Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. Procurai o que é agradável ao Senhor, e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. (Ef 5, 8-11)
A história ensinada em praticamente todas nossas instituições públicas
não passa, na verdade, de uma ideologia. Os adeptos da revolução não
“jogaram o livro” fora; eles reescreveram-no, porque é isso o que eles
sempre fazem.
“O modo mais eficaz de destruir as pessoas”, notou certa vez George
Orwell, “é negando e apagando-lhes da memória o próprio entendimento que
elas têm da sua história”. Na cultura atual, o próprio conhecimento da
história será em pouco tempo coisa do passado. Apresentadores de programas noturnos às vezes fazem comédia desse crescente “Alzheimer” cultural
perguntando a pessoas nas ruas questões banais como: “Quem foram os
Aliados na Segunda Guerra Mundial?”, e recebendo respostas vergonhosas.
Mas há um lado notadamente menos engraçado do nosso esquecimento. Nós
estamos correndo o grande risco, como diz o velho ditado, não apenas de
repetir a história por nos termos esquecido dela, mas de repeti-la sem sequer estarmos cientes disso.
Foi esse ponto que o experiente jornalista e autor canadense Ted
Byfield fez questão de enfatizar mais de uma vez quando conversamos
algum tempo atrás. “Nós estamos abandonando rápido muitos dos princípios
sociais e morais fundamentais sobre os quais nossa civilização se
encontra fundada”, disse ele. “Estamos cortando apaixonadamente o galho em que nos sentamos…Muito poucas pessoas, instruídas ou não, sabem de onde vieram esses princípios, e como viemos a abraçá-los.Ignoramos nossa herança e história, e isso é muito perigoso.”Ted Byfiel está certo. Quando há vários anos eu comecei a pesquisar
sobre a história da sociedade ocidental, fiquei muito surpreso com o
simples fato de que muitas coisas que eu havia aprendido — ou pelo menos
tinha sido levado a acreditar — não eram verdade. Se há muitos
professores universitários generosos e eruditos, alguns dos quais tive o
privilégio de conhecer, há também muitos hippies senis que
trocaram suas comunas por uma forma mais fértil de disseminar a própria
ideologia: a academia. Em auditórios diante de milhares de estudantes,
eles vendem sua própria versão de como a história se desenrolou, deixando a maioria de nós completamente ignorante de como as coisas realmente aconteceram. Desde que finalizei minha graduação em história, tenho percebido com
frequência uma ironia: muitos pais cristãos lutam contra as influências
da cultura a fim de inculcar em seus filhos os valores tradicionais e
uma visão de mundo cristã, para depois bancar-lhes os estudos
universitários e dar à faculdade quatro anos para convencer seus filhos a abandonarem essa visão de mundo.
Alfred Kinsey, uma fraude ainda celebrada nas universidades.
Eu aprendi, por exemplo, no primeiro ano de história, que não houve Revolução Sexual coisíssima nenhuma, porque os infames relatórios de Alfred Kinsey em
1950 haviam “revelado” que norte-americanos de todas as classes sociais
já estavam praticando todo tipo imaginável de ato sexual. Praticamente
ninguém era fiel a seu cônjuge, relações homossexuais eram comuns e até a
bestialidade era supostamente frequente.Essa ainda é a história que vem sendo ensinada sem questionamento
— mesmo que os relatórios Kinsey tenham sido desbancados, e ele mesmo
tenha sido desacreditado por inúmeras culpas, desde ter permitido atos
horríveis de pedofilia para chegar a seus dados até tê-los distorcido de
propósito para contestar a ética sexual cristã. Aqueles, porém, que
ainda se dedicam de coração a celebrar a velha e doentia Revolução de 60
muito têm a perder com a divulgação desse conjunto perturbador de fatos históricos. O mesmo se deu com a antropóloga Margaret Mead e seu famoso livro Coming of Age in Samoa
(“Adolescência, sexo e cultura em Samoa”), de 1928 — uma obra que
estourou na consciência ocidental “revelando” que outras culturas
rejeitavam códigos tradicionais de comportamento sexual e estavam
prosperando em consequência disso. Depois de ter sido o livro de antropologia mais famoso já escrito
(leitura obrigatória nas universidades de todo o mundo ocidental), mais
tarde ficou provado que suas pesquisas foram mal conduzidas e eram até mesmo fraudulentas.
