A organização Women’s Ordination Conference conseguiu permissão, pela primeira vez, para fazer uma manifestação em Roma a favor da ordenação das mulheres para sacerdotes na Igreja católica. A associação, fundada em 1975 nos Estados Unidos
e agora com representação em 16 países do mundo, já tinha tentado em
outras oportunidades protagonizar protestos deste tipo na capital
italiana, mas nunca obteve autorização ou sempre foram reprimidas pelas
forças da ordem. A manifestação aconteceu na última sexta-feira (03 de
junho) nos jardins do Castelo Santo Ângelo, a poucas centenas de metros do Vaticano.
A reportagem é de Camino Martínez e publicada por El Mundo, 03-06-2016. A tradução é de André Langer.
“Acredito que o fato de que tenhamos presença permanente em Roma há dois anos facilitou a obtenção da licença”, comenta para El Mundo Kate McElwee, representante da Women’s Ordination Conference
na capital italiana, que detalha que as ativistas que participaram de
um dos últimos protestos, em 2011, foram detidas pela polícia.
“Com o Papa Francisco, também nos sentimos mais livres”, reconhece McElwee, mas esclarece que o Vaticano não teve nenhum papel ativo na concessão da permissão. Tudo dependeu da Prefeitura de Roma.
E, além disso, o protesto não acontecerá em território vaticano, mas
italiano. Mesmo assim, não deixa de ser significativo, tendo em conta
que desde a quarta-feira realiza-se no Vaticano o chamado Jubileu dos Sacerdotes,
e mais de 6 mil padres de todo o mundo chegaram à capital italiana.
Evidentemente, todos homens e vestidos com a preceptiva batina.
“Há algumas semanas começamos a tramitar
a autorização na polícia local”, segue relatando a ativista, que ainda
parece incrédula por ter conseguido a desejada licença. A Women’s Ordination Conference
é a maior e mais antiga associação e que trabalha pela ordenação das
mulheres como sacerdotes, diáconos e bispos. Sua atividade começou em
meados dos anos 70 e em seguida conseguiu um grande impulso quando, em
1978, várias de suas atividades irromperam em uma conferência de bispos
em Washington reclamando a igualdade de direitos das mulheres na Igreja católica.
A partir de então a Women’s Ordination Conference protagonizou múltiplas ações reivindicativas e conseguiu tecer uma ampla rede em diversos países, como Reino Unido, Alemanha, França, Austrália, Japão ou Índia. Segundo sua representante na Itália, no momento não dispõe de nenhuma delegação na Espanha.
Confronto com a hierarquia eclesiástica
Em seu confronto com a hierarquia eclesiástica, a Women’s Ordination Conference conseguiu a ordenação de diversas mulheres com a ajuda de um bispo, que decidiu desobedecer a Santa Sé. No total, 150 mulheres foram ordenadas sacerdotes. A reação do Vaticano foi excomungá-las.
O Papa Francisco mostrou sua disposição, em 12 de maio passado, para que se crie uma comissão
que estude a possibilidade de que as mulheres possam ser novamente
diaconisas na Igreja, como já foram no passado. O pontífice fez este
anúncio durante um encontro com 900 líderes de congregações religiosas
femininas de todo o mundo.
O diácono é uma figura eclesiástica à
qual é conferido a ordem e grau segundo em dignidade, ou seja, a
seguinte em importância ao sacerdócio. Sua responsabilidade é cantar o
Evangelho e assistir o sacerdote nas missas solenes. Também pode
administrar certos sacramentos, como o batismo e o matrimônio.
A Women’s Ordination Conference
valoriza a postura do Papa como um “passo em frente”, mas não entende
como o pontífice continue a se negar a permitir que mulheres presidam a
eucaristia.
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