A partir do silogismo acima, tentaremos esclarecer a polêmica
envolvendo o título “Mãe de Deus”, com que os católicos se dirigem a
Maria, mas que alguns protestantes negam veementemente. Tais
protestantes aceitam como verdadeiras as proposições “Maria é mãe de
Jesus” e “Jesus é Deus”, mas negam a conclusão, ou seja, de que podemos
chamar Maria de Mãe de Deus.
Necessário, porém, compreender o que a Igreja quer dizer quando fala em Maria como mãe de Deus. Jesus Cristo, segunda pessoa da santíssima Trindade, existe desde toda a eternidade. Ele procede do Pai por uma geração espiritual, na qual não intervém evidentemente nenhuma criatura humana. Portanto, Maria não é mãe do Filho de Deus quanto à sua origem divina, mas é mãe do “verbo encarnado”, do Filho de Deus feito homem.
E porque não dizer simplesmente que Maria é mãe de Jesus? Porque Jesus é uma só pessoa. Em Cristo, Deus e o homem formam um único ser. Não se trata do espírito de Deus “habitando” um corpo humano ou um líquido dentro de uma embalagem qualquer. Enfim, Cristo não pode ser dividido. Portanto, Maria é mãe do todo, e não de uma “parte”.
Mesmo se, no lugar de Cristo (único ser, com natureza divina e humana), considerássemos um simples ser humano, percebemos o que quer dizer a palavra maternidade. Assim, por exemplo, falamos que Agostinho é filho de Mônica. Não dizemos apenas que Mônica é “mãe parcialmente” de Agostinho, já que este teria um pai terreno, para o “resto do seu corpo” (?!), e um pai celestial, para a alma.
No caso de Jesus, isto se torna ainda mais evidente. Eis como o anjo responde a Maria, em Lc. 1,34 – 35: “Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, pois não conheço homem?” Em resposta o anjo lhe disse: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra; é por isso que o menino santo que vai nascer será chamado Filho de Deus.”
É a própria Santíssima Trindade (o Espírito Santo; o Altíssimo-Javé; o Filho de Deus-Jesus) que envolve Maria no sublime mistério da Encarnação. Enfim, Maria, mãe de Jesus, o Filho de Deus, deve ser chamada Mãe de Deus, porque a maternidade se refere sempre à pessoa. A mãe de um homem não é só a mãe de seu corpo. Ela é mãe da pessoa toda. Assim também Maria é mãe de seu Filho, como pessoa divina e humana que Cristo é.
Aliás, a questão é muito mais de cristologia do que de mariologia, pois envolve diretamente a unidade de Cristo (Deus e homem em uma só pessoa, indivisível).
Cabe ainda lembrar que esta questão já foi tratada na era patrística, isto é, do cristianismo primitivo. De fato, Nestório, bispo de Constantinopla, negava o título de “Theotokos” (“Mãe de Deus”) a Maria. Só que Nestório sabia muito bem o que isto significava: a conseqüente negação da natureza de Cristo, homem e Deus. Os protestantes de hoje parecem ignorar esta realidade, ou então não perceberam o que significa distorcer o silogismo feito logo no início deste artigo.
Seja como for, a mesma história patrística mostra a forte reação dos cristãos contra Nestório, que resultou no Concílio de Éfeso, no ano de 431, reconhecendo a legitimidade do título de Mãe de Deus, dado a Maria, e condenando as idéias nestorianas. Ou lembrando são Tomás de Aquino, para quem a negativa de uma verdade cristã implicava negar todo o conjunto do cristianismo.
Realmente, cada ponto do Cristianismo é tão intimamente ligado aos outros, que a exclusão de um pode fazer desmoronar todo o edifício. Não deixa de ser o retrato do protestantismo hoje, onde a negação de algumas verdades resultou em milhares de seitas, como um prédio destroçado.
Um exemplo disso é o fato de muitos protestantes não seguirem nem mesmo os reformadores, como se vê abaixo:”Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis, monarcas da Terra comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar bastante (nunca poderemos exaltar o suficiente), a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade.” (Martinho Lutero no comentário do Magnificat, cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista “Jesus vive e é o Senhor”).
“Ser Mãe de Deus é uma prerrogativa tão alta, coisa tão imensa, que supera todo e qualquer intelecto. Daí lhe advém toda a honra e a alegria e isso faz com que ela seja uma única pessoa em todo o mundo, superior a quantas existiam e que não tem igual na excelência de ter com o Pai Celeste um filhinho comum. Nestas palavras, portanto, está contida toda a honra de Maria. Ninguém poderia pregar em seu louvor coisas mais magníficas, mesmo que possuísse tantas línguas quantas são na terra as flores e folhas nos campos, nos céus as estrelas e no mar os grãos de areia.” (Martinho Lutero)
“Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus.” (João Calvino, Comm. Sur l Harm. Evang.,20) Que Maria, Mãe de Deus e da Igreja, proteja todos os seus filhos.
