Ainda que o ofício de ensinar tenha sido confiado diretamente à
hierarquia da Igreja (o Papa e os bispos em si mesmos, e padres e
diáconos por extensão), os leigos não só podem, como devem “pregar”.
Neste tempo de grande confusão entre os próprios membros da hierarquia,
que supostamente deveriam exercer esse ofício, a “pregação” do laicato
— incluindo sua maciça presença na internet — assume uma importância
ainda maior.
Esse tema já foi abordado pelo Papa Leão XIII em sua carta encíclica Sapientiae Christianae, de 1890. Tendo recordado que cabe ao episcopado ensinar com autoridade em nome de Cristo, o Papa afasta uma falsa conclusão que disso se poderia extrair:
É assim também que Santo Tomás de Aquino entende os efeitos do sacramento da Confirmação (cf. Suma Teológica, III, q. 72): a todo cristão, em virtude do caráter sacramental conferido por essa unção, é dada a força para testemunhar publicamente a única fé verdadeira, seja pelo exemplo de vida, seja pela pregação e a apologética, seja por qualquer outro tipo de testemunho, inclusive o do sofrimento silencioso.
Para o laicato, assim como para as pessoas que estão na vida religiosa, pregar obviamente não significa uma pregação formal no contexto da liturgia. Mas, se tivermos um entendimento mais profundo de pregar como levar o Evangelho ao mundo e torná-lo vivo pela graça de Deus, veremos que não há limites para o número de maneiras através das quais a Boa Nova pode ser espalhada e compartilhada com as pessoas.
Cada religioso ou religiosa contemplativa que reza para a verdadeira reforma da Igreja, para a purificação e santificação do clero, bem como para o sucesso dos leigos em seu trabalho cristão no meio do mundo, pôe-se a serviço da missão apostólica de pregar. Sem as orações dos contemplativos, essas boas obras jamais se multiplicariam ou viriam a dar muitos frutos.
A mãe e o pai de família que ensinam seus filhos sobre Deus, que os introduzem na vida de Jesus, de sua Mãe e dos santos, são verdadeiros anunciadores da Boa Nova, transmissores do depósito da fé, “mestres da verdade e pregadores da graça”, como São Domingos. Através de um direito e um dever ao mesmo tempo natural e dado por Deus, eles servem como os primeiros catequistas e pregadores da fé a seus filhos e, nesse sentido, eles possuem um direito e um dever de transmitir a ortodoxia e afastar a heresia, que não podem ser removidos nem substituídos por pastor algum da Igreja — ainda que seja também verdade que o laicato permanece sob a guia e a autoridade magisterial de seus pastores, responsáveis que são por transmitir a palavra da verdade.
A pregação àqueles afundados no erro ou na descrença deve ser, no mais das vezes, ou apologética ou argumentativa, tentando mostrar a essas pessoas a verdade da posição católica. Mas também precisa fomentar as questões para as quais só o Evangelho — ou melhor, a Pessoa mesma de Cristo — pode dar respostas definitivas. Devido à disseminação do materialismo científico e comercial, existe hoje uma tremenda ignorância das realidades espirituais, uma falta de admiração a respeito de Deus e da alma, uma falta do tipo de questões que constituem terreno fértil para a graça da conversão. O convite a um banquete não é atrativo senão quando se tem fome e sede.
A pregação àqueles que já são católicos, seja os de nome, seja os que estão à margem, seja aos confusos, seja aos sinceros, tenderá a ser, por outro lado, expositiva e exortativa, um esforço por conduzir essas pessoas a um entendimento mais profundo, bem como a uma integração mais consistente de fé e vida. Os melhores “pregadores” leigos devem encontrar modos de acender nos católicos uma consciência do imenso caudal de graças que eles receberam no Batismo — sobretudo, o poder de receber Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na Santa Comunhão: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim, e eu nele” (Jo 6, 56), e a tremenda misericórdia do sacramento da Confissão, por meio do qual o mesmo sangue lava os nossos pecados e restaura ou aumenta a graça em nossas almas.
Esse tema já foi abordado pelo Papa Leão XIII em sua carta encíclica Sapientiae Christianae, de 1890. Tendo recordado que cabe ao episcopado ensinar com autoridade em nome de Cristo, o Papa afasta uma falsa conclusão que disso se poderia extrair:
Não pense ninguém que ficou proibido aos particulares cooperar com alguma diligência nesse ministério de ensinar, principalmente aos homens a quem Deus concedeu dotes de inteligência junto com o desejo de serem úteis ao próximo. […] ‘A todos os fiéis cristãos, principalmente àqueles que tem superioridade e obrigação de ensino, suplicamos pelas entranhas de Jesus Cristo, e em virtude da autoridade deste mesmo Senhor e Salvador nosso lhes ordenamos, que apliquem todo o seu zelo e trabalho em desviar esses erros e eliminá-los da luta da Igreja, e difundir a luz puríssima da nossa fé’ (Concílio Vaticano I, Cons. Dogm. Dei Filius).Quando uma pessoa é batizada, ela é introduzida no múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo Senhor (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 901-913): é o que denominamos “sacerdócio universal dos fiéis”. Devido ao caráter sacramental impresso na essência de suas almas, os cristãos têm o poder de oferecer a Deus seus corpos e almas, seus trabalhos e sofrimentos — o mundo inteiro, enfim, que geme por salvação. Esse ato de auto-oblação, em união com o Salvador da humanidade, e de esforço por conduzir as realidades temporais à sua finalidade evangélica, deve penetrar todos os aspectos da vida diária do cristão, ainda que ele sempre venha a encontrar a resistência do mundo, da carne e do diabo.
