Por Ary Waldir Ramos Díaz / Aleteia Team
O pontífice também deixou um alerta: “o diabo está mais ativo do que nunca”
Em 22 de outubro de 1978, o recém-eleito Papa João Paulo II marcou a
história com a célebre frase de abertura do seu pontificado: “Não tenham medo! Abram, ou melhor ainda, escancarem as portas para Cristo!”.
Nem todos sabem, mas São João Paulo II também foi um papa exorcista, odiado e temido pelo diabo.
Quem deu esse testemunho foi o famoso padre Gabriele Amorth, exorcista mundialmente conhecido e que faleceu em setembro deste ano.
Até o início do pontificado de São João Paulo II, os exorcismos eram considerados por muita gente como uma prática “medieval”, condenada a desaparecer sob os progressos da ciência psiquiátrica, da medicina e da tecnologia. Mas a realidade do mal não tem nada de mitológica: a liberdade das criaturas dotadas de inteligência permite que elas optem por se rebelar contra Deus – e não é preciso grande esforço para constatar este fato no dia-a-dia. Se existe o bem, também pode existir o mal, que consiste na escolha de se afastar do bem. Se existem espíritos bons, a sua liberdade também permite que alguns deles optem pelo mal. Não é que Deus tenha “criado” o mal: Deus nos criou livres; nós podemos escolher entre ficar do lado de Deus ou afastar-nos dele, privando-nos do bem. Foi isso o que um anjo chamado Lúcifer decidiu. Esta visão espiritual da existência, que reconhece a presença do mal e do diabo, faz parte, explicitamente, da doutrina cristã, conforme o próprio Cristo deixou claro nos Evangelhos. E foi esta a realidade que São João Paulo II procurou deixar mais clara, apesar dos esforços do mundo descrente em decretar que nada disso existe.
O caso foi contado pelo jornalista David Murgia em uma transmissão da TV2000, o canal televisivo do episcopado italiano. Karol Wojtyła, conforme recordou Murgia, já tinha realizado o rito do exorcismo, quando era jovem sacerdote, para várias pessoas acometidas de males inexplicáveis.
O ex-prefeito da casa pontifícia durante o pontificado de São João Paulo II, Jacques-Paul Martin, também confirma, em livro póstumo, que o pontífice polonês enfrentou o diabo no Vaticano em 1982, libertando uma jovem mulher chamada Francesca, vitimada pela possessão diabólica. O prelado conta que o bispo de Spoleto, na região italiana da Úmbria, tinha pedido uma audiência com o papa a fim de lhe apresentar o caso de Francesca. A mulher, aos gritos, se contorcia pelo chão. “Nós ouvíamos os gritos dela. João Paulo II começou a fazer várias orações”.
Era 27 de março de 1982. Os médicos não tinham conseguido resolver aquele caso enigmático. A mulher tinha passado aos cuidados de seu pároco e de outro sacerdote exorcista. Devido à complexidade do fenômeno, o bispo de Spoleto, dom Alberti, resolveu levá-la até o papa. Quem acompanhou Francesca e sua família ao Vaticano foi o padre Baldini Ferroni, pároco de Santa Assunta, em Cesi-Terni. Ele mesmo conta os detalhes daquele dia:
“Fomos levados a uma sala onde o Papa se vestia para as missas. Ela não tinha emoções. O Papa pegou o livro do rito do exorcismo e começou a ler em latim. A jovem tremia, mesmo tendo no rosto uma expressão de ‘ausência’”.
Depois de completar o rito, São João Paulo II pediu que as pessoas presentes se mantivessem tranquilas e continuassem rezando por Francesca. A mulher, atualmente casada e mãe de 4 filhos, leva uma vida normal, sem nenhuma sequela da possessão. Esta informação também foi confirmada pelo pároco ao jornalista David Murgia.
Sobre esse poder impressionante do exorcismo realizado por São João Paulo II, o próprio padre Amorth chegou a comentar: “Eu realizei o rito do exorcismo para várias pessoas que, mesmo depois de vinte anos, ainda não ficaram completamente libertadas. Sempre há benefícios, mas libertá-las é outra coisa”.
Em 9 de março de 2003, durante o ângelus na Praça de São Pedro, o já idoso e enfermo pontífice alertava o mundo sobre o contexto internacional de guerra e a necessidade de converter o coração à paz verdadeira. “É muito eloquente o exemplo de Cristo, que desmascara e vence as mentiras de Satanás com a força da verdade que está contida na Palavra de Deus”, declarou ele.