Necessário, porém, compreender o que a Igreja quer dizer quando fala em Maria como mãe de Deus. Jesus Cristo, segunda pessoa da santíssima Trindade, existe desde toda a eternidade. Ele procede do Pai por uma geração espiritual, na qual não intervém evidentemente nenhuma criatura humana. Portanto, Maria não é mãe do Filho de Deus quanto à sua origem divina, mas é mãe do “verbo encarnado”, do Filho de Deus feito homem.
E porque não dizer simplesmente que Maria é mãe de Jesus? Porque Jesus é uma só pessoa. Em Cristo, Deus e o homem formam um único ser. Não se trata do espírito de Deus “habitando” um corpo humano ou um líquido dentro de uma embalagem qualquer. Enfim, Cristo não pode ser dividido. Portanto, Maria é mãe do todo, e não de uma “parte”.
Mesmo se, no lugar de Cristo (único ser, com natureza divina e humana), considerássemos um simples ser humano, percebemos o que quer dizer a palavra maternidade. Assim, por exemplo, falamos que Agostinho é filho de Mônica. Não dizemos apenas que Mônica é “mãe parcialmente” de Agostinho, já que este teria um pai terreno, para o “resto do seu corpo” (?!), e um pai celestial, para a alma.
No caso de Jesus, isto se torna ainda mais evidente. Eis como o anjo responde a Maria, em Lc. 1,34 – 35: “Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, pois não conheço homem?” Em resposta o anjo lhe disse: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra; é por isso que o menino santo que vai nascer será chamado Filho de Deus.”
É a própria Santíssima Trindade (o Espírito Santo; o Altíssimo-Javé; o Filho de Deus-Jesus) que envolve Maria no sublime mistério da Encarnação. Enfim, Maria, mãe de Jesus, o Filho de Deus, deve ser chamada Mãe de Deus, porque a maternidade se refere sempre à pessoa. A mãe de um homem não é só a mãe de seu corpo. Ela é mãe da pessoa toda. Assim também Maria é mãe de seu Filho, como pessoa divina e humana que Cristo é.
Aliás, a questão é muito mais de cristologia do que de mariologia, pois envolve diretamente a unidade de Cristo (Deus e homem em uma só pessoa, indivisível).
Cabe ainda lembrar que esta questão já foi tratada na era patrística, isto é, do cristianismo primitivo. De fato, Nestório, bispo de Constantinopla, negava o título de “Theotokos” (“Mãe de Deus”) a Maria. Só que Nestório sabia muito bem o que isto significava: a conseqüente negação da natureza de Cristo, homem e Deus. Os protestantes de hoje parecem ignorar esta realidade, ou então não perceberam o que significa distorcer o silogismo feito logo no início deste artigo.
Seja como for, a mesma história patrística mostra a forte reação dos cristãos contra Nestório, que resultou no Concílio de Éfeso, no ano de 431, reconhecendo a legitimidade do título de Mãe de Deus, dado a Maria, e condenando as idéias nestorianas. Ou lembrando são Tomás de Aquino, para quem a negativa de uma verdade cristã implicava negar todo o conjunto do cristianismo.
Realmente, cada ponto do Cristianismo é tão intimamente ligado aos outros, que a exclusão de um pode fazer desmoronar todo o edifício. Não deixa de ser o retrato do protestantismo hoje, onde a negação de algumas verdades resultou em milhares de seitas, como um prédio destroçado.
Um exemplo disso é o fato de muitos protestantes não seguirem nem mesmo os reformadores, como se vê abaixo:”Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis, monarcas da Terra comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar bastante (nunca poderemos exaltar o suficiente), a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade.” (Martinho Lutero no comentário do Magnificat, cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista “Jesus vive e é o Senhor”).
“Ser Mãe de Deus é uma prerrogativa tão alta, coisa tão imensa, que supera todo e qualquer intelecto. Daí lhe advém toda a honra e a alegria e isso faz com que ela seja uma única pessoa em todo o mundo, superior a quantas existiam e que não tem igual na excelência de ter com o Pai Celeste um filhinho comum. Nestas palavras, portanto, está contida toda a honra de Maria. Ninguém poderia pregar em seu louvor coisas mais magníficas, mesmo que possuísse tantas línguas quantas são na terra as flores e folhas nos campos, nos céus as estrelas e no mar os grãos de areia.” (Martinho Lutero)
“Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus.” (João Calvino, Comm. Sur l Harm. Evang.,20) Que Maria, Mãe de Deus e da Igreja, proteja todos os seus filhos.
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