Por fim, lembrem-se todos que podem e devem disseminar a fé católica com a autoridade do exemplo e pregá-la com uma profissão constante. Desse modo, nos deveres que nos ligam com Deus e com a Igreja está em primeiro lugar o zelo com que cada qual deve trabalhar segundo as suas forças em propagar a doutrina cristã e refutar os erros.
É assim também que Santo Tomás de Aquino entende os efeitos do sacramento da Confirmação (cf. Suma Teológica, III, q. 72): a todo cristão, em virtude do caráter sacramental conferido por essa unção, é dada a força para testemunhar publicamente a única fé verdadeira, seja pelo exemplo de vida, seja pela pregação e a apologética, seja por qualquer outro tipo de testemunho, inclusive o do sofrimento silencioso.
Para o laicato, assim como para as pessoas que estão na vida religiosa, pregar obviamente não significa uma pregação formal no contexto da liturgia. Mas, se tivermos um entendimento mais profundo de pregar como levar o Evangelho ao mundo e torná-lo vivo pela graça de Deus, veremos que não há limites para o número de maneiras através das quais a Boa Nova pode ser espalhada e compartilhada com as pessoas.
Cada religioso ou religiosa contemplativa que reza para a verdadeira reforma da Igreja, para a purificação e santificação do clero, bem como para o sucesso dos leigos em seu trabalho cristão no meio do mundo, pôe-se a serviço da missão apostólica de pregar. Sem as orações dos contemplativos, essas boas obras jamais se multiplicariam ou viriam a dar muitos frutos.
A mãe e o pai de família que ensinam seus filhos sobre Deus, que os introduzem na vida de Jesus, de sua Mãe e dos santos, são verdadeiros anunciadores da Boa Nova, transmissores do depósito da fé, “mestres da verdade e pregadores da graça”, como São Domingos. Através de um direito e um dever ao mesmo tempo natural e dado por Deus, eles servem como os primeiros catequistas e pregadores da fé a seus filhos e, nesse sentido, eles possuem um direito e um dever de transmitir a ortodoxia e afastar a heresia, que não podem ser removidos nem substituídos por pastor algum da Igreja — ainda que seja também verdade que o laicato permanece sob a guia e a autoridade magisterial de seus pastores, responsáveis que são por transmitir a palavra da verdade.
A pregação àqueles afundados no erro ou na descrença deve ser, no mais das vezes, ou apologética ou argumentativa, tentando mostrar a essas pessoas a verdade da posição católica. Mas também precisa fomentar as questões para as quais só o Evangelho — ou melhor, a Pessoa mesma de Cristo — pode dar respostas definitivas. Devido à disseminação do materialismo científico e comercial, existe hoje uma tremenda ignorância das realidades espirituais, uma falta de admiração a respeito de Deus e da alma, uma falta do tipo de questões que constituem terreno fértil para a graça da conversão. O convite a um banquete não é atrativo senão quando se tem fome e sede.
A pregação àqueles que já são católicos, seja os de nome, seja os que estão à margem, seja aos confusos, seja aos sinceros, tenderá a ser, por outro lado, expositiva e exortativa, um esforço por conduzir essas pessoas a um entendimento mais profundo, bem como a uma integração mais consistente de fé e vida. Os melhores “pregadores” leigos devem encontrar modos de acender nos católicos uma consciência do imenso caudal de graças que eles receberam no Batismo — sobretudo, o poder de receber Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na Santa Comunhão: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim, e eu nele” (Jo 6, 56), e a tremenda misericórdia do sacramento da Confissão, por meio do qual o mesmo sangue lava os nossos pecados e restaura ou aumenta a graça em nossas almas.
Em tudo isso, nós podemos ver o enorme poder e responsabilidade do
jornalismo e das publicações católicas em todos os meios de comunicação.
Esse trabalho é parte da missão evangelizadora da Igreja, um verdadeiro apostolado de repassar a fé católica recebida.
Então, da próxima vez que você for tentado a reclamar de uma homilia
ruim que escutou ou de um pastor que não está vivendo de acordo com seu
ofício de pregador (seja porque ele está dizendo falsidades, sem falar
nada de substancial, seja porque está vivendo de uma maneira que
contradiz a fé católica), faça uma pausa, olhe para dentro de si mesmo e pergunte-se como anda a sua própria “pregação”: seu compromisso com a vida de oração, seu bom exemplo e suas obras de testemunho.
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