“Aceita em ti o Espírito de Fogo, desperta em ti o dom de Deus”. Nem sempre é fácil para nós implementar esta oração da Confirmação na nossa vida quotidiana. No entanto, a nossa vocação está aqui, diante de nós, basta abrir os olhos e sobretudo o coração
Por Cécile Lucas
Muitas vezes é difícil discernir um
chamamento de Deus em nossas vidas. Somos apanhados nas nossas tarefas
diárias, não queremos realmente ser envolvidos na paróquia para a
catequese, preparação baptismal ou decoração floral. Quanto à vida
profissional, já não se fala de vocação apenas para certas profissões:
médico, enfermeiro, professor…
Isso equivale a esquecer que a vocação é
um chamamento (a palavra vem do latim “vocare” que significa “chamar”):
de um modo ou de outro, todos somos chamados por Deus, desde o dia de
nosso batismo. Ele nos convida a crescer de acordo com sua vontade para
participar da construção de seu Reino, a partir de hoje. Renunciar a
buscar a nossa vocação, não será recusar pôr a nossa vida nas mãos de
Deus?
Nossos talentos são dons de Deus
Para muitos de nós, reconhecer as nossas
qualidades nem sempre é fácil. Achamos que não temos nada de
excepcional! Por medo da vaidade, negamos nossos talentos, ou mesmo
procuramos ser diferentes do que somos. Então se nos escapa o tesouro
que Deus colocou em nós desde a nossa concepção. Se Deus nos ama com
amor incondicional, como qualquer pai, mais do que qualquer pai, Ele se
alegra em nos ver exercitar os diferentes talentos que Ele nos deu. Não
podemos escolher, mas podemos decidir acolher esses talentos com
humildade. Como os reconhecer? Ouçamos o que nossos cônjuges, amigos,
filhos ou colegas apreciam de nós. Recebamos estas qualidades como dons
de Deus, dons do seu amor. Escolhemos responder “sim” a Ele.
Não esperemos, de um dia para o outro,
encontrar finalmente a vocação que vai mudar nossas vidas. Procuremos
implementar e desenvolver os pequenos e grandes talentos que embelezam a
vida quotidiana: a capacidade de acolhimento de um, a fantasia do
outro, os seus dotes culinários e intelectuais… Arranjemos tempo para
oferecer um café ao nosso vizinho que não parece estar bem. Sejamos mais
rigorosos na nossa análise, mesmo que nosso chefe não se dê conta
disso. Ofereçamos os nossos dons de organização à paróquia ou a uma
associação que afecte o nosso coração. Cada uma destas acções,
façamo-las pelo outro, por nós, por Deus.
Parece-lhe muito simples?
Deus não nos pede nada além das nossas
capacidades. O Maligno nos faz crer que só existem “grandes” vocações.
Como se Deus se tivesse esquecido de convidar três quartos da
humanidade! Desanimados, nos esquecemos de lhe oferecer aquilo de que
somos capazes: “É tão pouco!”. Agora Ele nos pede que nos ponhamos a
trabalhar, à nossa medida, mas com perseverança e tenacidade. A oração
vai nos ajudar a encontrar o nosso caminho.
São Paulo exorta-nos: “Transformai-vos
pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a
vontade de Deus” (Rom 12:2). “Temos dons diferentes, conforme a graça
que nos foi conferida.” (Rom 12:6). “Não relaxeis o vosso zelo. Sede
fervorosos de espírito. Servi ao Senhor.” (Rom 12:11).
Deixemo-nos guiar pela alegria
Quando passamos um bom momento,
perguntemo-nos: “O que realmente me deu felicidade? Implementar minhas
faculdades intelectuais e artísticas? Me abrir à minha capacidade de me
maravilhar com a vida?” Uma coisa é certa: seguir a sua vocação traz
felicidade e até alegria.
Procuremos o que dá alegria, sentido à
nossa vida, o que nos leva ao próximo. Seguir a vontade de Deus é
acolher o seu projeto de felicidade para nós, mesmo que isso nos
perturbe nos nossos hábitos. Mesmo que não se encaixe na nossa ideia de
sucesso. Valorizar os nossos talentos nos dá força, nos orienta para os
outros. Então, renunciamos mais facilmente ao superficial. Confiemos em
Deus e encontraremos o que é, em todo caso, nossa vocação: fazer de
nossa vida um testemunho de amor, um testemunho de Deus em ação no
mundo.
Fonte - aleteia
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