Para uma melhor compreensão da lavagem
cerebral utilizada pelos pastores é necessário entender a técnica-base
utilizada pelos mesmos. Eles usam um método chamado DECODIFICAÇÃO.
Tentarei explicar aqui com algumas palavras.
A DECODIFICAÇÃO é a desprogramação ou remoção de elementos da
memória, de condicionamentos e de decisões, sempre realizados pela
pessoa e registrados no nível inconsciente. O que é decodificado não
mais é percebido pelo indivíduo no nível inconsciente. A memória antiga
então desaparece, dando lugar a uma nova mentalidade. É bom deixar bem
claro que o consciente e o inconsciente reagem de modo diferente à mesma
coisa. O primeiro é racional; o segundo é carregado de emoção. É no
inconsciente que os pastores trabalham mais.
A maioria das pessoas têm um trauma latente no inconsciente. Quando
acontece o transe coletivo realizado pelos pastores em seus cultos, este
trauma (conflito interno), aflora, provocando na pessoa uma
fenomenologia incontrolável como: mudanças de voz (ecolalia) fisionomia
do rosto (prosopopéia), força superior (sansionismo), revelação de
coisas ocultas (HIP), levitação, gritos, parece ser outra pessoa. Por
mais estranho que pareça a crise, ela revela uma pessoa com um estado
psíquico necessitando de tratamento sério, médico, psiquiátrico. Em
geral, por trás do transe, há uma pessoa que teme assumir um conflito
interno “trauma”.
Para que o leitor entenda melhor, vamos fazer a comparação da lavagem
cerebral, utilizada por estes pastores, com uma lata cheia de água.
Nossa consciência em seus três níveis (consciente, subconsciente e inconsciente)
se parece com uma lata cheia de água. Mais à superfície está o
consciente, no fundo o inconsciente e no meio o subconsciente. O que cai
dentro da lata, freqüentemente, vai para o fundo. O que está mais ao
fundo da lata é o que tem maior influência sobre nossas decisões.
Normalmente há estabilidade e cada nível se mantém no seu lugar.
O clima religioso e emocional, a voz alta do pastor, a gritaria dos
fiéis, o barulho constante que ocorre nos cultos, a música e seu ritmo
provocam então algo como se desse um chute na lata e, então, os três
níveis se misturam. Sobe o que está no fundo da lata e, daí, as
diferentes reações, porque cada um tem um fundo de lata diferente. O
momento de águas revoltas é o mais oportuno para se incutirem idéias e
pensamentos, que depois descerão para o fundo da lata. O que, nesse
momento, foi incutido na mente das pessoas vai para os níveis mais
profundos da consciência e, por isso, fica extremamente difícil de
modificar, pois se torna verdade irrefutável. Só pode mudar mesmo após
muito tempo ou utilizando também de outra hipnose.
Daí o fanatismo irracional, as idéias arraigadas que resistem a
qualquer raciocínio e também a limitação que não admite outra hipótese
nem é capaz de conviver com outro tipo de atividade ou preocupação
pastoral.
Não é pela razão e sim por um hipnotismo, ou emoção, que são
incutidas idéias que nada têm de racionais e, portanto, não se ligam com
outras. Além do mais, é “extremamente agradável” passar por estes momentos de voos espirituais ou de “viagens” fora do nível normal da consciência, para fora dessa realidade “perversa e violenta”. Na verdade, estas pessoas gostam mesmo é de “flutuar”! Ficar como se estivessem anestesiadas perante a vida real.
De uma hora para outra a família está errada, os amigos não eram amigos. Todos são “profanos”, “escravos do pecado”,
etc. A pessoa é bombardeada pela nova visão e torna-se radical
renegando tudo que vivera. Algumas mudanças chegam ao nível da pessoa se
afastar dos próprios parentes e amigos, alguns chegam a abandonar a
família.
Depois deste “chute na lata” o estado mental é alterado e a
faculdade crítica de pensar é suspensa. Nesse estado, a pessoa perde a
noção de tempo, de dores, de problemas, e até de si próprio.
Freqüentemente sente êxtase, intenso prazer, paz, alegria e poder. Esta
condição é atingida por métodos que entorpecem o processo mental
normal. O indivíduo fica como se estivesse “num mundo de fantasias”.
O bom juízo, a análise crítica e as desconfianças são trocados pelo
relaxe mental e a suspensão do raciocínio. Este relaxe acontece
normalmente quando a pessoa sai do estado BETA e passa para o estado
ALFA. BETA e ALFA são fenômenos conhecidos em Psicologia,
Parapsicologia, e usados em todas as culturas de todas as épocas.
