Por Frei Boaventura Kloppenburg
CONTRA A HERESIA ESPÍRITA
IV Edição
Publicação do Secretariado Nacional de Defesa da Fé
Editora Vozes Limitada
1957
O
Episcopado Brasileiro reafirmou a condenação do Espiritismo E desta vez
com denúncias enérgicas, com palavras severas e tomando posição
insofismável. Por que tão intransigente atitude? Por que tanto rigor?
Que mal fizeram ou que distúrbios estão a causar os espíritas que, como
eles mesmos repetem com insistência, querem “apenas amor, caridade, paz,
sinceridade e elevação moral”? Não há outros inimigos piores, muito
mais ameaçadores e radicais? Ainda mais hoje, numa época de democracia e
liberdade, não se compreendem atitudes dessas, de sabor nitidamente
inquisitorial. Já não vivemos nos “sombrios tempos da Idade Média”!
Jesus, o “divino modelo da tolerância”, não pode aprovar tão insolente
condenação de pobres “irmãos em Cristo”. Não há ambiente para
“perseguições religiosas...”
E
vão nesse desfiar de protestos, reclamações, críticas e até mesmo de
contra-ameaças, os comentários nos meios espíritas e em certos ambientes
católicos. Sabemos que em alguns, católicos ou espíritas, as
perplexidades e dúvidas são sinceras – e foi para eles que escrevemos o
que segue.
NOTA À III EDIÇÃO
Este folheto, como não podia deixar de ser, foi objeto de numerosos ataques da parte dos espíritas. Tais ataques, porém, apenas confirmaram nossas graves denúncias! Quando por exemplo, denunciamos que o Espiritismo nega a Divindade de Cristo a resposta dos espíritas consistiu invariavelmente em conceder que eles, de fato, contestam a divindade de Cristo. Tomemos, para amostra, o jornal espírita Almenara, que se edita mensalmente no Rio de Janeiro e que mais se destacou no afã de analisar nossos folheto. Em seu número de Agosto de 1955, p. 3, é apreciada a nossa 29a denúncia: “O Espiritismo nega o valor dos Sacramentos”. Escreve então o jornal espírita, pela pena de seu Diretor, Pereira Guedes: “O Cristo não instituiu nenhum dos sacramentos da Igreja, nem mesmo a própria Igreja. Tudo quanto aí está, constituindo a organização do romanismo, é obra exclusiva dos sacerdotes da velha e materialmente poderosa instituição”. Naturalmente, não segue argumento algum para provar tão peremptória afirmação. Mais adiante continua: “Quaisquer que sejam os chamados sacramentos da Igreja, estão inteiramente afastados das cogitações dos espíritas e, aqueles que a eles ainda se apegam, estão divorciados dos postulados doutrinários do Espiritismo. Todos os chamados sacramentos da Igreja desde o batismo à extrema-unção, em número de sete, pertencem exclusivamente ao patrimônio da Igreja. Deles o Espiritismo não se preocupa; não os aprova nem os condena. É como se não existissem. Nega, e o faz conscientemente, a eficácia de todos eles, principalmente se aplicados no exercício de uma profissão automaticamente, como soem ser. O Espiritismo nega sim: a eficácia do batismo; a presença de Cristo na Eucaristia; o valor da confissão; a indissolubilidade do matrimônio; a unicidade da vida terrestre; o juízo particular depois da morte; a existência do purgatório; a do céu; a do inferno; a ressurreição da carne e o juízo final”. Pois era apenas e exatamente isso que queríamos demonstrar. Essas abundantes negações justificam plenamente atitude da Igreja quando condena o Espiritismo como inaceitável para o católico e quando declara ser impossível ser ao mesmo tempo católico e espírita.
I. A Condenação do Espiritismo.
O texto condenatório
“Ainda
sob o eflúvio de graças do VI Congresso Eucarístico Nacional, os
Cardeais e Arcebispos do Brasil, representando todo o Episcopado, nos
reunimos (de 12 a 19 de Agosto de 1953), com a colaboração de numerosos
Exmos. Srs. Bispos e Prelados, em Belém do Pará, na primeira Sessão
Ordinária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente o
Representante da Exma. Nunciatura Apostólica, Mons. João Ferrofino, e,
depois de orações e estudos, concordamos nas seguintes conclusões:
Considerando que a natural religiosidade do povo brasileiro não vem
podendo até hoje contar com a adequada formação, o que conduz a não
poucos desvios doutrinários, dos quais o mais perigoso, no momento, é o
Espiritismo; resolvemos:
1)Reafirmar [que][1]
o Espiritismo é o conjunto de todas as superstições e erros da
incredulidade moderna, que, negando a eternidade do inferno, o
sacerdócio católico e os direitos da Igreja, destrói o Cristianismo. Os
espíritas devem ser tratados, tanto no foro interno como no foro externo
como verdadeiros hereges e fautores de heresias, e não podem ser
admitidos à recepção dos sacramentos sem que antes reparem os escândalos
dados, abjurem o Espiritismo e façam a profissão de fé.
2)Os RR. Párocos e Confessores instruam e repreendam os fiéis que pensam
lhes ser lícito frequentar as sessões espíritas, por não terem ouvido
nunca aí coisas torpes ou ímpias, pois é clara e decisiva a resposta do
Santo Ofício a este respeito: Toda e qualquer participação, sob qualquer
pretexto, é gravemente proibida (24 de abril de 1917). E lhes declarem
que todos os escritos, jornais, revistas e livros do Espiritismo são
proibidos (Cân. 1399; CPB 136)
3)Determinar ao recém-criado Secretariado Nacional de Defesa da Fé e
Moral que, através de sua secção antiespírita, articule, em plano
nacional e nos moldes por nós indicados, uma “Campanha contra o
Espiritismo”.
“Campanha Nacional contra a Heresia Espírita”
O
texto desta Campanha, de que fala o Episcopado, prevê uma atividade
simplesmente preventiva entre os fiéis católicos, visando opor um dique à
expansãoo da heresia espírita nos meios católicos do Brasil e
procurando levar todos os católicos à informação segura e insofismável
de que é impossível ser, ao mesmo tempo católico e espírita, para deste
modo destruir esse tipo híbrido de católico-espírita atualmente tão
comum entre nós. Trata-se, pois, de uma campanha de esclarecimento dos
católicos. Alarmados, os espíritas falaram logo em “perseguição
religiosa”. A campanha não visa atacar os espíritas; quer apenas
desmascarar sua doutrina para mostrar a total e absoluta
incompatibilidade e frontal oposição entre a Doutrina Cristã e a
Doutrina Espírita. Por isso prevê e prescreve a todos os párocos e curas
de alma pregações frequentes sobre a heresia espírita; manda incluir em
todos os catecismos um capítulo especial sobre o Espiritismos; procura
tornar aptos os catequistas e militantes da Ação Católica a refutar as
vis e caluniosas acusações que os espíritas não se cansam de repetir
contra a Igreja; prescreve cursos intensivos sobre o Espiritismo nos
Seminários Maiores; exige de todos os membros de Associações Religiosas
um juramento antiespírita; aproveitará as devoções populares para
instruir o povo sobre as superstições, a magia, a evocação dos mortos,
etc; favorecerá a prática das bençãos dos enfermos; difundirá o uso dos
sacramentais, pleiteando até mesmo a licença de administrá-los em língua
vernácula; suscitará obras sociais católicas ou de inspiração católica;
denunciará como espíritas todas as instituições que o sejam, apesar de
se acobertarem sob nomes cristãos e católicos, etc. Portanto uma intensa
campanha de esclarecimento e não de perseguição. Estamos em Plano de
defesa contra o ataque espírita que, por todos os meios e de todos os
modos, procura insinuar-se nos ambientes católicos, divulgando as mais
absurdas calúnias contra a Igreja, repetindo velhas acusações já mil
vezes desfeitas e refutadas e propagando toda sorte de erros e heresias
para confundir a boa fé de nossa gente católica.
As declarações e denúncias principais.
Do
documento condenatório do Espiritismo destacamos algumas afirmações e
denúncias que nos parecem de particular importância e que iremos depois
estudar, analisar e desenvolver:
1) O Espiritismo é no momento, o mais perigoso desvio doutrinário para a natural religiosidade do povo brasileiro;
2) O Espiritismo não nega apenas uma ou outra verdade de nossa Santa
Religião mas todas elas, destruindo o Cristianismo pela base;
3) O Espiritismo é o conjunto de todas as superstições da incredulidade moderna;
4) A propaganda espírita tem, no entanto, a fingida cautela de apresentar
sua doutrina como cristã, de modo a deixar a católicos menos avisados a
impressão erradíssima de ser possível continuar católico e aderir ao
Espiritismo;
5) Os espíritas devem ser tratados como verdadeiros hereges;
6) Toda e qualquer participação nas sessões espíritas, sob qualquer pretexto, é gravemente proibida;
7) Todos os escritos, jornais, revistas e livros do Espiritismo são proibidos.
Na
segunda parte do presente opúsculo mostraremos como andaram mui
acertados os Bispos do Brasil denunciando o Espiritismo como um sistema
doutrinário que destrói o cristianismo pela base. Aí os leitores poderão
verificar que a doutrina espírita é de fato herética e mais herética do
que qualquer outra já surgida, nos dois milênios passados, no seio do
cristianismo. Em vista daquelas múltiplas aberrações da Doutrina Cristã é
bem verdade que, como acaba de reafirmar o Episcopado Nacional, os
adeptos da doutrina espírita são heréticos no sentido mais próprio da
palavra e, consequentemente, devem ser tidos e tratados como tais. É o
que desenvolveremos agora.
Heresia e herege
A palavra heresia vem do grego háiresis,
que quer dizer: escolha, seleção, preferencia. Significava
originalmente uma doutrina ou atitude doutrinaria oposta ao ensinamento
comum. É escolha ou acomodação de alguns textos da Sagrada Escritura,
sem tomar em consideração o conjunto todo, nem ligar ao sentir com um e
tradicional dos séculos e ao ensino do Magistério Eclesiásticos,
adaptando os textos selecionados ao gosto, à inclinação e aos
conhecimentos pessoais. O “herege” constitui-se a si mesmo suprema
autoridade em questões da fé; é ele quem decide do sentido exato da
Revelação Divina. Na acepção própria e usual de hoje, heresia é
a negação duma verdade revelada por Deus, como tal pregada pelos
Apóstolos, integralmente conservada e fielmente transmitida pela Igreja
através dos séculos. Em Teologia uma verdade que está nestas condições
recebeu o nome técnico de “dogma”. É, portanto, herege a pessoa
que nega um ou mais “dogmas”, ou defende doutrina evidentemente
contrária à Revelação Divina. Mas nem toda pessoa nestas condições já
deve ser considerada e tratada como herege formal. O Direito Canonico
define assim o verdadeiro herege: “Diz-se herético quem, depois de
receber o batismo, conservando o nome de cristão, pertinazmente nega
alguma das verdade de fé divina e católica ou dela duvida (Cânon 1325
&2).
Por
conseguinte, para que alguém deva ser considerado e tratado como
verdadeiro herege, são necessários cinco condições: 1) que seja
batizado, isto é, súdito da Igreja por direito divino; 2) que seja
adulto, isto é, tenha uso da razão; 3) que segue (ou duvide de) alguma
verdade proposta a ser crida com fé divina e católica; 4) que negue (ou
duvide) com pertinácia ou obstinadamente; 5) que negue externamente.
Não são, pois, considerados como hereges: os pagãos (os não batizados),
os que não tem o uso da razão e os que negam sem pertinácia. Diz-se
pertinaz a pessoa que, apesar de saber que Deus revelou e a Igreja
definiu certa verdade, a nega ou dela duvida obstinadamente. Esta
pertinácia é essencial.