O futuro santo, bem conhecido de seus colaboradores pela forte espiritualidade e intensa oração, assegurou ainda: “No mais íntimo de cada pessoa ressoam a voz de Deus e a insidiosa voz do maligno. Esta última tenta enganar o homem, seduzindo-o com a perspectiva de falsos bens para afastá-lo do verdadeiro bem, que consiste em cumprir a vontade divina”.
Em fevereiro de 2004, na Sala Nervi, São João Paulo II recordou que o próprio Cristo combateu Satanás. “Somos chamados a uma luta decidida contra o diabo. Só assim, com renovada visão da vontade de Deus, podemos ser fiéis à vocação cristã de ser testemunhas do Evangelho”.
Em diversas ocasiões, o papa reafirmou que a obra do diabo se manifesta por meio de males como a droga, a guerra, a decadência moral, a perseguição contra os cristãos e as ideologias do momento.
“João Paulo II fez vários discursos sobre Satanás no nível doutrinal, mas o mais conhecido é o discurso que ele fez diante da Gruta de São Miguel Arcanjo, perto de San Giovanni Rotondo, perto do Padre Pio”, disse o pe. Gabriel Amorth em uma das suas últimas entrevistas, concedida à TV2000.
Ele se refere ao dia 24 de maio de 1987, quando São João Paulo II pediu “ajuda ao arcanjo São Miguel para lutar contra o diabo”. O papa tinha ido ao santuário de Foggia, na região italiana da Apúlia. “O diabo ainda está vivo e trabalha no mundo”, declarou o pontífice, “e da sua obra decorrem o mal e as desordens presentes no homem e na sociedade”.
São João Paulo II reafirmou que, conforme a promessa de Cristo, “as portas do inferno não prevalecerão, mas isto não significa que estejamos isentos da provação e da batalha contra as armadilhas do maligno”. Ao terminar a missa, o papa repetiu, em latim, a conhecida prece: “São Miguel Arcanjo, defendei-nos na batalha”.
O pe. Amorth destacou que, “nessa gruta do santuário do Arcanjo Miguel, representado com a espada na mão e com o diabo sob seus pés”, o papa “alertou que o diabo está em plena atividade em nossos dias. Para aqueles que não acreditam, eu digo: o diabo leva todos eles, porque, sem saberem, não estão com Jesus Cristo; estão com Satanás”.
Em primeiro lugar, explicava Amorth, o diabo respondia que o papa santo havia desarmado os seus planos na Terra. O exorcista interpretou esta resposta como referência à queda do comunismo na antiga União Soviética, em cuja derrocada o papa polonês teve papel determinante. Em segundo lugar, o diabo estava furioso com São João Paulo II porque ele tinha arrebatado muitos jovens das suas mãos: “Há muitos jovens que, graças a João Paulo II, se converteram. Talvez alguns já fossem cristãos, mas não praticantes; e com João Paulo II eles voltaram à prática”.
O pe. Amorth destacou também que João Paulo II e o Padre Pio são grandes aliados contra o demônio, mas a sua força não pode ser comparada com a da Virgem Maria, mãe de Jesus. “Uma vez perguntei a Satanás: ‘Por que te assustas mais quando invoco Nossa Senhora do que quando invoco Jesus Cristo?’. Ele me respondeu: ‘Porque me humilha mais ser derrotado por uma criatura humana do que ser derrotado por Ele’”.
Durante o pontificado de São João Paulo II, estabeleceu-se como prioridade na diocese de Roma resgatar o antigo rito do exorcismo e formar sacerdotes para esta missão espiritual de cura e libertação.
Como resultado desta determinação, em julho de 2014, a Congregação para o Clero, com a bênção do Papa Francisco, reconheceu juridicamente a Associação Internacional de Exorcistas, um grupo oficial de 250 sacerdotes que, em 30 países, lutam contra a possessão demoníaca.
Nem todos sabem, mas São João Paulo II também foi um papa exorcista, odiado e temido pelo diabo.
Quem deu esse testemunho foi o famoso padre Gabriele Amorth, exorcista mundialmente conhecido e que faleceu em setembro deste ano.
