Post por Ecclesia Militans
Se não houvesse uma Igreja Visível para
ensinar e preservar a Sã doutrina, não haveria, por conseguinte, a
possibilidade de Cisma, Apostasia, Heresia. Não haveria, do mesmo modo, a
responsabilidade de disciplinar o Cristão, como visto em Mateus, uma
vez que ele individualmente seria livre para crer naquilo que quisesse,
e formular as doutrinas que lhes conviessem de acordo com sua própria
interpretação privada das escrituras.
Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano. Mateus 18,17
Por que teria São Paulo escrito aos
cristãos para ensiná-los? Por que teria ele exortado a todos que
preservassem os ensinamentos apostólicos, se ele achasse que cada
cristão está equipado e capacitado para exercer o seu próprio
discernimento? Obviamente, porque como a bíblia mostra, desde o
princípio existe um magistério eclesiástico, uma autoridade visível
dentro da Igreja, magistério esse do qual fazia parte o próprio São
Paulo. Negar isso é uma questão bastante séria, pois compromete a fé e
em casos mais graves, até mesmo a salvação.
Se de fato isso fosse verdade, quem
poderia repreender, por exemplo, os testemunhas de Jeová, que professam
fé em Deus mas negam a divindade de Cristo? Não podemos dizer que a
bíblia se encarrega disso, não é possível. Pois se a mera leitura dos
textos sagrados garantisse entendimento infalível à quem os lê,
heresias, como a negação da divindade de Cristo nunca existiriam. Não é
plausível, portanto, argumentar que as escrituras por si só sejam
capazes de instruir infalivelmente, ou que elas não sejam passíveis de
interpretação errônea, como nos alertou São Pedro em sua segunda carta.
“Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição.Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade.” (2 Pedro 3:16-18)
A Bíblia é, portanto, a Revelação, mas
ela não se auto-interpreta. Justamente por isso existem as seitas. Que
são resultado direto da intrepretação errônea da sã doutrina! Ademais, o
que dizer dos cristãos dos primeiros 15 séculos que viveram sem uma Bíblia compilada, que só foi publicada na idade média. Não teriam eles
conhecido a Cristo e seu evangelho por intermédio da Igreja, que até
então era apenas Católica?
Dentro do argumento enunciado no título
do artigo, ou seja, que Jesus não instituiu o ofício do magistério, que
não há a infalibilidade, etc, como seria possível, por exemplo,
rejeitar ou questionar a fé supostamente “cristã” de um Testemunha de
Jeová, ou Anabatista, ou quem quer quer seja? Como é que eu e todo
cristão, em sua vida cristã, adquire a consciência da existência de
Cisma, heresias? Quem determina o que se caracteriza ou não numa
heresia? Não é a Bíblia, que – como já disse repetidamente aqui no Blog e
nos parágrafos acima – nos primórdios da fé não existia (e depois de
existir, era inacessível até mesmo depois da invenção da imprensa
escrita), mas a Igreja!
A conclusão lógica é apenas uma: aquele que assim crê está em erro, e em erro gravíssimo!
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