Por Alfa y Omega
Um padre espanhol lançou o desafio em uma rede social. E não se esquivou de nenhuma pergunta
Morning Mass celebrated by Cardinal John Onaiyekan of Abuja - World Meeting of Families - Wednesday 23 September 2015 PHOTO CREDIT: Antoine Mekary / ALETEIA |
Quanto ganha um padre? Os padres têm de celebrar Missa todos os dias?
Alguma vez já sentiu vontade de deixar o sacerdócio? Estas foram
algumas das perguntas que os usuários do Twitter fizeram ao padre
Declan, pertencente à diocese de Cuenca, Espanha.
“Perguntem o que quiserem saber sobre os padres. Responderei o que eu puder”, tuitou o Pe. Declan.
A proposta gerou uma enxurrada de comentários. Os primeiros foram
desejos de boa sorte pelo que viria a seguir: “Que corajoso, padre”,
“sorte”, “padre, veja onde se mete”, “Deus abençoe os insensatos”.
Em seguida, chegou a primeira pergunta, de Aurora Pimentel, que queria saber se “os padres devem celebra Missa todos os dias”.
“Para não gerar desnecessários problemas de consciência, eles não têm
obrigação de rezar Missas todos os dias. Mas o magistério recomenda,
veementemente, que o façam”, respondeu Declan.
Depois da pergunta de Aurora chegaram mais de cinquenta. “Se o pecado confessado é grave, o confessor não pode nem comentá-lo com um colega ou superior?”, perguntou outro usuário do Twitter. A resposta do padre foi clara e imediata: “o segredo sacramental é absoluto”.
E outra: “Padre, agora que as vocações estão cada vez mais escassas, como você vê o debate sobre o celibato?”. Declan também contestou: “As Igrejas Protestantes, sem celibato, têm o mesmo problema vocacional”.
O sacerdote não evitou nenhuma pergunta. Nem as mais inconvenientes. “Os padres se masturbam?”,
perguntou o perfil da revista Jot Down Spain, que tem 232.000
seguidores. “Sabemos que é errado. Se alguém busca este consolo físico,
arrependa-se e comece de novo. Pode ser um indicativo de que algo não
está bem, de desequilíbrio afetivo, de inércia em relação a costumes
adquiridos… uma tarefa: trabalhar para conhecer melhor a si mesmo”.
Nem as perguntas pessoais ficaram sem resposta. “Padre, já sentiu
vontade deixar o sacerdócio alguma vez?”. “Sim, em uma ocasião pessoal
muito difícil, em que me sentia perdido, sem saber o sentido de minha
vida e da minha missão. A oração me ajudou muito, assim como a confiança
em outro padre”, respondeu. “Muito obrigado pelo seu tempo. E por se
expor a Igreja no Twitter”, voltou a dizer um usuário da rede social.
A entrevista coletiva improvisada terminou com o padre dando
“obrigado a todos pelas perguntas. Elas lembraram muitas coisas e estou
muito contente. Os padres são peculiares dentro de nossa mais absoluta
normalidade. Precisamos de suas orações. Por nós e pelos que virão”.
Outras perguntas feitas ao padre
Pergunta: “Quanto ganha um padre espanhol?”
Resposta: “Cada diocese é autônoma, mas, pelo que eu saiba, entre 700
e 1.000 euros (na faixa aproximada de R$ 2.300,00 a R$ 3.300,00). Em
minha diocese, o mínimo é o salário mínimo, ao qual se acrescentam
complementos por circunstâncias do ofício. Nunca pode superar os € 1.300
(cerca de R$ 4.300,00). O restante vai para o fundo comum. Por exemplo:
se o padre for professor e receber o mesmo que os outros professores
ganham, ele fica com o máximo estipulado; o resto entrega para o fundo
comum”.
P: “Um padre de uma diocese pode transferir-se para outra unicamente por vontade própria?”
R: “É necessário haver razões objetivas, e os bispos devem concordar com a mudança”.
P: Por que existe e a quem se destina a figura do diretor espiritual?
R: “É uma pessoa com experiência e conhecimentos da vida cristã, que
ajuda as pessoas a discernir sobre o que Deus lhes pede. E é para
qualquer cristão. O Papa Francisco insiste muito que é preciso
acompanhar e deixar ser acompanhado”.
P: Alguma vez o senhor já teve que resistir ao riso no confessionário?
R: “Não só tive que resistir, como também algumas vezes ri com prazer (quando a situação era oportuna, claro)”.
P: “Os fiéis podem pedir a transferência do pároco? Que
razões é preciso apresentar? Envolve investigação do bispo, visita
pastoral…”
R: “Pode pedir ao bispo, sim. A primeira coisa a fazer é ver se há
razões objetivas, garantir o direito de defesa do sacerdote, investigar.
O bispo pode enviar alguém para uma visita. Inclusive, pode ser feita
uma investigação por meio do tribunal diocesano e, se o padre resistir à
transferência, ocorre um processo de remoção”.
P: “Há marcas de roupas de padre que provoquem vaidade?
R: Sim, há. De roupas e ornamentos. E alta costura eclesiástica de fama mundial. Sobretudo as italianas :)))”.
Por José Calderero @jcalderero
Artigo publicado originalmente por Alfa y Omega, traduzido e adaptado ao português
Nenhum comentário:
Postar um comentário