[domtotal]
Por Cardeal Orani João Tempesta*
Jesus Eucarístico é o tesouro da Igreja! Adoremos este Santíssimo Sacramento.
No dia 3 de maio de 1926, na época da
festa da Santa Cruz e do descobrimento do Brasil, o nosso antecessor, o
Cardeal Dom Sebastião Leme, instituiu a adoração perpétua na Igreja de
Santana, proclamada Santuário Nacional da Adoração Perpétua, em
memorável cerimônia que foi concluída com a seguinte oração pronunciada
pelo cardeal de joelhos: “Tu, Senhor Jesus, ficarás exposto dia e noite
neste Santuário, até o fim dos tempos, porque eu te prometo que os
brasileiros estarão aqui ajoelhados, dia e noite, até o fim dos tempos”.
(Texto da hora santa da arquidiocese de 2016).
Passaram-se 90 anos desse ato e a Arquidiocese celebra neste ano mais uma Semana Eucarística, tendo como centro o Santuário da Adoração Perpétua – neste ano com o tema: “Eucaristia, alimento da Misericórdia”.
O Rio de Janeiro foi a primeira cidade a ter um templo específico onde os fiéis podem adorar o Santíssimo Sacramento dia e noite. Os Padres Sacramentinos, trazidos por D. Leme na mesma época, continuam até hoje a animar a Guarda de Honra do Santíssimo Sacramento e a adoração noturna (esta composta somente de homens).
Quando iniciamos a 90ª Semana Eucarística e nos preparamos para a celebração da unidade, a Festa de Corpus Christi, é sempre significativo retomar a importância de estarmos unidos e vivendo fraternalmente em nosso país como um povo que tem a Eucaristia no centro de sua vida.
Como conta a Tradição e os vários escritos de domínio público, no final do século XIII surgiu em Liège, Bélgica, um Movimento Eucarístico cujo centro foi a Abadia de Cornillon, fundada em 1124 pelo Bispo Albero. Este Movimento deu origem a vários costumes eucarísticos como, por exemplo, a Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos durante sua elevação na Missa e a festa de Corpus Christi.
Santa Juliana de Mont Cornillon, naquela época priora da Abadia, foi a enviada de Deus para propiciar esta Festa. A santa nasceu em Retines, perto de Liège, Bélgica, em 1193. Ficou órfã muito pequena e foi educada pelas freiras Agostinianas, em Mont Cornillon. Quando cresceu, fez sua profissão religiosa e mais tarde foi superiora de sua comunidade. Morreu em 5 de abril de 1258, na casa das monjas Cistercienses, em Fosses, e foi enterrada em Villiers.
Desde jovem, Santa Juliana teve uma grande veneração ao Santíssimo Sacramento. E sempre esperava que se tivesse uma festa especial em sua honra. O Papa Urbano IV estava em Orvieto, perto de Roma. Muito próximo dessa localidade, em 1263 (ou 1264) aconteceu o famoso Milagre de Bolsena: um sacerdote que celebrava a Santa Missa teve dúvidas de que a Consagração da Hóstia fosse algo real. No momento de partir a Sagrada Hóstia, viu sair dela sangue, que empapou o corporal (pequeno pano onde se apoiam o cálice e a patena durante a Missa). A venerada relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 de junho de 1264, e até hoje lá se conserva o corporal na Catedral, onde também se pode ver a pedra do altar de Bolsena, manchada de sangue.
O Santo Padre, movido pelo prodígio e por petição de vários bispos, fez com que a festa de Corpus Christi se estendesse por toda a Igreja por meio da bula “Transiturus”, de 8 de setembro do mesmo ano, fixando-a para a quinta-feira depois da então “oitava de Pentecostes”, e outorgando muitas indulgências a todos que participassem da Santa Missa e rezassem o ofício nesse dia.
Como outrora, Jesus nos recebe e nos fala do Reino, cura as nossas enfermidades e nos dá de comer (Lc 9,11-17). No Sacramento da Eucaristia podemos experimentar essa realidade: Deus está não somente perto de nós, mas dentro de nós. “O Senhor esteja convosco” – nos diz o sacerdote em cada celebração da Eucaristia. Agradecemos a Deus pela sua presença, pelo seu amor, pela sua misericórdia, pela sua proximidade.