Até o início do pontificado de São João Paulo II, os exorcismos eram considerados por muita gente como uma prática “medieval”, condenada a desaparecer sob os progressos da ciência psiquiátrica, da medicina e da tecnologia. Mas a realidade do mal não tem nada de mitológica: a liberdade das criaturas dotadas de inteligência permite que elas optem por se rebelar contra Deus – e não é preciso grande esforço para constatar este fato no dia-a-dia. Se existe o bem, também pode existir o mal, que consiste na escolha de se afastar do bem. Se existem espíritos bons, a sua liberdade também permite que alguns deles optem pelo mal. Não é que Deus tenha “criado” o mal: Deus nos criou livres; nós podemos escolher entre ficar do lado de Deus ou afastar-nos dele, privando-nos do bem. Foi isso o que um anjo chamado Lúcifer decidiu. Esta visão espiritual da existência, que reconhece a presença do mal e do diabo, faz parte, explicitamente, da doutrina cristã, conforme o próprio Cristo deixou claro nos Evangelhos. E foi esta a realidade que São João Paulo II procurou deixar mais clara, apesar dos esforços do mundo descrente em decretar que nada disso existe.
Um exorcismo dentro do Vaticano
O “papa que veio de longe” chegou a realizar o rito do exorcismo dentro da própria Cidade do Vaticano, o que não acontecia já fazia cerca de 400 anos.O caso foi contado pelo jornalista David Murgia em uma transmissão da TV2000, o canal televisivo do episcopado italiano. Karol Wojtyła, conforme recordou Murgia, já tinha realizado o rito do exorcismo, quando era jovem sacerdote, para várias pessoas acometidas de males inexplicáveis.
O ex-prefeito da casa pontifícia durante o pontificado de São João Paulo II, Jacques-Paul Martin, também confirma, em livro póstumo, que o pontífice polonês enfrentou o diabo no Vaticano em 1982, libertando uma jovem mulher chamada Francesca, vitimada pela possessão diabólica. O prelado conta que o bispo de Spoleto, na região italiana da Úmbria, tinha pedido uma audiência com o papa a fim de lhe apresentar o caso de Francesca. A mulher, aos gritos, se contorcia pelo chão. “Nós ouvíamos os gritos dela. João Paulo II começou a fazer várias orações”.
Era 27 de março de 1982. Os médicos não tinham conseguido resolver aquele caso enigmático. A mulher tinha passado aos cuidados de seu pároco e de outro sacerdote exorcista. Devido à complexidade do fenômeno, o bispo de Spoleto, dom Alberti, resolveu levá-la até o papa. Quem acompanhou Francesca e sua família ao Vaticano foi o padre Baldini Ferroni, pároco de Santa Assunta, em Cesi-Terni. Ele mesmo conta os detalhes daquele dia:
“Fomos levados a uma sala onde o Papa se vestia para as missas. Ela não tinha emoções. O Papa pegou o livro do rito do exorcismo e começou a ler em latim. A jovem tremia, mesmo tendo no rosto uma expressão de ‘ausência’”.
Depois de completar o rito, São João Paulo II pediu que as pessoas presentes se mantivessem tranquilas e continuassem rezando por Francesca. A mulher, atualmente casada e mãe de 4 filhos, leva uma vida normal, sem nenhuma sequela da possessão. Esta informação também foi confirmada pelo pároco ao jornalista David Murgia.
Sobre esse poder impressionante do exorcismo realizado por São João Paulo II, o próprio padre Amorth chegou a comentar: “Eu realizei o rito do exorcismo para várias pessoas que, mesmo depois de vinte anos, ainda não ficaram completamente libertadas. Sempre há benefícios, mas libertá-las é outra coisa”.
A luta espiritual de São João Paulo II contra o diabo
Karol Józef Wojtyła considerava a luta espiritual contra o “príncipe dos espíritos impuros” como equivalente a difundir a Palavra de Deus. São muitos, aliás, os seus discursos e menções às mentiras e seduções do “tentador”.Em 9 de março de 2003, durante o ângelus na Praça de São Pedro, o já idoso e enfermo pontífice alertava o mundo sobre o contexto internacional de guerra e a necessidade de converter o coração à paz verdadeira. “É muito eloquente o exemplo de Cristo, que desmascara e vence as mentiras de Satanás com a força da verdade que está contida na Palavra de Deus”, declarou ele.