Como devem ser tratados os espíritas
Determinaram os Bispos do Brasil que “os espíritas devem ser tratados,
tanto no foro interno como no foro externo, como verdadeiros hereges”.
Encontramos no Direito Canônico oito prescrições a respeito do modo de
tratar os hereges e que, portanto, devem agora ser aplicadas
rigorosamente aos pertinazes e obstinados adeptos da doutrina espírita.
1) Quanto a recepção dos sacramentos em geral, a própria declaração dos
Bispos recorda a determinação do cânon 731 &2, esclarecendo que os
espíritas “não podem ser admitidos à recepção dos sacramentos, sem que
antes reparem os escândalos dados, abjurem o Espiritismo e façam a
profissão de fé”. Só sob estas três condições, portanto, poderia um
espírita (ou católico que quer ser também espírita) receber algum
sacramento: 1) deve antes reparar os escândalos dados, 2) deve abjurar o
Espiritismo, 3) deve tornar a fazer a profissão de fé.
2) Segundo o cânon 751 não podem ser batizados os filhos dos espíritas, a
não ser que estejam em perigo de morrer antes de chegarem ao uso da
razão (cânon 750 &2). Mas a respeito do “perigo de morrer”, não
basta que a criança, ainda sã, se ache em perigo remoto de vida (como
por ocasião de uma epidemia contagiosa): é preciso que haja receio real
de morte prematura. Contra o padre que, não obstante, batizasse uma
criança de pais espíritas, fora das condições indicadas, determina o
cânon 2364: “O ministro que ousar administrar os Sacramentos aos que por
Direitos Divino ou Eclesiástico estão proibidos de o receber, seja
suspensa da administração dos sacramentos pelo tempo a ser determinado
pelo prudente juízo do Bispo, e punido com outras penas proporcionais à
gravidade da culpa”.
3) De acordo com o cânon 765 no. 2, os espíritas não podem ser padrinhos
de batismo e, se não obstante forem convidados e admitidos, são inválidos.
4) Pelo cân. 795 no. 2 vale o mesmo para os padrinhos de crisma.
5) O cânon 2266 §2 proíbe rezar publicamente a Santa Missa por um espírita, a não ser que seja por sua conversão.
6) O cânon 1240 §1 veda aos espíritas falecidos o enterro eclesiástico. E
quem presume ordenar ou obter por força a sepultura eclesiástica para um
espírita, “incorre ipso facto em excomunhão nemini
reservada”(cânon 2339) e o padre que espontaneamente se oferecesse a dar
semelhante sepultura a um espírita, incorreria na pena prevista no
final do mesmo cânon 2339.
7) Pelo cânon 1241 proíbe-se aos espíritas falecidos a Missa exequial, ou
de sétimo dia, etc, como também qualquer outro ofício fúnebre.
8) Afinal, conforme o cano 1060, os católicos estão proibidos de casa com
adeptos do Espiritismo, qualquer que seja sua modalidade herética.
Vê-se
que é sem dúvida severo e inexorável o modo de tratar os adeptos da
doutrina espírita. Mas a pertinaz desobediência e o modo obstinado com
que negam toda a Doutrina Cristã, equivale a uma revolta aberta contra a
Igreja, perdendo eles com isso o direito de ser tratados como filhos
submissos e fiéis.
Os espíritas excluíram-se a si mesmos da Igreja
A
Igreja é apenas consequente e coerente como o que os próprios espíritas
escolheram e provocaram, quando aplica contra eles – “que devem ser
tratados como verdadeiros hereges”- o cânon 2314, que diz: “Todos os
apóstatas da fé, e todos e cada um dos heréticos e cismáticos:
1o. Incorrem ipso facto em excomunhão
2o.
Se admoestados não se arrependerem, privem-se do benefício, da
dignidade, pensão, ofício ou doutro múnus, se algum tem na Igreja,
declarem-se infames e os clérigos, repetida a admoestação, deponham-se”.
Já
que consta com certeza e por declaração expressa da competente
Autoridade Eclesiástica que os espíritas são “verdadeiros hereges e
fautores de heresia”, deve-se concluir que “todos e cada um dos
espíritas incorrem ipso facto em excomunhão”. E acrescenta o &2 do
mesmo cânon: “A absolvição da excomunhão referida no &1, a dar no
foro interno, é reservada speciali modo à Santa Sé”.
O que é a Excomunhão
Sendo a excomunhão uma censura, é preciso conhecer primeiro o sentido
desta palavra, que o cânon 2241 define assim: “Censura é a pena
pela qual o homem batizado, delinquente e contumaz, é privado de alguns
bens espirituais ou a estes anexos, até que, cessando a contumácia,
seja absolvido”. O obstinado adepto da heresia espírita tem, portanto,
todos os requisitos, para incorrer na censura do cânon 2314, já citado,
isto é: na excomunhão. “Excomunhão é a censura pela qual alguém é
excluído da comunidade dos fiéis, com os efeitos enumerados nos cânones
2259ss, os quais não podem separar-se”(cânon 2257). Entre os efeitos
enumerados pelos cânones citados temos os seguintes:
Cânon 2259: “Todo o excomungado é privado do direito de assistir aos
ofícios divinos, mas não à pregação da palavra de Deus”. Mas se assistir
passivamente, não é necessário expulsá-lo a não ser que seja vitando”.
Cânon 2260: “O excomungado não pode receber os sacramentos”.
Cânon 2262: “O excomungado não participa das indulgências, dos sufrágios e das preces públicas da Igreja”.
Mas a Igreja está sempre disposta e pronta a tornar a receber todos
aqueles que contra ela se revoltaram, logo, que acabar a desobediência e
contumácia. Cânon 2242 &3: “Considera-se terminada a contumácia,
quando o réu se arrepender verdadeiramente do crime cometido e ao mesmo
tempo der, ou ao menos seriamente prometer, côngrua satisfação pelos
danos e escândalos; mas o julgar se é ou não verdadeira a penitencia,
côngrua a satisfação ou séria a sua promessa, pertence a quem se pede a
absolvição da censura”.
Proibição dos livros espíritas
No texto de condenação do Espiritismo o Episcopado Brasileiro ordena
aos párocos e confessores que declarem aos fiéis “que todos os escritos,
jornais, revistas e livros do Espiritismo são proibidos”. A atividade
editorial dos espíritas é muito grande no Brasil. Existem numerosas
editoras espíritas. E a Editora da Federação Espírita Brasileira, no
Rio, até Abril de 1952, já havia publicado e espalhado entre o nosso
povo um milhão e duzentos e cinquenta e quatro mil exemplares das obras
de Allan Kardec, o chamado codificador da Doutrina Espírita. Ainda
outras editoras publicam estas mesmas obras de Kardec. Também os
jornais, as revistas e os folhetos espíritas são abundantes e muito
difundidos Ora, toda esta literatura espírita está repleta de
irreverências, aleivosias e calúnias contra o Papa, a Igreja e os
Dogmas. Tudo o que a impiedade e o anticlericalismo dos liberais e
racionalistas do século passado inventou é amplamente divulgado pela
Federação Espírita (através das obras de Leão Denis, “Padre” Alta,
Pellicer, Cândido Xavier, C. Imbassahy, etc) e fanaticamente repetido
nos jornais ou nas colunas espíritas do Brasil inteiro como se fossem os
últimos e definitivos resultados das investigações históricas. Assim,
p. ex., continua indiscutivelmente certo para os nossos espíritas que a
Igreja falsificou os Evangelhos e queimou os originais; que o dogma da
divindade de Cristo só apareceu no século IV; que a confissão foi
inventada em 1215; que a Igreja assassinou (sic!) Galileu e queimou
Joana d’Arc, sem falar dos “horrores da Santa Inquisição”, que voltam a
ser relembrados hoje em quase todos os livros e artigos com os mesmos
exageros e falsificações de ontem. Pouco instruído, o nosso povo não
está habilitado a distinguir a verdade do erro e ficará forçosamente
confundido em sua fé. Não há coisa mias fácil do que lançar a semente da
confusão e do erro no meio do povo simples. É o que está fazendo entre
nós a literatura espírita. Daí a necessidade de denunciar e proibir tais
escritos.
As obras de Allan Kardec e Pietro Ubaldi
Já por decreto particular de 20 de Abril de 1964 a Santa Sé denunciou e
proibiu as obras de Allan Kardec (aliás Leão Hipólito Denizart Rivail),
compilador da Doutrina Espírita, colocando-as no Índice dos livros
proibidos. O mesmo vale da Revue Spirite e Revue Spiritualiste.
Também as obras de Pietro Ubaldi, espírita italiano que agora se
transferiu para o Brasil, e cujos livros foram traduzidos e estão à
venda em muitas livrarias, foram condenadas por decreto de 8 de Novembro
de 1939.
Outros livros espíritas
Quanto
aos outros livros espíritas não nominalmente denunciados pelas
autoridades Eclesiásticas, principalmente os de Leão Denis, J. B.
Roustaing, Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier), Carlos Imbassahy,
Leopoldo Machado, etc, etc, como também todos os lançados pela Editora
“O Pensamento” de São Paulo, vale o prescrito do cânon 1399, que diz
assim:
“São proibido por direito comum:...
2o.
Os livros de quaisquer autores, se propugnarem uma heresia ou um cisma,
ou tentarem subverter os próprios fundamentos da religião cristã;
3o. Os livros que de propósito atacam a religião ou os bons costumes;...
6o.
Os livros que: a) impugnam ou expõem à irrisão qualquer dos dogmas
católicos; b) defendem erros proscritos pela Sanga Sé; c) mofam do culto
divino; d) procuram destruir a disciplina eclesiástica;...
7o.
Os livros que ensinam ou recomendam qualquer espécie de superstição,
sortilégio, adivinhação, magia, invocação dos espíritos e outras coisas
do mesmo gênero”.
Esclarece
ainda o cânon 1398 &1:”A proibição dos livros faz com que, sem a
devida licença, não possam ser editados, lidos, retidos, vendidos,
traduzidos e comunicados por qualquer forma a outras pessoas.
A severidade desta proibição
E para que todos saibam com que rigor e severidade são proibidos os
livros que expõem e defendem a herética doutrina espírita (os de Allan
Kardec, Leão Denis, João Roustaing, Carlos Imbassahy, etc) considere-se
ainda o cânon 2318 &1: “Incorrem ipso facto na excomunhão speciali modo
reservada à Santa Sé, publicada a obra, os editores dos livros dos
apóstatas, heréticos e cismáticos, que defendem a apostasia, a heresia e
o cisma, e bem assim os que defendem ou cientemente leem ou retêm esses
livros ou outros proibidos nominatim por letras apostólicas”. O que quer dizer que estão excluídos da comunidade dos fiéis (excomungados):
1) todos aquele que editam livros que expõem ou defendem a doutrina
espírita ou parte dela (p. Ex. Reencarnação), embora eles mesmos
protestem não serem espíritas;
2) todos aquele que leem livros espíritas, sem terem para isso a devida
licença especial, muito embora eles mesmos declarem não serem nem
quererem ser espíritas;
3) todos aquele que defendem tais livros espíritas;
4) todos aquele que retêm ou guardam, permanentemente ou transitoriamente,
semelhantes livros consigo ou com outrem mas de maneira a poderem usar
deles à vontade.
Assistir às sessões espíritas
Com relação às sessões espíritas declararam agora os Bispos do Brasil
que “toda e qualquer participação, sob qualquer pretexto, é gravemente
proibida”. Foi o que já decidira a Santa Sé em Abril de 1917 com estas
palavras: “Não é lícito, pro médium ou sem eles, com ou sem hipnotismo,
assistir a conversas ou manifestações de espiritismo, mesmo que
apresentem aparências de honestidade e piedade, quer seja interrogando
os espíritos e ouvindo respostas quer simplesmente assistindo, ainda que
haja protesto tácito ou expresso de não querer pacto com o demônio”. E
em Agosto de 1856, ao surgir o moderno movimento espírita, afirmava a S.
