Os cantos do Comum ou do Ordinário da
missa (partes fixas) são aqueles que não variam na celebração,
atendendo, pois, a todos os tempos litúrgicos e festas. São quatro os
cantos assim chamados: o “Senhor, tende piedade” ou “Kyrie”, o
“Glória”, o “Santo” e o “Cordeiro de Deus”. Vejamos então:
O “SENHOR, TENDE PIEDADE” OU “KYRIE”
O “Senhor, tende piedade” ou “Kyrie”, conforme a instrução do Missal Romano, é um canto pelo qual os fiéis aclamam a Cristo Senhor e imploram a sua misericórdia (Kyrius = Cristo). É uma pequena ladainha, sem valor, porém, de ato penitencial, um canto litânico, constituindo uma transição de louvor entre o ato penitencial propriamente dito e o “Glória”. Quanto à sua importância litúrgica, está no segundo grau, em escala decrescente, como propõe a Instrução “Musicam Sacram”.
O “GLÓRIA”
O “Glória” é um hino angélico,
podemos dizer, e uma grande doxologia. Não é, como parece, um hino
trinitário, mas cristológico. Hino antigo, do século IV, por ele a
Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e
ao Cordeiro (IGMR 53). Não acompanha um rito, mas é ele o próprio rito.
Sendo glorificação e súplica da Igreja, deve ser cantado por todos. É um
hino angélico porque se inspira no hino cantado pelos anjos aos
pastores, no Natal; e grande doxologia, para distinguir-se da doxologia
menor “Glória ao Pai…”, que todos conhecem e rezam. O texto do “Glória”
não pode ser substituído por outro, conforme dispõe a Instrução Geral.
Não é cantado no Advento e na Quaresma, mas canta-se solenemente na
Quinta-feira Santa e na Vigília Pascal do Sábado Santo. Na graduação da
liturgia, é canto também de segundo grau.
O “SANTO”
O Santo é, na verdade, o hino dos
serafins (cf. Is 6,3). Cantado na Liturgia, torna-se um louvor
universal. Após a ação de graças iniciada no Prefácio, toda a assembléia
entoa a aclamação do “Santo”, que constitui parte da própria Oração
Eucarística. O Santo é, pois, uma aclamação de toda a assembléia
celebrante. Seu conteúdo faz parte de cinco textos bíblicos: o louvor
celeste dos serafins, na visão de Isaías (cf. Is 6,3); o “Benedictus”
dos querubins, segundo Ezequiel (cf. Ez 3,12); a liturgia celeste
descrita no Apocalipse (cf. Ap 4,8), e o brado de triunfo messiânico,
seja do salmista, ainda na expectativa da era messiânica, seja do
evangelista, contemplando já a realidade do Cristo e Senhor, como na
entrada triunfal em Jerusalém (cf. Sl 118(117),26; Mt 21,9), em que o
povo de Deus acolhe o Salvador.
Como sabemos, este canto une, em
espiritualidade bíblica, a liturgia terrena, celebrada pela assembléia, à
liturgia celeste, cantada pelos anjos. Por isso, como no exemplo do
“Glória”, deve-se também aqui evitar as paráfrases do “Santo”, sobretudo
por ser este um canto essencialmente bíblico. É canto de primeiro grau
na escala litúrgica, e, a exemplo do “Kyrie” e do Glória, constitui-se
também ele o próprio rito.
O “CORDEIRO DE DEUS”
É o canto que acompanha o rito da
“Fração do pão”. Prece litânica e de origem bíblica, faz alusão ao
Cordeiro pascal (cf. Jo 1,36). De forma mais plena, faz alusão também ao
Banquete escatológico das Bodas do Cordeiro (cf. Ap 19,7.9), do qual a
Eucaristia é o sinal e o penhor. Em celebrações mais solenes, pode ser
cantado só pelo coral, mas, em qualquer hipótese, o presidente dele não
participa. É canto de segundo grau na escala litúrgica. Na prática, sua
importância é muito ignorada, e, lamentavelmente, quase sempre é
“abafado” pelo canto suplementar do “abraço da paz”, que o antecede.
⬇
⬇
Nota:
➽Os cantos deste estudo, por serem fixos,
deveriam ser cantados pela assembléia já de cor, com mais desenvoltura,
visto serem também mais importantes que o de entrada, das oferendas e
de comunhão, estes, na Liturgia, classificados como cantos próprios,
isto é, variáveis nos tempos litúrgicos e nas festas. Atente-se ainda
que os cantos próprios são de terceiro grau, exceto o das oferendas,
que é canto suplementar, ou seja, ainda de menor importância. Na prática
litúrgica, porém, não é o que acontece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário