Por Prof. Felipe Aquino
A Festa de “Corpus Christi” é a celebração em que solenemente a
Igreja comemora o Santíssimo Sacramento da Eucaristia; sendo o único dia
do ano que o Santíssimo Sacramento sai em procissão às nossas ruas.
Nesta festa os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo inestimável dom da
Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento e
remédio de nossa alma. A Eucaristia é fonte e centro de toda a vida
cristã. Nela está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, o próprio
Cristo.
Aconteceu que quando o padre Pedro de
Praga, da Boêmia, celebrou uma Missa na cripta de Santa Cristina, em
Bolsena, Itália, ocorreu um milagre eucarístico: da hóstia consagrada
começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração.
Dizem que isto ocorreu porque o padre teria duvidado da presença real de
Cristo na Eucaristia.
O Papa Urbano IV (1262-1264), que residia
em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, onde vivia S. Tomás de Aquino,
ordenou ao Bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto.
Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na
entrada de Orvieto, pronunciou diante da relíquia eucarística as
palavras: “Corpus Christi”.
Em 11/08/1264 o Papa aprovou a Bula
“Transiturus de mundo”, onde prescreveu que na 5ª feira após a oitava de
Pentecostes, fosse oficialmente celebrada a festa em honra do Corpo do
Senhor. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo Papa para compor o
Ofício da celebração. O Papa era um arcediago de Liège e havia conhecido
a Beata Cornilon e havia percebido a luz sobrenatural que a iluminava e
a sinceridade de seus apelos.
Em 1290 foi construída a belíssima
Catedral de Orvieto, em pedras pretas e brancas, chamada de “Lírio das
Catedrais”. Antes disso, em 1247, realizou-se a primeira procissão
eucarística pelas ruas de Liège, como festa diocesana, tornando-se
depois uma festa litúrgica celebrada em toda a Bélgica, e depois, então,
em todo o mundo no séc. XIV, quando o Papa Clemente V confirmou a Bula
de Urbano IV, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial.
Em 1317, o Papa João XXII publicou na
Constituição Clementina o dever de se levar a Eucaristia em procissão
pelas vias públicas. A partir da oficialização, a Festa de Corpus
Christi passou a ser celebrada todos os anos na primeira quinta-feira
após o domingo da Santíssima Trindade.
Todo católico deve participar dessa
Procissão por ser a mais importante de todas que acontecem durante o
ano, pois é a única onde o próprio Senhor sai às ruas para abençoar as
pessoas, as famílias e a cidade. Em muitos lugares criou-se o belo
costume de enfeitar as casas com oratórios e flores e as ruas com
tapetes ornamentados, tudo em honra do Senhor que vem visitar o seu
povo.
Começaram assim as grandes procissões
eucarísticas, as adorações solenes, a Bênção com o Santíssimo no
ostensório por entre cânticos. Surgiram também os Congressos
Eucarísticos, as Quarenta Horas de Adoração e inúmeras outras homenagens
a Jesus na Eucaristia. Muitos se converteram e todo o mundo católico.
Eucaristia: Presença real de Jesus no pão e no vinho consagrados
Todos os católicos reconhecem o valor da
Eucaristia. Podemos encontrar vários testemunhos da crença da real
presença de Jesus no pão e vinho consagrados na missa desde os
primórdios da Igreja.
Mas, certa vez, no século VIII, na
freguesia de Lanciano (Itália), um dos monges de São Basílio foi tomado
de grande descrença e duvidou da presença de Cristo na Eucaristia. Para
seu espanto, e para benefício de toda a humanidade, na mesma hora a
Hóstia consagrada transformou-se em carne e o Vinho consagrado
transformou-se em sangue. Esse milagre tornou-se objeto de muitas
pesquisas e estudos nos séculos seguintes, mas o estudo mais sério foi
feito em nossa era, entre 1970/71 e revelou ao mundo resultados
impressionantes:
A Carne e o Sangue continuam frescos e
incorruptos, como se tivessem sido recolhidos no presente dia, apesar
dos doze séculos transcorridos.
O Sangue encontra-se coagulado externamente em cinco partes; internamente o sangue continua líquido.
Cada porção coagulada de sangue possui
tamanhos diferentes, mas todas possuem exatamente o mesmo peso, não
importando se pesadas juntas, combinadas ou separadas.
São Carne e Sangue humanos, ambos do grupo sanguíneo AB, raro na população do mundo, mas característico de 95% dos judeus.
Todas as células e glóbulos continuam vivos.
A carne pertence ao miocárdio, que se encontra no coração (e o coração sempre foi símbolo de amor!).
Mesmo com esse milagre, entre os séculos
IX e XIII surgiram grandes controvérsias sobre a presença real de Cristo
na Eucaristia; alguns afirmavam que a ceia se tratava apenas de um
memorial que simbolizava a presença de Cristo. Foi somente em junho de
1246 que a festa de Corpus Christi foi instituída, após vários apelos de
Santa Juliana que tinha visões que solicitavam a instituição de uma
festa em honra ao Santíssimo Sacramento. Em outubro de 1264 o papa
Urbano IV estendeu a festa para toda a Igreja. Nessa festa, o maior dos
sacramentos deixados à Igreja mostra a sua realidade: a Redenção.
A Eucaristia é o memorial sempre novo e
sempre vivo dos sofrimentos de Jesus por nós. Mesmo separando seu Corpo e
seu Sangue, Jesus se conserva por inteiro em cada uma das espécies. É
pela Eucaristia, especialmente pelo Pão, sinal do alimento que fortifica
a alma, que tomamos parte na vida divina, nos unindo a Jesus e, por
Ele, ao Pai, no amor do Espírito Santo. Essa antecipação da vida divina
aqui na terra mostra-nos claramente a vida que receberemos no Céu,
quando nos for apresentado, sem véus, o banquete da eternidade.
O centro da missa será sempre a
Eucaristia e, por ela, o melhor e o mais eficaz meio de participação no
divino ofício. Aumentando a nossa devoção ao Corpo e Sangue de Jesus,
como ele próprio estabeleceu, alcançaremos mais facilmente os frutos da
Redenção!
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