Sé que: “Evocar as almas dos mortos e pretender receber suas respostas,
manifestar coisas ocultas e distantes, ou praticar outras superstições
análogas, é absolutamente ilícito, herético e escandaloso e contrário à
honestidades dos costumes”.
Proibição divina da evocação dos mortos
A prática, agora generalizada pelo Espiritismo, de evocar os mortos,
não é recente. O Espiritismo atual é a continuação da magia e da
necromancia de tempos idos. Já no Antigo Testamento existem testemunhos
das consultas aos mortos praticadas pelos hebreus. Apenas os nomes
mudaram: hoje diz-se espiritismo, macumba ou umbanda, o que então se conhecia como necromancia ou magia; hoje chama-se médium, macumbeiro, pai de santo, babalaô ou cavalo, o que então era mago, pitonisa, adivinho, bruxa ou feiticeiro; hoje diz-se que o médium está em transe, então falava-se em furor sacro; hoje temos centros, terreiros, ou tendas espíritas, então eram os oráculos, as cavernas ou os antros; hoje evocam-se espíritos, orixás e exus, então chamavam por gênios ou nunes.
Mas o fim visado foi sempre o mesmo: evocar os mortos, para deles saber
alguma coisa. O Espiritismo moderno, portanto, é a magia ou a
necromancia da antiguidade. Ora, consta de textos insofismáveis, claros,
repetidos, enérgicos e severíssimos do Antigo Testamento que Deus
proibiu tais práticas.
1) Êxodo 22, 18: “Não deixarás viver os feiticeiros”.
2)
Lev 20,6: “A pessoa que se dirigir a magos e adivinhos e tiver
comunicações com ele, eu porei o meu rosto contra ela e a exterminarei
do seu povo”.
3)
Lev 20,27: “O homem ou a mulher em quem houver espírito pitomico (e o
exercer), sejam punidos de morte. Apedreja-los-ão, o seu sangue cairá
sobre eles”.
4)
Lev 19, 31: “Não vos dirijais aos magos, nem interrogueis os adivinhos,
para que vos são contamineis pro meio deles. Eu sou o Senhor vosso
Deus”.
5)
Deut 18, 19-14: “Não se ache entre vós... quem consulte adivinhos ou
observe sonhos e agouros, nem quem use malefícios, em que seja
encantador, nem quem consulte pitões ou adivinhos, ou indague dos mortos
a verdade. Porque o Senhor abomina todas estas coisas, e por tais
maldades exterminará estes povos à tua entrada. Será perfeito e sem
mancha como o Senhor teu Deus. Estes povos, cujo país tu possuirás,
ouvem os agoureiros e os adivinhos; tu, porém, foste instruído dentro do
modo pelo Senhor teu Deus”.
6)
1 Reis 28, 5-25: É a história do rei Saul que foi consultar uma
pitonisa e evocar o espírito de Samuel. A consequência da história toda
se conta em 1 Paralel 10, 13:”Morreu, pois, Saul por causa das iniquidades, porque tinha desobedecido ao mandamento que o Senhor lhe tinha imposto e não tinha observado; e, além disso, tinha consultado a pitonisa e não tinha posto a sua esperança no Senhor; por isso ele o matou, e transferiu seu reino para David, filho de Isaí”.
7)
4 Reis 17, 17: (enumerando os crimes de Israel, pelos quais foram
castigados)”... e entregaram-se a adivinhações e agouros, e
abandonaram-se a fazer o mal diante do Senhor, proando sua ira. E o
Senhor indignou-se sobremaneira contra Israel e rejeitou-os de diante de
sua face”.
8)
Isaías 8, 19-20: “E quando vos disserem: consultai os pitões e os
adivinhos, que murmuram em segredo nos seus encantamentos: Acaso não
consultará o Povo ao seu Deus, há de ir falar com os mortos acerca dos
vivos? Antes à Lei e ao Testamento é que se deve recorrer. Porem, se
ele não falarem na conformidade desta palavra, não raiará par eles a luz
da manhã”.
Finalidade dos Centros Espíritas
Não se iludam os católicos com relação à verdadeira e primária
finalidade dos centros espiritas. As “Normas de Estatutos para
Sociedades Espíritas”, publicadas neste ano de 1953 pela Federação
Espírita, põe como primeira finalidade de cada Centro a ela associado o
seguinte: “O estudo do Espiritismo e a propaganda ilimitada de seus
ensinamentos doutrinários, por todos os meios que oferece a palavra
escrita, falada e exemplificada” (p. 18), sendo dever de cada sócio “estudar e aprender a Doutrina espírita” e a “frequentar as sessões de estudo da Doutrina” (p. 21 e 22).
E se olharmos para os estatutos dos Centros, Tendas, Congregações,
Casas e Irmandades Espíritas, assim como foram publicados no Diário
Oficial, veremos, efetivamente, que todos eles declaram ter como fim
principal: “difundir a Doutrina Espírita”, “pregar e auxiliar o
desenvolvimento da Doutrina Espírita”, “propagar por todas as formas e
meios possíveis a Doutrina Espírita”, “proporcionar aos membros e
frequentadores o conhecimento geral da Doutrina Espírita”, etc. Os
mesmos estatutos ainda esclarecem: difusão do Espiritismo “segundo os
ensinamentos de Allan Kardec”, propaganda “baseada nas obras da
codificação kardeciana”, ou “dentro das normas umbandistas”, etc. Ora
esta doutrina propagada assim pelos nossos Centros, nega radicalmente
todas as verdades que nós professamos “Creio em Deus Pai”. E uma
doutrina assim, tão distante dos ensinamentos de Cristo, radicalmente
pagã, os centros espíritas querem propagar, como eles declaram nos
citados estatutos, “por todas as formas e meios possíveis”, “por todas
as maneiras que oferece a palavra escrita e falada”, “por todas as
maneiras que oferece a palavra escrita e falada”, “por todos os meios ao
seu alcance”, etc. Em vista disso, compreende-se perfeitamente a severa
proibição de frequentar tais centros, que são focos de heresias, erros,
blasfêmias e superstições
A traiçoeira e desleal propaganda espírita
No texto condenatório do Espiritismo, o Episcopado Brasileiro denuncia a
enganosa propaganda espírita que, embora negue o Cristianismo pela
base, “tem, no entanto, a cautela de fazer-se cristão, de modo a deixar a
católicos menos avisados a impressão erradíssima de ser possível
conciliar Catolicismo e Espiritismo”. Não é nenhuma novidade na história
do Cristianismo encontrar pessoas que se apresentam como cristãos para
melhor insinuar-se nos meios cristãos e assim destruir o Cristianismo.
Nosso Senhor o predisse quando admoestou: “Cuidado com os falsos
profetas que se vos apresentam em pele de ovelhas, mas por dentro são
lobos vorazes”(Mt 7,15). São Paulo fala de “satanás que se transforma em
anjo de luz... e seus servidores se transfiguram em servos da
justiça”(2Cor 11, 14-15). O estratagema do logo em pele de ovelha ou do
anjo das trevas transformado em anho da luz, eis aí o método de
propaganda dos espíritas. Já Allan Kardec ditou esta norma de ação:
“Cumpre nos façamos compreensíveis. Se alguém tem uma convicção bem
firmada sobre uma doutrina, ainda que falsa, necessário é que muitas
vezes nos servimos de seus termos e aparentamos abundar nas suas ideias:
é para que não fique de súbito ofuscado e não deixe de se instruir
conosco.[2]
Sendo o Brasil um país tradicionalmente cristão, os espíritas, de
acordo com o citado princípio, se apresentam constantemente como
“cristãos”. Começam por dizer que o Espiritismo é apenas ciência e
filosofia, não cogitando de questões dogmáticas;[3]
que eles não combatem crença alguma (sic!); que o católico, para ser
espírita, não precisa deixar de ser católico; todas as religiões são
boas, contanto que se faça o bem e se pratique a caridade, etc. E por
isso vão dando nomes de Santos nossos aos centros e às tendas espíritas;[4]
nos próprios centros expõem imagens de Santos e de Cristo; nas sessões
chegam a rezar exatamente as nossas orações mais populares, inclusive o
Credo;[5]
falam muito de Cristo, exaltando sua personalidade e enaltecendo seus
ensinamentos sobre a caridade; citam até com muita piedade um ou outro
raro texto escolhido da Sagrada Escritura; aconselham aos novatos a
continuarem a praticar a religião católica. Ao mesmo tempo já vão
distribuindo os livros doutrinários do Espiritismo de Kardec ou de
Umbanda; vão dando instruções sobre a “verdadeira” face da Igreja
(sempre, naturalmente, “respeitando todas as crenças”!); vão
ridicularizando os domas, a começar pelo inferno (sempre, é claro, com o
máximo respeito pela opinião alheia), para assim, pouco a pouco, ir
instilando e injetando o veneno mortal da Doutrina Espírita. Porque a
verdadeira intenção deles lá está, no Diário Oficial: “Propagar por
todas as formas e meios possíveis a Doutrina Espírita”; “difusão do
Espiritismo segundo os ensinamentos de Allan Kardec”; “propaganda do
Espiritismo, especialmente dentro das normas umbandistas”, etc.
“... mas por dentro são lobos vorazes!”(Mt 7,16).
Bondoso, pouco instruído, por tradição devoto dos Santos, por
ignorância demasiado confiante em bentos e bentinhos, a que chegam a
atribuir poderes infalíveis e mágicos, confundindo os sacramentais da
Igreja com figas, amuletos, talismãs e outros preservativos; crédulo e
religioso; não habilitado a distinguir a verdade do erro, em parte
também religiosamente abandonado por falta absoluta de clero; muitas
vezes pobre e desamparado em suas doenças e misérias, enganado ademais
por declarações hipócritas, promessas falazes e fachadas mentirosas,
curioso, naturalmente propenso às manifestações maravilhosas, com imensa
saudade de seus mortos, disposto a dar tudo para ajudar os falecidos e
deles receber algum sinal, - o nosso povo, em escala sempre ascendente,
foi e está sendo vítima da traiçoeira propaganda espírita.
E foi assim que o Espiritismo acabou iludindo muita gente nossa. Surgiu
assim o tipo híbrido e monstruoso dos que na hora do recenseamento não
sabem se são católicos ou espíritas; dos que querem ser católicos de
manhã e espíritas à tarde; dos que num dos nossos maiores jornais do Rio
agradecem uma graça recebida por intermédio do Sagrado Coração de
Jesus, da Imaculada Conceição e de Allan Kardec; dos que confiam tanto
na água benta como na água fluídica de Yokaanam, etc.
Já, a essa altura, está o candidato espírita maduro para ouvir as
maiores diatribes contra a religião de seus antepassados.
Consumou-se a apostasia...
E deste modo, no segundo Congresso Panamericano, os espíritas do Brasil
fizeram a seguinte solene declaração: “Os espíritas do Brasil, reunidos
no II Congresso Espírita Panamericano, com as expressões de maior
respeito à liberdade de pensamento e de consciência, afirma que, no
Brasil, a Doutrina Espírita, sem prejuízo de seus aspectos científico e
filosófico, é fundamentada no Evangelho do Cristo, certo de ser ela o Consolador Prometido de
que nos falas aqueles mesmos Evangelhos. Por isso é que nós outros, que
vivemos no Brasil, ligados à Doutrina Espírita, consideramo-la a Religião”.
Veremos na segunda parte se esta “religião” ainda pode ser considerada cristã, fiel aos ensinamentos de cristo Nosso Senhor.
