Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. Procurai o que é agradável ao Senhor, e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. (Ef 5, 8-11)
sábado, 28 de setembro de 2019
Leitor questiona católicos e afirma que São Pedro nunca esteve em Roma: será?
A "prova" seria um trecho isolado do Novo Testamento em que Paulo afirma que "apenas Lucas está comigo"
Volta e meia, (re)aparece a velha acusação anticatólica de que a Igreja
mente ao afirmar que São Pedro esteve em Roma e foi lá martirizado.
Alguns detratores se baseiam numa passagem isolada do Novo Testamento
para alegarem que, “segundo a Bíblia”, Pedro “nunca esteve em Roma”. A
passagem em questão é da Segunda Carta a Timóteo, 4, 11, na qual São
Paulo, escrevendo de Roma, diz: “Apenas Lucas está comigo”.Seria esta então a “prova” de que São Pedro nunca esteve em Roma?Não é preciso muito além do mínimo de honestidade intelectual para
constatar que esse versículo afirma apenas que Pedro não estava ao lado
de Paulo no momento em que Paulo escrevia aquele versículo. A mesma
linha de “raciocínio” que extrapola que Pedro “nunca esteve em Roma” por
conta deste versículo também poderia servir para afirmar que nenhum
outro cristão da época estava em Roma além de Paulo e Lucas…
O que diz São Pedro
O próprio São Pedro termina a sua primeira carta com uma saudação criptografada em que faz menção à “Babilônia”. Era a senha da Igreja primitiva para identificar Roma. Pelo contexto,
o termo certamente não pode aplicar-se literalmente à cidade da
Babilônia tantas vezes citada no Antigo Testamento. Antigos cristãos
escreviam em suas cartas “Estou na Babilônia” em vez de “Estou
em Roma” porque as autoridades do Império os perseguiam e, portanto, era
arriscado explicitar por escrito a própria localização. O uso de mensagens em código era bastante comum entre os cristãos
clandestinos: o próprio símbolo cristão do peixe, até hoje popular, era
um código secreto para identificar os cristãos apenas entre eles mesmos.
O uso de “Babilônia” como código para
“Roma” se devia ao que a antiga Babilônia tinha feito com os judeus,
semelhante ao que Roma fazia então com os cristãos.
Outras evidências históricas
Estes dados históricos podem não ser suficientes para convencer alguns detratores da presença de São Pedro em Roma. Outras evidências, porém, podem ser achadas em escritos primitivos e
na arqueologia – e se alguém pretende acusar os católicos de mentirosos,
deveria, por honestidade intelectual básica, examinar antes todas as
evidências disponíveis. Algumas delas:
Santo Irineu, na sua obra “Contra as Heresias”, do ano 190 d.C., afirmou que São Mateus escreveu o seu Evangelho “enquanto Pedro e Paulo estavam evangelizando em Roma”.
Dionísio de Corinto, em 170 d.C., menciona explicitamente o “plantio feito por Pedro e Paulo em Roma”.
Em pleno século XX, arqueólogos escavaram sob a Basílica de São
Pedro para checar se ela tinha mesmo sido construída sobre o túmulo de
São Pedro. E o que eles encontraram nessa escavação? O túmulo de São
Pedro! Até os túmulos próximos continham também inscrições que
afirmavam: “Sepultado próximo de Pedro”.
Um interessante relato dessas escavações pode ser lido na obra “The Bones of St. Peter” (Os Ossos de São Pedro), do historiador, biógrafo e jornalista norte-americano John Evangelist Walsh (1927-2015).
A tradição
Segundo a tradição, São Pedro foi crucificado de cabeça para baixo,
em Roma, porque não se considerava digno de receber a mesma morte
imposta a Jesus.
São Pedro Apóstolo pediu para ser crucificado de cabeça para baixo porque ele não se sentia digno de imitar a morte de Jesus.
Na cultura católica, uma obra literária se tornou mundialmente
célebre ao relatar o contexto da permanência e morte de São Pedro em
Roma: “Quo Vadis?“, do autor polonês Henryk Sienkiewicz.
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