Rio de Janeiro, 26 nov (O GLOBO) — O Papa
Francisco disse nesta quarta-feira que quer oferecer apoio "espiritual e
material" em sua primeira viagem à África, onde irá visitar uma Igreja
em rápido crescimento e procurar aplacar as divisões entre cristãos e
muçulmanos. A viagem está programada para durar cinco dias.
O Pontífice desembarcou no Quênia no fim desta quarta-feira, antes de
seguir para Uganda. Os dois países foram palcos recentes de ataques
realizados por militantes islâmicos. Depois, Francisco irá à República
Centro-Africana, país dilacerado por conflitos entre muçulmanos e
cristãos.
— Vou com alegria para o Quênia, Uganda e os irmãos da República
Centro-Africana — disse ele a repórteres a bordo de seu voo para
Nairóbi. —Vamos esperar que esta viagem traga melhores frutos, tanto
espirituais como materiais.
Milhões de cristãos — católicos e de outras denominações — são
esperados para as celebrações públicas, o que representa um desafio para
as forças de segurança nacionais na proteção do Papa e da multidão que
deve acompanhar os eventos.
Nos últimos dois anos, o Quênia tem sido alvo de uma série de ataques
do grupo islamita somali Al Shabaab, que matou centenas de pessoas. Em
2013, a invasão de homens armados em um shopping-center de Nairóbi
causou a morte de 67 pessoas.
Potencialmente, a parada mais perigosa pode ser a terceira etapa da
viagem, a República Centro-Africana. Dezenas de pessoas foram mortas no
país desde setembro, em atos de violência entre rebeldes Seleka, na
maioria muçulmanos, e milícias anti-Balaka, cristãs.
Perguntado se estava nervoso com a viagem, Francisco desconsiderou as preocupações sobre a visita com uma piada:
— Para dizer a verdade, a única coisa que me preocupa são os mosquitos. Você trouxe o seu spray?
A Igreja Católica da África está crescendo rapidamente. Havia um
número estimado de 200 milhões de fiéis em 2012, mas a previsão é que
alcance meio bilhão em 2050. Cerca de 30% dos 45 milhões de quenianos
são católicos por batismo, incluindo o presidente, Uhuru Kenyatta.
Agenda pública começa nesta quinta-feira
Após o desembarque nesta quarta, um pouco antes das 17h pelo horário
local, Francisco encontrou-se com Kenyatta no palácio presidencial,
antes de encontro com autoridades do governo e diplomatas. A agenda
pública começa apenas na quinta-feira, com uma missa no campus da
Universidade de Nairóbi.
De acordo com a imprensa local, 10 mil policiais farão a segurança da
capital durante a estada do Pontífice no Quênia, que inclui uma visita à
sede local das Nações Unidas, onde Francisco deve falar sobre as
mudanças climáticas.
Em Uganda, serão 12 mil policiais fazendo a segurança. A maior
preocupação está na passagem pela República Centro-Africana, onde
Francisco irá visitar uma mesquita em um dos distritos mais perigosos da
capital Bangui.
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