Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. Procurai o que é agradável ao Senhor, e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. (Ef 5, 8-11)
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
Ucrânia reconhece oficialmente que comunismo e nazismo são o mesmo horror
“Regimes comunistas mataram cerca de 100 milhões de pessoas — cerca de 4 vezes mais que o número de mortos pelos nazistas”
O planeta reconhece há décadas que uma das máximas abominações do século
XX foram os campos nazistas de extermínio, que sistematicamente
assassinaram milhões de judeus, poloneses, prisioneiros soviéticos de
guerra, ciganos, homossexuais, sacerdotes e freiras. Santos e beatos da
Igreja foram martirizados em campos de horrores como Auschwitz e Dachau,
sendo os mais conhecidos São Maximiliano Kolbe, Santa Teresa Benedita da Cruz e o beato Karl Leisner.
No entanto, as abominações associadas a Hitler são apenas uma parte do registro histórico dos horrores do século XX. Best-seller internacional, “O Livro Negro do Comunismo”
demonstra com estatísticas que o comunismo do mesmo século não apenas
se iguala ao nazismo, mas o supera vastamente na quantidade de pessoas
assassinadas em direta decorrência do regime:
65 milhões na China
20 milhões na União Soviética
1 milhão no Vietnã
2 milhões na Coreia do Norte
2 milhões no Camboja
1 milhão nos países comunistas do Leste Europeu
1,7 milhão na África
1,5 milhão no Afeganistão
Além disso, 150 mil na América Latina e outros 10 mil mundo afora
também foram mortos em decorrência de ações do movimento internacional
comunista e de partidos comunistas fora do poder.
Domínio Público (Wikipédia)
“O Livro Negro do Comunismo: Crimes, Terror, Repressão” é
uma obra coletiva de professores e pesquisadores universitários europeus
encabeçados pelo francês Stéphane Courtois. Como o livro é de 1997, ele
obviamente não computa as mortes cometidas de lá para cá nas regiões
que continuaram sujeitas a esse regime e aos seus métodos essencialmente
opressivos, como a China e a Coreia do Norte; nem, é claro, nas regiões
que retrocederam na sua trajetória democrática para reeditar essa
aberração histórica – como a Venezuela de Chávez, Maduro e seus
comparsas do Foro de São Paulo. Marc Thiessan, no Washington Post, anotou em resumo:
“Ao
todo, regimes comunistas mataram cerca de 100 milhões de pessoas —
cerca de quatro vezes mais que o número de mortos pelos nazistas —
tornando o comunismo a ideologia mais assassina da história humana”.
Por que esse horror não é tão execrado quanto o nazismo?
Em artigo publicado neste 27 de julho no site da Fundação para a Educação Econômica (Foundation for Economic Education),
o autor Jon Miltimore observa que os horrores da Alemanha nazista e os
horrores do comunismo do século XX ainda são vistos de maneiras
diferentes, o que causa grande frustração em quem vê a dissonância
cognitiva no tratamento dado à foice e ao martelo em comparação com o
tratamento recebido pela suástica. Numa época em que as farsas de viés socialista voltam a se apresentar
ao mundo como “libertadoras do povo”, a verdade sobre o comunismo
costuma ser “evitada” nas TVs e nos “grandes” jornais e revistas a
serviço desse mesmo projeto de poder – que não é exatamente um poder “do
proletariado”, como prega, descaradamente, a sua propaganda (a este
propósito, nunca é demais recordar o magistral resumo feito por George
Orwell sobre a “igualdade” realizada pelo comunismo: “Todos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros“). A “dissonância cognitiva” que tenta fazer parecer que os crimes do
comunismo não foram tão hediondos quanto os do nazismo se tornou
insuportável para os legisladores da Ucrânia, que, em 2015, aprovaram
uma legislação que equipara o nazismo e o comunismo. Essa lei foi
confirmada na semana passada por um tribunal ucraniano, que, a respeito,
declarou:
“O regime comunista, assim como o regime nazista,
infligiu danos irreparáveis aos direitos humanos porque, durante a sua
existência, manteve total controle da sociedade, promoveu perseguições e
repressões politicamente motivadas, violou as suas obrigações
internacionais e as suas próprias constituições e leis”.
Com base nesta decisão, serão removidos monumentos comunistas
soviéticos ainda resistentes na Ucrânia, além de proibido o uso de
símbolos nazistas e comunistas.
A Ucrânia, diga-se de passagem, sabe muito bem do que está falando.
Holodomor, o holocausto ucraniano
Falar de comunismo na Ucrânia é falar do holocausto local. Anne Applebaum, vencedora do Prêmio Pulitzer, publicou em 2017 o livro “Red Famine: Stalin’s War on Ukraine” (Fome Vermelha: A Guerra de Stalin contra a Ucrânia,
ainda sem edição no Brasil). Ao contar como quase 4 milhões de
ucranianos foram assassinados pela fome propositalmente provocada na
União Soviética entre 1931 e 1934, ela enumera meios que levaram a esse resultado espantoso:
“A decisão desastrosa da União Soviética de forçar os
camponeses a abandonarem suas terras e se unirem a fazendas coletivas; o
despejo de ‘kulaks’, os camponeses mais ricos, de suas casas; o caos
que se seguiu… Tudo foi responsabilidade de Joseph Stalin, o
secretário-geral do Partido Comunista Soviético”.
Joseph Stalin, 1953
Se milhões de pessoas morrerem de fome já é pavoroso, ainda mais
aterrorizante é saber que essa tragédia derivou de uma política sem nada
de acidental. Até o verão de 1932, prossegue Anne Applebaum, a fome em massa era
evitável: os soviéticos poderiam ter pedido ajuda internacional, como,
aliás, já tinham feito em ocasiões anteriores. Poderiam ter parado de
exportar grãos ou interrompido as requisições de grãos, por exemplo. Mas
os líderes do partido, deliberadamente, escolheram não fazer nada
disso.
“No outono de 1932, o Politburo soviético, a
liderança de elite do Partido Comunista Soviético, tomou uma série de
decisões que ampliaram e aprofundaram a fome no campo ucraniano e ao
mesmo tempo impediram os camponeses de deixarem a república em busca de
comida. No auge da crise, grupos organizados de policiais e ativistas
partidários, motivados pela fome, pelo medo e por uma década de retórica
odiosa e conspiratória, entraram nas casas das famílias camponesas e
levaram tudo o que era comestível: batata, beterraba, abóbora, feijão,
ervilha, qualquer coisa no forno e no armário, animais de fazenda e
animais de estimação”.
3,9 milhões de ucranianos morreram de fome. Na década seguinte, os
que na Ucrânia sofreram o domínio de Hitler enxergam pouca diferença
entre as atrocidades dos nazistas e as atrocidades dos comunistas. O genocídio ucraniano sob a tirania comunista se iniciou por conta da
resistência de muitos camponeses do país à coletivização forçada, que
era uma das bases do regime comunista porque visava suprimir a
propriedade privada. Os soviéticos confiscaram maciçamente o gado, as
terras e as fazendas dos ucranianos e lhes impuseram punições que iam de
trabalhos forçados ao assassinato sumário, passando por brutais
deslocamentos de comunidades inteiras. Este abominável episódio histórico, hoje chamado de Holodomor, foi o
mais vultoso, mas não o único do gênero em território comunista: 1,5
milhão de pessoas no Cazaquistão e quase outro milhão de habitantes do
norte do Cáucaso e de regiões ao longo dos rios Don e Volga sofreram
suplícios semelhantes, na mesma época, também causados propositalmente
pelo mesmo governo central comunista soviético.
O Papa Francisco já falou claramente do Holodomor
No ângelus dominical de 26 de novembro de 2017, o Papa Francisco
recordou explicitamente os cerca de 3,9 milhões de vítimas da fome
provocada deliberadamente nos campos da Ucrânia pelas políticas do
ditador comunista Joseph Stalin, da antiga União Soviética, entre 1932 e
1933, para “coletivizar” fazendas de gado e terras agrícolas.
Em mensagem ao povo ucraniano, o Papa Francisco mencionou “a
tragédia do Holodomor, a morte por fome provocada pelo regime
estalinista que deixou milhões de vítimas. Rezo pela Ucrânia, para que a
força da paz possa curar as feridas do passado e promover caminhos de
paz“. Dentro do panorama de tergiversação dos fatos que é característica
indissociável da ideologia comunista e que insiste em tentar
perpetuar-se, é digno de aplausos que o Papa Francisco tenha dado nome
aos bois – assim como já deu a outro genocídio amplamente “esquecido”
pelo mundo até recentemente: aquele que a Turquia otomana perpetrou contra a Armênia cristã em 1915.
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