I. As Heresias do Espiritismo Brasileiro
Comprovaremos nesta segunda parte a grave denúncia dos Bispos do Brasil em que declaram que “o Espiritismo não nega apenas uma ou outra verdade de nossa Santa Religião, mas todas elas”. Apresentaremos quarenta aberrações dogmáticas na Doutrina Espírita, todas elas negativas, que julgamos serem as principais. Poderíamos desdobrá-las, pois que várias delas supõem e incluem outras muitas heresias. Assim, a negação da Trindade de Pessoas em Deus deita por terra todos os dogmas trinitários; a negação da divindade de Cristo compromete todas as teses cristológicas; a negação do pecado original incompatibiliza-se com toda a antropologia e soteriologia cristã; a negação da graça divina destrói pela base toda a vasta doutrina sobre a justificação, etc. Preferimos, porém ater-nos aos pontos fundamentais que, assim mesmo, já são abundantes. Damos a nossa inteira garantia de que as heresias imputadas aqui ao Espiritismo se encontram de fato a Doutrina Espírita assim como ela é propagada entre nós, no Brasil. Aliás, documentaremos tudo com textos explícitos, tirados exclusivamente dos melhores doutrinadores espíritas, reconhecidos como tais pelo Espiritismo Brasileiro. Nós havemos, pois, de recorrer a espíritas ingleses ou norte-americanos ou mesmo italianos ainda não importados e propagados pelos espíritas nacionais.
1) O Espiritismo nega o mistério.
Proclama Allan Kardec, supremos mestre da Doutrina Espírita: “Não podem existir mistérios absolutos e Jesus está com razão quando diz que nada há secreto que não venha a ser conhecido”. [1] Na edição brasileira de 1897 deste mesmo Evangelho segundo o Espiritismo, p. VI, grifa o mestre espírita: “Queremos livres pensadores!” e depois, na p. X, declara: “Para fundar a doutrina que deve servir de apoio aos espíritos e hoje, não é necessário, não é preciso milagres, é preciso, ao contrário, que a ciência com seu escapelo possa sondar todos os dogmas, todas as máximas, todas as manifestações; é preciso que a razão possa tudo analisar, tudo elucidar, antes de nada aceitar”. Diz por isso o mesmo mestre em suas Obras Póstumas (10a ed. p. 201): “Proscrevendo a fé cega, (o Espiritismo) quer ser compreendido. Para ele, absolutamente não ha mistérios, mas uma fé racional, que se baseia em fatos e que deseja a luz”. É este o motivo por que Kardec não se cansa em repetir que a razão deve poder examinar tudo e rejeitar o que não compreende: “ O primeiro exame comprovativo (das revelações) é, pois, sem contradita, o da razão, ao qual cumpre se submeta, sem exceção, tudo o que venha dos Espíritos”.[2] “Não admitais, portanto, senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o que a razão e o bom-senso reprovarem.[3]
2) O Espiritismo nega o milagre.
Allan
Kardec concede a possibilidade absoluta do milagre, mas estabelece logo
mais: “Não sendo necessários os milagres para a glorificação de Deus,
nada no Universo se produz fora do âmbito das leis gerais. Deus não faz
milagres, porque, sendo, como são, perfeitas as suas leis, não lhe é
necessário derroga-las. Se há fatos que não compreendemos, é que ainda
nos faltam os conhecimentos necessários”.[4]
Mas Leão Denis, outro chefe espírita importado, contesta até a
possibilidade do milagre: “O que se denomina milagres são fenômenos
produzidos pela ação de forças desconhecidas, que a ciência descobre
cedo ou tarde. Não pode existir milagre no sentido de postergação das
leis naturais”;[5]
“a experiência e a razão tem demonstrado que o milagre é impossível. As
leis da natureza que são leis divinas, não podem ser violadas porque
são elas que regulam e mantém a harmonia do Universo. Deus não pode a si
mesmo desmentir-se”. [6]
3) O Espiritismo nega a inspiração divina da Sagrada Escritura.
No
fascículo de Janeiro de 1953, p. 23, do órgão oficial da Federação
Espírita Brasileira, Reformador, encontramos a posição bem definida dos
espíritas perante a Bíblia: “Do Velho Testamento já nos é recomendado somente o Decálogo e do Novo Testamento apenas a moral de Jesus:
Já consideramos de valor secundário, ou revogado e sem valor algum,
mais de 90% do texto da Bíblia. Só vemos na Bíblia toda um livro
respeitável pelo seu valor cultural, pela força que teve na formação
cultural dos povos do Ocidente”. Carlos Imbassahy[7]
define a Bíblia como “traço do estado selvagem de uma época, reflexo de
impulsos e instintos, onde se identificam incisos bárbaros, ferozes,
cruéis... “[8]
Vem de Allan Kardec dizer que o Decálogo é uma lei divina e o mestre
acrescenta: “Todas as outras leis que Moisés decretou, obrigado que se
via, a conter, pelo temor, um povo de seu natural turbulento e
indisciplinado, no qual tinha ele de combater arraigados abusos e
preconceitos, adquiridos durante a escravidão do Egito. Para imprimir
autoridade às suas leis, houve de lhes atribuir origem divina, conforme o
fizeram todos os legisladores dos povos primitivo.”[9]
Falando dos escritos apostólicos do Novo Testamento, escreve o mesmo
mestre espírita: “Todos os escritos posteriores (aos Evangelhos), sem
exclusão dos de S. Paulo, são apenas, e não podem deixar de ser, simples
comentários ou apreciações, reflexos de opiniões pessoais, muitas vezes
contraditórios que, em caso algum, podem ter a autoridade da narrativa
dos que receberam diretamente do Mestre as instruções.[10]
E Leão Denis doutrina: “Se os Evangelhos são aceitáveis em muitos
pontos, é, todavia, necessário submeter o seu conjunto à inspeção do
raciocínio. Todas as palavras, todos os fatos que neles estão
consignados não poderiam ser atribuídos ao Cristo”.[11]
Daí a conclusão de Carlos Imbassahy: “Nem a Bíblia prova coisa nenhuma,
nem termos a Bíblia como probante. O Espiritismo não é um ramo do
Cristianismo como as demais seitas cristãs. Não assenta os seus
princípios nas Escrituras. Não rodopia junto a Bíblia... A nossa base é o
ensino dos Espíritos, daí o nome – Espiritismo”;[12]
rematando, na p. 232: “A Bíblia não pode ser razão de peso contra o
ensino dos Espíritos”. E aí está o “cristianismo”, dos espíritas...
4) O Espiritismo nega a autoridade do Magistério Eclesiástico
“É
chegada a hora em que a Igreja tem de prestar contas do depósito que
lhe foi confiado, da maneira por que pratica os ensinos do Cristo, do
uso que fez da sua autoridade, enfim, do estado de incredulidade a que
levou os espíritos... Deus a julgou e reconheceu inapta, daqui por
diante, para a missão de progresso que incube a toda autoridade
espiritual”.[13]
O magistério passou para o Espiritismo: “O Espiritismo é a chave com
que podemos penetrar no espírito, isto é, no pensamento da letra
evangélica... O Evangelho deve ser interpretado à luz do Espiritismo,
porque sem o auxílio do Espiritismo jamais poderíamos aceitar
conscientemente certas passagens evangélicas... Temos observado que
atualmente se procura inverter a posição dos assuntos: o Espiritismo é
que está sendo interpretado pelo Evangelho, quando na realidade o
Evangelho é que deve ser interpretado pelo Espiritismo... Não é o
Evangelho que explica o Espiritismo, mas o Espiritismo é que explica o
Evangelho”. [14]
Já Allan Kardec postulara o mesmo: “Muitos pontos os Evangelhos, da
Bíblia e dos autores sacros em geral são ininteligíveis, parecendo
alguns até disparatados por falta de chave que faculte se lhe aprenda o
verdadeiro sentido. Esta chave está completa no Espiritismo”. [15]
Em outro lugar pergunta: “Quem tem a liberdade de interpretar as
Escrituras Sagradas? Quem tem esse direito? Quem possui as necessárias
luzes?... Neste século de emancipação intelectual e de liberdade de
consciência, o direito de exame pertence a todos e as Escrituras não são
mais a arca santa na qual ninguém se atreveria a tocar com a ponto do
dedo, sem correr o risco de ser fulminado”(p.26). Por isso o Espiritismo
“proclama o direito absoluto à liberdade de consciência e do livre
exame em matéria de fé”.[16]
5) O Espiritismo nega a infabilidade do Papa.
Segue-se
da negação precedente. Mas convém acentuar este ponto particularmente.
Escreve Kardec: “O Papa, príncipe temporal, espalha o erro pelo mundo,
em vez do Espírito de Verdade, de que ele se constituiu emblema
artificial”. [17]
E falando do Papa e do Sacro Colégio: “Todos esses homens são
obstinados, ignorantes, habituados a todos os gozos profanos; necessitam
do dinheiro para satisfazê-lo” (p. 267). A história dos Papas resume-se
nisso: “Se no catálogo dos Papas criados desde a fundação da Igreja até
ao nosso tempo, quiséssemos fazer duas secções, acharíamos na primeira
mendigos e desocupados que só trilharam a estrada do vício para
desfrutarem os deleites do mundo; e veríamos na segunda subir a cadeira
pontifícia um bando de intrigantes, que, vivendo carregados de crimes,
todos desceram ao sepulcro cobertos da execração pública”. [18]
6) O Espiritismo nega a instituição divina da Igreja.
É
o que transparece de todos os livros espíritas quando falam da Igreja.
Particularmente veementes são as expressões dos espíritas “científicos”
do Redentor, que apresentam a Igreja como “a mais tirana” de todas as
religiões, “a mais negocista, a mais materialona, a mais imoral”,
“religião de mentiras e comédias bufas”, “seita negocista,
ultraperversa, baseada num Deus material, à sua imagem diabólica”, “uma
associação, quando muito, de idolatria, imitadores do paganismo grego e
nada ais”, “o maior foco de todas as mentiras, de todas as vergonhas, de
todas as misérias morais que se conhecem”, “a mais pulha, a mais
labradez, a mais assassina de quantas (seitas) se conhecem”, etc[19].
Segundo o modo de ver espírita, pois, a Igreja faliu totalmente e o
Espiritismo vem substituí-la: “O Espiritismo é chamado a desempenhar
imenso papel na Terra. Ele reformará a legislação ainda tão
frequentemente contrária às leis divinas; retificará os erros da
história; restaurará a religião do Cristo, que se tornou nas mãos dos
padres objeto de comércio e de tráfico vil; instituirá a verdadeira
religião, a religião natural a que parte do coração e vai diretamente a
Deus, sem se deter na franjas de uma sotaina, ou nos degraus de um
altar”.[20]
E a respeito dos padres, respingamos nos livros espiritas – dos mesmos
que não se cansam em repetir que “respeitam todas as crenças”- alguns
mui carinhosos qualificativos: “Grandes bandidos”, “maldita casta”,
“urubus de batina”, “figuras quixotescas e perversas”, “velhacos,
chupins, urubuzada, masmorras de batina”, “tonsurados de má-sorte”, “os
mais perigosos homens”, ‘récua de cavadores, corja de vadios”,
“indivíduos sem escrúpulos, malandros”, etc.
7) O Espiritismo nega a suficiência da revelação cristã.
São
unânimes os espíritas em proclamar que a promessa do Espírito da
Verdade (Jo 16, 13) não se cumpriu no dia de Pentecostes, mas no
Espiritismo de agora. O “espírito” que se comunicou com Allan Kardec era
o próprio “espírito da verdade” em pessoa![21] É por isso a “Terceira Revelação”, expressão corrente entre os espíritas para designar o Espiritismo. Vem de Allan Kardec.[22]
A primeira Revelação seria a de Moisés (Antigo Testamento), a Segunda
teria sido efetuada pro Jesus (Novo Testamento) corrigindo e completando
a Primeira, e o Espiritismo seria a Terceira Revelação complementando
por sua vez a segunda.
