Líder islâmico aprova a linha adotada pelo papa Francisco
[aleteia]
Por Gelsomino Del Guercio
Os esforços do papa Francisco pela paz e pelo bem da
humanidade "devem ser ouvidos e apoiados por todos os seres humanos, sem
distinção de religião ou de crença. De modo específico, eu convido os
meus irmãos e fiéis muçulmanos a ouvirem e compreenderem as palavras do
pontífice: elas devem ser seguidas se quisermos derrotar o terrorismo",
declarou o dirigente do Conselho de Imãs das Filipinas, Ebra M. Moxsir
Al-Haj, durante uma entrevista no programa de televisão "Conheça a
Verdade", que vai ao ar no início de janeiro de 2015, no contexto da
visita do papa Francisco ao país (AsiaNews, 29 de dezembro).
Apelos sinceros do papa
O líder islâmico é também capelão das forças policiais nacionais nas
Filipinas. Durante a entrevista, ele “abriu as portas” do país para o
papa Francisco: "Nós temos que dar as nossas sinceras boas-vindas ao
pontífice e apoiar os seus apelos pela cooperação inter-religiosa.
Francisco nos exorta a caracterizar as relações entre as religiões com a
sinceridade e com a boa vontade: este é o único caminho para a
verdadeira paz. Eu apoio com vigor a posição do papa contra o
extremismo, que não pode ser impedido por nada, a não ser pela paz entre
as religiões".
Condenação do terrorismo
Esta é a primeira manifestação firme contra o terrorismo adotada por
uma autoridade islâmica depois do apelo feito pelo papa Francisco no voo
de regresso da Turquia. Na ocasião, o pontífice tinha pedido
abertamente a "todos os líderes islâmicos" que condenassem os atos de
terrorismo "porque será de ajuda para a maioria das pessoas islâmicas
ouvir [essa condenação] da boca dos seus líderes religiosos, políticos,
acadêmicos, intelectuais. Todos nós precisamos que seja feita uma
condenação mundial. Os muçulmanos que têm a sua identidade precisam
dizer: nós não somos isso, o alcorão não é isso" (BBC, 29 de novembro).
O Estado Islâmico não é o islã
Ishak Kizilaslan, imã da mesquita de Sultanahmet, conhecida como a
Mesquita Azul de Istambul, transmitiu uma mensagem em sintonia com a
fala do papa: "O islã é paz. A própria palavra ‘islã’ significa paz e
submissão", disse ele pouco antes da chegada do papa Francisco à
Turquia. Para Kizilaslan, os meios de comunicação ocidentais passam uma
imagem errada do islã ao identificá-lo com as atrocidades cometidas por
grupos extremistas como o Estado Islâmico (EI), ativo no Iraque e na
Síria. "Mas eles não representam o mundo islâmico". O EI, afirmou a
autoridade muçulmana, "não está agindo por causa de objetivos
religiosos", mas por causa de "questões fundamentalmente políticas"
(Adnkronos, 27 de novembro).
Os três objetivos do encontro entre cristãos e muçulmanos
Mensagens conciliatórias foram divulgadas também durante o terceiro
Encontro Cristão- Muçulmano, que se realizou em Roma no dia 4 de
dezembro. Evitar os conflitos por meio da educação para o diálogo
inter-religioso, construir uma rede de cooperação institucional entre os
cristãos e os muçulmanos e condenar o uso da religião para legitimar
ações injustas: estas são as três metas de trabalho até 2016, data do
próximo encontro, a ser realizado em Teerã.
Fraternidade e humanidade
“Passamos do encontro para o diálogo: o diálogo nós temos cultivado há
anos”, declarou o cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Pontifício
Conselho para o Diálogo Inter-Religioso. “Agora nós temos que caminhar
juntos e realizar algo juntos. Insistir em uma boa educação, fazer com
que o outro seja amado não como o diferente que deve ser temido, mas
como o diferente que deve ser conhecido, aquele com quem compartilhar,
para construirmos juntos uma nova sociedade baseada na fraternidade e na
humanidade” (Rádio Vaticano, 4 de dezembro).
Nova etapa das conversas no final de janeiro
O diálogo com o mundo islâmico, de acordo com o que escreveu a agência
AsiaNews (29 de dezembro), continuará nos dias 29 e 30 de janeiro de
2015 com a reunião anual da Comissão para as Relações Religiosas com os
Muçulmanos, liderada pelo Conselho Pontifício para o Diálogo
Inter-Religioso. As atenções da reunião se voltarão ao Iraque, onde “um
novo e particular canal de diálogo”, explicou o cardeal Tauran, “foi
aberto com a criação de um comitê permanente para o diálogo com os
representantes das principais comunidades religiosas do país: os xiitas,
os sunitas, os cristãos, os sabeus. É um sinal de esperança em meio a
um panorama bastante escuro".
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