sábado, 9 de fevereiro de 2019

10 “verdades bombásticas” sobre a Castidade no Catecismo da Igreja Católica

[churchpop]


Raramente houve uma palavra tão incompreendida quanto Castidade.
O termo que, praticamente, é universalmente pensado para ser sinônimo de “abstinência” tem, na realidade, outra definição muito mais rica e profunda.
A abstinência é apenas abster-se de fazer uma ação – apenas um simples “não” – A castidade é essencialmente, “a bem sucedida integração da sexualidade na pessoa e, assim, a unidade interior do homem no seu ser corporal e espiritual” (Catecismo da Igreja Católica, 2337).
A castidade é muito mais do que o senso comum apresenta. Por isso, mostraremos 10 verdades bombásticas sobre o tema no Catecismo da Igreja Católica.

1) “A pessoa casta mantém a integridade das forças de vida e de amor em si depositadas. Esta integridade garante a unidade da pessoa e opõe-se a qualquer comportamento susceptível a ofendê-la. Não tolera nem a duplicidade da vida, nem a da linguagem.” (2338)

Boom! Direto ao assunto! Lembra-nos dos poderes que temos dentro de nós para viver e para amar.
Pergunte a qualquer super-herói (lembra do Homem-Aranha 3?!) e eles vão dizer que poderes são neutros – você pode usá-los para o bem ou para o mal, a escolha é sua. E você não pode ser um bom rapaz fazendo o mal ao mesmo tempo. Nós somos chamados a fazer o bem e vivermos a nossa vida amando aqueles que nos rodeiam.

2) “A castidade implica uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da liberdade humana. A alternativa é clara: ou o homem comanda as suas paixões e alcança a paz, ou se deixa dominar por elas e torna-se infeliz.” (2339)

Deixarei que o Gaudium et Spes faça o resto do que estou falando:
Exige, portanto, a dignidade do homem que ele proceda segundo a própria consciência e por livre adesão, ou seja movido e induzido pessoalmente desde dentro e não levado por cegos impulsos interiores ou por mera coação externa. O homem atinge esta dignidade quando, libertando-se da escravidão das paixões, tende para o fim pela livre escolha do bem e procura a sério e com diligente iniciativa os meios convenientes. A liberdade do homem, ferida pelo pecado, só com a ajuda da graça divina pode tornar plenamente efectiva esta orientação para Deus. E cada um deve dar conta da própria vida perante o tribunal de Deus, segundo o bem ou o mal que tiver praticado.

3) “O domínio de si é uma obra de grande fôlego. Nunca poderá considerar-se total e definitivamente adquirido. Implica um esforço constantemente retomado, em todas as idades da vida;” (2342)

Ouviu isso? Temos que continuar nos esforçando para sermos virtuosos se queremos ser castos. Não há estabilidade quando se trata de autodomínio – ou você está ficando melhor ou piorando.
Michael Jordan se tornou o maior jogador de basquete da história não por ganhar um campeonato ou prêmios individuais, mas por aprimorar sua arte todos os dias, sem cansar. Por treinar de maneira incansável para alcançar a perfeição. Assim precisa ser nossa vida para nos tornarmos castos, virtuosos.

4) “A virtude da castidade gira na órbita da virtude cardeal da temperança, a qual visa impregnar de razão as paixões e os apetites da sensibilidade humana.” (2341)

Observe a última palavra — “RAZÃO“.
Nós somos humanos e não animais. Nós temos a capacidade única para usar nosso cérebro e tomar decisões não apenas baseadas nos nossos instintos (embora a sociedade nos diga o contrário), e não é por acaso que temos a VONTADE. Use-a para escolher o melhor, e entender que há um tempo e lugar para tudo, especialmente quando se trata de castidade.

