23 já foram condenados à morte e executados; 25 estão em julgamento; 224 já foram punidos por uma lei arbitrária e vastamente manipulável
O caso mais famoso é o de Asia Bibi. A mulher católica, esposa, mãe de cinco filhos, foi condenada a morrer enforcada
porque bebeu água de um poço do seu próprio vilarejo, foi acusada por
um grupo de mulheres muçulmanas de tê-la contaminado simplesmente por
ser cristã, questionou a fé islâmica das suas acusadoras diante desse
disparate e foi assim denunciada por “blasfêmia”.
Ela passou quase dez anos presa, os últimos dos quais numa cela fria e mal iluminada do corredor da morte, sem saber o dia nem a hora em que, a qualquer momento, poderia ser assassinada. Diante de uma repercussão inusual no exterior, fomentada com grande empenho por grupos cristãos que tiveram a coragem de não se calar, a Corte Suprema do país revogou no final do ano passado a sua condenação à morte. Mas ela teve de abandonar a própria nação, com a família, para não acabar assassinada pela horda de fanáticos que queriam vê-la executada de qualquer maneira.
Asia Bibi está longe, porém, de ser a única pessoa vitimada pela famigerada “lei antiblasfêmia” que vigora desde 1986 no Paquistão e que, desde então, já impôs o seu peso espantoso e aberrantemente injusto sobre as costas de nada menos que 224 cristãos. Os dados vêm de Cecil Shane Chaudhry, diretor executivo da Comissão Nacional de Justiça e Paz (NCJP) do Paquistão, entrevistado pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, pela sigla em inglês adotada internacionalmente).
O processo de Asia Bibi chegou a uma resolução positiva, mas outros 23 cristãos foram executados sob a acusação genérica de “blasfêmia” entre 1990 e 2017. Ainda há 25 cristãos em julgamento, segundo estudo da NCJP apresentado à ACN.
Cecil Chaudhry observa:
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Com informações da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN)
Ela passou quase dez anos presa, os últimos dos quais numa cela fria e mal iluminada do corredor da morte, sem saber o dia nem a hora em que, a qualquer momento, poderia ser assassinada. Diante de uma repercussão inusual no exterior, fomentada com grande empenho por grupos cristãos que tiveram a coragem de não se calar, a Corte Suprema do país revogou no final do ano passado a sua condenação à morte. Mas ela teve de abandonar a própria nação, com a família, para não acabar assassinada pela horda de fanáticos que queriam vê-la executada de qualquer maneira.
Asia Bibi está longe, porém, de ser a única pessoa vitimada pela famigerada “lei antiblasfêmia” que vigora desde 1986 no Paquistão e que, desde então, já impôs o seu peso espantoso e aberrantemente injusto sobre as costas de nada menos que 224 cristãos. Os dados vêm de Cecil Shane Chaudhry, diretor executivo da Comissão Nacional de Justiça e Paz (NCJP) do Paquistão, entrevistado pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, pela sigla em inglês adotada internacionalmente).
O processo de Asia Bibi chegou a uma resolução positiva, mas outros 23 cristãos foram executados sob a acusação genérica de “blasfêmia” entre 1990 e 2017. Ainda há 25 cristãos em julgamento, segundo estudo da NCJP apresentado à ACN.
A lei antiblasfêmia
Dois parágrafos (B e C) da Seção 295 do Código Penal paquistanês dão pé às amplas e subjetivas interpretações que constituem a assim chamada “lei antiblasfêmia”:- 295B: estipula prisão perpétua para quem profanar o Alcorão;
- 295C: condena à morte quem é acusado de insultar o profeta Maomé.
Cecil Chaudhry observa:
“A lei antiblasfêmia é uma ferramenta poderosa que os fundamentalistas podem usar em detrimento das minorias. Muitas vezes, essa lei é mal utilizada como meio de vingança pessoal. E quando as acusações são feitas contra os cristãos, toda a comunidade sofre as consequências”.Foi o caso, por exemplo, em março de 2013, no distrito cristão Joseph Colony, da cidade de Lahore, quando o jovem cristão Sawan Masih foi acusado insultar Maomé. Quem recorda é o pe. Emmanuel Yousaf, presidente da NCJP, em depoimento à ACN:
“No dia 9 de março, depois das orações da sexta-feira, uma multidão de 3.000 muçulmanos incendiou todo o distrito. Foram destruídas quase 300 casas e duas igrejas”.Os 83 instigadores do ataque incendiário foram todos libertados, mas o jovem Sawan Masih foi condenado à morte em 2014 e ainda aguarda recurso. Seu advogado, Tahir Bashir, comenta:
“As audiências estão sendo constantemente adiadas. A última foi agendada para 28 de janeiro, mas o juiz não compareceu. Enfim, a nova data da corte está marcada para 27 de fevereiro”.
“Testemunhas” nem sequer estavam presentes
Assim como o caso de Asia Bibi, o de Sawan está repleto de irregularidades. As acusações contra ele foram feitas por um de seus amigos muçulmanos, Shahid Imran, após uma discussão entre eles. Só dois dias depois é que apareceram duas “testemunhas”, que, na realidade, nem sequer estavam presentes no momento em que Maomé teria sido, supostamente, insultado. O pe. Yousaf declarou à ACN:“As acusações contra Sawan estão sendo instrumentalizadas. A verdadeira motivação por trás disso é uma tentativa de expulsar os cristãos do distrito da cidade, que se tornou muito popular porque fica perto das metalúrgicas”.A esposa de Sawan, Sobia, está criando os três filhos sozinha.
“Eu não sei por que eles acusaram meu marido. Só sei que o homem que o denunciou era um amigo dele com quem ele tinha discutido. Sawan é inocente”.Enquanto isso, no Ocidente, governos, meios de comunicação e principalmente as autoproclamadas “organizações de defesa dos direitos humanos” fingem que estes fatos não existem ou não são merecedores da sua seletiva “preocupação”.
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Com informações da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN)
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