Por Aleteia Brasil
Ele se tornou padre graças a ela - e a história deles é linda!
Eu já me apaixonei. Foi há muito tempo, antes de tornar-me sacerdote.
Na verdade, eu ainda nem era seminarista. Ela se chamava Valentina,
tinha cabelos pretos na altura do ombro, sempre enfeitados com lenços,
tiaras ou chapéus. Seus olhos esverdeados e grandes eram, de fato, as
janelas de sua alma, revelando seus segredos mais bonitos: se ela era
linda e graciosa por fora, também o era proporcionalmente por dentro.
Talvez por isso eu tenha me apaixonado.
Apesar de ser desengonçado, eu era um bom rapaz. Acho que ela
percebeu isso e também se apaixonou por mim. A beleza de Valentina era
um reflexo da beleza divina, fazendo com que eu me sentisse no Céu ao
lado dela. Se você já encontrou alguém que te faz viver o Céu na Terra,
valorize-a.
Valentina foi o grande amor jamais vivido da minha vida. Vou
explicar. Bem, eu tinha certeza que a moça mais linda do mundo inteiro
estava ao meu lado. Ela vivia sorrindo! Digo, eu tinha o sorriso dela.
Eu sentia que, acima de tudo, estávamos nos tornando companheiros. As
missas todas as manhãs, os rosários nos fins de tarde, os beijos na
bochecha, a bênção do padre George e até mesmo do Sr. Bernini. Tudo
conspirava a nosso favor! Uma coisa eu tinha certeza: eu era o garoto de
15 anos mais feliz do mundo.
Ainda assim, eu me sentia incompleto e não entendia como isso era
possível. Se Valentina não era o suficiente para me preencher, o que
seria? Deus. O poderoso e irresistível chamado de Deus ecoava em meus
ouvidos e, na mesma hora, eu compreendi tudo: Ele era o ideal ao qual
doar-me inteiramente, a única coisa capaz de saciar a minha sede.
Sou eternamente grato a Valentina. Deus se serviu dela para me
mostrar que nem mesmo a maior beleza terrena se compara à sua beleza.
Entre dor e lágrimas, nos despedimos. Eu estava ingressando no seminário
menor. Confesso que, ao longo do tempo, me peguei pensando em como
teria sido meu futuro ao lado dela: quantos filhos teríamos, quais
seriam os nomes, como seria a decoração da nossa casa, se ela ainda
sorriria com minhas piadas sem graça ou se eu a faria chorar algum dia.
Não importa. Esses pensamentos rapidamente se esvaem quando penso que
sou feliz por ser padre. São 19 anos de ministério sacerdotal. Ela
também foi feliz. Casou-se, teve 4 filhos – sendo uma carmelita e um
seminarista -, era uma excelente mãe e tinha um marido piedoso e
íntegro.
Nesse exato momento, são 7:42 da manhã. Estou pronto para sair da
casa paroquial. Fui acordado às 6:30 por um telefonema desagradável:
Valentina havia falecido. A guerreira Valentina – que há 1 ano lutava
contra um câncer mama – resolveu descansar. Na mesma hora um filme
passou pela minha cabeça. Resolvi escrever pelo medo de que, com sua
partida, ela levasse junto todas as minhas memórias da nossa santa
amizade. Sou padre graças a Valentina e tenho a certeza de que estarei
fortalecido no ministério com a intercessão dela lá no Céu.
(Sacerdote anônimo)
(Sacerdote anônimo)

Antes de ser padre, ele teve um grande amor
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