8) O Espiritismo nega o augusto mistério da SS. Trindade.
“Há mais do que uma pessoa em Deus? Resposta: Não, a razão nos diz que Deus é um ser único, indivisível; que o Pai Celeste é um só para todos os filhos do Universo”.[23]
A noção católica de Deus seria “o resultado das paixões e dos
interesses materiais que entraram em jogo no mundo cristão, depois da
morte de Jesus. A noção da Trindade, colhida numa lenda hindu, que era a
expressão de um símbolo, veio obscurecer e desnaturar essa alta ideia
de Deus (trazida por Cristo)... Essa concepção trinitária, tão
incompreensível, oferecia, entretanto, grandes vantagens às pretensões
da Igreja. Permitia-lhe fazer de Jesus Cristo um Deus. Conferia ao
poderoso Espírito Santo, a que chama seu fundador, um prestígio, uma
autoridade cujo esplendor sobre ela recaía e assegurava o seu poder.
Nisso está o segredo de sua adoção pelo concílio de Nicéia”.[24]
Numa carta particular, nos escreve um popular espírita do Norte do país
o seguinte: “Não admitimos o mistério da SS. Trindade, por acha-la
absurdo e inexplicável. Deus é Deus e Jesus jamais afirmou ser Deus,
quando de sua peregrinação aqui na terra”. Numa polêmica com um espírita
de Petrópolis, tivemos o desgosto de ter frases como estas: “Este dogma
monstruoso (da SSma. Trindade), negação da razão humana, não passe de
uma construção almejada, de um andaime arbitrário e fictício de deduções
fantásticas, livremente tiradas da aproximação de passagens isoladas,
emprestadas de livros originariamente independentes um do outro”; “no
primitivo cristianismo nem Jesus, nem Pedro, nem João, nem Tiago e nem
Paulo jamais cogitaram desta trilogia... Paulo mesmo sempre foi
antitrinitário... Este tema foi arranjado pelo catolicismo, de acordo
com as crenças pagãs, já adotadas pelos povos de uma época inconcebível,
quiçá antediluviana:, etc. E para os espíritas “Cientistas Cristãos”,
nosso Deus seria “um boneco manipançudo, paganizado:, um Deus
“animalizado, escravocrata e vingativo”, um “Deus manipulação que tem
Mãe a quem denominam Maria, um Deus , portanto, católico apostólico
romano, feroz vingativo, estúpido, que atira os seus filhos para as
caldeias do inferno”, um “Deus assinado, cevado e assim materializado”,
“Deus-Bexerro”; Deus-Chacal, Deus Vingativo, Deus que manda as suas
partículas para as profundezas do inferno”. E isso é Espiritismo
Racional, Científico, Cristão...”
9) Grande parte dos espíritas nega a existência dum Deus pessoal e distinto do mundo.
Allan Kardec pessoalmente não quer ser panteísta.[25]
Mas a grande maioria, mesmo entre os Kardecistas, resvalou para um
evidente panteísmo. Leão Denis: “Deus é infinito e não pode ser
individualizado, isto é, separado do mundo, nem subsistir à parte”;[26]
“o Ser supremo não existe fora do mundo, porque este é a sua parte
integrante e essencial”(ib. P. 124); “Deus é a grande alma universal, de
que toda alma humana é uma centelha, uma irradiação. Cada um de nós
possui, em estado latente, forças emanadas do Divino Foco”.[27]
“Deus é como uma folha de papel, rasgadinha em milhões, bilhões e não
sei quantas mais divisões. Lançados esses pedacinhos de papel no
Universo, cada pedacinho de papel representa um homem e um ser
existente, todos reunidos formando o todo, é Deus.”[28] As outras correntes espíritas brasileiras, não-kardecista, são todas elas panteístas.[29]
10) O Espiritismo nega a liberdade de Deus.
No Livro dos Espíritos
ensinam os “espíritos superiores” que Deus devia criar necessariamente
sob pena de ser um Deus inativo e ocioso (p. 56). E não só teve que
criar desde toda a eternidade: “Sendo eterno, Deus há de ter sempre
criado ininterruptamente”(p. 78). “Existindo, por sua natureza, desde
toda a eternidade – doutrina A. Kardec em A Gênese, p. 107 – Deus criou desde toda a eternidade e não poderia ser de outro nodo”.
11) O Espiritismo nega a criação do nada.
Embora
empreguem a palavra “criação”, usam-na para exprimir o efeito das
“irradiações do Foco Divino”: “Não há, portanto, criação espontânea,
miraculosa, a criação é contínua, sem começo nem fim. O Universo sempre
existiu; possui em si o seu princípio de força, de movimento. Traz
consigo seu fito. O Universo renova-se incessantemente em suas partes;
no conjunto é eterno. Tudo se transforma, tudo evolui pelo jogo contínuo
da vida e da morte, mas nada perece”.[30] Allan Kardec ridiculariza a ideia da criação do nada como sendo uma “criação miraculosa”[31] e se decidiu para o mais crasso evolucionismo.[32]
12) O Espiritismo nega a criação da alma humana.
Que,
segundo o Espiritismo, a alma não seja criada no momento de sua união
com o corpo, é evidente em vista da teoria reencarnacionista. Mas nem
mesmo muito tempo antes a alma é criada: “O Espírito (a alma) não chega a
receber a iluminação divina, que lhe dá, simultaneamente com o livre
arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver
passado pela séria divinamente fatal dos seres inferiores, entre os
quais se elabora lentamente a obra da sua individualização”[33] A espécie humana provem material e espiritualmente
de pedra bruta, das plantas, dos peixes, dos quadrúpedes, do nono. E,
de homem, ascenderá a espírito, a anjo, indo povoar mundos superiores”.[34]
13) O Espiritismo nega a criação do corpo humano
É
uma consequência lógica do evolucionismo absoluto e monofilético
abraçado pelos espíritas (nn. 11, 12). Sustentam que o nosso corpo veio
do macaco: “Como na natureza não há transições bruscas, é provável que
os primeiros homens aparecidos na Terra pouco diferissem do macaco pela
forma exterior e não muito também pela inteligência”.[35]
E por isso Allan Kardec julga muito provável que “em vez de se fazer
para o Espírito um invólucro (corpo) especial, ele teria achado um já
pronto. Vestiu-se então da pele do macaco sem deixar de ser Espírito
humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem
deixar de ser homem”(ib. P. 200).
14) O Espiritismo nega a união substancial entre o corpo e a alma.
“A
alma é independente do corpo, não passando este de temporário
invólucro: a espiritualidade é-lhe essência, e a sua vida normal é a
vida espiritual. O corpo é apenas instrumento da alma para exercício das
suas faculdades nas relações com o mundo material; separadas desse
corpo, goza dessas faculdades mais livres e altamente. A união da alma
com o corpo, em ser necessária aos primeiros progressos, só se opera no
período que podemos classificar como da sua infância e adolescência;
atingido, porém, que seja, um certo grau de perfeição e
desmaterialização, essa união é prescindível, o progresso faz-se na vida
de Espírito.[36]
“Não, essa união (entre corpo e alma) mais não é na realidade do que um
incidente, um estádio da alma, nunca o seu estado essencial”(ib. P.
105).
15) O Espiritismo nega a espiritualidade da alma.
Por
mais paradoxal que possa parecer esta afirmação, é, entretanto, um fato
que Allan Kardec chegou a negar nitidamente a espiritualidade da alma
ou dos espíritos, para ensinar que, no fundo, tudo é material. Ele faz
depender a alma intrinsecamente do “períspirito”,[37] que “é matéria”,[38] “verdadeira matéria”[39], a “quintessência da matéria”.[40] Falando da natureza mesma do Espírito, declara que “é a matéria quintessenciada”[41]
O supremo mestre da Doutrina Espírita chega mesmo a propor que, para
evitar futuros desentendimento, se adote a seguinte divisão do reino
criado: “matéria inerte”, que seria o que nós chamamos simplesmente
matéria, e “matéria inteligente”, que seriam os espíritos.[42]
16) O Espiritismo nega a unidade do gênero humano.
“Aquele a quem chamais Adão não foi o primeiro, nem o único a povoar a Terra”.[43] Adão foi “um mito ou uma alegoria que personifica as primeiras idades do mundo”(ib. P. 65)
17) O Espiritismo nega a existência de anjos.
Além
das almas humanas, não há outros seres espirituais: “Os anjos são as
almas dos homens chegados ao grau de perfeição que a criatura comporta,
fruindo em sua plenitude a prometida felicidade”.[44] “Os anjos são as almas que galgaram o último grau da escala, grau que todos podem adquirir”.[45]
18) O Espiritismo nega a existência de demônios.
“O
Espiritismo não admite os demônios... no sentido vulgar da palavra,
porém, sim, os maus espíritos... são seres atrasados, ainda imperfeitos,
mas aos quais Deus reservará o futuro”.[46]
“Os demônios são simplesmente as almas dos maus, ainda não purificadas,
mas que podem, como as outras, ascender ao mais alto cume da
perfeição”.[47]
19) O Espiritismo nega a divindade de Jesus Cristo.
O principal compilador da Doutrina Espírita escreveu um tratado inteiro para provar que Cristo não é Deus.[48]
Também os outros chefes espíritas importados, como Leão Denis, João B.
Roustaing e outros, contestam todos eles a divindade de Cristo.
Igualmente nos diversos jornais, revistas e livros espíritas do Brasil,
sempre que falam desta questão, encontramos a mesma negação. Um simples
espírita do povo nos escreveu do Sul do país uma carta em que dizia:
“Agora vamos esclarecer vossa opinião sobre Cristo: Dizeis que Ele é
Deus, eu digo e todos os espíritas o dizem: Cristo não é Deus e, sim, um filho de Deus como todos nós o somos”.
20) O Espiritismo nega os milagres de Cristo.
Contestando
a possibilidade geral do milagre (n. 2), os mestres espíritas são
consequentes negando também os milagres narrados nos Evangelhos: São
apenas “efeitos do magnetismo, do sonambulismo, da anestesia, da
transmissão do pensamento”, etc., pois “nada há de anormal em que Jesus
possuísse faculdades idênticas às dos nossos magnetizadores, curadores,
sonâmbulos, videntes, médiuns”, etc.[49] Jesus era “um médium incomparável”[50], era o “médium de Deus”.[51] Com tais premissas explica Allan Kardec todos os milagres de Jesus.[52] E quando não dá, como no caso das ressurreições, ele nega o fato[53], como também nega a ressurreição do próprio Cristo.[54]
21) Grande parte dos espíritas nega a humanidade de Cristo.
Repetindo
a antiquíssima heresia dos docetas, sustentam que Cristo não tinha
verdadeiro corpo carnal, mas apenas um corpo aparentemente ou fluídico.
Esta teoria é sustentada oficialmente pela Federação Espírita
Brasileira, cujo Diretor compendiou toda esta doutrina no título que deu
ao livro: “Jesus nem Deus nem Homem”.[55] Mas há, entre os kardecistas, muitos que não concordam com esta doutrina. O próprio Allan Kardec a combateu.
22) O Espiritismo nega os privilégios de Maria Santíssima
Não
aceitando a divindade de Cristo (n.19), não podem logicamente admitir a
Maternidade Divina de Nossa Senhora. Sustentando até muitos espíritas
que Cristo nem era verdadeiro homem (n. 21), mas que tinha apenas um
corpo aparente, negam de todo que Maria era a Mãe de Cristo. Opondo-se ã
doutrina do pecado original (n. 24), o dogma da Imaculada Conceição
fica sem sentido. Ridicularizando a fé cristã na ressurreição final (n.
