Por Luis Dufaur
A jornalista americana Pamela Druckerman (foto ao lado) observou que as crianças francesas não fazem manha. E isso porque os pais sabem lhes impor limites desde a infância.
O médico Cláudio Domênico, que coordenou o último Encontro O Globo
Saúde e Bem-Estar, com o tema Como estabelecer limites para ter filhos
saudáveis, observou que “essa educação sem limites cria sociopatas e
jovens com problemas de relacionamento social”, segundo noticiou O Globo
(12/04/2015).
Domênico acredita que hoje muitos pais delegam a criação dos filhos à
escola. Ele sublinhou “a importância da família na construção da saúde
emocional das crianças” e que “as crianças reclamam, mas gostam de limites preestabelecidos”.
O psiquiatra Fábio Barbirato, chefe do serviço de Psiquiatria da
Infância e Adolescência da Santa Casa de Misericórdia do Rio, demonstrou
cientificamente que dizer “não” aos filhos é difícil, mas dizer “sim” o tempo todo pode transformar uma criança mimada em um adulto sem autonomia, eternamente dependente dos pais.
“Os pais têm obrigação de dar limites, não podem ser reféns dos
filhos, até porque as crianças não vão descobrir isso sozinhas e, lá na
frente, tomarão uma pancada da vida”, defendeu o psiquiatra.
Principalmente para as crianças, as conquistas devem vir através do
mérito. E os pais devem fugir do figurino errado de “amiguinhos” dos
filhos. “Mãe que se veste com a saia igual à da filha não tem identidade, sem isso não tem respeito”, explicou.
A educadora Tania Zagury, autora dos livros Limites sem trauma
e Educar sem culpa — A gênese da ética, entre outros, atribui a falta
de limites a uma interpretação errada, de 40 anos atrás, quando se achou
que a imposição de regras acarretava problemas emocionais.
Foi a época do “proibido proibir” da Sorbonne e do “hippie power” da
Califórnia, que hoje demonstraram ser frustrantes e contraproducentes.
“A função principal dos pais é formar a moral e a ética dos filhos,
disse Tania, mas hoje a maior preocupação dos pais parece ser fazer a
felicidade das crianças”.
E completou: “Só que, se os pais fizerem tudo o que os filhos querem,
a criança cresce com uma visão distorcida do mundo, não fortalece a
capacidade de ouvir os ‘nãos’ da vida”.
Limite, lembrou Domênico, nada tem a ver com castigo. E os critérios
variam, já que não há uma criança igual a outra, mas pede autoridade
paterna e materna, e disciplina no lar.
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