1. Você acha que se deve dar atenção ao desejo de que, além da maneira tradicional, deve ser admitido o ritual de recebimento da Santa Comunhão nas mãos?Sim: 597
Não: 1.233
Sim, mas com reservas: 315
Votos inválidos: 202. É de seu desejo que esse novo ritual seja primeiramente experimentado em pequenas comunidades, com o consentimento dos bispos?Sim: 751
Não: 1.215
Votos inválidos: 703. Você acha que os fiéis receberão bem esse novo ritual, após uma adequada preparação catequética?Sim: 835
Não: 1.185
Votos inválidos: 128(Memoriale Domini in Veritatis Splendor)
Em decorrência disso, a mesma instrução
assim determinava: «o Santo Padre [Paulo VI] decidiu não modificar a
maneira existente de administrar a Santa Comunhão aos fiéis». Ou
seja, a forma ordinária de se receber a Sagrada Eucaristia não foi
jamais modificada: é recebê-La das mãos do sacerdote diretamente na boca.
Esta é a prática tradicional que remonta a épocas imemoriais, é a
prática que já foi incontáveis vezes confirmada pela Santa Sé, é a
prática que nem a Memoriale Domini revogou.
Receber a comunhão nas mãos, embora se tenha tornado um abuso horrendo em todo o mundo, trata-se apenas de um indulto que as mais das vezes se aplica ilicitamente. É o que diz o n. 92 da Redemptionis Sacramentum:
«Se existe perigo de profanação, não se distribua aos fiéis a Comunhão
na mão». Como a maior parte das nossas celebrações litúrgicas é um
verdadeiro pandemônio e como os nossos católicos apresentam no geral uma
formação sofrível, o «profanationis periculum» — ao menos nas missas
abertas — é a regra e, portanto, a lei litúrgica manda não distribuir a comunhão eucarística nas mãos.
Que isso seja as mais das vezes ignorado não elide o seu caráter de
ilicitude: a desobediência não deixa de ser desobediente apenas porque
se pratica com uma regularidade descarada.
“Ah, o problema é somente que as
pessoas, não sabendo comungar direito, acabam deixando cair no chão
fragmentos da hóstia consagrada”. Bom, ainda que o problema fosse só
esse — concesso non dato –, tal já exigiria que se proibisse a comunhão na mão,
uma vez que a RS manda não distribuir deste modo «[s]e existe perigo de
profanação»! Deixar cair no chão um fragmento do Corpo de Cristo, ainda
que seja “sem querer”, por desleixo e por falta de cuidado, é, sim, sem
a menor sombra de dúvidas, uma situação de «profanationis periculum» — onde o direito manda, portanto, não distribuir a Eucaristia nas mãos. “Somente” este problema já é um sacrilégio horrendo e uma desobediência atroz à lei da Igreja, que não se pode menosprezar.
Mais: a comunhão na boca é direito
verdadeiro e próprio do fiel, ao passo em que a comunhão na mão é mero
indulto. É o que nos diz, ainda, o n. 92 da Redemptionis Sacramentum, cuja tradução para o português ficou truncada e incompreensível. Diz o texto na nossa língua:
Todo fiel tem sempre direito a escolher se deseja receber a sagrada Comunhão na boca ou se, o que vai comungar, quer receber na mão o Sacramento. Nos lugares aonde Conferência de Bispos o haja permitido, com a confirmação da Sé apostólica, deve-se lhe administrar a sagrada hóstia.
Somente em português a pontuação ficou desse jeito. Em italiano, em espanhol, em inglês e em latim o
período vai até o final, e o seu sentido é claro: aquilo a que se tem
«sempre direito» é a «receber a sagrada Comunhão na boca», e recebê-la
na mão somente é possível nos «lugares aonde (sic) [a] Conferência de
Bispos o haja permitido». A versão em francês é a mais clara e inequívoca: Tout fidèle a toujours le droit de recevoir, selon son choix, la sainte communion dans la bouche. Todos os fiéis têm o direito de receber, à sua escolha, a Santa Comunhão na boca. Ponto. Este é direito. Em seguida vem o indulto: Si
un communiant désire recevoir le Sacrement dans la main, dans les
régions où la Conférence des Évêques le permet, avec la confirmation du
Siège Apostolique, on peut lui donner la sainte hostie. Se um fiel
deseja receber na mão o Sacramento, naquelas regiões onde a Conferência
dos Bispos com a confirmação da Sé Apostólica o permita, pode-se lhe dar
a santa hóstia. Esta é a concessão, que não é absoluta e sim
condicionada a um indulto da Conferência Episcopal ratificado pela Santa
Sé.
Ou seja: embora qualquer Conferência Episcopal possa (e em muitos casos até mesmo o bispo individual o deva — si adsit profanationis periculum) proibir a comunhão na mão, nenhum bispo ou Conferência pode proibir a comunhão na boca. Este é o modo ordinário de se receber a comunhão eucarística, ao qual o fiel tem sempre direito — ius semper habeat. Este entendimento não é meu, é da Sagrada Congregação para o Culto Divino: em
2009, quando um surto de gripe suína levou certas dioceses a
restringirem a comunhão na boca, o referido Dicastério assim se
manifestou:
Este Dicastério observa que sua Instrução Redemptionis Sacramentum (25 de março de 2004) claramente determina que “todo fiel tem sempre direito a escolher se deseja receber a sagrada Comunhão na língua” (n. 92), nem é lícito negar a Sagrada Comunhão a qualquer dos fiéis de Cristo que não estão impedidos pelo direito de receber a Sagrada Eucaristia (cf. n. 91). (via Fratres)
Portanto, ninguém pode negar a Sagrada
Comunhão a um fiel que A peça diretamente na boca — a não ser que ele
esteja «impedido pelo direito», caso em que ele não pode comungar nem na
mão e nem de jeito nenhum. Se um fiel católico pode comungar, então ele pode comungar na boca: é a lei da Igreja.
Que cada um se esforce por fazer valer esse seu direito. Que ninguém se
sinta constrangido por arrazoados pretensamente pastorais cuja
intenção, velada ou explícita, seja obscurecer esta verdade cristalina.
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