39), também o novo dogma da Assunção é inútil e incompreensível. E assim
desmorona nas mãos dos espíritas toda a Mariologia Cristã. De resto, em
vista da grande vocação que nosso povo tem à Mãe de Jesus, os espíritas
são muito reservados neste ponto.
23) O Espiritismo nega a nossa redenção por Cristo
“A
salvação não se obtém por graça nem pelo sangue derramado por Jesus no
madeiro”, mas “a salvação é ponto do esforço individual que cada um
emprega, na medida de suas forças”. [56]
“Jesus não podia, nem quis assumir todas as responsabilidades
individuais, contraídas ou por contrair, emanadas dos pecados dos homens
e muito menos podia, pelo sacrifício da sua via, remir a Humanidade da
pena do desterro a que fora condenada... A redenção da Humanidade não se
firma, pois nos méritos e sacrifícios de Jesus e, sim, nas boas obras
dos homens... Que cegueira! Quanta aberração! Supor e afirmar que os
sofrimentos e a morte do Justo foram ordenados do Alto, em expiação dos
pecados de todos, é a mais orgulhosa das blasfêmias contra a justiça do
Eterno”.[57]
Leão Denis: “Não, a missão do Cristo não era resgatar com o sangue os
crimes da Humanidade.: O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de
resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo; resgatar-se da
ignorância e do mal. Nada de exterior a nós poderia fazê-lo. É o que os
Espíritos, aos milhares, afirmam, em todos os pontos do mundo”.[58]
24) O Espiritismo nega o pecado original
Leão
Denis: “Apresentado em seu aspecto dogmático, o pecado original, que
pune toda a posteridade de Adão, isto é, a Humanidade inteira, pela
desobediência, do primeiro par, para depois salvá-la por meio de uma
iniquidade ainda maior – a imolação de um justo – é um ultraje à razão e
à moral... Do seu passado criminoso (nas encarnações anteriores) perdeu
o homem a recordação pessoal, mas conservou um vago sentimento: Daí
proveio essa concepção do pecado original, que se encontra em muitas
religiões, e da expiação que ele requer. Dessa concepção errônea derivam
as da queda, do resgate e da redenção pelo sangue de Cristo, os
mistérios da encarnação, da virgem-mãe, da imaculada conceição, numa
palavra, todo o amontado do Catolicismo. Todos esses dogmas constituem
verdadeira negação da razão e da justiça divinas... Não é admissível
houvesse Deus criado o homem e a mulher com a condição de não se
instruírem. Menos admissível, ainda, é que ele tenha, por uma única
desobediência, condenado a sua posteridade e a humanidade inteira à
morte e ao inferno... Se considerarmos o dogma do pecado original e da
queda qual o é, realmente, isto é, como um mito, uma lenda oriental,
exatamente como se depara em todas as cosmogonias antigas; se
destruirmos com uma sopro tais quimeras, todo o edifício dos dogma e
mistérios imediatamente se desmorona.[59]
25) O Espiritismo nega a graça divina.
Para ele não há “nem favores, nem privilégios que não sejam o prêmio ao mérito; tudo é medido na balança da estrita justiça”.[60] Deus não pode conceder favores ou privilégios imerecidos: “Qualquer privilégio seria uma preferencia, uma injustiça”.[61] “Todos são filhos de suas próprias obras”.[62] A criatura “atinge a felicidade pelo próprio mérito”.[63]
“As almas atingem grau supremo senão pelos esforços que façam por se
melhorarem e depois de uma série de provas adequadas à sua purificação”,
pelas reencarnações.[64]
“O Grande Foco (Deus) não perdoa nem castiga, não é escravocrata e deu
às sua partículas (alma) todos os elementos para que, por si próprios e
sob sua inteira responsabilidade, possam lutar na vida e purificar-se.[65]
26) O Espiritismo nega a possibilidade do perdão dos pecados.
Segundo
os espíritas Deus não pode perdoar pecados sem que preceda expiação e
reparação feita pelo próprio pecador. Eles não concebem a nossa
possibilidade de uma satisfação vicária. Por isso negam a nossa redenção
por Cristo (n. 23). Cada qual deve expiar as suas próprias culpas em
reiteradas vidas. “Toda falta cometida, todo o mal realizado é uma
dívida contraída que deverá ser paga; se o não for em uma existência,
se-lo-á na seguinte ou seguintes”.[66] O arrependimento só não basta: “O arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado”.[67]
27) O Espiritismo nega o valor da vida contemplativa e ascética.
Em
vista da doutrina do número precedente, estranha esta nova negação.
Alla Kardec pergunta aos “espíritos superiores”: “Têm, perante Deus,
algum mérito os que se consagram à vida contemplativa, uma vez que
nenhum mal fazem e só em Deus pensam?” Resposta dos “espíritos”: “Não,
porquanto, se é certo que não fazem o mal, também o é que não fazem o
bem e são inúteis. Demais, não fazer o bem já é um mal. Deus quer que o
homem pense nele, mas não quer que só nele pense, pois que lhe impôs
deveres a cumprir na terra. Quem passa todo o tempo na medição e na
contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque vive uma
vida pessoal e inútil à humanidade e Deus lhe pedirá contas do bem que
não houver feito”.[68]
Dos que se resolveram para o celibato voluntário, diz que “assim vivem
por egoísmo e desagradam a Deus e enganam o mundo”(p.324) e “os
sofrimentos voluntários de nada servem, quando não concorrem para o bem
de outrem”(p. 333). Na p. 347 pergunta: “Que se deve pensar dos que
vivem em absoluta reclusão, fugindo ao pernicioso contato do mundo?”
Resposta: “Duplo egoísmo” e declara logo mais que nem mesmo seria
meritório esse retraimento “se tiver por fim uma expiação, impondo-se
aquele que o busca uma provação penosa”.
28) O Espiritismo nega toda a doutrina cristã do sobrenatural.
Não
havendo pecado original (n. 24), sendo absurda a ideia da nossa
redenção por Cristo (n.24), não podendo Deus conferir privilégios,
favores ou graças (n.25), nem conceder o perdão dos pecados sem rigorosa
expiação própria (n.26), torna-se inteiramente impossível todo o
maravilhoso ensinamento da Igreja a respeito da vida sobrenatural. “Para
nós (espíritas) não há coisa alguma sobrenatural”.[69]
“Pretender-se que o sobrenatural é o fundamento de toda religião, que é
o fecho de abóbada do edifício cristão, é sustentar perigosa tese... O
de que necessitam as religiões não é do sobrenatural, mas do princípio
espiritual”.[70]
“O Espiritismo derroca o império do maravilhoso e do sobrenatural e,
conseguintemente, a fonte da maior parte das superstições” (ib. p. 32).
“O milagre e o sobrenatural são produtos da ignorância humana”.[71]
29) O Espiritismo nega o valor dos Sacramentos.
Claro
está que, se não há graça (n.25), nem vida sobrenatural (n.28), nem
merecimentos de cristo em nosso favor (n.23), os Sacramentos, como
“canais de graças”, são perfeitamente supérfluos. Sustenta, aliás, Leão
Denis que a Igreja tomou à Índia “seus sacramentos e símbolos”.[72]
Para ele os Sacramentos são apenas “instituições respeitáveis,
consideradas como figuras simbólicas, como meios de adestramento moral e
disciplina religiosa”.[73] Proclamando a nulidade dos Sacramentos, quer Allan Kardec que o Espiritismo não tenha nem “culto, nem rito, nem templos”.[74]
E o Conselho Federativo Nacional dos espíritas, em sua reunião de 5 de
Julho de 1952, declarou, “por unanimidade, que o Espiritismo é Religião
sem ritos, sem liturgia e sem sacramentos”.[75]
30) O Espiritismo nega a eficácia do Batismo.
É
consequência de negação geral dos Sacramentos. “A água – diz Leão
Denis, mostrando uma profunda ignorância a respeito do conceito
verdadeiro de sacramento – é impotente para limpar de suas máculas as
almas”.[76] Mas os espíritas recomendam o Batismo e a Confirmação, porque veem neles um “ato de transmissão dos fluídicos”(ib. p. 105).
31) O Espiritismo nega a presença de Cristo na Eucaristia.
“Donde
provém este mistério afirmado pela Igreja?” pergunta L. Denis; e
responde: “De palavras de Jesus, tomadas ao pé da letra, e que tinham
caráter puramente simbólico. Esse caráter, aos demais, é claramente
indicado na frase por ele acrescentada: “Fazei isto em memória de mim”.
Com isso agasta o cristo qualquer ideia de presença real. Não pretendeu,
evidentemente, falar senão do seu corpo espiritual, personificando o
homem regenerado pelo espírito de amor e caridade”.[77] “A transubstanciação feita em altares, com sacerdotes e sacrifícios, é idolatria condenável, e, ipso facto, anticristã”.[78]
Por isso zombam os espíritas do Sacrifício Eucarístico, como se fosse
“pantomima”(ib. p. 102); “comédia de Missa, palhaçada do Catolicismo[79], “latinório incompreensível adoração de manipansos”(ib. p. 9).
32) O Espiritismo nega o valor da confissão.
“Se
consultarmos todos os textos em que se funda a instituição da
confissão, neles só encontramos uma coisa: é que o homem deve reconhecer
as ofensas cometidas contra o próximo; é que ele de confessar diante de
Deus as suas faltas. Desses textos antes resulta esta consideração: a
consciência individual é sagrada; só depende de Deus diretamente. Nada
aí autoriza a pretensão do padre, de se erigir em julgador”.[80]
“A confissão auricular nunca foi praticada nos primeiros tempos do
Cristianismo; não foi instituída por Jesus, mas pelos homens”(ib. p.
106). Ademais, Deus não perdoa mesmo, porque não pode (cf. n. 26).
33) O Espiritismo nega a indissolubilidade do matrimônio.
A indissolubilidade absoluta, declaram os “espíritos superiores”, “é uma lei humana muito contrária à da Natureza”.[81]
“O divórcio é a lei humana que tem por objetivo separar legalmente o
que já, de fato, está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois que
apenas reforma o que os homens hão feito e só é aplicável nos casos em
que não se levou em conta a lei divina... Nem mesmo Jesus consagrou a
indissolubilidade absoluta do casamento”(ib. p. 281). Daí o grito
espírita: “Somos positivamente divorcistas”.[82]
34) O Espiritismo nega a unicidade da vida terrestre.
“A
pluralidade das existências, cujo princípio o Cristo estabeleceu no
Evangelho, sem todavia defini-lo como a muitos outros, é uma das mais
importantes leis reveladas pelo Espiritismo, pois que lhe demonstra a
realidade e a necessidade para o progresso”.[83]
“A ideia da pluralidade das existências se vulgariza com pasmosa
rapidez, em razão de sua extrema lógica e conformidade com a justiça de
Deus. Quando ela for reconhecida como verdade natural e aceita por
todos, que fará a Igreja?[84]
Portanto à doutrina cristã opõem os espíritas a doutrina pagã da
reencarnação, mina rica de abundantes e perniciosas aberrações e
heresias. “Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir
continuamente, esta é a lei”.[85]
35) O Espiritismo nega o juízo particular depois da morte.
“A
fixação irrevogável, depois da morte, seria a negação absoluta da
justiça e da bondade de Deus, porque há muitos que não puderam
esclarecer-se suficientemente na existência terrena, sem falar dos
idiotas, imbecis selvagens e de elevado numero de crianças que morrem
sem ter entrevisto a vida”.[86]
Aliás, a ilusão reencarnacionista em que vivem os nossos espíritas
brasileiros (os espíritas anglo-saxões não admitem a teoria da
reencarnação!), nem lhe permite aceitar a doutrina católica do juízo
particular.
