Por Stefano
Gennarini
Comentário
de Julio Severo: A
recente encíclica do papa sobre ambientalismo está fazendo sucesso imenso.
Talvez seja o documento ambientalista mais famoso da história. Talvez o que
tenha garantido tal sucesso seja que, diante de uma grande mídia mundial
controlada pela esquerda, o Vaticano tenha convidado importantes personalidades
esquerdistas para sua elaboração. A mídia deu destaque abundante para a
encíclica, mas ignorou que seu conteúdo também tem posturas contra o aborto. A
esquerda ficou com o que lhe interessa: posturas pró-ambientalismo. Nós ficamos
com o que nos interessa: posturas contra o aborto. No final, a encíclica tem
trechos para todos os gostos esquerdistas e conservadores.
Nas negociações desta semana sobre desenvolvimento
sustentável na Assembleia Geral, María Emma Mejía Vélez, embaixadora da
Colômbia, disse que a encíclica do papa sobre “mudança climática” era relevante
para a agenda de desenvolvimento da ONU.
A nova encíclica papal sobre o meio-ambiente, “Laudato
Si,” tem sido descrita como um “golpe
pesado” para os que frisam as causas humanas da mudança
climática. Deu o apoio moral do Papa Francisco, e 1 bilhão de católicos guiados
por ele, aos planos do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon para um acordo
obrigatório global de mudança climática em dezembro.
O embaixador Macharia Kamau do Quênia, que está
conduzindo as negociações, invocou a encíclica durante um debate sobre a noção
de “fronteiras planetárias,” uma frase muitas vezes usada por Jeffrey
Sachs que expressa o temor de que a terra não terá recursos
suficientes para sustentar a população do mundo.
“‘Fronteiras planetárias’ é preocupante para pessoas
que não leram a encíclica… Não, só estou brincando,” Kamau disse sorrindo,
sugerindo que a antiga oposição da Igreja a ideologias que veem os seres
humanos como parasitas havia sido abandonada pelo Papa Francisco.
Aliás, a carta papal condena
o aborto e o controle populacional, bem como as ideologias que os promovem como
meio de reduzir o excesso populacional frente às “fronteiras planetárias” da
terra.
O papa repreende os que oferecem justificativas fáceis
para o aborto e pede que os cristãos apresentem argumentos contra essas
ideologias.
“Já que tudo é inter-relacionado,” ele escreve, “a
preocupação com a proteção da natureza é também incompatível com a
justificativa do aborto. Como é que podemos genuinamente ensinar a importância
da preocupação por outros seres vulneráveis, por mais incômodos ou
inconvenientes que sejam, se não conseguimos proteger um embrião humano, até
mesmo quando sua presença é incômoda e cria dificuldades?”
O papa denuncia até formas sutis de controle
populacional sob o pretexto de assistência de desenvolvimento.
“Em vez de resolver os problemas dos pobres e pensar
em maneiras como o mundo pode ser diferente,” ele escreve, “alguns só conseguem
propor uma redução na taxa de natalidade. Às vezes, os países em desenvolvimento
enfrentam formas de pressão internacional que tornam a assistência econômica
dependente de certas políticas de ‘saúde reprodutiva.’”
Algumas das mensagens teológicas mais fortes na
encíclica incluem preocupações com o embrião humano, inclusive descrevendo o
aborto como um “sinal impressionante de uma desconsideração pela mensagem
contida nas estruturas da própria natureza.”
E o papa critica os ambientalistas que querem limites
na ciência no que se refere ao meio-ambiente e animais, mas rejeitam fazer a
mesma coisa com a vida humana.
“Esquecemos que o valor inalienável de um ser humano
transcende seu grau de desenvolvimento,” ele escreveu.
O cardeal Peter Turkson, presidente do Pontifício
Conselho para Justiça e Paz fará uma apresentação sobre a encíclica na sede da
ONU na próxima semana. Talvez ele ajudará a focar na preocupação dos papas por
mais de 50 milhões de vítimas do aborto a cada ano.
As Metas de Desenvolvimento Sustentável serão
finalizadas em julho e serão adotadas em torno da época em que o Papa Francisco
visitar a ONU em setembro. As metas decidirão como bilhões de dólares em ajuda
de desenvolvimento serão usados nos próximos 15 anos. No momento, organizações
que fornecem e promovem o aborto estão prontas para se beneficiar de modo
considerável das novas metas de desenvolvimento.
Tradução:
Julio Severo
Fonte:
Friday
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