Da BBC com informação g1
Livro bíblico que narra o fim dos tempos tem influência até hoje na arte, mas poucos sabem que mitos se originam de disputa com romanos.
Na Antiguidade, era costume disfarçar nomes substituindo-o por números (Foto: BBC) |
Dragões, cavalos com cabeça de leão e cordeiros com sete olhos. Essas
são algumas das visões do Apocalipse - uma palavra que vem do grego
antigo "revelação" e é descrita no último, mais estranho e mais
controverso livro da Bíblia cristã.
O "livro da revelação" consiste em uma série de visões que seriam uma
profecia do fim dos tempos. Foi usado ao longo da história para explicar
desastres que vão da peste ao aquecimento global, passando pelo
acidente nuclear de Chernobyl.
Algumas figuras e palavras conhecidas, como por exemplo Armagedom,
também vêm do Apocalipse, embora nem todos saibam disso. E o livro tem
diversas influências em livros, cinema e música até hoje.
Mas, quando João escreveu o livro, no século 1, ele não estava apenas querendo explicar acontecimentos futuros.
Alguns acadêmicos acreditam que ele usava códigos e símbolos para
alertar os cristãos da época sobre a adoração ao imperador de Roma e
lançar um ataque ao poderoso regime.
O "número da besta" - 666 - é, talvez, a referência mais famosa do
Apocalipse. O trecho que o cita diz: "Quem tiver discernimento, calcule o
número da besta, pois é número de homem, e seu número é 666".
Até hoje, 666 é usado para falar sobre a imagem do mal. Mas qual seria o significado por trás dele?
Em números, nome do imperador Nero Cesar vira 666 (Foto: BBC) |
Era comum, na Antiguidade, usar números para disfarçar um nome. Nos
alfabetos grego e hebraico, toda letra tem um número correspondente.
Então, se você somasse todas as letras do seu nome, você tinha um código
numérico.
O professor Ian Boxall, da CUA (Catholic University of America), dá um exemplo com Anna.
"A" vale 1 e "N" vale 50. Anna, então, seria 102.
Se você escrever o nome do imperador Nero Cesar no alfabeto hebraico, a equação fica: 200+60+100+50+6+200+50=666.
Historiadores acreditam que a perseguição de Nero a cristãos em Roma
fez com que ele fosse uma figura odiada pelos primeiros cristãos.
Outros mitos
Diversos outros mitos conhecidos vêm do Apocalipse - e têm relação com a situação de Roma na época.
Nem todo mundo sabe, por exemplo, que Armagedon vem da Batalha do
Armagedon, descrita no livro. O nome Armagedon é baseado no nome do
Megido, um monte que hoje fica em Israel.
Segundo estudiosos, "ar" (ou "har") significa monte em hebraico, e
"magedom" (ou "magedo") equivale a Megido. Na época de João, o Megido
era um sangrento campo de batalha e abrigava uma das legiões mais cruéis
de Roma.
A batalha do Armagedom é uma luta entre o bem o mal - Deus e Satã - durante os últimos dias do mundo.
Já os cavaleiros do Apocalipse são quatro homens, em cavalos nas cores
branca, vermelha, preta e verde. Eles soltariam no mundo a morte,
guerra, fome e conquista, representando a violência resultante de
escolher não seguir a palavra de Deus - a Roma imperial.
Outra imagem famosa do livro é a da besta do apocalipse e suas sete
cabeças, que emerge do oceano e exige ser adorada. O nome de uma
blasfêmia está escrito em cada uma das suas cabeças.
A besta seria Roma, e suas cabeças representariam os sete imperadores
que a Roma antiga havia tido naquele tempo. Os nomes de blasfêmias
representam a tendência dos imperadores romanos de se chamarem de
deuses.
Influências
Até hoje, o Apocalipse tem influência na cultura a aparece em várias referências modernas.
Entre os filmes que fazem referência a ele estão O Sétimo Selo (1957),
Fim dos Dias (1999), Filhos da Esperança (2006) e É o Fim (2013) - todos
usam a imagem do fim do mundo.
Na literatura, estão entre os exemplos best sellers como a série
Deixados para Trás (1995), O Nome da Rosa, de Umberto Eco (1980) e
Revelação, de CJ Sansom.
Muitos músicos, de compositores clássicos a bandas de heavy metal, foram influenciados por temas da revelação.
O Iron Maiden batizou seu disco de 1982 de The Number of the Beast (O
número da besta), enquanto o álbum do Muse de 2006, Black Holes and
Revelations, traz os Cavaleiros do Apocalipse na capa.

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