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Numa reunião com os bispos alemães na sexta-feira (20 de nov.), o Papa Francisco
advertiu sobre uma “erosão” da fé católica no país, destacando as
tendências que mostram que a Igreja aí está perdendo membros a uma taxa
crescente.
A reportagem é de Inés San Martín Crux, publicada por Crux, 20-11-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
“Os sacramentos são incentivados cada vez menos e de forma constante”, disse Francisco, acrescentando que menos pessoas estão indo ao confessionário, recebendo o sacramento da Confirmação ou se casando na igreja, além de que as vocações ao sacerdócio e à vida consagrada vêm diminuindo também.
“Vistos estes fatos, pode-se verdadeiramente falar de uma erosão da
fé católica na país”, disse ele, dirigindo-se aos bispos alemães durante
a visita ad limina, viagem que todos os bispos precisam fazer a cada cinco anos a Roma.
Segundo as suas próprias estatísticas, a Igreja Católica na Alemanha
perdeu um número maior de fiéis em 2014 do que em qualquer outro ano de
sua história recente: 218 mil pessoas, representando 39 mil deserções a
mais do que o ano anterior.
Este número também excede o total de 2010, ano em que os escândalos em torno de abusos sexuais infantis chocaram o país.
Encarando este declínio, Francisco contou aos
prelados alemães que o primeiro passo para reverter a situação é
“superar a resignação paralisante” e evitar crer que “possam reconstruir
a partir dos destroços dos ‘bons velhos tempos’”, convidando-os a uma
“conversão pastoral”.
Francisco disse ser importante que a Igreja alemã combata a tendência em direção a uma crescente institucionalização.
“Nós sempre inauguramos novas instalações, das quais, no final, os
fiéis estão ausentes”, disse ele, pedindo que não ponham a sua confiança
nas estruturas administrativas.
Alguns críticos conservadores têm culpado a hierarquia alemã, relativamente progressista, por esta tendência decrescente.
Por exemplo, o escritor católico americano George Weigel
recentemente acusou a Igreja alemã de ser “um desastre catequético e um
fracasso pastoral”, dizendo que a única resposta dos bispos do país
parecia ser “exortar os demais para que sigam o caminho que levou o
catolicismo da Alemanha a uma profunda incoerência”.
Weigel referia-se à abordagem dos bispos à vida familiar, tais como as propostas para flexibilizar as regras para a Comunhão aos fiéis divorciados e recasados, assunto que mereceu um debate voraz no último Sínodo dos Bispos.
O papa, que não atribuiu culpa a ninguém em sua fala na sexta-feira, disse para os bispos usarem o Ano Santo da Misericórdia, a começar no dia 8 de dezembro, para convidar as pessoas ao sacramento da Confissão, chamando a iniciativa de “o início da transformação de cada cristão individual e da reforma da Igreja”.
Em meio ao que tem sido considerado como a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, Francisco
também pediu que os bispos “continuem a enfrentar o desafio deste
grande número de pessoas necessitadas”, isto é, “as centenas de milhares
de refugiados que vêm para a Europa ou que se colocaram em busca de
refúgio da guerra e perseguição”.
“As igrejas cristãs e inúmeros cidadãos em vosso país estão dando uma
quantidade grande de assistência na recepção destas pessoas,
oferecendo-lhes apoio e fazendo-lhes se sentirem em casa”, disse o papa,
acrescentando que o apoio a todas as iniciativas humanitárias que visam
melhorar as condições de vida nos países de origem é, igualmente,
importante.
O pontífice concluiu as suas observações dizendo que “a Igreja jamais
deve se cansar de ser a defensora da vida e não deve dar um passo atrás
no chamado a proteger, incondicionalmente, a vida humana, desde o
momento da concepção até a sua morte natural”.
No começo do mês, o parlamento alemão aprovou um projeto de lei que autoriza o suicídio assistido se ele for conduzido com “motivos altruístas”, apesar da forte oposição dos bispos católicos.
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