36) O Espiritismo nega a existência do Purgatório
Os espíritas falam também dum purgatório; mas o tal purgatório seria esta terra, a vida atual[87] Allan Kardec escreveu um capítulo inteiro para refutar a doutrina católica sobre o purgatório[88],
dizendo que não está no Evangelho e que apareceu apenas em 593 e que
“as preces pagãs transformaram o purgatório em mina mais rendosa que o
inferno (ib. p. 61).
37) O Espiritismo nega a existência do Céu.
Apesar
de ensinar que os espíritos evoluídos e perfeitos são felizes, os
espíritas teimam em ridicularizar de todos os modos a doutrina católica
sobre o céu, como se se tratasse de uma “bem-aventurança estúpida e
monótona”[89], uma “inútil contemplação perpétua”[90], “ociosidade contemplativa, que seria, como temos dito muitas vezes, uma eterna e fastidiosa inutilidade”.[91]
“O estado de contemplação perpétua seria uma felicidade estúpida e
monótona; seria a ventura do egoísta, uma existência interminavelmente
inútil”.[92]
38) O Espiritismo nega o Inferno
Não
há ensinamento de Cristo mais furiosa, blasfema e frequentemente
combatido pelos espíritas do que o inferno. Em todos os livros e
diríamos quase em cada artigo espírita transparece a negação do inferno.
Allan Kardec dedicou a este tema quase um livro inteiro e declarou em
1865: “A crença na eternidade das penas perde terreno dia a dia, de modo
que, sem ser profeta, pode prever-se-lhe o próximo fim.[93]
E veja-se este texto de um espírita patrício a polemizar com um pastor
protestante: “Convença-se o nosso irmão pastor de que a Bíblia não se
refere ao sofrimento eterno do condenado. Se conseguissem convencer-nos
de que é isso o que a Bíblia afirma, nós a renegaríamos como falsa; e se
nos provassem que ela é autêntica, nós renegaríamos o próprio Deus,
porque não podemos adorar uma entidade cujos sentimentos de amor,
justiça e misericórdia sejam inferiores aos nossos. E se há um Deus
capaz de condenar uma de suas criaturas a sofrer eternos horrores por
uma falta momentânea, cometida contra quem for, então esse Deus está
muito abaixo das solas dos nossos sapatos. Nós nos julgaremos, por isso,
muito superior a um tal Deus!...”[94]
39) O Espiritismo nega a ressurreição da carne.
“Uma
vez que o estado espiritual é o estado definitivo do Espírito e o corpo
espiritual não morre, deve ser esse também o seu estado normal. O
estado corporal é transitório e passageiro”.[95]
“A Ciência demonstra a impossibilidade da ressurreição, segunda a ideia
vulgar... Racionalmente, pois, não se pode admitir a ressurreição da
carne, senão como uma figura simbólica do fenômeno da reencarnação”.[96]
40) O Espiritismo nega o juízo final.
“A
doutrina de um juízo final, único e universal, pondo fim para sempre à
Humanidade, repugna à razão, por implicar inatividade de Deus , durante a
eternidade que se seguirá à sua destruição”.[97]
“Moralmente um juízo definitivo e sem apelação não se concilia com a
bondade infinita do Criador”(ib. p. 376). “Não há, portanto, juízo final
propriamente dito”(ib. p. 377).
CONCLUSÃO
Negação total da Doutrina Cristã.
Como
conclusão tornamos a recordar a acertada denuncia do Episcopado
Brasileiro: “O Espiritismo não nega apenas uma ou outra verdade de nossa
Santa Religião, mas todas elas”. Foi o que acabamos de ver e
documentar. A doutrina espírita é a negação completa e total da Doutrina
Cristã; é a sistematização mais ou menos irracional das heresias do
passado. Os princípios fundamentais dos grandes hereges, desde os
primeiros séculos cristãos até aos nossos dias, formaram o fundamento e
os postulados da arrogante e blasfema “Terceira Revelação” dos
“espíritos superiores” de Allan Kardec e de seus seguidores franceses e
brasileiros. Pelo que vimos, adotam os espíritas os princípios do
Racionalismo (cf, ns. 1, 2, 3, 4), do Protestantismo Liberal (ns. 3, 4),
do Liberalismo Religioso (n. 3), do Luteranismo (ns 4, 5, 6), do
Quakerismo (n. 7), do Panteísmo (n. 9), do Monismo (ns. 10, 11), do
Emanatismo (ns. 9, 11), do Modalismo Trinitário (n. 8), do Evolucionismo
(ns. 11, 12, 13), do Poligenismo (n. 16), do Materialismo (n. 15), do
Origenismo (n. 14), do Saduceísmo (ns. 17, 39), do Arianismo (n. 19), do
Docetismo (n. 21), do Pelagianismo (ns. 24, 25, 28), do Nestorianismo
(n. 34), do Gnosticismo (ns. 35, 40)...
Na
verdade, não está aí o dedo de Deus. São frutos enfeixados da cizânia
do “inimicus homo”(Mt 13, 28). Não conhecemos, em toda a história, um
movimento similar que abrangesse, ao mesmo tempo e num só corpo
doutrinário e ainda sob piedosa capa de Cristianismo, tão ampla negação
da Doutrina Cristã. Nem podemos imaginar maior cinismo do que o dos
espíritas quando, não obstante, continuam a proclamar em toso os seus
livros e jornais, que “o Espiritismo e o Cristianismo ensinam a mesma
coisa”; que “os espíritas não se separam , por uma vírgula, do que
Cristo ensinou”; que “o Espiritismo é o mais puro e legítimo
Cristianismo”; etc.
Fé e Caridade
Para conservarem as aparências cristão e se acobertarem sob o manto cristão, os espíritas repetem as palavras de Jesus sobre a caridade
( que aliás, para eles se identifica com filantropia pagã) e proclamam o
princípio: “Fora da caridade não há salvação”. É sem dúvida certo: sem a
caridade cristã não há salvação e quem não tiver esta caridade não é
verdadeiro discípulo de Cristo. E a Igreja seguramente não condenou o
Espiritismo por causa deste princípio. A Igreja Católica tem sido sempre
e ainda hoje continua sendo o pregoeiro máximo da caridade cristã. É
preciso ter os olhos cegos pelo fanatismo para não vê-lo. Quem poderá
contar as instituições de caridade mantidas, dirigidas ou inspiradas
pela Igreja em todo mundo? Quem poderá contar o número de católicos que
se dedicam exclusiva e totalmente à caridade? Os maiores heróis da
caridade, mesmo aqueles apregoados pelos espíritas, eram Santos
catolicíssimos. O erro dos espíritas não consista na pregação da
caridade (nisso, pelo contrário, eles são dignos de aplauso e louvor), o
erro deles está em dizer que basta a caridade somente. Cristo
nunca ensinou isso. Pois Jesus, o Evangelista da caridade, foi também o
Evangelista da fé. Sua doutrina não é apenas moral. São Marcos nos
refere às últimas e solenes palavras de Cristo, dirigidas aos Apóstolos
pouco antes de se elevar aos céus: “Ide pelo mundo inteiro e pregai o
Evangelho a todas as criaturas. Quem crer e for batizado, será salvo;
mas quem não crer, será condenado!”(Mc 16, 15-16). Quem não crer será condenado!
São também palavras de Cristo. E em São Mateus damos com estas outras
palavras, não menos solenes e formais: “A mim me foi dada todo o poder
no céu e na terra. Ide pois e fazei discípulos meus todos os povos,
batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que eu vos tenho mandado. E eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos”(Mt 28, 18-20).
O exemplo dos Apóstolos.
Instruídos
por Cristo e fortalecidos pelo Espírito Santo, os Apóstolos saíram a
pregar. Advertidos por Cristo, eles sabiam que o inimigo tudo faria para
dispensar a grei que o Senhor queria una; alertados por Cristo, sabiam
que os logos viriam vestidos em pela de ovelha e que o anjo das trevas
se apresentaria lisonjeiro como anjo da luz; prevenidos por Cristo,
sabiam que o “inimicus homo” aproveitaria as sombras da noite e a
desprevenção dos homens que dormem para espargir o erro e a discórdia.
Pro isso conservaram-se vigilantes e enérgicos. E quando, p. ex., na
novel comunidade dos gálatas se infiltrou o erro dos judaizantes, São
Paulo não hesitou: “Ainda que nós ou um anjo do céu vos anunciasse um
evangelho diferente do que vos temos anunciado, seja anátema. Repito mais uma vez o que já disse: Se alguém pregar outra doutrina do que recebestes, seja anátema”
(Gal 1, 8; cf. 2Cor 11,4). E ao despedir-se da Ásia Menor em Mileto (At
20), o que mais pesava em sua alma era a previsão dos primeiros
vestígios do Gnosticismo, de um sincretismo de seitas judaístas, de
filosofias helenistas e de religiões de mistérios que rebaixava Cristo a
um dos espíritos (anjos) cujo culto propagavam e implora então os
presbíteros responsáveis: “Tende cuidado de vós e de todo o rebanho,
sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos para pastoreardes a
Igreja de Deus, que ele adquiriu com seu precioso sangue. Sei que depois
da minha partida virão a vós lobos cruéis que não pouparão o rebanho. E
dentre vós mesmo surgirão homens ensinando doutrinas perversas a fim de
atraírem discípulos após si. Vigiai, portanto, lembrando-vos de que por
três anos, noite e dia, não cansei de admoestar-vos com lágrimas, a
cada um de vós”(At 20, 28-31). Igual solicitude pela pureza da fé
encontramos nas epístolas aos efésios, aos colossenses, e sobretudo nas
pastorais e Timóteo e Tito. “Conjuro-te em face de Deus e de Jesus
Cristo: prega a sã doutrina, insiste nela a propósito e fora de
propósito, avisa, repreende, admoesta com toda a paciência e doutrina.
Porque virá tempo em que acharão insuportável a sã doutrina, e pelo
prurido de ouvir acrescentarão mestres sobre mestres a seu capricho e
talante, apartando os ouvidos da verdade e voltando-se para as
fábulas”(2Tim 4, 1-4). “Depois de admoestar uma ou duas vezes a um
herege, evita-o, na certeza de que esse tal é um perverso, que pelo seu
pecado se condena a si próprio” (Tit 3, 10-11). O mesmo modo inexorável
de tratar os hereges nos é recomendado por São Judas Tadeu e também pelo
“discípulo do amor, São João, que chega até a proibir qualquer relação
com o herege: “Não o recebais em casa, nem mesmo o cumprimenteis”(2Jo
10).
Foi
neste mesmo espírito de apostólico zelo que os nossos bispos
denunciaram a heresia do Espiritismo, para conservar no nosso povo não
apenas a caridade, que é necessária e deve incendiar a todos os corações
cristãos, mas também a fé, ensinando-nos a observar tudo que Cristo
mandou. Pois “quem não crer será condenado”(Mc 16, 16) e “sem fé é
impossível agradar a Deus”(Hb 11, 6).
Sejamos,
portanto, integralmente cristão. Sigamos a Cristo, Evangelista da
caridade; mas sigamos também a Cristo, Evangelista da fé. Caridade
ardente e fé inabalável: eis as duas asas com que nos alçaremos ao céu,
para “tomar posse do reino que nos está preparado desde o princípio do
mundo”(Mt 25, 34).
NOTAS
[1] Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, 39a ed. p. 295.
[2] Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, 39a ed. p. 19s.
[3] Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, 39a ed. p. 242s; outros textos cf. REB 1952, 299-303.
[4] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 253; cf. Também O Livro dos Médiuns, 20a ed. p. 26s.
[5] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 79, nota 68.
[6] Idem, ib. p. 159.
[7]
Que é para os espíritas “o nosso maior polemista, o nosso maior
conhecedor do Espiritismo entre nós”(cf. Revista Internacional do
Espiritismo, Janeiro de 1953, p. 255).
[8] O Poder (Jornal Espírita de Belo Horizonte), 20.3.1953, p.1.
