ihu - Os bispos alemães escolheram: o cardeal Reinhard Marx (Munique e Freising), Franz-Josef Bode (Osnabrück) e Heiner Koch (Dresden-Meissen) irão, em outubro, para o Sínodo sobre a família em Roma. Nesta entrevista, Bode e Koch expressam as suas posições.
A reportagem é de Sarah Schortemeyer e Gottfried Bohl, publicada no sítio Domradio.de, 25-02-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a entrevista.
Os bispos os escolheram como delegados para o Sínodo sobre a família. Quais são os temas que vocês mais trazem no coração?
Koch – Gostaria de esclarecer a especificidade do
sacramento do matrimônio em relação ao casamento civil. Queremos fazer
com que os jovens sejam mais conscientes ao assumir um compromisso no
matrimônio religioso. Além disso, na Alemanha, temos
muitos casais em que um dos parceiros não pertence a nenhuma Igreja, e
às vezes se recusa uma educação religiosa para os filhos. Como pode ser
transmitida a fé apesar disso? Em terceiro lugar, não podemos deixar
sozinhas as pessoas cujo matrimônio fracassou apesar das melhores
intenções. E, em quarto lugar, para mim é importante que o tema não se
reduza aos casais jovens e às famílias, mas que também leve em conta o
matrimônio e a família até a idade avançada e até o fim da vida.
Bode – Para mim, é importante também uma questão de
fundo teológico: qual é a relação, hoje, da doutrina da Igreja com a
vida cotidiana das pessoas? Inserimos suficientemente as experiências
concretas das pessoas na doutrina? Não se pode deixar que a doutrina e a
vida sejam separadas.
Que experiências vocês gostariam de levar concretamente ao Sínodo?
Bode – Na Alemanha, temos um grande
número de divorciados em segunda união e um grande número de jovens que
vivem juntos antes do casamento. Embora isso não corresponda à doutrina
da Igreja, os valores de fundo, como a fidelidade e a responsabilidade,
também são muito importantes. E, também como Igreja, devemos levá-los
mais em consideração. Ao mesmo tempo, devemos explicar de modo mais
convincente por que o nosso modo de entender matrimônio e família é
positivo para as pessoas, e não uma limitação.
Koch – Eu desejo que haja debates teológicos que vão
mais a fundo. E vejo o enorme desafio de apresentar a nossa mensagem de
matrimônio como enriquecedora – mesmo para aqueles que têm uma atitude
cética com relação à fé e à Igreja.
Vocês já abordaram a atitude para com os divorciados em segunda união. Como as coisas poderão prosseguir?
Koch – Acima de tudo, para nós, o sacramento do
matrimônio é e permanece indissolúvel. Vejo, no entanto, mesmo entre os
divorciados em segunda união, uma profunda devoção eucarística. E aqui
buscamos vias para admiti-los aos sacramentos, sem pôr o princípio em
discussão. Mas não devemos nos concentrar sempre apenas nesse tema.
Bode – A maioria dos bispos alemães são favoráveis,
sob certas condições, a admitir a divorciados em segunda união aos
sacramentos. Também já comunicamos isso a Roma como indicação. Mas ainda é preciso discutir de forma mais intensa quais caminhos a Bíblia e a tradição da Igreja abrem.
Vocês veem aqui a possibilidade de mudanças concretas?
Koch – Um Sínodo romano nunca pode resolver todos os
problemas das Igrejas individuais nos vários países e nas várias
culturas. Mas eu espero que recebamos um impulso e que haja uma
determinada linha, uma perspectiva, e que as Conferências Episcopais,
nos vários países, recebam o encargo de decidir o que podem fazer. Para
isso, nós também estamos nos preparando.
Bode – No entanto, no último Sínodo, também para
esses problemas polêmicos, mais da metade dos participantes se
manifestaram a favor da busca de novos caminhos. Por isso, eu também
tenho a esperança de que isso possa acontecer.
E se não acontecer? A decepção será grande, então.
Bode – Seguramente, se não dermos nenhum passo à
frente. Mas acredito que já chegamos a um bom ponto. Portanto, essas
reflexões também não terão sido inúteis.
Koch – Só podemos tentar ser compreendidos. Buscamos
posições que possam ser fundamentadas biblicamente e segundo a tradição
da Igreja. E, muitas vezes, não se pode simplesmente dizer: é certo, é
errado. Espero que, durante as discussões e as conversas no Sínodo,
consigamos nos compreender mutuamente. E que, depois, possamos explicar
aos outros por que o Santo Padre e o Sínodo foram em uma direção ou em
outra.
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