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As Cruzadas visaram recuperar a Terra Santa invadida, pilhada e profanada pelo islamismo. Hoje a ofensiva do Islã visa a Cristandade e a Cidade dos Papas |
As Cruzadas visaram recuperar o Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo invadido, pilhado e profanado pelo invasor islâmico.
Em
sentido contrário, houve naqueles séculos contra-cruzadas islâmicas que
exigiram grandes gestos de heroísmo por parte dos Cruzados.
Mas
hoje, no III Milênio, pegando de surpresa o Ocidente amolecido por um
falso pacifismo e um não menos falso ecumenismo, apareceu uma imensa
contra-cruzada.
Ela invade Europa e
visa um grande objetivo: ocupar a cidade de Roma, o coração da Igreja e
da Cristandade para matá-las, se isso fosse possível, com um furor
satânico!
Essa contra-cruzada assume o
caráter universal de uma III Guerra Mundial da que nos fala o professor
catedrático de História Dr. Roberto de Mattei.
Ninguém está ficando isento dela.
A terceira guerra mundial
Roberto de Mattei
No
regresso de sua viagem à Coreia, em 8 de agosto do ano passado, o Papa
Francisco declarou que “já entramos na Terceira Guerra Mundial, só que
agora se combate fragmentariamente, por capítulos”.
Uma
guerra mundial quer dizer uma guerra estendida ao mundo inteiro, uma
contenda à qual não pode escapar qualquer nação ou povo.
Mas
trata-se nessa ocasião de uma guerra fragmentada, porque os atores que
intervêm não são apenas os Estados, as superpotências, como nos tempos
da Guerra Fria.
Naquela
época, guerra mundial significava o perigo de uma guerra nuclear entre
os Estados Unidos e a Rússia: um conflito entre dois colossos, que
inevitavelmente teriam arrastado consigo nações menores dentro de suas
respectivas esferas de influência.
Hoje em dia nenhuma dessas superpotências possui o poder que teve em outros tempos.
O
império soviético desabou, mas também o norte-americano atravessa uma
fase de crise. Simbolicamente, ele começou a declinar em 2001, quando as
Torres Gêmeas se desmoronaram, deixando visível a vulnerabilidade desse
império.
Com efeito, a
crise irrompeu depois das guerras do Afeganistão e do Iraque, as quais
constituíram um erro, antes de tudo por não terem sido guerras
vitoriosas, e para uma potência de pretensões imperiais, uma guerra não
ganha deve ser considerada uma guerra perdida.
Também
a Europa perdeu uma guerra: a da Líbia, em 2011. Gadafi foi derrubado, a
Líbia se precipitou no caos e o Estado Islâmico conseguiu instalar uma
posição avançada no golfo de Sirte.
Uma
imensa cratera vulcânica se estende atualmente entre as costas líbias, a
periferia de Alepo, na Síria, e a de Bagdá, no Iraque; um vulcão cujas
erupções não têm sua origem nas forças cegas da natureza, mas nos
terríveis erros cometidos pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Trata-se
de uma guerra civil de extensão mundial, porque é uma guerra ideológica
e religiosa que se combate em todo o planeta, cujo alcance somente
agora começamos a compreender.
A
primeira expressão – embora não seja a única – dessa contenda é o islã.
Não devemos considerar o islã um inimigo que ameaça a Europa apenas de
fora.
Além de tê-la circundado, ele já está dentro.
O
islã penetrou na Europa graças ao terrorismo, que ainda não explodiu
com toda a sua potência, e também graças às massas de imigrantes que a
invadem segundo um plano claramente programado. Os imigrantes
clandestinos não fogem da guerra, mas a trazem para a Europa.
A
partir dos anos noventa, ficou claro que o islã, na sua escalada para a
conquista do continente europeu, segue duas linhas estratégicas.
Uma
é a “linha dura”, ou seja, a jihad do islamismo radical, que deseja
obter a hegemonia mundial através da guerra e do terrorismo, e cuja
expressão mais extremada foi durante muitos anos a Al Qaeda, o movimento
de Bin Laden.
A linha
“suave”, o chamado “islã moderado”, se manifesta antes de tudo pela
imigração e pela demografia. s Irmãos Muçulmanos e, na Itália, as
Comunidades e Organizações Islâmicas (UCOII), são exemplos dessa
estratégia de expansão, que atua dirigindo as mesquitas, as escolas
corânicas e os centros de ensino islâmico.
Esse ataque ao Ocidente através de duas estratégias complementares teve, de um ano para cá, uma repentina aceleração.
A linha jihadista deu um salto quântico, passando da Al Qaeda ao Estado Islâmico (ISIS ou, em árabe, Daesh).
Assistimos
em um ano ao nascimento e desenvolvimento de um estado islâmico que tem
como fim declarado a reconstituição do califado universal que, como
explicou a maior especialista em temas islâmicos, Bat Ye’Or, não é um
sonho dos fundamentalistas, mas o objetivo de todo verdadeiro muçulmano.
