Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. Procurai o que é agradável ao Senhor, e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. (Ef 5, 8-11)
sexta-feira, 20 de setembro de 2019
Por que os católicos devem estar juntos da Virgem Maria para sobreviverem à grande apostasia
“Foi através da Bem-aventurada Virgem Maria que Jesus veio ao mundo, e é também através d’Ela que Ele deve reinar no mundo”, escreve São Luís Grignion de Montfort na introdução de sua obra-prima, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem.
O fato de que Jesus deve reinar por meio de Maria está ligado por
nosso Santo à presença e ação peculiares de Nossa Senhora nos últimos
tempos. São Luís explica que “a salvação do mundo começou através de
Maria e é por meio dela que deve ser realizada. Maria mal apareceu na
primeira vinda de Jesus Cristo, para que os homens, ainda
insuficientemente instruídos e esclarecidos sobre a pessoa de seu Filho,
não pudessem desviar-se da verdade ao se apegar demais a Ela. […] Mas
na segunda vinda de Jesus Cristo, Maria deve ser conhecida e revelada
abertamente pelo Espírito Santo, para que Jesus seja conhecido, amado e
servido por Ela. As razões que levaram o Espírito Santo a esconder sua
Esposa durante a vida dela e revelar muito pouco sobre Ela desde a
primeira pregação do Evangelho não existem mais”. (n. 49)
Entre as razões apontadas por São Luís para explicar por que Nossa
Senhora deve se tornar conhecida nestes últimos tempos, para que
possamos receber uma assistência mariana especial, há a seguinte: Maria deverá se tornar tão terrível para o demônio e seus sequazes
como um exército em ordem de batalha, especialmente nestes últimos
tempos. Satanás, sabendo que tem pouco tempo — agora menos do que nunca —
para destruir as almas, intensifica todos os dias seus esforços e
ataques. Ele não hesitará em armar perseguições selvagens e estender
armadilhas traiçoeiras aos servos e filhos fiéis de Maria, que ele acha
mais difícil de vencer do que os outros. (n. 50) Nossa Senhora deve ser conhecida e amada, a fim de que possamos
abraçá-La para viver com Ela e n’Ela nos últimos tempos, sem nenhum
engano ou desânimo, mas perseverando na fé. De fato, esses são os tempos
de uma batalha especial contra os inimigos de Deus, antes de tudo
contra o “mistério da iniquidade”, que é o pecado. O Catecismo, ao
descrever o julgamento final da Igreja, ensina claramente que “antes
da segunda vinda de Cristo, a Igreja deverá passar por um julgamento
final que abalará a fé de muitos crentes. A perseguição que acompanha
sua peregrinação na Terra revelará o ‘mistério da iniquidade’ na forma
de um engano religioso, oferecendo aos homens uma solução aparente para
seus problemas ao preço da apostasia da verdade”. (675) Esse engano poderá dizer respeito principalmente à maneira como as
pessoas acreditam sem realmente acreditarem, conduzidas pelas
autoridades religiosas à confortável indiferença.
Esses tempos finais já estão se desenrolando em nossos dias atuais?
Não o sabemos. Não é nossa intenção especular sobre isso — somente Deus
sabe o tempo e o momento. No entanto, este momento atual mostra muitos
dos sinais que nos levam a pensar que uma espécie de batalha terrível e
crucial foi travada. A batalha é entre a serpente do Gênesis e a
Mulher que pode esmagar sua cabeça. Somente a Mulher, imaculada e
sempre virgem, pode vencer a malícia e a astúcia da serpente e de seus
aliados. Apenas alguns exemplos podem nos ajudar a perceber o alcance dessa
batalha espiritual que deve ser travada. Deus parece estar ausente,
mesmo dentro da Igreja. Isso pode parecer surpreendente, mas as
reflexões de Bento XVI sobre as raízes teológicas de tantos abusos
sexuais clericais na Igreja, nos últimos 50 anos, destacaram isso. Ele
denunciou a raiz desse grande escândalo — um mal moral sem precedentes,
que está no esquecimento de Deus. A responsabilidade moral diminui e
desaparece quando nossa liberdade não é mais orientada pelo amor de
Deus, por sua Palavra. “A morte de Deus em uma sociedade também significa o fim da liberdade, porque o que morre é o propósito que fornece orientação” — escreveu. Parece que vivemos em uma grande apostasia na qual o envolvimento
social com o mundo substituiu a fé sobrenatural. É irrelevante que
alguns assuntos de fé relativos ao casamento e à vida familiar sejam
verdadeiros e católicos na Polônia, mas não, por exemplo, na Alemanha,
onde existem diferentes políticas pastorais?
