quinta-feira, 18 de junho de 2015

“Se a fé não chega aos bolsos, não é genuína”, disse o Papa Francisco

[unisinos]

Se tirássemos a pobreza do Evangelho, não compreenderíamos a mensagem de Jesus, disse o Papa Francisco na manhã desta terça-feira durante a missa na Capela da Casa Santa Marta, segundo indicou a Rádio Vaticano. O Papa destacou que, se a fé não chega aos bolsos e não está disposta a doar, não é genuína.
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada por Vatican Insider, 16-06-2015. A tradução é de André Langer.
O Papa comentou a leitura que narra a coleta organizada por Paulo na Igreja de Corinto para ajudar a Igreja de Jerusalém, que vive momentos de dificuldade e pobreza. Hoje, assim como naquela época, indicou o Papa Francisco, “pobreza” é “uma palavra que causa embaraço”. Muitas vezes, afirmou, ouve-se dizer: “Este padre fala muito de pobreza, este bispo fala de pobreza, este cristão, esta freira falam de pobreza... São um pouco comunistas, não?” Na verdade, disse, “a pobreza está no centro do Evangelho. Se tirássemos a pobreza do Evangelho, não compreenderíamos a mensagem de Jesus”.
São Paulo, prosseguiu, falando à Igreja de Corinto, evidencia qual é a verdadeira riqueza. “Vocês são ricos em tudo, na fé, na palavra, no conhecimento, em todo zelo e na caridade que lhes ensinamos”. Esta é a exortação do Apóstolo dos Gentios, “como são ricos, sejam generosos também nesta obra generosa”, “nesta coleta”.
“Se há tanta riqueza no coração, esta riqueza tão grande – o zelo, a caridade, a Palavra de Deus e o conhecimento de Deus –, façam com que essa riqueza chegue até os bolsos. E essa é uma regra de ouro. Quando a fé não chega aos bolsos, ela não é genuína. É uma regra de ouro que Paulo aqui diz: ‘Vocês são ricos em muitas coisas, agora, também, sejam generosos nesta obra generosa’”. “Há uma contraposição entre riqueza e pobreza – destacou o Pontífice argentino. A Igreja de Jerusalém é pobre, está em dificuldade econômica, mas é rica, porque tem o tesouro do anúncio evangélico. E essa Igreja de Jerusalém, pobre, enriqueceu a Igreja de Corinto com o anúncio evangélico; deu-lhe a riqueza do Evangelho”.
Vocês, prosseguiu Francisco retomando as palavras de São Paulo, que “são ricos economicamente e que são ricos com muitas coisas, eram pobres sem o anúncio do Evangelho, mas enriqueceram a Igreja de Jerusalém, aumentando o povo de Deus”. “Da pobreza vem a riqueza – acrescentou –, é uma troca mútua”. E este é o fundamento da “teologia da pobreza”: “Jesus Cristo sendo rico – pela riqueza de Deus – fez-se pobre, abaixou-se por nós. E este é o significado da primeira Bem-aventurança: “Bem-aventurados os pobres de espírito”. Ou seja, “ser pobre é deixar-se enriquecer pela pobreza de Cristo e não querer ser rico com outras riquezas que não sejam as de Cristo”.
“Quando ajudamos os pobres, não fazemos de maneira cristã obras de beneficência. Isto é bom, é humano – as obras de beneficência são coisas boas e humanas –, mas esta não é a pobreza cristã que Paulo quer, que Paulo prega. A pobreza cristã é dar do que é meu ao pobre, inclusive do que é necessário, e não o supérfluo, porque sei que ele me enriquece. E por que o pobre me enriquece? Porque Jesus disse que Ele mesmo está no pobre”.
Quando me despojo de algo, destacou Francisco, “mas não só do supérfluo, para dar a um pobre, a uma comunidade pobre”, isto “me enriquece”. “Jesus age em mim quando faço isto – disse – e Jesus age nele para me enriquecer quando faço isso”.
“Esta é a teologia da pobreza; este é o motivo pelo qual a pobreza está no centro do Evangelho, não é uma ideologia. É justamente esse mistério, o mistério de Cristo que se rebaixou, humilhou-se, empobreceu-se para nos enriquecer. Dessa maneira se entende porque a primeira das bem-aventuranças é ‘Bem-aventurados os pobres de espírito’”.
“Ser pobre de espírito é percorrer esse caminho do Senhor – concluiu o Papa. A pobreza do Senhor que, também, se rebaixa tanto que agora se faz pão para nós, nesse sacrifício. Continua a rebaixar-se na história da Igreja, no memorial da sua paixão, no memorial da sua humilhação, no memorial do seu rebaixamento, no memorial da sua pobreza, e com este pão Ele nos enriquece”.

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