O futuro santo, bem conhecido de seus colaboradores pela forte espiritualidade e intensa oração, assegurou ainda: “No mais íntimo de cada pessoa ressoam a voz de Deus e a insidiosa voz do maligno. Esta última tenta enganar o homem, seduzindo-o com a perspectiva de falsos bens para afastá-lo do verdadeiro bem, que consiste em cumprir a vontade divina”.
Em fevereiro de 2004, na Sala Nervi, São João Paulo II recordou que o próprio Cristo combateu Satanás. “Somos chamados a uma luta decidida contra o diabo. Só assim, com renovada visão da vontade de Deus, podemos ser fiéis à vocação cristã de ser testemunhas do Evangelho”.
Em diversas ocasiões, o papa reafirmou que a obra do diabo se manifesta por meio de males como a droga, a guerra, a decadência moral, a perseguição contra os cristãos e as ideologias do momento.
“João Paulo II fez vários discursos sobre Satanás no nível doutrinal, mas o mais conhecido é o discurso que ele fez diante da Gruta de São Miguel Arcanjo, perto de San Giovanni Rotondo, perto do Padre Pio”, disse o pe. Gabriel Amorth em uma das suas últimas entrevistas, concedida à TV2000.
Ele se refere ao dia 24 de maio de 1987, quando São João Paulo II pediu “ajuda ao arcanjo São Miguel para lutar contra o diabo”. O papa tinha ido ao santuário de Foggia, na região italiana da Apúlia. “O diabo ainda está vivo e trabalha no mundo”, declarou o pontífice, “e da sua obra decorrem o mal e as desordens presentes no homem e na sociedade”.
São João Paulo II reafirmou que, conforme a promessa de Cristo, “as portas do inferno não prevalecerão, mas isto não significa que estejamos isentos da provação e da batalha contra as armadilhas do maligno”. Ao terminar a missa, o papa repetiu, em latim, a conhecida prece: “São Miguel Arcanjo, defendei-nos na batalha”.
O pe. Amorth destacou que, “nessa gruta do santuário do Arcanjo Miguel, representado com a espada na mão e com o diabo sob seus pés”, o papa “alertou que o diabo está em plena atividade em nossos dias. Para aqueles que não acreditam, eu digo: o diabo leva todos eles, porque, sem saberem, não estão com Jesus Cristo; estão com Satanás”.
O diabo confessa por que tem medo de São João Paulo II
O mesmo pe. Amorth, então exorcista da diocese de Roma, declarou à TV2000 ter descoberto que São João Paulo II é um poderoso intercessor para lutar contra o diabo e libertar os possuídos. Amorth contou, em seu livro escrito em coautoria com o jornalista italiano Pablo Rodari, que “mais de uma vez perguntou ao diabo: ‘Por que tens tanto medo de João Paulo II?’”.Em primeiro lugar, explicava Amorth, o diabo respondia que o papa santo havia desarmado os seus planos na Terra. O exorcista interpretou esta resposta como referência à queda do comunismo na antiga União Soviética, em cuja derrocada o papa polonês teve papel determinante. Em segundo lugar, o diabo estava furioso com São João Paulo II porque ele tinha arrebatado muitos jovens das suas mãos: “Há muitos jovens que, graças a João Paulo II, se converteram. Talvez alguns já fossem cristãos, mas não praticantes; e com João Paulo II eles voltaram à prática”.
O pe. Amorth destacou também que João Paulo II e o Padre Pio são grandes aliados contra o demônio, mas a sua força não pode ser comparada com a da Virgem Maria, mãe de Jesus. “Uma vez perguntei a Satanás: ‘Por que te assustas mais quando invoco Nossa Senhora do que quando invoco Jesus Cristo?’. Ele me respondeu: ‘Porque me humilha mais ser derrotado por uma criatura humana do que ser derrotado por Ele’”.
Durante o pontificado de São João Paulo II, estabeleceu-se como prioridade na diocese de Roma resgatar o antigo rito do exorcismo e formar sacerdotes para esta missão espiritual de cura e libertação.
Como resultado desta determinação, em julho de 2014, a Congregação para o Clero, com a bênção do Papa Francisco, reconheceu juridicamente a Associação Internacional de Exorcistas, um grupo oficial de 250 sacerdotes que, em 30 países, lutam contra a possessão demoníaca.
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