No coração de nossa pastoral, existe agora uma preocupação com a
preservação da floresta amazônica, que é mantida como um ambiente
idílico, o tipo de qualquer vida boa e saudável. O que é mais
desconcertante é que a Amazônia, como território, é apresentada como um
“lugar teológico”, onde devemos aprender sobre a (nova) Revelação de
Deus e viver nossa fé de uma maneira mais ecológica. Nenhuma importância
é dada a Cristo como Salvador ou ao pecado. Enquanto ainda usamos a palavra “salvação” para lidar com esses
problemas humanos, não entendemos mais seu significado sobrenatural — o
único adequado — que deve nos interessar: a salvação de nossa alma da
condenação eterna. Se perdermos nossa alma, uma das maiores obras da
criação de Deus será perdida e não haverá mais sentido salvar o meio
ambiente. A criação é hierárquica, em seu topo está o homem, e o homem
foi feito para Deus. Um novo conceito enganador de “dignidade da pessoa”
nos levou a ver a pessoa como digna simplesmente enquanto sujeito
humano, e não mais como criatura de Deus elevada pela graça. A
consequência dessa nova abordagem kantiana é que superamos a dignidade
humana, colocando em seu lugar a dignidade do território. Mas, de acordo
com os Padres da Igreja, o homem perde sua dignidade humana e original
quando peca contra Deus. Desta vez é realmente desafiador. É precisamente por esse motivo que,
nestes tempos, precisamos descobrir a pérola preciosa de nossa devoção e
consagração a Nossa Senhora. Jesus deseja reinar através d’Ela. Jesus
pode reinar somente através d’Ela porque Ele veio por meio d’Ela. A
Santíssima Virgem é a porta de Deus para este mundo, a mesma que deixa
as pessoas entrarem no coração de Cristo. Ela é o antídoto para a
perdição eterna das almas. Em Fátima, Nossa Senhora prometeu: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará.” Não
sabemos aqui quando chegará esse “fim” ou se ele está prestes a ser
revelado, mas o que sabemos é que, se os últimos tempos forem
caracterizados por uma presença particular de Maria, eles também podem
coincidir com o triunfo prometido do Imaculado Coração. Certamente “o
fim” de Fátima, marcando o triunfo de Maria, não é a Parusia — a segunda
vinda de Nosso Senhor, mas o momento do Reinado de Maria e, através
d’Ela, de Jesus, seu filho. Aqueles que pertencem a Ela receberão uma
graça especial para derrotar o inimigo, para descobrir a maldade de
todas as ameaças à nossa salvação.
Nossa Senhora reinará. Ela deve reinar. Esse triunfo trará um
renascimento de nossa fé na sociedade e na Igreja. Nossa Senhora
devolverá à nossa Igreja o seu característico papel de Discípula do
Senhor e Mestra de todas as pessoas, fiéis à sua Palavra, à eterna
Tradição. Desejamos apressar esse triunfo. No entanto, não se trata de ser
triunfalista ou apenas passivo, esperar que uma solução nos seja dada
pelo Céu, ou, pior ainda, misturar a intervenção salvífica de Deus na
História com o progresso humano em todas as áreas da vida do homem,
inclusive o aprimoramento de um estilo de vida verde. O único caminho
possível a seguir para participar desse triunfo, que é sobrenatural e
não controlado pelo homem, mas que ainda requer nossa cooperação, é
pertencer a Maria, tornar-se propriedade dela, seus escravos filiais de
amor. É necessária consagração a Ela, pela qual nos entregamos a Maria
como seus humildes servos. Precisamos substituir nosso próprio ego pelo
de Nossa Senhora, a fim de permitir que Ela possua nosso ser, nosso
intelecto e vontade, nosso coração. A vantagem em ser de Maria é ser vitorioso com Ela e n’Ela sobre o
demônio, o pecado e a morte eterna. Compartilharemos de sua fé e Ela nos
transformará à semelhança de Jesus. No Céu, Nossa Senhora não tem mais
fé, pois vive na visão beatífica. No entanto, de acordo com São Luís
Grignion, por uma concessão especial de Deus, Ela preservou sua fé
divina para seus servos fiéis da Igreja militante (ver nº 214). Seu
Imaculado Coração é o lugar onde a fé da Igreja e suas doutrinas são
mantidas com segurança. Fora desse coração há ruína e engano, um lugar
onde o diabo é livre para maquinar. “Meu querido irmão” — pergunta São Luis Grignion —, “quando
chegará aquele momento feliz, a era de Maria, quando muitas almas,
escolhidas por Maria e dadas a Ela pelo Deus Altíssimo, se esconderão
completamente nas profundezas de sua alma, tornando-se cópias vivas
d’Ela, amando e glorificando Jesus? Esse dia só virá quando a devoção
que eu ensino for entendida e posta em prática. Ut adveniat regnum tuum,
adveniat regnum Mariae: ‘Senhor, para que venha o Teu reino, que venha o reino de Maria’” (nº 217). Esse “quando” que todos estão ansiosos para saber sempre parece
destinado a permanecer sem resposta. Quando esse triunfo acontecerá?
Quando poderemos finalmente ver uma restauração da Fé após uma
decadência muito longa e insuportável? Todas essas perguntas só podem
ser respondidas com outra, a capital, a questão temporal, mas vital,
levantada por São Luís Grignion, que pergunta: “Quando as almas respirarão Maria como o corpo respira o ar?” (Ibid.)
A questão já é entrar nestes últimos tempos e viver na esperança dessa
promessa mariana. Então todos os nossos “quando” serão respondidos
também. _______________ Fonte: lifesitenews
Tradução: Hélio Dias Viana.
Por que os católicos devem estar juntos da Virgem Maria para sobreviverem à grande apostasia
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