De fato, as fontes de Margaret Mead revelaram a um professor que
acompanhou suas teses anos depois que suas excitantes histórias haviam
sido apenas uma piada. Ainda assim, você não verá a obra da antropóloga ser examinada criticamente na maior parte das universidades — ainda que seja ela a sustentar grande parte das atitudes de nossa sociedade em relação à chamada liberação sexual.
Dr. Bernard Nathanson, médico aborteiro que se converteu à causa pró-vida.
A rede de fraudes continuou com o aborto. O Dr. Bernard Nathanson —
médico que ajudou a fundar (com líderes feministas eminentes, como Betty
Friedan) a NARAL, uma associação para repelir leis contrárias ao aborto
— foi uma voz fundamental para promover a maior clínica de abortos do
mundo, no estado de Nova Iorque. Depois de se tornar pró-vida, como
resultado de estudos avançados feitos na área da embriologia, ele
revelou em uma série de memórias que o número de abortos clandestinos usado pela NARAL e o movimento abortista para defender a legalização da prática erainventado.A informação é corroborada pelo fato de nenhuma fonte histórica
confiável fornecer qualquer evidência dos números impressionantes de
abortos ilegais que o establishment pró-aborto diz acontecerem nos Estados Unidos até hoje. Existem ainda dezenas de pessoas nos campi usando o argumento de que o aborto não diminui quando se torna ilegal. E por quê? Porque eles nunca aprenderam história alguma de fato, apenas a narrativa fictícia criada para o consumo público. Esses são apenas três exemplos alarmantes de centenas que poderiam
ser dadas. Nossas elites culturais — a mídia, o cinema, a academia e até
muitos do establishment político — estão envolvidas demais no
terrível experimento que foi a Revolução Sexual para examinar
honestamente a sua história ou os seus trágicos resultados. Nossa
história não é nossa. A história ensinada em praticamente todas as nossas instituições públicas não passa, na verdade, de uma ideologia.
Os revolucionários sexuais não “jogaram o livro” fora; eles
reescreveram-no, porque é isso o que revolucionários sempre fazem. Isso
chamou minha atenção em particular há alguns meses durante uma viagem à
China. Nossa guia turística, Anna, levava a mim e a um amigo meu da
Cidade Proibida, passando pela Praça de Tiananmen, até o Mausoléu de Mao
Tsé-Tung, onde o falecido ditador ainda repousa em um caixão de vidro.
Depois de escutá-la exaltando por horas o ditador, perguntei-lhe como
era possível que ela acreditasse que Mao havia sido bom para a China
quando, segundo algumas estimativas, ele foi responsável pela morte de quase 70 milhões de pessoas.
Primeiro ela se irritou e depois ficou agitada. Informou-me que Mao
havia sido um “grande líder” e concluiu nossa discussão anunciando que
“negar Mao seria como negar o Partido Comunista”! E, com isso, a verdade histórica foi facilmente descartada por obrigação ideológica. A fim de entender a insanidade sexual e a carnificina que tomaram conta de nossa cultura em praticamente todas as frentes, é preciso devolver à história o seu lugar de honra.
Nós temos de analisar honestamente e entender como chegamos a esse
ponto. Sem isso, sequer começaremos a tomar consciência do que nos cabe
fazer. Precisamos armar nossos filhos e as futuras gerações com a verdade do que realmente aconteceu na história, e com o porquê de nós acreditarmos no que acreditamos.
É precisamente isso o que me disse Ted
Byfield, agora em seus 80 anos, quando lhe perguntei o que os mais
jovens poderiam fazer para começar um processo de renovação cultural. Ler história com urgência,
disse-me. As pessoas ficarão impressionadas quando descobrirem o que
realmente aconteceu — “elas ficarão surpresas com as coisas
completamente sem sentido que fizemos no século passado; o que precisa
ser enfatizado em nossa geração é a descoberta do que aconteceu; em
outras palavras,é preciso entrar em contato com a história.” À medida que as pessoas fizerem isso, finalmente as coisas começarão a fazer mais sentido.
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