É muito comum ouvir a gritaria dos fiéis que participam destas
celebrações contagiando quem está lá carregando conflitos psicológicos.
As pessoas procuram esses cultos para aplacar seu drama interior.
Pastores e seus auxiliares aprendem a induzir o transe. Quando a pessoa
está tonta, ela fica mais aberta para manifestar as supostas visões de
Anjos, demônios etc. Os pastores ou os auxiliares costumam pôr a mão na
cabeça dos fiéis e fazê-lo rodar. Outro recurso que funciona muito bem é
tocar músicas altas no teclado, com acordes bem tenebrosos, porque o “demônio” não gosta de silêncio, segundo as explicações dos pastores e obreiros.
O movimento rítmico prolongado nas danças e saltos que são presentes
nos cultos protestantes exige muito esforço muscular e logo começa a
causar exaustão física e nervosa. Isto provoca um alto nível de álcalis
no sangue, que conduz à alcalose cerebral. Sabemos que a alcalose
cerebral tende a produzir transe e comportamento sugestionável. Sem
dúvida, as batidas forte com os pés e as danças rítmicas criariam mais
ácido láctico no fluxo sanguíneo, por causa do excessivo esforço
muscular envolvido.
Quem está no meio de um agrupamento tomado pela euforia tende a se
deixar contaminar pela emoção. Há um mecanismo do sistema límbico do
cérebro, o mais básico da área nervosa, que induz a pessoa a se
comportar segundo as atitudes da multidão que a cerca.
A maioria dos pastores usa voz “Cadenciada”, que é um padrão, um estilo de fala ritmada usada por hipnotizadores, para induzir transe. Na prática um pastor falando em voz “Cadenciada” parece estar seguindo o ritmo de um metrônomo, como se enfatizasse cada palavra num estilo monótono e padronizado.
Conforme o estilo do culto, as pessoas são sugestionadas pela voz
autoritária do pastor que consegue atingir uma espécie de estado
hipnótico. A repetição das orações em voz alta, de olhos fechados,
conhecida pela medicina como respiração holotrópica, produz um fenômeno
de super oxigenação no cérebro. O resultado é um rebaixamento dos níveis
de consciência.
O medo e a lavagem cerebral
Pastores e também profissionais de marketing usam estratégias e
táticas psicológicas para manipular nossas mentes e nos persuadir a
seguir uma determinada doutrina, ou convencer uma pessoa a consumir.
Eles vasculham nossa mente em busca de medos, sonhos, vulnerabilidades e
desejos mais profundos. Eles guardam diversas estratégias para promover
a lavagem cerebral com o objetivo de garantir lealdade à igreja, ou nos
transformar em compradores compulsivos.
Embora pareça contraditório, a atração humana pelo medo tem explicação biológica. “Existe uma superposição substancial entre as áreas do cérebro envolvidas no processamento do medo e do prazer”
esclarece Allan Kalueff, neurocientista da Universidade de Tampere, na
Finlândia. O neurocientista Kerry Ressler, do Yerkes National Primate
Research Center, acrescenta que o medo ativa a amígdala, ou o “Centro do medo” do cérebro, “como se estivéssemos de fato vivendo a emoção”. O neurobiologista Michael Fanselow, da Ucla (EUA), afirma que o medo é “bem mais poderoso que a razão, trata-se de uma sensação mais forte do que a capacidade de racionalizar”.
Quando um indivíduo sente medo, o corpo entra em modo automático,
direcionando sangue para partes distantes do cérebro, impedindo que a
pessoa pense com clareza. “Em outras palavras, a redução de sangue no cérebro pode tornar uma pessoa literalmente estúpida”.
Existem vários métodos para uma pessoa entrar num estado mental
alterado (EMA). As consequências dessas práticas ao longo do tempo não
são positivas. Às vezes a pessoa passa de êxtase para terror sem motivo
real. Ela pode sentir calor ou frio ou ter convulsões ou sentir
correntes de eletricidade passar por seu corpo. Freqüentemente sente
depressão quando está num estado mental normal, pois sente a ausência do
efeito, pois o indivíduo passa ser como os dependentes químicos. A
prática dessas coisas pode conduzir a uma paranóia, ansiedade, raiva,
medo, confusão ou desorientação. Eu conheço pessoas, que hoje são
desequilibradas e desestruturadas emocionalmente. Muitas delas tiveram
que passar por tratamentos Psicológicos e algumas destas pessoas foram
internadas para recuperação após fazer retiros promovidos pelas suas
denominações religiosas.
