Anna Maria Antonia Gesualda, nasceu em 29 de maio de 1769, em
Siena mas, ainda muito nova, sua família mudou-se para Roma. Sem saber ler nem
escrever, a jovem foi trabalhar no palácio da nobre família Maccarani, onde
conheceu seu futuro marido, Domenico Taigi, com quem teve sete filhos, três dos
quais morreram na primeira infância.
Deus concedeu à Beata Anna Maria Taigi, uma simples e humilde
dona de casa e mãe exemplar de muitos filhos, visões e revelações
extraordinárias em relação aos perigos que ameaçavam a Igreja, acontecimentos
futuros e sobre os mistérios da fé. Estas visões e revelações eram feitas por
meio da presença de um ‘sol místico’, disco brilhante com as mesmas dimensões
do sol distante, mas provido de raios irradiantes, que se projetava cerca de
doze palmos do seu olho esquerdo e três palmos acima de sua cabeça, conservando
sempre essa posição. O ‘sol místico’ lhe apareceu pela primeira vez a ela por
volta de 1790 como um disco de fogo e a acompanhou durante toda a sua vida,
tornando-se cada vez mais brilhante ao longo dos anos e sua natureza lhe foi
revelada por Deus nos seguintes termos:
‘Este é um espelho que Eu te mostro, para que conheças o bem e o
mal que é praticado’
Nas condições difíceis da família, um novo inquilino passou a
ocupar um quartinho da casa simples: Mons. Raffaele Natali, que iria
conviver com a beata por cerca de 30 anos e que escreveu mais de 4 mil páginas
manuscritas com as transcrições às pressas das inúmeras visões obtidas pela
beata através do ‘sol místico’, e que constituem o tesouro das referências
destes eventos extraordinários ocorridos na primeira metade do século XIX.
(página
manuscrita das visões de Anna Maria Taigi)
Eis
alguns exemplos das profecias da beata obtidas através do ‘sol místico’ e
transcritas pelo Mons. Natali:
Sobre a crença geral de que o ‘o Paraíso é ali’ (setembro de
1831):
‘Ah, filha! Paraíso, Paraíso!… Não acredites que nestes tempos
os Pontífices possam ir direta e tão rapidamente ao Paraíso. É bom que saibas
que houve Pontífices no passado que foram verdadeiramente bons. Mas, Eu te digo
que ainda estão para entrar no Paraíso. Que ainda estão purgando!’
(…)
‘fala-se muito apressadamente: ‘Como era bom! Fez isto e aquilo, e certamente
foi para o Paraíso!’ Se pudessem ver onde eles estão e quanto penam!’ (Vol. IX,
32-34).
Sobre os pecados de Roma (31 de agosto de 1816)
‘Oh
Roma, Roma, habitantes iníquos, que desconheceis o bem que Eu vos fiz. Vou
tomando nota de vossa incorrespondência. Mas, quando Meu Pai der a ordem, tudo
acabará!… Sabei que agora as almas chovem como neve no inferno. Chorem e chorem
todos amargamente, porque Roma não pode mais ser chamada de santa’.
‘Os
homens vivem como animais. E não procuram senão comodidades e prazeres, e
satisfazer plenamente a sua iniquidade. (…) Eu cobrarei vingança sobre eles e
deveria aniquilá-los por causa de seus pecados. Contudo, Eu sou Pai amoroso e
fico aguardando. Mas quando o tempo estiver esgotado, não haverá mais remédio.
Com teus próprios olhos verás um dia aquelas almas que são premiadas nesta
terra e que pela sua soberba’ [vão para o inferno].
‘Quero fazer-te ver este lugar. Então, sim, minha filha, terás
medo. Pedirás piedade e misericórdia para eles, mas não haverá piedade para
muitos. Porque hão de penar para sempre. Sim! Verás como serão atormentados
pelos diabos na proporção de seus pecados. Mas, o que mais me atormenta e mais
me causa pena, é Eu ser de tal maneira mal recompensado por meus ministros. E
aqueles que devem dar o bom exemplo cometem mais pecados que os leigos’ (…)
Sobre o destino eterno de Napoleão Bonaparte (24 de julho de 1831)
[a cadeira de Napoleão no inferno] ‘é feita inteiramente de
pontas afiadas como diamantes, toda ela consumida por um fogo que ardia
violentamente. Ouviu que nenhuma alma entre as mais amadas por Deus no Céu
podia revogar o decreto’.
‘Na manhã do dia seguinte à chegada da notícia [da morte de
Napoleão], logo após comungar, ela ouviu na Missa as seguintes palavras,
pronunciadas em tom suave e agradável: eis que acabaram os anos, os dias e os
momentos daquele que havia posto o mundo em revolução’.
‘De que
lhe servem agora todos os seus ornamentos de pedras preciosas, prata e ouro que
roubou? O sangue dos pobres clama por vingança e clamará até o dia do Juízo
Final. E ele, lá embaixo, sofrerá a pena, e toda a sua estirpe vai se reunir
com ele. Porque aqueles que, no mundo gozaram prazeres e contentamentos, é
necessário que os paguem na outra vida com cruéis tormentos’ (Vol. V, 803 –
805).
