A Igreja Católica definiu como um dogma
de fé que a Virgem Maria permaneceu virgem durante toda a sua vida (não
só no parto, como depois do parto e antes do parto). Eles chamam-nas de
“aeipathernos” (“sempre-virgem”).
NA TRADIÇÃO DA IGREJA
Todos os padres da Igreja são favoráveis a
virgindade perpétua de Maria. Podemos ler vários artigos sobre isto com
uma simples busca no Google. Se tem algum que negou, foi apenas
Tertuliano de Cartago. Tertuliano foi um bispo católico que discordava
de muitos pensamentos do clero, abandonado-a e abraçando a heresia
montanista.
Seus escritos, entretanto, ainda tem
certo valor, pois ele era um padre muito antigo. Ele foi o único cristão
que interpretou a Bíblia de uma forma diferente, alegando que Maria
teve outros filhos. Milhares de padres se revoltaram obviamente contra
sua ideia, pare eles absurda. Um século após sua morte, Jerônimo afirma
que “De Tertuliano não direi senão que não pertenceu à Igreja.”
(Jerônimo de Estridão, Contra Helvídio,
19). De resto, só hereges defenderam que ela teve filhos carnais. No
século IV, já se considerava heresia antidicomarianita quem defendesse
essa ideia, com Epifânio, Jerônimo, Ambrósio e Agostinho sempre na luta
pela defesa da virgindade perpétua de Maria.
NA BÍBLIA
VIRGEM ANTES DO PARTO
ISAÍAS 7,14
“Por isso, o próprio Senhor vos dará um
sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus
Conosco.” (Isaías 7,14)
O termo grego utilizado foi o termo
“almah”. Um judeu diria que isso significa uma “jovem mulher”, e não uma
“virgem”. Entretanto, o almah era usado na cultura judaica para
descrever mulheres muito jovens que ainda não haviam se casado. O termo
para indicar uma “mulher jovem” em geral, que não fosse uma jovem
mulher solteira não é nem almah, mas naarah. Almah só é usado sete vezes
na Bíblia, todas indicando virgens (Gn 24,43; Ex 2,8; Sl 68,25; Pr
30,19; Ct 1,3; Ct 6,8). Isaías indica que “almah” representava uma
Virgem, pois isso era sub-entendido. Por isso, os judeus do século III
a.C. confirmaram o que foi dito anteriormente, traduzindo o termo para
“pathernos”, que significa “virgem”.
MATEUS E LUCAS
Além de Isaías, os primeiros capítulos de
Mateus e Lucas deixam claro que Maria não conhece varão e não teve
Jesus a partir de uma relação sexual.
VIRGEM NO PARTO
ISAÍAS 7,14
“Por isso, o próprio Senhor vos dará um
sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus
Conosco.” (Isaías 7:14)
Se Maria não desse a luz como uma virgem,
uma virgem não haveria dado a luz. Por isso, Maria continuou virgem
dando a luz a Cristo fisicamente. Pode parecer estranho, mas Jesus
entrou na casa com portas fechadas (João 20,19), não conseguiria ele
sair do útero de sua mãe sem destruir sua integridade virginal?
CÂNTICO DOS CÂNTICOS 4,12
“És um jardim fechado, minha irmã, minha esposa, uma nascente fechada, uma fonte selada.” (Cânticos 4:12).
Logo esta profecia, chamada pelos
teólogos de Hortus Conclusus é uma prova da virgindade de Maria in
partum, ainda no Antigo Testamento. Muitos padres da Igreja
interpretaram esta passagem mariologicamente, destaca-se Jerônimo de
Estridão[1].
VIRGEM DEPOIS DO PARTO
EZEQUIEL 44,2
“Ele reconduziu-me ao pórtico exterior do
santuário, que fica fronteiro ao oriente, o qual se achava fechado. O
Senhor disse-me: Este pórtico ficará fechado. Ninguém o abrirá, ninguém
aí passará, porque o Senhor, Deus de Israel, aí passou; ele permanecerá
fechado. O príncipe, entretanto, enquanto tal, poderá aí assentar-se
para tomar sua refeição diante do Senhor. Ele entrará pelo vestíbulo do
pórtico e sairá pelo mesmo caminho.” (Ezequiel 44:1-3)
Esse pórtico é o útero de Maria, onde o
Espírito Santo passou, e onde só o príncipe da paz (cf. Is 9,6) poderá
passar. Tomás de Aquino, citando Agostinho, explica:
“Está escrito (Ezequiel 44,2): “Esta
porta ficará fechada, não se abrirá, e ninguém passará por ela; porque o
Senhor o Deus de Israel entrou por ela”. Expondo estas palavras, diz
Agostinho em um sermão (De Annunt Dom III..): “O que significa este
portão fechado na casa do Senhor, exceto de que Maria deve estar sempre
inviolável? O que significa que “nenhum homem deve passar através dele”;
se não que José não deve conhecê-la? E o que é isso – “porque o Senhor,
Deus de Israel, por aí passou”– exceto que o Espírito Santo iria
engravidá-la, e que o Senhor dos anjos nascerá dela? E o que significa
isso- “ele permanecerá fechado“- se não que Maria é uma virgem antes de
seu nascimento, virgem no seu nascimento, e uma virgem depois de seu
nascimento?” (São Tomás de Aquino, Summa Theologica, III, 28,3).
LUCAS 1,34
“Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?” (Lucas 1:34)
Maria, a mãe de Jesus, afirmou ao anjo
Gabriel que “não conhecia varão” (cf. Lc 1,34). Em grego, o termo
“conhecer”, indica ter relações sexuais; e o termo “varão”, do grego
ἄνδρα, indica qualquer homem, incluindo um noivo ou marido [2]. Isso
pode realmente, confirmar seu “voto” de virgindade à Deus como diziam as
comunidades cristãs desde pelo menos, o século II.
JOÃO 19,27
“E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa.” (João 19:27)
Jesus, na cruz, entrega Maria aos
cuidados de João, filho de Salomé. Se Maria tivesse outro filho, seria
impossível isto ocorrer, pois ela teria que ir para o que era seu e não
para o que era alheio, mas, uma vez que ela não teve outros filhos,
Jesus foi obrigado a dá-la aos cuidados de outra pessoa.
OBJEÇÕES
Irmãos de Jesus
Mateus 1,25
Termo Primogênito
Ossuário de Tiago
NOTAS
[1] Jerônimo utiliza Cânticos 4,12 em Adversus Jovinianum 1:31; PL 23, 253 e também em sua Carta 48,21.
[2] O termo utilizado “ἄνδρα” é o mesmo termo usado nas traduções gregas de Mateus para indicar o “marido” (Mt 1,16) de Maria.
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