Além destas técnicas psicológicas, usadas pelos pastores, existem
fraudes na maioria destes cultos. Um grande número de pastores exibem o
diabo subjugado como se fosse um animal na jaula. Primeiro: Os pastores entrevistam o demônio para identificar seu “nome”,
invariavelmente uma entidade dos cultos afro-brasileiros. “Confira como
exemplo, as fotos 06 e 07 que estão nas últimas páginas”. Segundo: Pergunta como ele se apossou daquela pessoa. Terceiro: Procura descobrir os males e sofrimentos que ele está provocando na vida (familiar, financeira…) da vítima. No quarto
e derradeiro passo, o ritual perde o caráter de talk show com o
demônio. Depois de humilhá-lo, o pastor ou o manipulador expulsa-o em
nome e para a glória de Cristo. O que acontece na verdade, é que estes
manipuladores fazem que as “pessoas em transe andem de joelhos ao redor da igreja, ou batem a cabeça nos nossos pés, ou ainda que imitem cachorros, galinhas, porcos e outros animais”.
Quando o suposto demônio reluta em sair, o pastor pede a ajuda da
platéia, que bate firme os pés no chão, ergue as mãos em direção ao
possesso e brada “sai, sai, queima, queima”.
Qualquer pessoa de bom senso notará que, se a intenção fosse curar a
pessoa, não precisaria mantê-la tanto tempo diante da platéia, sendo
ridicularizada. Esta cura poderia acontecer entre o pastor e a pessoa,
ou seja, entre os dois, mas parece que isto não interessa. É necessário
haver um show, um espetáculo para impressionar. Curiosamente, é que
muitas igrejas protestantes buscam inspiração nas religiões
afro-brasileiras para apimentar seus cultos.
Ora, jogar a culpa por tudo que há de errado no demônio é uma solução
confortável para quem busca alívio nos cultos. As conseqüências podem
ser perigosas. A pessoa sai da igreja acreditando que não tem
responsabilidade moral pelos erros que comete. Por isso, é comum ouvir
de pessoas, que foi sempre o demônio que “causou isso ou aquilo”, e nunca tem consciência de que são os responsáveis por tais acontecimentos.
Durante pouco tempo, o crente passa a ter uma personalidade frágil e
influenciável. Então é fácil de concluir que ele está pronto para ser
manipulado por qualquer pastor, doutrinador ou um líder que se apresente
como solução. Ao frequentar estas igrejas, o indivíduo escapa dos
vícios e dos problemas para ser escravo desses pregadores.
Eric Hoffer, um grande estudioso nesta área, diz que estas pessoas
que se deixam ser levadas facilmente por um manipulador são literalmente
seguidores cegos, pessoas, que querem livrar-se de suas capacidades, de
seus potenciais. Elas procuram por respostas, significados e iluminação
em coisas externas a si mesmas.
Hoffer diz em seu livro: “Essas pessoas não pretendem conseguir
fortalecimento ou auto-afirmação, mas apenas fugir de si mesmas dando o
controle de suas vidas a outros. São seguidoras não porque procuram
auto-superação, mas, na verdade, porque anseiam a auto-renúncia!”. Hoffer também diz que os Crentes Cegos “são eternamente, incompletos e inseguros”.
Nunca subestime o perigo que essas pessoas representam. Elas podem
ser facilmente transformadas em fanáticas que defenderão a ferro e fogo
suas “causas sagradas ou seus mestres”. Isso se dá porque essas “supostas causas sagradas” na verdade substituem a fé que perderam em si mesmas.
A grande maioria dos “crentes cegos” aqueles que se tornam fanáticos ou fundamentalistas podem ser divididos em três classes: Primeira: as pessoas inseguras; Segunda: as mentalmente desequilibradas; Terceira: as “solitárias”, sem esperanças e amigos.
Continua Hoffer: “Aprendi tudo isso por experiência própria. Ao
longo dos anos em que passei ensinando técnicas e conduzindo
treinamentos, defrontei-me com essas pessoas constantemente. Tudo que
podia fazer era tentar mostrar que a única coisa a ser procurada é o
autoconhecimento. Devem encontrar suas respostas apenas em si mesmas
através do Criador e não através de criaturas como os manipuladores”.
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Autor: Jaime Francisco de Moura
Fonte: Cultos Protestantes, lavagem cerebral e hipnose – Editora Com Deus – 2ª Edição / 2013
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