sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Diversidade e fraternidade

[domtotal]

O outro não é uma ameaça, mas uma oportunidade de diálogo na busca pela paz.


Papa Francisco, em encontro com o sacerdote hindu Kurakkal Somasundaram, no Sri Lanka.



Por Enzo Bianchi*

Era inevitável que a viagem e as palavras do papa Francisco no Sri Lanka também fossem lidas à luz do que aconteceu nos últimos dias em Paris: meios de comunicação e opiniões públicas acostumadas a dar às tragédias um peso específico diferente dependendo da distância do local onde acontecem, custam para captar a dimensão ao mesmo tempo local e universal inerente ao ministério do Bispo de Roma.


Quando o papa afirma que "não se deve permitir que as crenças religiosas sejam abusadas por causa da violência ou da guerra", ele o faz dirigindo-se aos representantes religiosos de uma nação em particular, pensando em uma Igreja local específica de exígua minoria que viveu, como todos os habitantes daquele país, anos de sangrenta guerra civil. No entanto, a sua mensagem conserva um porte bem mais amplo.

A tragédia de Paris não é esquecida, assim como não são esquecidos os horrores da Nigéria, mas o olhar, o coração e o pensamento desse pastor universal vão, em primeiro lugar, às vítimas que ele entrevê nos olhos dos seus interlocutores no Sri Lanka, às milhares de pessoas mortas, torturadas, presas nesses anos. E são palavras que querem ser não só bálsamo para as feridas, mas também estímulo à ação, apelo à dignidade presente em cada ser humano, convite à reconciliação, à colaboração, à solidariedade.

Assim, remetendo-se ao documento conciliar Nostra Aetate, o papa Francisco recorda que, "para viver em harmonia com os seus irmãos e irmãs, os homens e as mulheres não devem se esquecer da própria identidade, seja ela étnica ou religiosa", porque, mesmo que o "diálogo fará ressaltar o quão são diferentes as nossas crenças, tradições e práticas", isso só incrementará a consciência do "quanto temos em comum".

As tradições religiosas, mesmo na sua diversidade, são sempre "desejo e busca de sabedoria, de verdade e de santidade", e, por isso, há caminhos a compartilhar e caminhos de colaboração que devem ser abertos ou confirmados pelo bem comum de um povo e da humanidade.

O apelo de Francisco é ao respeito recíproco, como entendido pelo Concílio: não um conjunto de boas maneiras, não um indiferentismo ético, mas uma consciência de que no outro está impressa de modo indelével a imagem de Deus, e isso só pode abrir à "estima mútua, à cooperação e também à amizade". De fato, como lembrou o papa na chegada ao aeroporto de Colombo, "a diversidade não é uma ameaça", mas ocasião de diálogo autêntico, de debate na verdade para buscar juntos uma paz redescoberta.

Olhar com misericórdia e compaixão para o aqui e agora, para rostos e pessoas concretas e muito próximas, sem esquecer o horizonte mais amplo da convivência global: essa não é uma estratégia diplomática, não é elaboração de uma hegemonia mundial, mas é solicitude do pastor que conhece as suas ovelhas, que sabe onde vivem e o que comem, qual é o seu "próximo" que são chamadas a amar, mesmo quando mostram um rosto inimigo.

E é, ao mesmo tempo, o olhar clarividente de quem sabe que local e universal interagem profundamente, e que toda a família humana é ferida quando uma única pessoa é morta, assim como toda a humanidade é salva quando uma única vida é resgatada da violência e do ódio mortífero.

Não há pessoa que não tenha uma voz, e, portanto, todos devem ser ouvidos, livres para expressar o que os faz sofrer no duro trabalho do viver, todos devem estar prontos para se aceitar reciprocamente, para reconhecer a dignidade de cada um e para se reconciliar, vencendo o mal com o bem.

Em Colombo, como em Paris, como na Nigéria ou na Síria, cada um deve ter não só o direito, mas também a alegria de poder viver, aprofundar, testemunhar a própria fé religiosa, encontrando e dando acolhida, respeito fraterno, cuidado e solicitude em relação aos próprios sofrimentos. Isso não é obscurecimento do anúncio cristão, mas evangelho da paz, boa notícia anunciada a todos, a começar pelos pobres e pelos aflitos.

Avvenire, 14-01-2015.

*Enzo Bianchi é monge, teólogo, prior e fundador da Comunidade de Bose. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
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jbpsverdade: É claro que Jesus diz no Seu evangelho... "Ide, pois, e ensinais a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi"... Eu pergunto: Será que a Igreja está cumprindo esta ordem do Senhor? Pois, o que eu vejo, se não me engano, é uma busca de uma paz onde nunca irá existir. A verdadeira paz só existe em Jesus Cristo... "Deixo-vos a paz, dou-vos a paz. Não vo-la dou como o mundo a dá"... Somente Ele, Jesus Cristo, pode dá a verdadeira paz. Eu pergunto novamente... E o povo que não tem Cristo como Senhor e Salvador, onde está centralizada a sua paz? Em Buda? Maomé? Quando a paz não está centralizada em Cristo, o que acontece são as violências e matanças em nome de um deus que não é de paz, mas sim de vingança e todo tipo de represália que há, e aí o que vemos é a humanidade, criaturas do Deus Verdadeiros se destruindo.

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