5) “A castidade é uma virtude moral. Mas é também um dom de Deus, uma graça, um fruto do trabalho espiritual.” (2345)

Como vimos no número 3, a castidade exige esforço. Temos que trabalhar para isso – a castidade só vai surgir de nossa própria ação intencionada. Enquanto é preciso esforço físico e emocional, não podemos nos esquecer “do esforço espiritual”, isto é, a oração.
A oração é a construção do nosso relacionamento com o Senhor, para que possamos estar sempre preparados para dar o nosso melhor a Deus – que é amar o nosso próximo – e nesse caso, de forma particular na nossa relação de namoro e/ou casamento. O casamento na sua é uma relação triangular – marido, esposa, e Deus.
A graça da castidade está lá e se ofereceu para nós, independentemente do esforço que fazemos – continua a ser um dom gratuito.
A castidade nasce dos nossos esforços, mas é antes de tudo um dom gratuito dado por Deus. Independente dos nossos esforços, Deus sempre nos dará sua graça.

6) “A castidade conhece leis de crescimento e passa por fases marcadas pela imperfeição, muitas vezes até pelo pecado. O homem virtuoso e casto «constrói-se dia a dia com as suas numerosas decisões livres. Por isso, conhece, ama e cumpre o bem moral segundo fases de crescimento».’” (2343)

Podemos encontrar um pouco de consolo no item 6: Deus não está nos pedindo para comer o elefante inteiro em uma mordida. Está nos pedindo para continuar comendo. Se esperamos para governar nossas paixões e integrar plenamente nossa sexualidade como parte de toda a pessoa que Deus criou, então devemos nos edificar através de escolhas livres, grandes e pequenas.
Todos são chamados à castidade, não importa o seu estado de vida – um passo na direção certa, é um passo na direção certa, não importa a velocidade.

7) “A castidade representa uma tarefa eminentemente pessoal; implica também um esforço cultural, porque existe «interdependência entre o desenvolvimento da pessoa e o da própria sociedade»” (2344)

Em um certo aspecto, a nossa aventura para viver a castidade é nossa e só nossa – ninguém pode fazer as escolhas que fazemos com nossos corpos e como nós tratamos os entes queridos.
Mas, por outro lado, não vivemos ilhados. Nós vivemos como parte da sociedade, uma comunidade de pessoas, e as nossas escolhas afetam diretamente a todos, para melhor ou para pior. Por isso, nós também temos um dever como membros da humanidade de manter a castidade viva em nossas mentes, bem como na cultura em que vivemos.

8) “A castidade leva quem a pratica a tornar-se, junto do próximo, testemunha da fidelidade e da ternura de Deus. A virtude da castidade expande-se na amizade.

. (2346-2347)

A ideia da verdadeira amizade, creio eu, tem se perdido em nossa cultura e substituído em muitos aspectos, por uma forma ímpar de ‘quid pro quo‘ “amizade” (isto é, “Você coça minhas costas, eu coço as suas”).
A amizade deveria ser a raiz de todo relacionamento, é o reconhecimento da marca de Deus na outra pessoa – que é indelével, centelha do divino – que merece cultivar independentemente de receber ou não algo em troca.

9) “A castidade deve qualificar as pessoas segundo os seus diferentes estados de vida.” (2349)

Castidade não é somente para a fase da adolescência. Nem é um chamado para os noivos que estão contando os dias para o casamento.
Pelo contrário, castidade é um chamado universal para todos, tanto adolescentes solteiros, como casais, para jovens e velhos, como para pessoas que fizeram a opção de viver o celibato, porque nós todos  somos chamados a “manter a potência de vida e amor” colocada dentro de nós.

10) “Todo o batizado é chamado à castidade. O cristão «revestiu-se de Cristo», modelo de toda a castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma vida casta, segundo o seu estado de vida particular.”

G. K. Chesterton escreveu uma vez: “Não só estamos todos no mesmo barco, mas estamos todos enjoados.”
A vida Cristã é difícil, não dá pra contornar isso. Mas nós estamos todos juntos, e devemos usar esse grande dom para levantarmos uns aos outros, seja fisicamente ao nos encorajarmos constantemente para encontrar o que há de bom em nossas vidas e em nossos relacionamentos com o próximo, seja espiritualmente através da oração.

O reino será melhor servido por causa disso.

Publicado originalmente em Mountain Catholic.

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