“São Tomás de Aquino foi um grande luzeiro posto por Deus no meio de sua Igreja a fim de esclarecer, confortar e animar as almas pelos séculos afora para que mais galhardamente resistissem às investidas da heresia”
Apoteose de Santo Tomás (por Zurbarán em 1631), Museu Provincial de Belas Artes, Sevilha |
Por Plinio Corrêa de Oliveira
Em todos os recantos do globo celebrou a Santa Igreja a
festa de São Tomás de Aquino (28 de janeiro de 1940). Nas basílicas suntuosas
da Capital da Cristandade, tanto quanto nos altares improvisados dos
missionários perdidos nas selvas, nos mosteiros silenciosos das Ordens
contemplativas tanto quanto nas trincheiras das linhas de combate, foi o Santo
Sacrifício oferecido inúmeras vezes a Deus, naquele dia, em louvor do grande
Doutor que Ele se dignou dar à Igreja. Pelas colunas dos jornais, do alto das
cátedras universitárias, através do microfone das rádio-emissoras, através de
todos os meios de que o homem dispõe para externar seu pensamento, o Santo
recebeu as homenagens da Cristandade agradecida.
A um tão grande número de louvores não é supérfluo que o
LEGIONÁRIO some os seus, embora seja pobre como o óbolo da viúva, que Deus
recebeu com agrado pela intenção humilde e respeitosa com que era oferecido.
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São Tomás de Aquino foi um grande luzeiro posto por Deus no
meio de sua Igreja a fim de esclarecer, confortar e animar as almas pelos
séculos afora para que mais galhardamente resistissem às investidas da heresia.
Enfrentando com sua inteligência possante e sua piedade ardente todos os
problemas que em seu tempo estavam franqueados à investigação da mente humana,
percorreu ele as mais áridas, as mais obscuras e as mais traiçoeiras regiões do
conhecimento, com uma simplicidade, uma clareza, uma energia verdadeiramente
sobrenaturais. Superando não apenas a sabedoria humana dos filósofos pagãos,
mas a própria sabedoria dos Doutores da Igreja que o antecederam, compôs ele
entre outras obras a Summa Teológica,
em que deixou registradas todas as suas vitórias sobre a heresia, a ignorância
ou o pecado. Sua doutrina se conservou sempre tão pura, que a Santa Igreja a
aponta como fonte indispensável de toda a vida intelectual verdadeiramente
católica. Se houve um intelectual que nunca teve a menor mácula de heresia,
esse intelectual foi São Tomás de Aquino. Seu senso católico foi prodigioso. Ele, de um lado, nunca colidiu com as verdades já definidas pela Santa Igreja em seu tempo. Por outro lado, resolveu um sem número de questões sobre as quais a Santa Igreja ainda não se tinha pronunciado, e, por sua solução, preparou e apressou o pronunciamento infalível da Esposa de Jesus Cristo. Finalmente, a nota característica e constante de sua vida foi uma submissão tal à doutrina católica que, ainda mesmo que a Igreja viesse a definir ulteriormente, em sentido contrário ao de São Tomás, alguma verdade, ele se tornaria imediatamente o paladino mais humilde, mais amoroso e mais caloroso do pensamento que impugnara, e o adversário mais irredutível do erro que houvesse ensinado como verdade.
Assim, São Tomás realizou plenamente os três graus do senso católico. Há católicos que pensam de modo diverso da Igreja e cuja Fé é tão fraca que é a custo e penosamente que se submetem às determinações que ela estabelece. Outros há que não sentem relutância em admitir o que a Igreja ensina, mas, postos em presença de um problema qualquer, dificilmente atinam com a verdadeira solução, se não estiverem informados previamente do pensamento católico. Finalmente, o mais alto dos graus consiste em aceitar prontamente e com facilidade amorosa tudo o que a Igreja ensina, em estar tão imbuído do espírito da Igreja que se pensa como Ela ainda mesmo que, no momento não se conheça o pronunciamento das questões e, finalmente, se pense de tal maneira sobre os assuntos que Ela ainda não definiu, que, quando Ela os definir, estejamos prontos a modificar nossa opinião, o que, aliás, raramente será necessário, porque teremos sabido pressentir na grande maioria dos casos o pensamento da Igreja.
Assim, se há uma virtude que devemos admirar em São Tomás, que devemos procurar imitar, e cuja obtenção devemos ardentemente pedir a Deus por intermédio do grande Doutor, esta virtude é a do senso católico.
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Todos sabemos como devemos amar a pureza, e qual a magnífica
promessa com que galardoou o Senhor no Sermão das bem-aventuranças. Ninguém
ignora a dileção ardentíssima com que o Coração de Jesus ama as pessoas que
nunca se macularam com o pecado da impureza. Basta pensar no amor que Ele teve
a Nossa Senhora e a São João Evangelista, o apóstolo virginal, para que se
compreenda o que significa, para Nosso Senhor, a pureza.Mas se existe uma pureza que, segundo nosso estado, devemos conservar íntegra em nosso corpo e em nosso coração, existe também uma pureza virginal de inteligência, que devemos cultivar ciosamente, e que certamente agrada de modo incomensuravelmente a Nosso Senhor. É a pureza da inteligência verdadeiramente católica, templo vivo e imaculado do Espírito Santo que nunca sentiu atração e nem deu apoio a qualquer doutrina herética, que detesta a heresia com todo o vigor indignado com que as almas puras detestam a luxúria, e que se preserva de toda e qualquer adesão a um pensamento que não seja o da Igreja, com cuidado com que as almas castas sabem manter longe de si todas as impressões impuras.
Disse Nosso Senhor que Ele é a vinha, e nós os sarmentos. Quanto mais unidos estivermos à vinha, tanto maior será a seiva que teremos em nós. Ora também se pode dizer que a Santa Igreja é a vinha, e nós os sarmentos, e que quanto mais estivermos unidos a ela, tanto maior será a seiva que teremos em nós. E como estaremos tanto mais unidos à Igreja quanto mais unido estiver a ela nosso pensamento, tanto mais intensa será nossa vida espiritual, quanto mais completo for nosso senso católico.
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Não convém, entretanto, que nos conservemos em
generalidades. Na época de confusão em que vivemos, não basta que se fale em
submissão à Igreja. Convém ser explícito, e falar desde logo na infalibilidade papal. A pureza
virginal de nossa inteligência só pode decorrer de nossa afetuosa e
incondicional obediência ao Trono de São Pedro. Se estivermos inteiramente com
o Papa, estaremos inteiramente com a Igreja, com Jesus Cristo e portanto com
Deus.Que na festa do grande Doutor, nosso senso católico encontre o apoio de graças sempre mais vigorosas, e que estas graças recebam de nossa vontade uma cooperação sempre mais entusiástica, esta deve ser a conclusão prática de nossa meditação.
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Nota: Para aprofundar na biografia do
Doutor Angélico, consulte artigo difundido pela Agência Boa Imprensa:
https://www.abim.inf.br/santo-tomas-de-aquino/
Fonte -abim
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