Essa solenidade é a celebração agradecida de uma Presença. Nessa festa, a Mãe Igreja quer chamar a atenção de seus filhos para a real presença de Cristo Jesus nas espécies eucarísticas do pão e do vinho consagrados. Sim, nelas o Cristo morto e ressuscitado encontra-se tão verdadeiramente presente! Ali já não há mais pão, não há mais vinho, mas o Senhor Jesus, Cordeiro glorioso e imolado, no seu estado de eterna imolação por nós.
O Cristo eucarístico é aquele que “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Comungar seu corpo e seu sangue é entrar neste caminho de Jesus, é ter em nós seus sentimentos (Fl 2,5), é fazer nossas as suas opções, fazendo da existência uma pró-existência, uma vida doada ao Pai e aos irmãos. “O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo”? (1Cor 10,16).
O culto eucarístico, cujo momento supremo é, sem dúvida, a celebração da Missa, traz a pessoa de Cristo, tão real e verdadeiramente como está no Céu, ao simples quotidiano de cada um de nós.
Em nossa arquidiocese, a Semana Eucarística, que precede a festa solene, tem uma grande programação. No dia de Corpus Christi teremos, às 10h, missa no Santuário da Adoração Perpétua, Igreja de Santana, no Centro, encerrando a 90ª. Semana Eucarística. Às 15h – concentração na Igreja da Candelária –, às 15h30 a Oração das Vésperas, seguida de procissão solene até a Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro, quando haverá bênção do Santíssimo Sacramento e Missa Solene.
Gostaria de fazer um apelo a todos os fiéis que irão participar da procissão: tragam alimentos não perecíveis para que a Caritas Arquidiocesana, dentro do Ano Santo extraordinário, como obra de Misericórdia, encaminhe para os mais necessitados. Esse gesto concreto, tradicional em nossa Arquidiocese, neste ano é também de todo o Regional Leste 1, e incentiva as paróquias para que assim o façam para ir ao encontro de tantas pessoas necessitadas, desempregadas e outras. Se a Festa pública da Eucaristia é a celebração da presença real de Jesus, que na Eucaristia se dá a cada um de nós, vamos partilhar o que temos (e não a sobra) a quem mais precisa.
Jesus Eucarístico é o tesouro da Igreja! Adoremos este Santíssimo Sacramento, sinal de unidade, vínculo de caridade, sacramento de piedade. Graças e louvores se deem a todo o momento ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento. Jesus, Rei de misericórdia, eu confio em Vós!
CNBB, 24-05-2016.
Passaram-se 90 anos desse ato e a Arquidiocese celebra neste ano mais uma Semana Eucarística, tendo como centro o Santuário da Adoração Perpétua – neste ano com o tema: “Eucaristia, alimento da Misericórdia”.
O Rio de Janeiro foi a primeira cidade a ter um templo específico onde os fiéis podem adorar o Santíssimo Sacramento dia e noite. Os Padres Sacramentinos, trazidos por D. Leme na mesma época, continuam até hoje a animar a Guarda de Honra do Santíssimo Sacramento e a adoração noturna (esta composta somente de homens).
Quando iniciamos a 90ª Semana Eucarística e nos preparamos para a celebração da unidade, a Festa de Corpus Christi, é sempre significativo retomar a importância de estarmos unidos e vivendo fraternalmente em nosso país como um povo que tem a Eucaristia no centro de sua vida.
Como conta a Tradição e os vários escritos de domínio público, no final do século XIII surgiu em Liège, Bélgica, um Movimento Eucarístico cujo centro foi a Abadia de Cornillon, fundada em 1124 pelo Bispo Albero. Este Movimento deu origem a vários costumes eucarísticos como, por exemplo, a Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos durante sua elevação na Missa e a festa de Corpus Christi.
Santa Juliana de Mont Cornillon, naquela época priora da Abadia, foi a enviada de Deus para propiciar esta Festa. A santa nasceu em Retines, perto de Liège, Bélgica, em 1193. Ficou órfã muito pequena e foi educada pelas freiras Agostinianas, em Mont Cornillon. Quando cresceu, fez sua profissão religiosa e mais tarde foi superiora de sua comunidade. Morreu em 5 de abril de 1258, na casa das monjas Cistercienses, em Fosses, e foi enterrada em Villiers.
