como coordena as atividades em todo o território nacional (da Alemanha), a fim de obter o maior êxito possível.

Pastores que não afugentam o lobo

Em resumo: “Nós somos Igreja” organizou uma verdadeira campanha, visando introduzir a revolução sexual na Igreja, mediante o Sínodo das Famílias 2015.
Naturalmente esse movimento não está agindo isoladamente na Alemanha. Uma série de teólogos subvencionados realiza o trabalho intelectual prévio para anular a moral católica a respeito do sexo e matrimonio. Eles publicam seus trabalhos em editoras renomadas como a Herder ou a Patmos. Em seus escritos são reproduzidas praticamente todas as teses da revolução sexual, inclusive os novos desenvolvimentos a respeito da “teoria de gênero”. A única tarefa que os ativistas de “Nós somos Igreja” têm que realizar é ler estes livros, a fim de coletarem numero suficiente de argumentos a serem utilizados na sua campanha de propaganda. Em suma, existe na Alemanha uma montagem muito bem preparada para levar a cabo a destruição de doutrinas fundamentais do Magistério eclesiástico.
É quase supérfluo dizer que poucos são os membros do Episcopado alemão que refutam as absurdas exigências de “Nós somos Igreja”. Muitos prelados apoiam até a implementação das ideias do Cardeal Kasper a respeito da pastoral familiar. Neste contexto é irrelevante o fato de que tais ideias tenham sido refutadas muitas vezes, entre outros, pelo Cardeal Ratzinger, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. De qualquer modo querem os progressistas adaptar a Igreja ao espírito do mundo neopagão. Naturalmente esta situação não é nova. A determinação com que se quer descartar a autêntica moral sexual e matrimonial católica, é que constitui novidade.

Católicos poloneses, croatas e africanos na Alemanha: valioso apoio

Deve-se agradecer o fato de que a Igreja Católica na Alemanha não tenha enveredado numa via própria, em grande medida, devido aos fiéis católicos provenientes da Croácia, Polônia e África . Sem esses católicos, não existiria mais a vigência da Fé em muitos lugares, sobretudo nas grandes cidades. E eles se tornam cada vez mais ativos e atualmente se engajam nos assuntos internos da Igreja. O catolicismo reinante na Alemanha, constituído pelos conselhos de católicos leigos reformistas que ocupam cargos decisivos, vai aos poucos encontrando resistência.
A esperança para a Igreja Católica na Alemanha provém de fiéis oriundos de países e regiões nas quais a Fé ainda não se extinguiu tanto quanto aqui entre nós. Da Polônia, da Ásia, da África, bem como dos Estados Unidos, surgiu a maior resistência durante o Sínodo dos Bispos de 2014 contra a desmontagem da moral sexual e matrimonial. E o vigor da tendência progressistas origina-se de uma parte do episcopado alemão, que se alinhou às teses do Cardeal Kasper.
E a esperança se funde também nos próprios católicos alemães. Durante muito tempo eles permitiram que a mentalidade liberal de esquerda se difundisse na Igreja alemã. Contudo, esses católicos estão se organizando e tornando-se cada vez mais ativos.

O Coração de Maria triunfará

É ainda incerto o desfecho deste confronto. Entretanto uma coisa é certa: a Igreja Católica na Alemanha ruma em direção a tempos turbulentos. “Mas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará”, prometeu Nossa Senhora em Fátima.
Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós!
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Mathias von Gersdorff é colaborador da Agência Boa Imprensa — Correspondente na Alemanha.
Tradução de Renato Murta de Vasconcelos.

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