Por Elizabeth Lev
Uma recente restauração e exposição mostram como os cristãos colocaram a sua marca em Roma depois que os imperadores saíram de cena
Por 1200 anos o Fórum Romano prosperou
como centro legislativo, administrativo e religioso de Roma. A partir
do pequeno reino fundado em 753 a.C. até o SPQR (Senatus Populusque Romanus, que pode ser traduzido como “O Senado e o Povo Romano”),
e o poderoso Império, a pequena área aberta do Fórum passou de um
mercado do centro da cidade a centro do mundo. Mas o que aconteceu
depois? Quando o Império caiu em 476, o Fórum simplesmente deixou de
existir?
Não, isso não aconteceu. Apesar da
implosão do governo romano, o Fórum continuou a se desenvolver. Seu
instinto de sobrevivência, no entanto, não era mais alimentado pelos
antigos deuses pagãos, mas pelo cristianismo. Como os templos foram
sendo abandonados gradualmente, igrejas cristãs vieram a redefinir o
espaço do Fórum.
Estes anos misteriosos, muitas vezes pejorativamente chamados de
Idade das Trevas por falta de registro histórico, recebem um testemunho
marcante em uma exposição que acontece no Fórum até 30 de outubro de
2016. A mostra “Santa Maria Antiqua em Roma e Bizâncio” revela 300 anos
de história depois que os imperadores romanos saíram de cena.
A exposição está alojada na Igreja de Santa Maria Antiqua, uma igreja do século VII, situada nas ruínas do palácio imperial. Coberta por um deslizamento de terra causado por um terremoto em 847, a igreja foi descoberta em 1904 e ficou fechada para trabalhos de restauração que duraram 40 anos. Esta exposição será a primeira vez que o público geral poderá visitar a igreja em meio século.
A exposição está alojada na Igreja de Santa Maria Antiqua, uma igreja do século VII, situada nas ruínas do palácio imperial. Coberta por um deslizamento de terra causado por um terremoto em 847, a igreja foi descoberta em 1904 e ficou fechada para trabalhos de restauração que duraram 40 anos. Esta exposição será a primeira vez que o público geral poderá visitar a igreja em meio século.
Caminhar em direção à igreja é como
estar em um túnel do tempo da história. Passando sob as plataformas
maciças dos templos de muitos deuses de Roma, um passo a mais e
acessamos o átrio da igreja. Paredes colossais, os restos do palácio
ambicioso do Imperador Domiciano, o piso carrega os traços de Calígula.
Alguns fragmentos de afrescos que se agarram às paredes do que seria a biblioteca de Domiciano. Após a altura vertiginosa da arquitetura Imperial, Santa Maria Antiqua parece íntima. Este espaço deslumbra de uma forma muito diferente. Cada parede, cada coluna, cada superfície contém vestígios de afrescos – um tesouro de arte recontando a vida espiritual do Fórum a partir de quando os reis ostrogodos arrancaram Roma dos Imperadores.
Alguns fragmentos de afrescos que se agarram às paredes do que seria a biblioteca de Domiciano. Após a altura vertiginosa da arquitetura Imperial, Santa Maria Antiqua parece íntima. Este espaço deslumbra de uma forma muito diferente. Cada parede, cada coluna, cada superfície contém vestígios de afrescos – um tesouro de arte recontando a vida espiritual do Fórum a partir de quando os reis ostrogodos arrancaram Roma dos Imperadores.
A exposição segue um itinerário
construído cuidadosamente. Ao entrar, os visitantes ficam na nave, onde
várias estátuas permanecem como sentinelas – os novos governantes de
Roma que permitiram que o cristianismo florescesse no Fórum. Uma rainha
olha vagamente sob sua coroa de pérolas. Ela pode ser Amalasunta, filha
de Teodorico, patrocinadora da primeira igreja cristã no Fórum: São
Cosme e Damião, construída em 525.
Como que por magia, um ícone da Virgem e do Menino paira no ar da nave. Pintado para esta igreja entre 575 e 600, ficou escondido após o colapso da igreja, mas foi resgatado, levado a uma nova igreja, que se tornou Santa Maria Nova, no templo de Vênus e Roma.
A estrela da exposição é o Papa João VII, cujo breve pontificado, de 705 a 707, trouxe enormes mudanças para a Igreja. Filho do vice-rei bizantino, João tinha os pés tanto na cultura grega como latina, bem como amor pela arte, e ele usou esta igreja como capela da corte. Seu oratório a Maria, na Basílica de São Pedro, foi coberto com deslumbrantes mosaicos – vários estão na exposição.
