Autor: Anastasios Kioulachoglou
Vamos prosseguir agora para aqueles retratados na
terceira categoria: estes são aqueles que ouviram a Palavra, mas “indo
em seu caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas, e deleites desta
vida e não dão fruto com perfeição1.”
Não significa que estas pessoas não receberam a Palavra. Aqueles que
não receberam a Palavra porque não a entenderam e Satanás imediatamente a
roubou estão descritos na primeira categoria.
Ao contrário, estes
descritos na terceira categoria tinham um coração aberto para a Palavra,
mas também tinham – ou adquiriram ao longo da caminhada – um coração
voltado para as coisas do mundo, especificamente os prazeres e cuidados
deste mundo e o engano das riquezas. Estes são os espinhos que sufocaram
a Palavra e a deixaram infrutífera. Embora vejamos que não basta ter a
Palavra para produzir fruto. A Palavra por si só não se torna frutífera
se os inimigos da Palavra - o cuidado deste mundo - (ou seja, se
importar com as coisas que o mundo considera importante2),
o engano das riquezas e os prazeres desta vida, não forem arrancados.
Se não arrancarmos estas raízes o resultado será um cristão infrutífero,
mundano. Ele pode ter recebido a Palavra originalmente e ter
conhecimento da mesma, mas não há fruto em sua vida. Os cuidados do
mundo que não foram deixados e desconsiderados fizeram este cristão
infrutífero.
Realmente, como o Senhor deixou absolutamente claro é impossível servir a
dois senhores. No longo prazo um deles terá que ser deixado:
“Nenhum servo pode servir dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar ao outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.” (Lucas 16:13)
E como Ele nos alerta novamente em Lucas 21:34:
“Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço.”
“Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço.”
E também João nos diz:
“Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo. Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre.”(1 João 2:15-17)
“Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo. Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre.”(1 João 2:15-17)
E Tiago, chamando aqueles adúlteros e adúlteras que se entregam às coisas do mundo, diz:
“Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.”(Tiago 4:4)
“Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.”(Tiago 4:4)
Um adúltero é aquele que é casado com alguém, mas corre atrás ou cobiça
alguém. Aqueles que correm atrás do mundo, em busca dos cuidados deste
mundo, as riquezas, a dissipação e os prazeres da vida são também
chamados de adúlteros. Por quê? Porque eles abandonaram Cristo, o noivo,
e correram atrás do mundo.
De volta à parábola do semeador, aqueles mencionados na terceira
categoria da parábola do semeador seguiram as riquezas ou serviam a
dois senhores ( cuidados e prazeres deste mundo, etc.) e sendo assim,
não podem servir também a Cristo.
Agora, a pergunta crítica é: Tais pessoas enquadradas nesta categoria de
cristãos, que não dão frutos, permanecendo neste estado e não se
arrependendo, poderão ainda entrar no Reino? Colocando de outra maneira:
realmente importa, no que se refere a salvação, se a fé de alguém é ou
não frutífera? Ou está tudo bem se alguém permite que a Palavra de Deus
seja sufocada, e finalmente morta, pelo amor desta pessoa pelo mundo e
suas paixões? É aceitável que alguém confesse a Jesus como seu Senhor e
depois o abandone para servir a outros senhores? O que vai acontecer
neste caso? Nós não precisamos pensar muito para obter a resposta. O
próprio Senhor respondeu a esta pergunta há mais de 2000 anos atrás e
nós fazemos muito bem em prestar atenção à Sua resposta. A propósito, a
Sua resposta claramente se aplica também àqueles da segunda categoria
desta parábola, ou seja, aqueles que acreditaram, “por um tempo”:
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor. Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta; e toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê mais fruto. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado. Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Quem não permanece em mim é lançado fora, como a vara, e seca; tais varas são recolhidas, lançadas no fogo e queimadas. Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.”(João 15:1-8)
Eu creio que a resposta do Senhor não deixa espaço para dúvidas: a
única forma de dar fruto é permanecer na videira, nEle. Pessoas que não
dão fruto, não estão firmes na videira. E se isto não mudar, elas serão
recolhidas como galhos secos e no fim, como diz o Senhor, serão
queimadas. O que isto representa para aqueles da 3ª categoria (e também
da segunda categoria) mencionada na parábola do semeador? Isto significa
que se eles não se arrependerem, voltando a estar firmes na videira, e
desta maneira produzindo os frutos que identificam um verdadeiro
discípulo de Cristo, eles terão o mesmo fim dos galhos secos mencionados
acima, ou seja, eles serão “recolhidos, lançados no fogo e queimados.”