Mas
o fenômeno de aceleração é mais característico da linha jihadista
moderada. A imigração se transformou numa invasão maciça e, ao que
parece, incontenível da Europa.
Em
conjunto, apenas no mês de julho, 107.500 imigrantes clandestinos
chegaram ao solo europeu, mais do que o triplo de julho do ano passado.
Os pedidos de asilo alcançaram em um ano, somente na Alemanha, a cifra
de 800.000.
A impotência
dos governos europeus não revela a incapacidade deles, mas antes a
cumplicidade com o plano de islamização do continente.
No
encontro de Rimini de agosto último, o padre Douglas Al Bazi declarou
que o Estado Islâmico não é uma degeneração, mas o islã autêntico; islã
autêntico e ao mesmo tempo político, que está alcançando o poder por
meios democráticos.
Trata-se
do anverso e reverso de uma mesma terrorífica medalha, de duas
estratégias complementares de uma mesma máquina de guerra. A Eurábia é
um projeto que tem como objetivo dividir a Europa em duas: a Europa
latina e católica, formada por Espanha, França e Itália, cairia sob a
influência islâmica.
O caos
econômico e social poderia transtornar essas nações e, num clima de
instabilidade, o terrorismo se associaria à rebelião das novas massas
islâmicas.
Uma nova cortina
de ferro dividiria a Europa protestante do norte, sob a influência
alemã e anglo-americana, da Europa arabizada e islamizada do sul.
É
somente a partir dessa perspectiva que se pode entender a alusão cada
vez mais frequente à conquista de Roma. “Líbia é a porta para se chegar a
Roma”.
Assim se denomina a
nova campanha de terror do Estado Islâmico na Líbia, que publicou no
Twitter uma série de imagens mostrando a Cidade Eterna em chamas,
sobreposta a um mapa da Líbia com a bandeira negra do Califado.
Na
mensagem tuiteada por um combatente do Estado Islâmico, Abu Gandal el
Barkawi, os jihadistas são chamados a “ir a Roma, ou Romia, passando
pela Líbia, que é a porta de acesso a Roma”.
Na
sua mensagem, Barkawi acrescenta: “Os exércitos otomanos se lançaram e
sitiaram Roma, após terem conquistado a Líbia no sul da Itália” (Ansa,
25 de agosto de 2015).
Não
se trata de afirmações isoladas. É o mesmo objetivo anunciado há mais
de dez anos pelo imã Yusuf al Qaradawi, principal representante dos
Irmãos Muçulmanos, o qual, após ter dirigido a “primavera árabe” no
Egito, foi condenado à morte, embora ausente, pelo tribunal penal de
Cairo em 16 de junho passado.
Qaradawi
é o presidente do Conselho Europeu de Fatwa e Investigação, com sede em
Dublin, ponto teológico de referência das organizações islâmicas
vinculadas aos Irmãos Muçulmanos.
Suas ideias, difundidas pelo canal de satélite Al Yazira, influenciam um setor considerável do islã contemporâneo.
Para
os Irmãos Muçulmanos, bem como para o Estado Islâmico, o objetivo final
não é Paris nem Nova York, mas a cidade de Roma, centro da única
religião que o islã procurou destruir desde o seu nascimento.
O
objetivo é Roma, porque a guerra que está sendo travada, antes de ser
econômica, politica ou demográfica, é, como sempre, religiosa.
Porque foi de Roma que saiu a força moral que derrotou o islã, em 1571 em Lepanto e em 1683 em Viena.
O
verdadeiro inimigo não são os Estados Unidos nem o estado de Israel,
que não existiam quando o islã chegou às portas de Viena em 1683, mas a
Igreja Católica e a civilização cristã, das quais a religião de Maomé
não é senão uma diabólica paródia.
O
Papa Francisco não é São Pio V, mas Roma continua sendo o coração do
mundo, o centro do Cristianismo, cuja força reside em Jesus Cristo,
Aquele que fundou e continua a guiar a sua Igreja.
Devemos entender o que Roma significa para o islã. E, sobretudo, compreender o que Roma deve significar para nós.
Nesta guerra de nível planetário, a vitória só poderá ser obtida através da força religiosa e moral de Roma.
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Sobre Roberto De Mattei
Escritor italiano, autor de numerosos livros, traduzidos em diversas
línguas. Em 2008, foi agraciado pelo Papa com a comenda da Ordem de São
Gregório Magno, em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à
Igreja. Professor de História Moderna e História do Cristianismo na
Universidade Europeia de Roma, conferencista, escritor e jornalista,
Roberto de Mattei é presidente da Fondazione Lepanto. Entre 2004-2011
foi vice-presidente do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália. Autor da
primeira biografia de Plinio Corrêa de Oliveira, intitulada “O Cruzado
do Século XX”. É também autor do best-seller “Concílio Vaticano II, uma
história nunca escrita”.
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