Como que por magia, um ícone da Virgem e do Menino paira no ar da nave. Pintado para esta igreja entre 575 e 600, ficou escondido após o colapso da igreja, mas foi resgatado, levado a uma nova igreja, que se tornou Santa Maria Nova, no templo de Vênus e Roma.
A estrela da exposição é o Papa João VII, cujo breve pontificado, de 705 a 707, trouxe enormes mudanças para a Igreja. Filho do vice-rei bizantino, João tinha os pés tanto na cultura grega como latina, bem como amor pela arte, e ele usou esta igreja como capela da corte. Seu oratório a Maria, na Basílica de São Pedro, foi coberto com deslumbrantes mosaicos – vários estão na exposição.
Santa Maria Antiqua contém algumas das
primeiras capelas laterais e a mais antiga capela existente dedicada a
um leigo. A primeira capela à direita foi decorada sob o comando do Papa
João VII e dedicada aos santos médicos. Cruzando o limiar, cinco
médicos são pintados em fila, segurando seus instrumentos, incluindo os
mártires Orientais Cosme e Damião, os gêmeos médicos que foram
introduzidos em Roma para aliviar as tensões culturais de um novo
Imperador Bizantino e suplantar a memória de Rômulo e Remo, os
fundadores gêmeos da cidade pagã.
A capela à esquerda é ainda mais
notável, construída em meados do século VIII por Theodotus, um rico
oficial de justiça. Depois do mármore incrustado, as paredes foram
apuradas de alguns dos adornos de pedra para abrir espaço a uma
representação dos santos Giuditta e Quirico, mãe e filho martirizados no
Oriente.
Estas imagens estão incompletas, mas
uma computação gráfica sofisticada preenche as partes ausentes e os
espectadores se surpreendem com uma visão de como a capela teria
aparecido em sua glória. É uma aplicação de tirar o fôlego da tecnologia
na arte.
A área da abside é o material de arte com que os historiadores sonham. Alta, no lado direito da abside, há uma colcha de retalhos ao ar livre. Peças lascaram, revelando várias fases de decoração da igreja.
A iluminação inteligente ajuda os espectadores através da era do “muro palimpsesto”. O afresco mais velho, Maria Regina, mostra uma figura de uma rainha em pé com um cocar de pérolas segurando uma criança com um anjo nas proximidades. O trabalho data de 550, quando Santa Maria Antiqua foi descoberta pela primeira vez, sua identidade cristã como guardiã contra os reis ostrogodos.
A área da abside é o material de arte com que os historiadores sonham. Alta, no lado direito da abside, há uma colcha de retalhos ao ar livre. Peças lascaram, revelando várias fases de decoração da igreja.
A iluminação inteligente ajuda os espectadores através da era do “muro palimpsesto”. O afresco mais velho, Maria Regina, mostra uma figura de uma rainha em pé com um cocar de pérolas segurando uma criança com um anjo nas proximidades. O trabalho data de 550, quando Santa Maria Antiqua foi descoberta pela primeira vez, sua identidade cristã como guardiã contra os reis ostrogodos.
Entre 600 e 649, uma Anunciação
elegante, que caracteriza “o anjo bonito”, cobriu o trabalho anterior.
Então João VII adicionou uma série de Padres da Igreja, como parte de
seu grande plano para a decoração da abside. A imensa cena caracteriza
anjos, santos e mártires adoradores da cruz. Um pouco de aquarela nas
proximidades mostra o que uma vez foi uma explosão de cores para trazer o
céu triunfante mais perto da terra.
A igreja é marcante em sua antiguidade, mas também revela alguns dos esplendores mais modernos da arte da igreja. As paredes estão decoradas com falsas tapeçarias pintadas, espalhando narrativas paralelas – Velho Testamento à esquerda e Novo Testamento à direita –, Jonas descansando em um sarcófago de mármore esculpido ao lado. Este estilo de decoração sobreviveu à iconoclastia e modas artísticas, e esses mesmos componentes podem ser encontrados na Basílica Superior de Assis ou na Capela Sistina, mais de meio milênio depois.
A igreja é marcante em sua antiguidade, mas também revela alguns dos esplendores mais modernos da arte da igreja. As paredes estão decoradas com falsas tapeçarias pintadas, espalhando narrativas paralelas – Velho Testamento à esquerda e Novo Testamento à direita –, Jonas descansando em um sarcófago de mármore esculpido ao lado. Este estilo de decoração sobreviveu à iconoclastia e modas artísticas, e esses mesmos componentes podem ser encontrados na Basílica Superior de Assis ou na Capela Sistina, mais de meio milênio depois.
Santa Maria Antiqua demonstra
amplamente que a beleza – sempre antiga e sempre nova – tem sido há
muito tempo uma expressão da Igreja.

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Só será aceito comentário que esteja de acordo com o artigo publicado.