Aldo di Cillo Pagotto foi investigado pela Igreja Católica em uma série de ocasiões, acusado de acobertar casos de pedofilia em sua diocese
Dom Aldo Pagotto, arcebispo da Paraíba, renuncia ao posto(CNBB/Divulgação) |
O papa Francisco aceitou a renúncia do arcebispo da Paraíba, Aldo di
Cillo Pagotto, acusado de fazer vista grossa a padres pedófilos de sua
diocese, informou o Vaticano nesta quarta-feira. Segundo comunicado,
Francisco acolheu a abdicação do paraibano de 66 anos, citando uma
determinação da lei eclesiástica da Igreja Católica que obriga os bispos
a se demitirem se houver uma "causa grave". De acordo com a imprensa
italiana, o religioso ítalo-brasileiro é suspeito de ter abrigado em sua
diocese padres e seminaristas acusados de abusar sexualmente de menores
e que já haviam sido expulsos por outros bispos.
A saída de Dom Pagotto parece ser consequência de uma série de
acusações e conflitos relacionados com a pedofilia dentro da Igreja, um
tema que o bispo se negava a discutir. Desde que foi nomeado, em 2004,
ele teve problemas por sua gestão. A Conferência Episcopal do Brasil
chamou a atenção do religioso em várias ocasiões depois de queixas
feitas por fiéis e, por isso, ele foi submetido a duas visitas canônicas
ordenadas por Roma.
Durante uma investigação do Vaticano, em 2015, Pagotto recebeu a
determinação de não ordenar padres ou receber novos seminaristas.
Suspeitas acerca do arcebispo teriam vindo à tona com a carta de
denúncia de uma mulher, que o acusou de manter relações com um rapaz de
18 anos, divulgaram jornais italianos. De acordo com agência de notícias
católica Zenit, esse episódio não foi provado e o bispo levou o
caso aos tribunais, conseguindo que todo o material sobre o assunto
fosse retirado da internet. Ainda assim, precisou se afastar por ajudar a
encobrir casos de outros padres.
Em junho, o papa emitiu um novo decreto que determinava que os bispos
culpados de negligência frente a casos de abusos sexuais contra menores
poderiam ser destituídos, o que abriu caminho para investigações contra
diversos religiosos. Além disso, Francisco criou uma instância
judiciária para julgar os padres pedófilos e instituiu uma comissão
internacional de especialistas encarregados de propor medidas de
prevenção desses casos.
Desde que se tornou papa, em 2013, Francisco vem lutando contra a
pedofilia dentro da Igreja. As associações de vítimas, no entanto,
consideram as medidas ainda insuficientes, pois acreditam que o Vaticano
continua encobrindo casos de abusos dentro da instituição católica.
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