Áudio compartilhado na cidade de Serra Preta, a cerca de 150 km de Salvador, chama padre de 'burro' e 'animal'.
Padre Gilmar Assis recebeu apoio nas redes sociais após áudio com ofensas circular em app (Foto: Reprodução/ Facebook) |
Uma campanha nas redes sociais nesta semana manifesta apoio ao padre da
cidade de Serra Preta, a cerca de 150 km de Salvador, Gilmar Assis,
após um homem ofendê-lo por meio de um áudio que circula pelo aplicativo
de mensagens WhatsApp. Por meio da hashtag #SomosTodosPadreGilmar,
vários usuários acusam de injúria racial as ofensas contra o religioso,
que chegou à paróquia da cidade há três meses.
“Tá sabendo que agora em Serra Preta na paróquia botaram um padre, um
‘negão embassado’? Não é porque é negão não, mas pense num padre burro,
num animal.”, diz o áudio, que, segundo o interlocutor, foi
compartilhado em um grupo do aplicativo.
“A população de Serra Preta seria melhor se um quinto dela tivesse o
caráter, a sabedoria, a paz de espírito, a serenidade e o mais
importante a fé em Deus que o preto tem! #nãoaoracismo
#somostodospadreGilmar", diz uma das publicações postadas nas redes
sociais.
“Que o padre Gilmar possa fazer seu trabalho pastoral,
evangelizador, sem a interferência de alguns que veem na cor de sua pele
um entrave ao sacerdócio", afirma outro usuário na web.
Em conversa com o G1,
nesta terça-feira (6), o padre Gilmar Assis disse que foi avisado sobre
o áudio na madrugada de domingo (4). “Um membro da comunidade veio
falar comigo pelo WhatsApp e avisou sobre o áudio, dizendo que era
injustiça. Eu escutei e tomei um susto. Eu não conheço a pessoa que
falou no áudio. Até porque pelo tempo que estou aqui nem sei o que
dizer”, disse Gilmar.
Ele ainda não sabe se irá procurar a polícia para registrar uma
ocorrência sobre o conteúdo do áudio compartilhado. "Ainda estou
digerindo a informação e pedindo força a Deus. Estou pedindo a Deus
sabedoria e discernimento para dar continuidade à minha história, que é
muito mais do que esse áudio”, defende.
Ele também conta que, além das manifestações nas redes sociais, tem
recebido apoio da comunidade da cidade. “Vi muitos prestando
solidariedade, mas ainda estou cercado de oração e pedindo força para
dar continuidade à minha caminhada”, conta o padre.
A prefeitura de Serra Preta divulgou uma nota de repúdio sobre as
ofensas sofridas pelo padre no sábado (3). "Prestamos nosso apoio e
solidariedade ao Padre Gilmar, que tem desempenhado seu papel com o
máximo de dedicação e responsabilidade para com os fiéis católicos de
Serra Preta. Não aceitamos qualquer tipo de preconceito e reafirmamos
que ele é muito bem-vindo em nossa comunidade. Desejamos sucesso na sua
caminhada, que seja longa e de sucesso em nosso município", afirma o
comunicado.
Gilmar atuou durante seis anos na cidade de Feira de Santana, na
Paróquia de Nossa Senhora da Aparecida. Atualmente, em Serra Preta, ele
celebra missas em três igrejas da cidade e mais 40 comunidades da
região, e ainda é professor de filosofia de uma faculdade particular na
cidade.

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