Por Paulo Henrique Américo de Araújo
Imagem de Nossa Senhora de La Salette [Foto: Luis Dufaur] |
O pressuposto de
tudo que se escreve nesta seção são os lamentos – algumas vezes
manifestados em lágrimas – da Virgem Santíssima diante da decadência do
mundo contemporâneo. Decadência que é fruto de pecados individuais? Sim!
Mas, especialmente, de seus reflexos sobre todas as esferas do agir
humano: desde a sociedade temporal até dentro da Igreja.
As manifestações de dor pelos pecados dos homens transparecem em algumas das aparições de Nossa Senhora. Por exemplo, durante seu copioso pranto em La Salette, em 1846,
diante do qual Melanie, a pequena vidente, quis consolá-la. — Quem de
nós não gostaria de fazer o mesmo, e até de chorar com Nossa Senhora?
Melanie escreveu: “Eu quis me jogar nos seus braços e dizer-lhe: ‘Minha mãe querida, não choreis! Quero Vos amar por todos os homens da Terra’”.
De fato, essa cena é própria a causar compaixão em qualquer coração
verdadeiramente católico. A Virgem cobria o rosto com as mãos e as
lágrimas lhe corriam pelas vestes…
Nossa Senhora chorava e lamentava, dentre outras coisas, pelos
pecados decorrentes da não observância do descanso dominical, das
blasfêmias e da degradação moral do clero. Este último de uma gravidade
muito maior.
Acontecimentos que deixaram rastros de destruição
Anos antes das aparições de La Salette, em 1830, a Mãe de Deus havia
se manifestado a Santa Catarina Labouré. Nas vezes em que se mostrou
refulgente de raios de luz que brotavam de suas mãos, Nossa Senhora não
chorou. Mas ao dizer as palavras: “Os tempos são muito maus,
calamidades se precipitarão sobre a França. O trono será derrubado. O
mundo inteiro será transtornado por males de toda ordem”, a vidente notou que Nossa Senhora tinha um ar muito penalizado.
As lágrimas da Virgem Santa aí não se manifestaram. Talvez tenham
permanecido dolorosamente represadas no seu terno coração de Mãe, para
não alarmarem demais Catarina sobre as crises políticas e sociais que se
desencadeariam a partir da queda de Carlos X, Rei da França, naquele
ano de 1830.
De qualquer maneira, são lamentos causados pelas graves consequências
do pecado contra instituições milenares da Cristandade. Com efeito, as
revelações a Santa Catarina prenunciam, com décadas de antecedência, a
revolução da Comuna de Paris (1871) e, mais remotamente, a explosão do
comunismo na Rússia (1917). Tristes acontecimentos que deixaram até hoje
seu rastro de destruição na civilização cristã.
Abominações que afrontam a Virgem Santíssima
Em Fátima, do mesmo modo, Nossa Senhora não se apresentou chorando de
forma explícita aos três pastorinhos. Ela demonstrou apreensão pelos “erros da Rússia” que se espalhariam, bem como pelos sofrimentos que se abateriam sobre as nações e o Santo Padre.
Contudo, o pranto não manifestado em Portugal, durante as aparições,
revelou-se a todo o mundo em 1972, na famosa lacrimação da Imagem
Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, em Nova Orleans, Estados Unidos.
(no site http://catolicismo.com.br/, vide edição de outubro/1972).
Por que Ela quis demonstrar tanta tristeza nessa ocasião? Não houve
então qualquer mensagem para esclarecer a razão das lágrimas! O pranto
da Imagem Peregrina teve como causa os mesmos motivos revelados nas
aparições anteriores: os pecados individuais, os pecados coletivos e sua
repercussão na crise interna da Santa Igreja.
E esses pecados são constantes! Não deram sequer um momento de
descanso ao coração dolorido da Mãe de Deus. Eis três exemplos deles nos
dias atuais.
Um caso de pecado individual: em Brasília, um homem agrediu moralmente uma mulher em ônibus coletivo, no último mês de setembro.1
Curiosamente, este só foi mais um de vários casos similares — e mais
brutais! — relatados nos últimos tempos nos jornais do País.
O Chile aprovou em agosto p.p. a descriminalização do aborto em três hipóteses concretas.2
É mais um país católico que se atira de maneira vergonhosa no abismo do
assassinato de inocentes! Aqui vemos o pecado coletivo de uma nação,
pois a lei foi aprovada pelo Parlamento, que representa, ao menos em sua
maioria, a população do país.
E quanto aos pecados dentro das próprias instituições da Igreja? A
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) inaugurou há
pouco um banheiro “unissex” em suas instalações.3
Deixando de lado toda a discussão sobre os problemas morais diretamente
relacionados ao fato, ressaltamos apenas que isso só foi possível com a
autorização ou, pelo menos, a conivência de altas autoridades do clero
católico.
O mínimo que se pode dizer é que tais autoridades não se importam com
as diferenças naturais colocadas por Deus entre homens e mulheres, de
onde provém a necessidade imperiosa de separar banheiros por sexo em
locais públicos.
Considerará Nossa Senhora tudo isso com indiferença? Alguém seria
capaz de relatar esses fatos a Ela enquanto chorava em La Salette, por
exemplo?
Não! Se nós amamos a Virgem Santíssima, teríamos o desejo único de
tentar consolá-la, a exemplo de Melanie. E o melhor consolo que
poderíamos dar à Mãe Celeste consistiria em evitar, em primeiro lugar,
todo pecado individual.
Se o fizermos, os pecados das nações e aqueles que são cometidos
dentro da Igreja tornar-se-iam de algum modo menos frequentes e menos
ofensivos a Deus e a sua Mãe Santíssima.
____________
Notas- Homem no ônibus agride moralmente uma mulher: http://noticias.r7.com/distrito-federal/jornal-de-brasilia/homem-e-preso-apos-abusar-de-mulher-dentro-de-onibus-no-df-05092017
- Chile aprova o aborto: El Pais internacional: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/21/internacional/1503335940_376634.html
- PUC abre banheiros unissex: http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/principal-universidade-catolica-do-brasil-puc-sp-passa-a-oferecer-banheiros-unissex-9z8fqe0mlwzgxxyg7ds6g6n10
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