Desde jovem, Santa Juliana teve uma grande veneração ao Santíssimo Sacramento. E sempre esperava que se tivesse uma festa especial em sua honra. O Papa Urbano IV estava em Orvieto, perto de Roma. Muito próximo dessa localidade, em 1263 (ou 1264) aconteceu o famoso Milagre de Bolsena: um sacerdote que celebrava a Santa Missa teve dúvidas de que a Consagração da Hóstia fosse algo real. No momento de partir a Sagrada Hóstia, viu sair dela sangue, que empapou o corporal (pequeno pano onde se apoiam o cálice e a patena durante a Missa). A venerada relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 de junho de 1264, e até hoje lá se conserva o corporal na Catedral, onde também se pode ver a pedra do altar de Bolsena, manchada de sangue.
O Santo Padre, movido pelo prodígio e por petição de vários bispos, fez com que a festa de Corpus Christi se estendesse por toda a Igreja por meio da bula “Transiturus”, de 8 de setembro do mesmo ano, fixando-a para a quinta-feira depois da então “oitava de Pentecostes”, e outorgando muitas indulgências a todos que participassem da Santa Missa e rezassem o ofício nesse dia.
Como outrora, Jesus nos recebe e nos fala do Reino, cura as nossas enfermidades e nos dá de comer (Lc 9,11-17). No Sacramento da Eucaristia podemos experimentar essa realidade: Deus está não somente perto de nós, mas dentro de nós. “O Senhor esteja convosco” – nos diz o sacerdote em cada celebração da Eucaristia. Agradecemos a Deus pela sua presença, pelo seu amor, pela sua misericórdia, pela sua proximidade.
Essa solenidade é a celebração agradecida de uma Presença. Nessa festa, a Mãe Igreja quer chamar a atenção de seus filhos para a real presença de Cristo Jesus nas espécies eucarísticas do pão e do vinho consagrados. Sim, nelas o Cristo morto e ressuscitado encontra-se tão verdadeiramente presente! Ali já não há mais pão, não há mais vinho, mas o Senhor Jesus, Cordeiro glorioso e imolado, no seu estado de eterna imolação por nós.
O Cristo eucarístico é aquele que “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Comungar seu corpo e seu sangue é entrar neste caminho de Jesus, é ter em nós seus sentimentos (Fl 2,5), é fazer nossas as suas opções, fazendo da existência uma pró-existência, uma vida doada ao Pai e aos irmãos. “O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo”? (1Cor 10,16).
O culto eucarístico, cujo momento supremo é, sem dúvida, a celebração da Missa, traz a pessoa de Cristo, tão real e verdadeiramente como está no Céu, ao simples quotidiano de cada um de nós.
Em nossa arquidiocese, a Semana Eucarística, que precede a festa solene, tem uma grande programação. No dia de Corpus Christi teremos, às 10h, missa no Santuário da Adoração Perpétua, Igreja de Santana, no Centro, encerrando a 90ª. Semana Eucarística. Às 15h – concentração na Igreja da Candelária –, às 15h30 a Oração das Vésperas, seguida de procissão solene até a Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro, quando haverá bênção do Santíssimo Sacramento e Missa Solene.
Gostaria de fazer um apelo a todos os fiéis que irão participar da procissão: tragam alimentos não perecíveis para que a Caritas Arquidiocesana, dentro do Ano Santo extraordinário, como obra de Misericórdia, encaminhe para os mais necessitados. Esse gesto concreto, tradicional em nossa Arquidiocese, neste ano é também de todo o Regional Leste 1, e incentiva as paróquias para que assim o façam para ir ao encontro de tantas pessoas necessitadas, desempregadas e outras. Se a Festa pública da Eucaristia é a celebração da presença real de Jesus, que na Eucaristia se dá a cada um de nós, vamos partilhar o que temos (e não a sobra) a quem mais precisa.
Jesus Eucarístico é o tesouro da Igreja! Adoremos este Santíssimo Sacramento, sinal de unidade, vínculo de caridade, sacramento de piedade. Graças e louvores se deem a todo o momento ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento. Jesus, Rei de misericórdia, eu confio em Vós!
CNBB, 24-05-2016.
*Cardeal Orani João Tempesta: Arcebispo de São Sebastião do Rio
de Janeiro (RJ).
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