Sobre o futuro da Igreja (novembro de 1816)
‘Tudo
o que aconteceu não é nada [tribulações durante o pontificado de Pio VII].
Antes bem, não é mais do que um sopro. Ah o que vai ser a ‘definitiva’! [nome
usado por Deus para descrever o embate futuro e final entre o bem e o mal] (…)
Ah, então sim, chorarão’.
‘Pobre Igreja! Pobres igrejas! Oh como estão mal cuidadas! Oh
como estão mal administradas! E por quem! Ai! Para dizer toda a verdade, eu
quero destruí-las todas, convertê-las em ruínas, não deixar pedra sobre pedra.
Que da antiga igreja não fique sequer um sinal. (…) Dentro de todas elas há
relíquias de meus santos. Mas, como são tratadas?’ (…)
‘Destruirei!…
Estou para destruir Roma. Mas não ainda, por causa de tantas almas minhas que
ali estão. Mas ai, mísera Roma! Como acabará! Em que mãos vai cair! Os bons
virão comigo e os perversos acabarão seus dias amargamente e depois [sofrerão]
eternamente, para sempre’ (Vol. VII, 265 – 266).
Sobre o respeito humano (1828)
‘O respeito humano leva ao inferno muitos confessores com todos
os seus penitentes. Para não dar um remédio amargo ou o mais mínimo desgosto,
morrem tantas almas e vão para a casa do diabo. (…) de quem é a culpa? (…)
Sabes de quem é? (…) Quando esses estarão diante de meu Tribunal, o que será
deles? (…) Por esta razão, chove almas no inferno como a neve. (…) Vedes
quantas ruínas há no mundo? Esta é a causa’ (Vol. VII, 433 – 437).
Sobre os maus costumes e a confusão das ideias (8 de junho de
1829)
‘Agora reinam os maus costumes, a política, o respeito humano, a
simulação. Há um escândalo geral por toda parte. Este é o maior e mais forte
castigo que caiu sobre todo o mundo: a confusão das ideias. Muitas vezes te
disse que antes do fim passaríamos pela Torre de Babel. Mas o fim virá quando
Eu achar por bem’. (Vol. VII, 468).
Sobre o Restaurador da Glória da Igreja (1828)
‘Viste? Observas? Contemplas? Eis a alma apostólica, eis o homem
que luta pela vinha, eis aquele que é igual aos que tanto lutavam pela minha
glória. Seus esforços, seus suores, suas obras serão premiadas no Paraíso com
tanta glória que mente humana alguma jamais conseguirá imaginar’.
‘É
tamanho o amor que Eu tenho por essa criatura, que ela só o conhecerá no
Paraíso. Esse é um homem verdadeiramente zeloso. Esse não tem mancha alguma.
Esse não tem finalidades humanas, não procura interesses e, desde a mais tenra
juventude, jamais passou por ele o vício do cortesão’. (Vol. VII, 380).
Sobre os tempos finais (13 de setembro de 1831, mensagem de
Nossa Senhora)
‘Agora não é tempo de milagres, porque a hora de a Igreja
retornar ao seu primeiro estado ainda não chegou. Filhos meus, eis aqui vossa
Mãe. Eu vos abençoo, abençoa-vos Meu Pai, mas sede bons, sede bons, sede bons’.
‘Sofrei com boa disposição por meu amor, até que venha o
Espírito Santo para vos abrasar de amor e dar a definitiva a este mundo iníquo.
Tereis chegado ao fim. Fica-vos pouco por padecer. Todos os reinos, cidades,
povos, castelos, províncias, se encontrarão em penas, em problemas, em
tribulações, em tormentos até a definitiva’ (Vol. IX, 152 – 155).
A beata foi marcada, durante toda a sua vida, por incessantes
ataques diabólicos, como se pode concluir neste depoimento do Mons. Natali
(que morou num quartinho da casa da beata e conviveu com ela, por cerca de 30
anos):
‘Ela era de tal maneira oprimida e infestada pelos demônios
durante a noite, que sem uma ajuda extraordinária do Senhor um espírito mais
robusto teria sucumbido. Lembro-me que, nos primeiros cinco anos em que morei
em sua casa, eram de tal maneira frequentes os fantasmas, os rumores, as
aparições monstruosas de espíritos malignos que assolavam toda a casa, que me
senti obrigado a dormir vestido sobre um sofá, para ir lhe aspergir água benta;
e naquelas circunstâncias eu experimentei a grande virtude desse sacramental
contra os demônios’.
‘Eu confesso minha fraqueza: se o Senhor não me sustentasse
especialmente, eu fui muitas vezes tentado a deixar essa casa, embora lembrasse
que meu bispo [S. Vincenzo Maria Strambi] me dissera que jamais a deixasse. E
quando se aproximava o fim da tarde, eu ficava pensando na noite e parecia-me
cair sobre mim um peso insuportável‘ (Proc. Ordin. 379 – 380).
Anna
Maria Taigi morreu em 9 de junho de 1837, ao cabo de nove meses de agudos
sofrimentos, com a idade de sessenta anos. Foi beatificada em 1920 e seu corpo
incorrupto jaz em ataúde de cristal na Igreja de São Crisógono em Roma, dos padres
Trinitários, em cuja ordem a beata era terceira.
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