17 Fev. 16
Por Alvaro de Juana
Roma, (ACI).-
A
Missão do Observador Permanente da Santa Sé ante a ONU teve uma
intervenção nesta terça-feira, 16 de fevereiro, avaliando um dos últimos
problemas sociais e sanitários: o vírus Zika. A reunião foi convocada
pelo Presidente do Conselho Econômico e Social e durante esta o Vaticano
assegurou que não aceitam desculpas para “acabar com a vida de uma criança”.
Em sua declaração, a Santa Sé manifestou sua solidariedade com os
governos da América Latina e toda a comunidade internacional na luta
contra a emergência de saúde pública internacional provocada pelo vírus
Zika e insistiu a todos os esforços para ajudar a região a deter a
propagação do vírus e o cuidado das pessoas afetadas, especialmente os
pobres e vulneráveis, os idosos, as crianças e os deficientes.
“Gostaríamos de chamar a atenção aos pobres e aos vulneráveis,
especialmente os idosos, as crianças e os deficientes que podem ter
maior risco de contrair o vírus e menos probabilidades de ter acesso
imediato a prevenção, informação e tratamento médico. Necessitam de
nossa máxima atenção e não devemos deixá-los de lado”, disse o Vaticano.
Uma das polêmicas que surgiu ultimamente apontou que mulheres grávidas
infectadas com o vírus zika poderiam transmitir a doença aos seus bebês.
Por isso, a Santa Sé assinalou que não existem trabalhos científicos
concludentes que conectem o vírus Zika com a microcefalia e a síndrome
de Guillain-gradeei (transtorno que faz com que o sistema imunológico
danifique o sistema nervoso) e disse que por essa razão a vigilância em
vez do pânico deve guiar o caminho a seguir. Parte da resposta eficaz à
possibilidade de transmissão da mãe infectada ao seu filho deve ser a
promoção da abstinência, sublinhou o Vaticano.
Por motivo do debate suscitado durante estes dias acerca deste tema, a
Santa Sé manifestou sua profunda preocupação pelo apelo de alguns
funcionários do governo, assim como o Escritório das Nações Unidas do
Alto Comissionado para os Direitos Humanos, para a liberalização das
leis de aborto e o acesso aos remédios abortivos em toda a região. “Acabar com a vida de uma criança não é uma decisão preventiva”, denunciou.
“No contexto deste vírus, as mães grávidas e seus bebês estão entre os
mais vulneráveis”, disse o Observador Permanente durante a reunião na
ONU. Por isso, “a suposta relação entre o Zika e a malformação dos bebês
é uma grave preocupação e esta merece uma ação retificada da comunidade
internacional”.
“É necessária uma melhor investigação a fim de determinar uma ligação
entre o vírus, a microcefalia e a síndrome de Guillain-gradeei” embora
“saibamos pela investigação e a informação atual que, felizmente, nem
todas as mulheres grávidas que contraem o vírus correm o risco de que
seus filhos nasçam com malformação”.
“Dadas as consequências potenciais na gravidez e na propagação da
doença, é evidente que parte de uma resposta eficaz deve implicar a
promoção da abstinência”, disse o Vaticano.
A Santa Sé recordou ainda que, “até a data, a transmissão do vírus foi
comprovada principalmente através das picadas de mosquitos e poucas
vezes de mãe para filho”.
Deste modo, o Vaticano defendeu que um diagnóstico de microcefalia, ou o
medo a tal diagnóstico, não devem justificar uma sentença de morte, mas
devemos solicitar a proteção e o cuidado de outros, de acordo com sua
dignidade e a obrigação de “proteger toda a vida humana, sadia ou
deficiente, com o mesmo grau de compromisso, sem esquecer de ninguém”.
“Estamos profundamente preocupados com o recente apelo feito por alguns
funcionários do governo, assim como pelo Escritório do Alto Comissionado
para os Direitos Humanos, a fim de liberar as leis de aborto e o acesso
aos remédios abortivos como um meio para evitar o nascimento de
crianças com malformação”.
“Deste modo, não só estão aumentando o acesso ao aborto e abortivos, uma
resposta ilegítima a esta crise, mas também acaba com a vida de uma
criança, o que fundamentalmente não é preventivo”, disse.
Em vez disso, “a promoção de uma política tão radical é a confirmação de
um fracasso da comunidade internacional para deter a propagação da
doença e para desenvolver e proporcionar às mulheres grávidas o
tratamento médico que seus filhos necessitam, a fim de evitar o
desenvolvimento de defeitos congênitos ou de suavizar seus efeitos e
chegar ao fim da gestação”, pediu a Santa Sé na ONU.
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