Eu sei que posso ter ofendido a alguns leitores neste ponto, mas fui eu
quem disse isto? Não, eu não disse. Ao contrário é algo que o Senhor
disse, falando aos Seus discípulos mais próximos, e na noite de sua
prisão. Agora, o que Ele disse foi uma surpresa? O que Ele disse foi
alguma coisa bizarra? Não, quando entendemos que um cristão verdadeiro
NÃO é aquele que faz sua confissão de fé em Jesus e depois na prática
abandona sua fé, ou na verdade nunca pratica o que havia confessado.
Pelo contrário, um verdadeiro cristão é aquele que tenta viver, praticar a sua fé
que uma vez fez, mesmo com todos os erros, desacertos e tropeços que
venham a acontecer vivenciando sua caminhada. Se Jesus não for
verdadeiramente nosso Senhor, embora o tenhamos confessado como Senhor
de nossas vidas no passado, então é óbvio que não fomos honestos em
nossa confissão originalmente, ou ela foi feita de modo genuíno no
passado, mas não mais corresponde a nossa realidade no presente. Há
apenas uma forma de medir se aquilo que confessamos é ou não verdadeiro:
o fruto que nós produzimos em nossas vidas. E este só é possível se
estivermos atados à Videira Verdadeira, que é Cristo. Vemos na passagem
acima de João 15 o Senhor nos dizer: “esse dá muito fruto”– ou seja, QUE
DEIS MUITO FRUTO - e assim sereis meus discípulos.” Portanto o fruto
que produzimos é a prova se somos ou não verdadeiros discípulos de
Cristo.
Na verdade o Senhor indicou este mesmo parâmetro, quanto ao fruto
produzido, para nos ajudar a discernir entre os verdadeiros e falsos
profetas:
“Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.”(Mateus 7:15-20)
Muitos estão com medo de falar sobre o fruto, porque acham que isto
minimiza a importância da graça. Mas isto não é verdade. Poderá uma
macieira não produzir maçãs? Árvores produzem frutos, e uma vez cuidada,
a semente da Palavra faz exatamente o mesmo: produz fruto. A fé vem
primeiro, em seguida vem o fruto. O que pode ser mais estranho do que
árvores que são supostas a dar frutos ainda permaneçam infrutíferas, que
não produzem frutos? Podemos chamar tais árvores de saudáveis? Se você
tivesse uma árvores destas no seu jardim e esperasse que ela desse
fruto, como Deus espera que nós produzamos frutos, você diria que “isto
não tem importância”? Acho que não.
Dar fruto é absolutamente natural para um Cristão e é absolutamente estranho quando falta. Como Efésios 2:8-10 deixa claro:
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas.”(Efésios 2:8-10)
Nós não fomos salvos por obras, entretanto nós fomos criados para
as boas obras. ”Ser criado para” significa que este é o nosso
propósito, nosso destino. Dizendo de outro modo: carros são criados para
levá-lo do ponto A para B. Os trens são “criados para” correr nos
trilhos. A macieira “é criada” para produzir maçãs. De maneira análoga, “nós fomos criados em Jesus Cristo para as boas obras.”
Assim sendo, Boas obras e fé andam lado a lado. Não faz realmente
nenhum sentido dizer que cremos, que andamos em fé, e não importa se
produzimos os frutos associados àqueles que estão na fé. É como dizer
que temos um carro mas não importa se ele funciona ou não. Todos nós
sabemos que isto importa.
