O mestre do inferno se moderniza. Hoje em dia ele está presente em todas as redes sociais e presta vários conselhos a seus aprendizes-demônios. No seu ultimo post, dedicado aos sete pecados aos quais é preciso empurrar o homem, ele fala aos seus seguidores da tristeza que paralisa a alma
Por Edifa
Queridos amigos, não esqueçam que nossas
tentações não têm mais que uma finalidade: produzir desespero. É por
isso que eu decidi enviar para vocês esta mensagem para falar da acídia.
Vocês sabiam que ela é tão preciosa quanto o orgulho para fazer uma
alma se perder? É a cereja no topo do bolo.
Como empurrar a sua vítima à preguiça e à melancolia
Eu consegui apagar dos livros de moral e
também das homilias! Este termo “acídia” depois de aproximadamente cinco
séculos foi substituído pela suave “preguiça” e pela psicológica
“melancolia”. Fazer desaparecer uma palavra faz parar de pensar na
coisa, mas certamente não os faz parar de vive-la. Para instalar esse
vírus perigoso na sua presa, se aproveite de um conflito com alguém a
volta dela – família, colegas de trabalho, vizinhos, amigos. E após, o
sopre: “o que vai acontecer? Mudança de casa, troca de trabalho,
traições…”. O homem tem uma incrível capacidade de pensar que a mudança
exterior leva a uma mudança interior.
Cultive nela a sede pelo sair, pelo
movimento. Certifique-se de que sua vítima esteja cada vez mais
descompensada com aqueles ao seu redor, que ela julgue os outros, que se
sinta indiferente. Alimente a amargura em seu coração, nutra o
desprezo. Se ela algum dia encontrar um apaixonado pelo Nazareno,
lembre-a de todos os cristãos hipócritas que conheceu durante a sua
vida. Você pode também deixar que ela idealize um sonho com uma Igreja
perfeita. E então, no momento propício – é preciso talvez saber esperar
até a metade da vida ou até mesmo até o fim – mostre-a o vazio da sua
existência.
Perturbe constantemente a oração do homem
Mas eu gostaria de insistir neste último
post sobre aqueles que são muito dedicados aos outros. De início, você
não pode contar com o desencorajamento deles, pois eles são inflamados,
entusiasmados, eles têm uma “pegada do inferno”. Se utilize da boa
vontade deles. Deixe-os cansados, faça-os morrer no trabalho. “Como
tirar um dia de descanso semanal, quando existem ainda tantos doentes a
visitar, pessoas a acompanhar?”
O veneno a utilizar é o ativismo. Como
sua forma de ser é voltada para o outro, eles creem que suas ações vêm
de Deus, inspiradas e desejadas por ele. O ideal é que o vício do
ativismo vá consumindo gradualmente o tempo das orações e após o tempo
da missa cotidiana. Sua vítima acumula cansaço? Coloque nela o desejo
pela busca das compensações fáceis. Não negligencie esses momentos
vazios em que ela se encontra tarde da noite, sozinha, comendo demais,
assistindo muitas séries. E se sua presa persistir em fazer um retiro
anual, certifique-se que ela permanecerá o menor tempo possível em
silêncio: multiplique as caminhadas, reuniões, aulas. Tente minimizar o
tempo de oração dela. Por fim, certifique-se de que ela perca o senso de
gratuidade. Ela perderá então o gosto de amar – e, portanto, o gosto
pelo Outro, o Amado.
Sobretudo não deixe ninguém falar da Cruz
Finalmente, no final de sua vida, faça a
pessoa acreditar que tudo aquilo que ela se dedicou a vida inteira foi
inútil. Que ela só colheu espinhos e chicotadas para ser derrotada (isso
me lembra uma memória ruim…). Assim, sua presa terminará desencorajada,
privada de recursos e cheia de amargura e ressentimento. Mas não seja
desatento! É difícil ganhar contra o Outro (já está perdido para sempre,
mas não vou lhe dizer…).
Para prender verdadeiramente a sua
vítima, faça de tudo para que ela não se coloque diante dessa invenção
abominável: a Cruz. Que ela não se atreva a dizer para si mesma que “um é
o semeador, o outro o ceifador”, e que um aparente fracasso é
frequentemente na verdade a semente para a vida nova. Mas vou me deter
aqui, porque já estou começando a falar como eles! Eu ia até dizer
“adeus”…
Padre Pascal Ide e Luc Adrian (Inspirado por Cartas do Diabo ao seu Aprendiz de C. S. Lewis).
Fonte - aleteia

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