[9] Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, 39a ed. p. 42.
[10] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 110s.
[11] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 53, cf. Outros abundantes textos sobre este assunto na REB de 1952, pp. 549-558.
[12] Carlos Imbassahy, A Margem do Espiritismo, 5a ed. p.219.
[13] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 279.
[14] Deolindo Amorim, em Almenara (jornal espírita do Rio), Abril de 1953, p. 2.
[15] Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, 39a ed. p. 16.
[16] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 201.
[17] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 281.
[18] Dr. Yvon Costa (espírita kardecista). O novo clero,
1926, p. 146. Outros textos cf. REB 1952, 560-562. – Comprazem-se os
espíritas em citar em veemente discurso que o Bispo Strossmayer teria
pronunciado no Concílio Vaticano contra a infabilidade do Papa. Com
muita frequência alegam eles este discurso ou trechos dele. Em qualquer
discurso sobre o Papa, aparece infalivelmente Strossmayer. Sabe-se, com
efeito, que este valente Bispo croata era contra a oportunidade da
definição dogmática da infabilidade do Papa. Os inimigos da Igreja
aproveitaram-se deste fato e, já durante o Concílio Vaticano, venderam
nas ruas de Roma este discurso e depois o espalharam pelo mundo inteiro e
hoje anda pelos jornais e revistas espíritas. O Bispo Strossmayer,
imediatamente, numa declaração datada de 20 de Dezembro de 1871 e
publicada no Achiv fur katholisches Kirchenrecht protestou
energicamente, declarando que o tal discurso era uma detestável
falsificação, desde a primeira até a última palavra. Lançou o mesmo
protesto contra a impostura numa carta pastoral de 28 de janeiro de
1881, chamando-o um “discurso funesto, que, sob nosso nome, está sendo
propagado no mundo inteiro”. Ainda assim continuaram os caluniadores e
falsificadores em sua tarefa inglória. Um certo Bellay, padre apóstata,
no jornal Reformation, publicara atrevidamente que ele próprio,
como um dos secretários do Concílio, tinha ouvido ao Bispo Strossmayer
proferir o mencionado discurso no dia 15 de Abril de 1870, etc. Mas
contra este novo impostor ergueu-se Dr. Friedrich, testemunha
presencial, pois assistiu ao Concílio, escrevendo no jornal Wartbug
que o comunicado do Sr. Bellay era falso na sua íntegra, e que além
disto, o tal Sr. Bellay nunca fora secretário do Concílio e por
conseguinte não podia ser admitido àquelas sessões e que precisamente no
dia 15 de Abril não houve sessão alguma por ser Sexta-Feira Santa...
(Cf. Pe. A. Martin, O Espiritismo, Tip. Ave Maria, São Paulo 1911, p.
143s)
[19] Cf. as páginas de Espiritismo Racional e Científico (Cristão), organizado pelo “Astral Superior”, ed. de 1926; cf. também Cartas ao Cardeal Arcoverde, edição do mesmo Centro Espírita Redentor, 1938.
[20] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 268s.
[21] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 244ss.
[22] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 13-50.
[23] Jornal Espírita (do Rio), Março de 1953, p. 4, na “secção infantil”.
[24] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 75, - Outras irreverências espíritas contra o mistério trinitário cf. REB 1952, 798-800.
[25] Ao menos fala diversas vezes contra o panteísmo (cf. Livro dos Espíritos, 22a ed. p. 53s e Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 179); mas encontra-se também nele expressões panteístas (cf. Livro dos Espíritos, 22a ed. p. 58 e A Gênese,
ed. de 1949, p. 60ss). Por exemplo neste último lugar citado lemos o
seguinte: “Nada obsta a que se admita, para o princípio da soberana
inteligência, um centro de ação um foco principal a irradiar
incessantemente inundando o Universo com seus eflúvios, como o Sol com a
sua luz”.
[26] Leão Denis, Depois da Morte, 6a ed. P. 114.
[27] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 246.
[28] Cf. Rangel Veloso, Pseudo-Sábios ou Falsos Profetas,
1947, p. 34; não se trata duma opinião do autor (que é espírita), mas
ele declara ter ouvido esta expressão num Centro Espírita.
[29]
A quinta das conclusões unanimemente adotadas pelo Primeiro Congresso
do Espiritismo de Umbanda soa assim: “Sua filosofia consiste no
reconhecimento do ser humano como partícula da divindade, dela emana
límpida e pura, e nela finalmente reintegrada ao fim do necessário ciclo
evolutivo, no mesmo estado de limpidez e pureza, conquistado pelo seu
próprio esforço e vontade.”
[30] Leão Denis, Depois da Morte, 6a ed. p. 124.
[31] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 82.
[32] Vejam-se os textos todos na REB 1952, 800-807
[33] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 111.
[34] Leopoldo Machado, em Revista Internacional do Espiritismo, Matão, S.P. 1941, p. 193.
[35] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 201.
[36] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 108.
[37] Um terceiro elemento essencial que os espíritas adotaram para explicar a natureza do homem.
[38] Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, 20a ed. p. 64. A Gênese, ed. de 1949, p. 262.
[39] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 63.
[40] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 160.
[41] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 78.
[42] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 58.
[43] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 58.
[44] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a
ed. p. 101. – Observe-se, todavia, que o Espiritismo de Umbanda
reconhece a existência de seres espirituais à parte que são espécies de
divindades, cultuados com verdadeiros “sacrifícios”.
[45] Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, 20a ed. p. 15.
[46] Alla Kardec, O que é Espiritismo, 10a ed. p. 92.
[47] Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, 20a ed. p. 15.
[48] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 110-141.
[49] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 114.
[50] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 81.
[51] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 294.
[52] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, pp. 292-336.
[53] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, pp. 315s.
[54] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, pp. 333.
[55] Guillon ribeiro, Jesus nem Deus nem Homem, ed. de 1941 pela Federação Espírita Brasileira.
[56] Reformador (órgão oficial da Federação Espírita Brasileira), Out. De 1951, p. 236.
[57] Roma e o Evangelho (obra mediúnica, editada pela Federação Espírita Brasileira) 5a ed. p. 129-131.
[58] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 88.
[59] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 82-84.
[60] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 32
[61] Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, 39a ed. p. 76.
[62] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 28..
[63] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 75
[64] Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, 20a ed. p. 15.
[65] Cartas ao Cardeal Arcoverde, do Centro Espírita Redentor, 1938, p.55.
[66] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 88
[67] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 448.
[68] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 308.
[69] Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, 20a ed. p. 21.
[70] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 255..
[71] Espiritismo Racional e Científico (Cristão), organizado pelo “Astral Superior”, ed. de 1926, p. 15.
[72] Leão Denis, Depois da Morte, 6a ed. p. 77.
[73] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 105.
[74] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 235.
[75] Cf. Reformador, Agosto de 1952, p. 183
[76] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 105.
[77] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 107.
[78] Dr. Yvon Costa. O Novo Clero, 1926, p. 103.
[79] Cartas ao Cardeal Arcoverde, do Centro Espírita Redentor, 1938, p. CVIII.
[80] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 105.
[81] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 324.
[82] Leopoldo Machado, em Revista Internacional do Espiritismo, Matão, S.P. 1952, p. 180.
[83] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 29..
[84] Allan Kardec, O que é Espiritismo, 10a ed. p. 98.
[85]
Inscrição gravada no monumento que os espíritas erigiram em memoria de
seu venerado mestre, no cemitério de Pére-Lachaise, em Paris.
[86] Allan Kardec, O que é Espiritismo, 10a ed. p. 164.
[87] Allan Kardec, O que é Espiritismo, 10a ed. p. 166.
[88] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 60-65.
[89] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 437.
[90] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 34..
[91] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 32.
[92] Allan Kardec, O que é Espiritismo, 10a ed. p. 167.
[93] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 66.
[94] Carlos Imbassahy, A Margem do Espiritismo, 5a ed. p.162.
[95] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 30s.
[96] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a . p. 458.
[97] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 375.
[1]Para
maior clareza tomamos a liberdade de explicitar o texto que, no
original, diz assim: “Resolvemos reafirmar os artigos 65, 66 e 1194 da
Pastoral Coletiva de 1915 do Episcopado Brasileiro, revista e reassinada
pelos Srs. Bispos em 1948, e pedir a cada Exmo. Ordinário que aplique
os aludidos antigos na respectiva Circunscrição Eclesiástica”.
[2] O Livro dos Médiuns, 20a ed. P. 336.
[3]
“O Espiritismo – assim declara Allan Kardec – é antes de tudo uma
ciência, não cogita de questões dogmáticas”; “seu verdadeiro caráter é
pois, o de uma ciência e não de uma religião” e “conta entre seus
adeptos homens de todas as crenças, que por esse fato não deixaram de
praticar todos os deveres do seu culto, quando a Igreja não os repele”,
“o Espiritismo era apenas uma simples doutrina filosófica; foi a Igreja
quem lhe deu maiores proporções, apresentando-o como inimigo formidável;
foi ela, enfim, quem a proclamou nova religião”, etc (cf. O que é o
Espiritismo, 10a ed. pp. 81-85). Mas esse mesmo Allan Kardec
escreveu também: “O Espiritismo é chamado a desempenhar imenso papel na
terra. Ele reformará a legislação atual ainda tão frequentemente
contrária às leis divinas: retificará os erros da história; restaurará a
religião de Cristo, que se tornou nas mãos dos padres, objeto de
comércio e de tráfico vil; instituirá a verdadeira religião, a religião
natural, a que parte do coração e vai diretamente a Deus, sem se deter
nas franjas de uma sotaina ou nos degraus de um altar”(Obras Póstumas 10a
ed. p. 268s.) e depois: “Aproxima-se a hora em que te será necessário
apresentar o Espiritismo qual é, mostrando a todos onde se encontra a
verdadeira doutrina ensinada por Cristo. Aproxima-se a hora em que, à
face do céu e da terra, terás de proclamar que o Espiritismo é a única
tradição verdadeiramente cristã, a única instituição verdadeiramente
divina e humana” (ib. P. 277). E isso quer dizer que o Espiritismo não
se mete em religião e respeita todas as religiões? Allan Kardec declara
que o Espiritismo “não cogita de questões dogmáticas”- mas o mesmo
Kardec escreve livros e tratados para “demonstrar” que Cristo não é
Deus, que o inferno é pura fantasia para assustar crianças, que a Bíblia
está repleta de contradições, que os sacramentos são criações absurdas,
que a redenção por Cristo é impossível, que o perdão dos pecados é um
injúria, etc. como se verá na segunda parte deste opúsculo. Tudo isso é
“não discutir dogmas” e “Não combater ninguém”?
[4]
Todos conhecem Centros Espíritas com denominações católicas. Mas o
interessante é que a este respeito o “Conselho Federativo” dos espíritas
resolveu prescrever a seguinte norma geral: “As sociedades adesas (à
Federação Espírita Brasileira), mediante entendimento com a Federação,
quando esta julgar oportuno e as convidar para isso, cuidarão de
modificar suas denominações no sentido de suprimir delas o qualificativo
de “santo” e de substituir por outras, tiradas dos princípios e
preceitos espíritas, dos lugares onde tenham suas sedes, das datas de
relevo nos anais do Espiritismo e dos nomes dos seus grandes
pioneiros”. Assim p. ex, começa algum Centro espírita por chamar-se
“Centro Espírita São Francisco de Assis”, depois, quando a Federação
julgar oportuno, suprimirá o qualificativo “santo”; e afinal, quando os
adeptos apostataram inteiramente, será “Centro Allan Kardec...”
[5]
Temos em mão alguns livros de “Preces Espíritas”, onde encontramos,
além do Pai Nosso e Ave Maria, o Credo, a Ladainha de Nossa Senhora, a
Salve Rainha e outras orações mais em voga entre os católicos.

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