As obras, sendo fruto de uma fé genuína, importam sim, e Tiago deixa isto claro em sua epístola:
“Que proveito há, meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Porventura essa fé pode salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano. e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso? Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.”(Tiago 2:14-17)
“A fé, se não tiver obras é morta em si mesma”, exatamente como o corpo
sem o espírito é morto. Dizendo de outro modo, na verdade não existe
falta de frutos, mas sim falta de fé verdadeira. A fé infrutífera é uma
fé morta, e está claro que esta fé não leva alguém ao Reino de Deus!
Atendo-se um pouco mais quanto a questão crucial das obras, Paulo expressa várias vezes:
“aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, que se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas obras.”(Tito 2:13-14)
“Adverte-lhes que estejam sujeitos aos governadores e autoridades, que sejam obedientes, e estejam preparados para toda boa obra”(Tito 3:1)
“Ora, numa grande casa, não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de madeira e de barro; e uns, na verdade, para uso honroso, outros, porém, para uso desonroso. Se, pois, alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e útil ao Senhor, preparado para toda boa obra.”(2 Timóteo 2:20-21)
E em 2 Timóteo 3:16-17
“Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra.”
“Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra.”
As Escrituras, não existem para nos dar um conhecimento racional. Não
existe para fazer do homem de Deus um teólogo teórico. A Bíblia está
aqui para fazer o homem de Deus completo, frutífero, equipado para
efetivar aquilo para o qual foi destinado: para toda boa obra.
Retornando a parábola do semeador, apenas a quarta categoria descrita na passagem produziu fruto:
“Mas outra caiu em boa terra; e, nascida, produziu fruto, cem por um....” Quanto a que caiu em boa terra, corresponde àqueles que ouvindo a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão fruto com perseverança.”
A segunda e terceira categorias correspondem àqueles que ouviram a
Palavra mas não a retiveram firme em seus corações. Mas esta categoria
descrita, ouviu a Palavra e os mesmos se mantiveram fiéis com um coração
bom e honesto, e produziram frutos com perseverança. Portanto,
para produzir fruto, devemos reter a Palavra firmemente, ouvindo a
Palavra com coração reto e bom, e dando fruto com perseverança.
Esta é a chave. Se depois de recebermos a Palavra, permitirmos que
outras coisas nos afastem da videira, então não produziremos fruto.
Guardar o nosso coração com toda vigilância (exatamente como nos diz
Provérbios 4:23), arrependendo-se de toda má obra, e renovando a sua
mente para aquilo que a Palavra de Deus diz, é portanto crucial para que
Palavra produza resultados.
Fechando este capítulo: Que todos nós possamos estar incluídos na quarta
categoria e que nunca deixemos de estar firmes nesta posição. E também
que todo aquele entre nós que não esteja nesta categoria possa voltar a
posição correta, estando firme na videira e produzindo cada vez mais
fruto para a glória a Deus, cujos frutos produzidos mostrem os
discípulos que verdadeiramente somos. Que nós possamos nos examinar, e
vendo espinhos, que corramos a extirpá-los, ao invés de simplesmente nos
convencermos que podemos viver com eles. Nós não podemos fazer isto.
São eles ou o Senhor. Um dos dois terá que ser deixado e nós temos que
decidir qual escolheremos.
Notas de Rodapé
1.
Para evitar mal-entendido, a frase "não dão frutos com perfeição" não
significa que eles eram de alguma forma frutíferos. Isto é claro em
Mateus 13:22 que nos fala que "e eles provaram ser infrutíferos.
2.
Precisamos fazer um esclarecimento aqui: trabalhar para dar sustento a
nossa família, não é um peso, ou um cuidado deste mundo que nos afastará
de Deus! Na verdade é uma obrigação!No entanto ser um viciado em
trabalho é um cuidado, um apego a este mundo que nos afastará de Deus!
Basicamente “cuidados deste mundo” significa nos apegarmos, darmos valor
ao que o mundo dá importância, fazendo dos interesses do mundo os
nossos interesses e um modo de vida.
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